Teoria do Big Bang

INTRODUÇÃO

Quando falamos em Universo e nos perguntamos como ele foi formado, de onde ele veio, se sempre foi assim, etc., parece mesmo só haver duas opções:


→ (i) ou o Universo foi criado/ surgiu/ foi formado, etc., ou

→ (ii) sempre existiu e sempre existirá


Sobre estas duas possibilidades lógicas, muitos cientistas se debruçaram; uns postulando uma origem, um início; outros, defendendo um Universo que sempre existiu e sempre existirá, não criado, mas, sempre existente, eterno...

 

O PAI DA TEORIA E SEUS ADVERSÁRIOS

Um dos cientistas que postulava um Universo com origem era o padre católico, astrônomo, cosmólogo e físico belga, Georges Lemaître (1894-1966), que, por assim dizer, é considerado o "pai" da Teoria do Big Bang.

Lemaître propôs o que ficou conhecido como teoria da origem do universo, que ele chamava de "hipótese do átomo primordial", em 1927, também conhecida como hipótese do "ovo cósmico", que posteriormente foi desenvolvida por Edwin Hubble (1889-1953) e George Gamow (1904-1968).

Porém, pelo fato de Lemaître ser padre, sua teoria foi considerada com muito ceticismo por parte da comunidade científica. Ainda mais que, em 1951, o Papa da época, Pio XII (1876-1958), entusiasmado com os avanços da teoria, utilizou-a, tentando adaptá-la como argumento religioso. Lemaître, no entanto, afirmou ao próprio pontífice que suas ideias não passavam de mera "teoria científica", que, por sua vez, estavam sujeitas à "refutação". Deste modo, não poderiam, nem deveriam serem usadas para fundamentar uma Criação Divina.  

Defendendo um um Universo semper existentium (sempre existente) estava o cientista e astrônomo britânico Fred Hoyle (1915-2001), que havia elaborado a Teoria do Estado Estacionário, hoje amplamente desacreditada.

Albert Einstein (1879-1955), foi outro cientista que pensava que o Universo era infinito e imutável. A respeito da teoria de Lemaître, que, por sua vez usava as equações do próprio Einstein, disse, inicialmente, o físico alemão: "Seus cálculos são corretos, mas sua Física é abominável." Em seguida, afirmou ainda que a teoria do padre era “inspirada no dogma da criação, e totalmente injustificada desde o ponto de vista físico”. Posteriormente, no entanto, Einstein disse que a teoria do belga era: “mais bela e satisfatória explicação para a criação”.

Cientificamente falando, em 1965, Arno A. Penzias (1933-) e Robert W. Wilson (1936-) descobriram uma importante evidência à favor da Teoria do Big Bang, a radiação de fundo: era a confirmação do Big Bang.

Lemaître só ficou sabendo que a sua teoria havia sido comprovada em 1966, em um hospital, ao recuperar-se de um ataque cardíaco, vindo a falecer duas semanas depois.

ORIGEM DO NOME

Curiosamente, foi justamente Fred Hoyle (1915-2001), um dos mais ferrenhos críticos da Teoria do Big Bang quem a batizou. 

Foi durante um programa de rádio, da emissora da BBC, em 1949, no qual Hoyle denominou a teoria de Lemaître, com um termo que ele julgava ser demeritório: Big Bang. Acontece que o termo pegou, e, anos mais tarde, em outra entrevista, 1995, o próprio Hoyle disse que, as "palavras são como arpões", “uma vez que eles entram, elas são muito difíceis de serem retiradas”.

Nesta mesma época a importante revista de divulgação científica Sky and Telescope (Céu e Telescópio) montou um enorme concurso para batizar a teoria. Entre os jurados estavam o astrônomo Carl Sagan (1934-1996), o apresentador de televisão Hugh Downs (1921-2020) e o escritor de ciência Timothy Ferris (1944-), que ponderaram mais de 13.099 sugestões, de 41 países. 

Foi tudo em vão. Nenhum dos nomes se mostrou mais adequado do que o já cunhado, Big Bang.

Big (Grande) mais Bang (Bum), formam a nomenclatura e seriam melhor traduzidos por "Grande Explosão".

A TEORIA

Antes de tudo, como visto acima, é importante que se diga, que, na atualidade, no nível da Ciência, a Teoria do Big Bang é uma teoria acerca da evolução do Universo, não uma teoria acerca de seu surgimento.

A teoria do Big Bang defende que toda a matéria do Universo estava reunida em um único ponto, que caberia com folga na ponta de uma agulha. Esse ponto inicial é chamado de Átomo Primordial ou Ovo Cósmico, e, por conter toda a matéria que conhecemos, era extremamente denso e quente

Não se sabe o porquê nem o como, mas esse ponto minúsculo , denso e quente explodiu, gerando, à medida em que se espalhava, expandia (quem sabe até esticava seria melhor),  o espaço e o tempo. À incapacidade de os cientistas explicarem o porquê e o como se deu esta explosão e dada o nome de Singularidade.

Após a Grande Explosão o Universo foi, por assim dizer, formando-se, à partir de sua própria expansão, espalhando-se, ou ainda, esticando-se em todas as direções (espaço) à medida em que se sucedia essa expansão (tempo) é que foram formadas, por adensamento e aglomeração, os grandes aglomerados de matéria estelar, as galáxias (que, por sua vez, formam "grupos" e "aglomerados"), bem como, os aglomerados menores e diversos que hoje conhecemos por estrelas, planetas, asteroides, cometas, luas.

Evidências que corroboram a Grande Explosão

Esta Grande Explosão deixou como prova de sua existência uma espécie de "eco" onipresente em todos os recantos do Universo. Indo ao topo de uma montanha, ao fundo de uma caverna e até mesmo à Lua, aparelhos muito sensíveis, os radiotelescópios são capazes de captar este sinal.

A primeira vez que este "eco" foi captado foi em 1964, quando Arno Penzias (1933-) e Robert Wilson (1936-) acidentalmente captaram o sinal em suas antenas supersensíveis, capazes de captar sinais de micro-ondas criogênicos ultrassensíveis, destinados a observações de radioastronomia  


Uma das tantas e animadas História em Quadrinhos (HQ), de Larry Gonick, sobre a teoria mais bem aceita como possível explicação para a formação do Universo, a Teoria do Big Bang: