A Casa da Escrita veio à escola, na pessoa do poeta João Rasteiro. À sua espera estava a turma do 11.º PINGPS que, entusiasticamente, participou na sua oficina de escrita: “Poesia é poesia é poesia é poesia”. Tudo aconteceu na biblioteca, no dia 19 de maio. Foram lidos poemas de Miguel Torga, Manuel Alegre, Ana Luísa Amaral, Cesário Verde, Antero de Quental e do próprio João Rasteiro. Os alunos reconstruíram os textos, acrescentaram palavras, transformaram sentidos, reinventaram significados, criaram outros ritmos e vestiram poemas. Saíram de alma cheia, orgulhosos das suas criações e admirados porque, afinal, também sabiam “poetar”, mas desconheciam que eram capazes de o fazer.

Como refere João Rasteiro, num dos seus poemas, “Autopsicografia II”,

“Mais alto ainda, sempre mais alto,
A cotovia soprou o seu mágico canto
No exposto e febril cortiço do poema.”

Isabel Monteiro

O desafio “Há Poesia na Escola” é uma iniciativa da Rede Concelhia das Bibliotecas Escolares de Coimbra, constituída pela Biblioteca Municipal de Coimbra (B.M.C.)/Serviço de Apoio às Bibliotecas Escolares (S.A.B.E.) e pelas escolas do concelho de Coimbra integradas na Rede de Bibliotecas Escolares (R.B.E.). O tema para os trabalhos concorrentes, neste ano letivo, foi “Saúde e bem-estar”.

Na fase de escola, na ESAB, foi selecionado um poema da autoria da aluna Marília Esteves, da turma 12.º 1C, que alcançou o segundo lugar na fase concelhia.

Fernanda Madeira

Caem, uma por uma, as minhas lágrimas no teclado empoeirado

De uma antiga máquina de escrever.

Pinga, gota a gota, na pauta, o tormento não vingado

De quem, para se integrar, a si próprio se sentiu perder.

Teclas cruéis!

Linhas calculistas e sem dó!

Fiéis a quem as pode tornar pó num sopro só!

Longe do seu mundo sangrento, vejo-as apenas em pensamento.

Choro e, por um momento, há uma chama de esperança

De que as lágrimas que deixo cair numa última dança

Levem consigo a lei que da morte não se cansa,

Escrita por mãos desumanas e gélidas como o pálido inverno,

Sem o sentimento terno e quente da vida.

Chama viva que se extingue logo em seguida…

Vejo a compositora da melodia centenária,

Aliciante e sedutora, desde sempre sanguinária,

Juntar versos e harmonias fatais que ficam no ouvido

E que guiam por ruas frias e sem sentido

As frágeis vítimas, perdidas e inocentes,

Cujo olhar e cuja mente estão de vermelho garrido,

Que se escondem atrás de sorrisos aparentes.

Cada novo rabisco é um traço que molda e mata e não sente culpa,

Risco que aprisiona cada pessoa que luta contra a regra absoluta

Da pele branca e não escura, da pura menina insegura,

Do amor convencional no qual se fixou esta cultura,

Do homem que a nenhum outro demonstra ternura,

Da mulher que não vê de outra a formosura,

Do corpo desenhado, da perfeição nunca real, imaginada…

Mas porquê padronizar o belo, uma arte abstrata?

Esforços inúteis, inerrância de fachada.

Depressão e ansiedade, as mais fatais, vistas como banais.

E a compositora de toda a sinfonia da desgraça

Já provou o seu veneno, a sua fatalidade.

É muitas pessoas numa só carcaça.

Uns chamam-lhe Raça Humana. Outros, Sociedade.

Marília Esteves, 12.º 1C

As alunas Adriana Ribeiro, Ana Gil, Bárbara Gouveia, Beatriz Simões, Inês Barjona e Margarida G. Mendes do 12.º 1E e Isabel Prieto do 12.º 2A participaram na atividade “Antologias” do projeto europeu READ ON, que consistiu na elaboração de um conto coletivo, orientado pelo escritor Gonçalo Cadilhe, tendo como objetivo final a publicação numa antologia de contos produzidos por alunos de diferentes países. Foi já publicada, em formato digital, a “Antologia 2021” dos contos produzidos pelos alunos portugueses:

https://drive.google.com/file/d/1RBgoHaL-EPGzmkwugi9sSooF3qTryu-K/view?usp=sharing

Aguarda-se a publicação da versão internacional, que será impressa e incluirá também contos produzidos por alunos ingleses e noruegueses.

No âmbito da atividade “Antologias”, que visa a promoção da escrita e da leitura, alunos de vários países escrevem textos coletivos, orientados por escritores, a fim de serem publicados em conjunto. O tema proposto para 2020/2021 foi "real fiction/ ficção real", um tema que busca descrever a atualidade, o mundo em que vivem os jovens e como estes se sentem em relação ao seu modo de viver.

Entre novembro de 2020 e fevereiro de 2021, quatro grupos de alunos de escolas secundárias de Coimbra (E.S. Avelar Brotero, E.B.S. Quinta das Flores, E.S. Infanta D. Maria e E.S. Jaime Cortesão) uniram esforços e, em trabalho colaborativo, criaram uma história que teve como tópico de partida “A volta ao mundo de Fernão Mendes Pinto”.

Foram realizadas três sessões de trabalho, por videoconferência, com o escritor Gonçalo Cadilhe. No primeiro encontro por videoconferência, definiu-se o trabalho de cada grupo. As alunas da Brotero escreveriam uma narrativa na qual o espaço em que decorria a ação se situava na China. Aos alunos das restantes escolas, coube a criação de narrativas cuja ação se localizava, respetivamente, no Sudeste Asiático, na Índia e no Japão. Os alunos trabalharam a partir de suas casas, interagindo com o escritor nas sessões em linha.

O grupo de alunas participantes da turma 12.º 1E da ESAB procedeu à elaboração do texto, contando com o apoio da professora bibliotecária e da professora Ana Amaral, docente de Português da turma. A aluna participante do 12.º 2A elaborou uma proposta de ilustração para a capa do livro “Antologia 2021”.

A julgar pelos testemunhos dos alunos participantes, esta atividade resultou muito positivamente, cumprindo-se os objetivos de promoção do gosto pela escrita e pela literatura de viagem:

https://drive.google.com/file/d/1yAh3C4X4-pc0Dm-sadX_0MdldaeKHVrD/view?usp=drivesdk

Fernanda Madeira

Os alunos das turmas 12.º 2A e 12.º 2B participaram na exposição concelhia virtual “Saúde & Bem-Estar”, promovida pela Rede de Bibliotecas de Coimbra,com trabalhos artísticos realizados no âmbito da disciplina de Desenho A, sob a orientação dos professores António Baptista e Carla Eusébio.

Os trabalhos desenvolvidos abordam sobretudo problemas relacionados com a saúde física, mental/comportamental e/ou social (https://padlet.com/rbcexpovirtual2021/bx52iq51z74bvzrt).

As exposições temáticas, agregadoras de produtos produzidos nas diferentes escolas desta rede concelhia de bibliotecas, constituem uma das atividades relevantes no âmbito das literacias múltiplas. São eventos representativos do trabalho articulado dos docentes com as bibliotecas e destas com outras bibliotecas de Coimbra, num quadro de abertura à comunidade.

No ano letivo de 2020-2021, perante os condicionalismos pandémicos, o grupo de trabalho optou pela concretização da 12.ª exposição em formato virtual (https://padlet.com/rbcexpovirtual2021/vye09nkbrth8063f), tendo em vista a concretização dos mesmos objetivos das realizações anteriores: fomentar níveis de colaboração nas escolas e com a comunidade; promover as literacias; dar visibilidade aos trabalhos dos alunos, reforçando-se a colaboração em rede.

A proposta do tema desta exposição, "SAÚDE & BEM-ESTAR", resulta de um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), o n.º3, proposto para a "Educação do Desenvolvimento Sustentável" da Agenda 2030 da UNESCO.

Sobre este tema de exploração, figuram, nesta mostra digital, as escolas:Agrupamento de Escolas Coimbra Centro; Agrupamento de Escolas Coimbra Sul; Agrupamento de Escolas Eugénio de Castro; Escola Básica e Secundária Quinta das Flores; Escola Secundária Avelar Brotero; e Escola Secundária José Falcão.

Estão de parabéns todos os alunos participantes que, com a sua criatividade, nos proporcionaram uma exposição magnífica, cheia de cor, originalidade e espírito crítico.

O formato da exposição virtual resultou da ideia de criar um lugar interativo no Mapa Mundo, com a rede de bibliotecas aberta ao Mundo. Nesse mapa, representou-se toda a rede das escolas do concelho (agrupadas e não agrupadas) com biblioteca escolar. Com pin verde, surgem as escolas participantes. A cor verde, símbolo da Sustentabilidade, é a cor associada ao logótipo do Objetivo n.º3 da Agenda 2030 da UNESCO, que integra o tema "Saúde e Bem-Estar".

Clicando sobre cada imagem no mapa, acede-se aos trabalhos de cada sala/escola e o percurso permite retornar ao mapa principal de modo a percorrer a exposição geral.

Fernanda Madeira

Miguel de Carvalho, sem idade, género masculino, poeta surrealista, defensor da literatura, dos livros e da cultura. Já foi de Coimbra. Agora, é da Figueira. Um alfarrabista persistente, também um artista das collages, com imensas obras espalhadas por aí, em coleções particulares e museus. Veio à nossa biblioteca, no dia 27 de maio, e solicitou aos alunos do 10.º 2A para esquecerem as regras da perspetiva, da estética, das cores, das formas, enfim, das artes, que até ali apreenderam e aplicaram, e dessem largas à imaginação. E correu muito bem. Os alunos estiveram, durante duas horas, entusiasmadíssimos a recortar, a experimentar, a ler, a pensar e a colar. A atividade inseriu-se na Semana Internacional da Educação Artística. Posteriormente, o produto final das suas collages vai ser alvo de uma exposição, na biblioteca.

Isabel Monteiro

“(Des)construções”. Uma mostra conjunta dos collages de Miguel de Carvalho e de modelagens, em gesso, feitas pelos reclusos do Estabelecimento Prisional de Coimbra, no âmbito do Projeto “Vencer os muros e o silêncio”.

Na inauguração, tivemos a presença de Miguel de Carvalho, autor doscollages, da técnica de reeducação do Estabelecimento Prisional, Dra. Elsa Gouveia, em representação desta instituição, e do professor Antonino Neves que acompanhou a sua turma para a sessão de collages.

Na linha de Picasso e de Braque, os precursores do collage moderno, e, mais tarde, dos dadaístas e surrealistas, Miguel de Carvalho usa a técnicade colagem de diferentes materiais, como recortes de jornais, revistas, livros e até de objetos, numa tela. Compõe, assim, peças abstratas que formam um todo harmonioso e belo.

As modelagens em gesso são o produto da oficina, com o mesmo nome, que foi orientada pelo professor João Ricardo, na biblioteca do estabelecimento prisional, pouco antes do flagelo da pandemia.

Esta exposição estará patente ao público, na biblioteca, até ao próximo dia 13 de junho.

Isabel Monteiro