PANDEMIAS

PANDEMIAS

pandemia,

é a vida estreita,

é a morte à espreita.

pandemia,

é a desigualdade,

é a inferioridade.

pandemia,

é o que carrega,

é o que nos nega.

pandemia,

é o que desgasta,

é o que vergasta.

pandemia,

é não poder,

é desconhecer.

pandemia,

é não sonhar,

é ter que parar.

pandemia,

é não haver poesia,

é faltar alegria.

pandemia,

é a mentira,

é o que esvaíra.

pandemia,

é a desconfiança,

é o que (nos) cansa.

João Sá IMAGEM: José Vieira adaptada de:

https://prensa.li/prensa/pragas-atraves-da-historia/

AS PANDEMIAS DO NOSSO TEMPO!

Vivemos num tempo em que a palavra Pandemia faz parte do nosso dia-a-dia: nas notícias que ouvimos e lemos, nas redes sociais que partilhamos, nas conversas que temos, ela marca presença.

E a sua marca acaba por estar presente não apenas num contexto grave de doença que vivemos, como também num contexto social e político. Com efeito, são várias as pandemias que se vão propagando na nossa sociedade. Por exemplo, o racismo, a xenofobia, a homofobia, o ódio, a violência, entre outros, mostram-nos o quão graves e perigosas essas pandemias podem ser.

Estes exemplos podem ser comparados a doenças contagiosas que se vão propagando e disseminando na sociedade. Doenças estas capazes de afetar a nossa inteligência e levar as pessoas “à cegueira".

Importa, por isso, tomar cuidados e não nos deixarmos enganar por discursos que não respeitam o outro, seja ele quem for. A nossa sociedade é plural e é isso que a torna rica.

Tal como qualquer doença infeciosa, “também aqui importa atuar de forma rápida e precoce, não deixando que pequenos focos se propaguem e disseminem”.


José Bento
, Tomás Silva e Daniela Batista (11º PAC/DM)
(Artigo escrito numa aula de apoio de Educação Especial, com a professora Cláudia Oliveira)

IMAGEM: "Arte e Língua! A herança de um povo. Para Unir Ch(amar) a Arte, os Vínculos Culturais e Históricos”, de Jorge Taylor
http://www.jorgetaylor.com.pt/2020/06/08/dia-de-portugal-de-camoes-e-das-comunidades-para-unir-chamar-a-arte-os-vinculos-culturais-e-historicos/ (consultada dia 12/02/21)

pandemias sociais

A análise etimológica da palavra Pandemia remete-nos para o grego (Pan (tudo/todo) - demos (povo/comunidade)) cujo significado poderá ser “de todo o povo”. Olhando para a nossa história verificamos que a mesma está repleta de Pandemias, quaisquer que sejam as causas ou natureza, a verdade é que todas elas têm a mesma consequência: matam muitas pessoas.

Hoje não falaremos da Pandemia no sentido a que todos estamos habituados, ou seja, enquanto doença infeciosa que se dissemina pela população, matando muitas pessoas, mas no seu sentido figurado. Com efeito, poderemos perguntar pelas pandemias que afetam o mundo; pelas pandemias que afetam a nossa sociedade; pelas pandemias que me afetam a mim.

Se é verdade que há fenómenos que tendem a repetir-se, não é menos verdade que há pandemias que nunca deixaram de existir ao longo da nossa história. A pandemia da exclusão, a pandemia da pobreza, a pandemia da fome, a pandemia da violência, a pandemia da discriminação racial, a pandemia do populismo, a pandemia disto ou daquilo. A verdade é que as pandemias existem.

Ignorá-las é pensar que elas acontecem lá longe, noutros países, noutras cidades, noutros bairros e que nunca chegarão até nós. Estamos imunes, ou pensamos que estamos e, por isso, não temos de nos preocupar com elas. No entanto, um olhar atento à nossa volta permitir-nos-á perceber que ignorar, fingir que não vemos ou que não é nada connosco só contribuirá para que tais pandemias se alastrem mais. Porque, na verdade, elas estão bem visíveis e bem perto de nós. Desvalorizá-las só contribuirá para que as segundas, terceiras ou quartas vagas cheguem com maior intensidade e atinjam um maior número de pessoas.

Agir de forma rápida e precoce perante pequenos focos, que tendem a aparecer e silenciosamente tendem a propagar-se, evitará a sua disseminação pela população. Aceitar a infiltração da ignorância, aceitar a banalização da violência, aceitar sem incluir ou respeitar, conduzir-nos-á à intolerância, à indiferença, à exclusão, à divisão. Questionar a forma como atuamos ou reagimos perante estes fenómenos, agir quando nos confrontamos com qualquer uma dessas formas de pandemia é contribuir “para que a humanidade tenha um futuro”.

Essas pandemias, cuja dificuldade temos em perceber como começaram (ou sequer puderam começar), devem orientar a nossa caminhada para a sua erradicação. Elas estão aí presentes, mas cabe a cada um de nós, na sua ação diária, contribuir para isolar e controlar pequenos focos que possam surgir e propagar-se como qualquer doença infeciosa. Os princípios humanistas e inclusivos ou valores como a liberdade, o respeito pela dignidade humana, a cidadania, a participação, a responsabilidade e a tolerância, que existem em cada um de nós, devem dar-nos esperança para ainda acreditar no ser humano.

Concluo com a reflexão nessas sábias palavras de Edmund Burke: “Para que o mal triunfe, basta que os bons não façam nada.”

Cláudia Oliveira

IMAGEM: Pormenor de "O Triunfo da Morte" de Brueghel-o-Velho

COnvivência VIrtual DEsfuncional

Pandemia – do grego “pan” = todo + “demos” = povo + ia

s.f. 1 (MED) grande epidemia. 2 epidemia generalizada

Ao longo da história já são conhecidos alguns destes eventos: a Peste Negra, no século XIV, com duração de 18 anos (1333 -1351),considerada a maior epidemia desse século, provocando 50 milhões de mortes; e a Gripe Espanhola, tida como a mais grave, provocando 20 milhões de mortos em apenas dois anos (1918-1919).

Quando menos esperávamos, fomos surpreendidos por uma pandemia, que mais parece um acontecimento da Idade Média em pleno séc. XXI. Quando já parecíamos conhecer e estar preparados tanto a nível científico como tecnológico para qualquer ocasião, acabámos obrigados a alterar por completo as nossas vidas.

Mas afinal o que é este “bicho”, chamado COVID-19? COVID-19 (Corona Vírus e Doença + ano de aparecimento, 2019) é o nome atribuído pela OMS à doença originada pelo novo coronavírus SARS-COV-2, que pode gerar uma infeção respiratória grave. Foi registado pela primeira vez na cidade de Wuhan na China, no final do ano de 2019, e rapidamente se propagou pelo mundo.

Esta pandemia afetou-nos em todos os pontos da nossa vida familiar, social, económica, profissional…Se, para alguns, estar fechado em casa se tornou positivo, para outros acabou por ser um autêntico martírio. A nossa vida social foi praticamente inexistente. Para muitos, mesmo para aqueles que antes não o sentiam, o capital acabou por tornar-se uma preocupação, principalmente pelo facto dos seus ofícios serem alterados, colocados em risco e outros até viram o seu fim.

A condição humana foi estremecida e as relações humanas tornaram-se ainda mais complexas. As quarentenas que fomos obrigados a cumprir durante semanas provocaram em algumas famílias um grande estrondo. Viver 24h sobre 24h, confinadas no mesmo espaço com as mesmas pessoas, provocou a fortificação e cimentou relações interpessoais, entre pais, filhos, irmãos…mas, por vezes, também o enfraquecimento, aumento de discussões e desavenças familiares, levando até ao crescimento do número de divórcios.

Por outro lado, a distância forçada fez com que arranjássemos cada vez mais formas de nos mantermos próximos. Nunca as tecnologias foram tão relevantes para a comunicação interpessoal. As redes sociais e até o surgimento de aplicações tornaram mais fácil ultrapassar este momento, tão difícil para todos, em que até a nossa saúde mental foi afetada. Ver-nos através de um ecrã não é de todo aquilo que nos satisfaz, no entanto, uma simples chamada parecia diminuir o distanciamento e fazer-nos acreditar que cada dia era mais fácil de superar e seria mais um passo na longa caminhada que tínhamos e ainda temos pela frente.

“Vamos todos ficar bem”, o grande lema no início desta pandemia, parece uma contradição, mas a sociedade criou um espírito de união, tornando mais suportável o novo estilo de vida criado repentinamente.

Podemos concluir que temos ainda tanto para mudar, crescer e aprender enquanto seres humanos e que afinal não temos assim tanto poder e controlo na nossa vida como por vezes pensamos.

Esta pandemia não foi só uma pandemia, foi uma grande revolução a nível pessoal e social, fomos confrontados com situações que nunca imaginámos.

Será este mais um passo para uma mudança na sociedade? Será mais uma etapa para a evolução humana?

Joana Santiago (11º 2A)

IMAGEM: Adaptada pela autora de "O Espelho Falso" de Renné Magritte

FICHA TÉCNICA

Direção: António Fonseca Andrade
Coordenação e edição: José Vieira
Revisão: Fernanda Madeira, Isabel Monteiro, Hermínia Almeida
Colaboradores:
(
Professores) António Fonseca Andrade, Carmo Almeida, Clara Marto, Cláudia Oliveira, Conceição Costa, Cristina Nolasco, Cristina Pires, Fernanda Madeira, Helena Neves, Isabel Monteiro, João Sá, José Vieira, Margarida Meneses, Nuno Simões, Pascoal Albuquerque, Paula Carvalho, Paulo Gomes, Valdemar Mendes, Zélia Agra.
(Alunos) Joana Santiago 11-2A; José Bento, Tomás Silva e Daniela Batista 11-PAC/DM; Mariana Branco 12-1E; Marília Esteves 12-1C