ENEM

APRESENTAÇÃO


Prezado estudante, esta parte do site foi elaborada especificamente para o estudo da prova do "Exame  Nacional de Ensino Médio (ENEM)", particularmente na componente curricular de Geografia; Ciências Humanas e suas Tecnologias, portanto. 

O objetivo aqui também é o de apresentar a prova, seu estilo, seu modo de ser, seu espírito, por assim dizer, em se tratando de o que é pedido por essa modalidade de avaliação

Assim, se tudo der certo, ao final, espera-se que o estudante, que ler e estudar detidamente os conteúdos aqui contidos, tenha total condições de responder à prova a bom termo, alcançando uma alta nota.

Então, logo abaixo, são apresentadas as habilidades e as competências que integram a chamada Matriz de Referência. Elas foram retiradas do site  do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) ("INEP - INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS ANÍSIO TEIXEIRA (Brasil). Matriz de referência Enem. Brasília, 2022. 24 p. Disponível em: <https://download.inep.gov.br/download/enem/matriz_referencia.pdf>. Acesso em 06 de set., 2022.").

Bons estudos! Façam bom proveito!


A PROVA DO ENEM


COMPETÊNCIAS E HABILIDADES


A prova do ENEM é uma prova que procura mensurar competências e habilidades. Competências nada mais são do que a capacidade, por assim dizer, de o estudante saber quais são os ingredientes para, por exemplo, fazer um bolo, conforme a atribuição que lhe foi dada, ou seja, com aquilo que ele consegue reunir para fazer um bolo, o todo necessário para a perfeita elaboração do bolo. Já as habilidades, são a destreza, a aptidão e o engenho que o aluno tem de ter para conseguir, de fato, fazer um bolo perfeito, saboroso e de bom aspecto.

Em termos de competências, as que a prova do ENEM cobra, são: o Compreender, o Entender e o Utilizar, estes três entendidos, como:


"a verdade precisar ser arrebatada da ocultação" (GADAMER, 2002, p.59-60) - Hans-Georg Gadamer (1900-2002).


Compreender: o compreender é amplo. Por isso é tomado como uma competência. Ele tem caráter generalizante e universalizante. Lembro-me de, na faculdade, ter colocado ele como um "objetivo de aprendizagem (habilidade)", e, de a professora orientadora ter dito: "troque! Não temos como saber ao certo se o aluno compreendeu. O que é o compreender?; o compreender é muito amplo...". 

Segundo a taxonomia de Bloom (Benjamin Samuel Bloom (1913-1999)), a compreensão é um dos seis níveis cognitivos (os outros são o conhecimento, a aplicação, a análise, a síntese e a avaliação), ela abrange a aptidão de o aluno saber traduzir  - não o saber fazer passar de um idioma para o outro, do inglês para o português, por exemplo mas, o saber exprimir o que estava posto anteriormente de modo diferente, posteriormente.

Assim, para demonstrar ter alcançado o nível da competência da compreensão, muitas vezes, os alunos tem de demonstrar uma série de outras habilidades (e.g., localização, reafirmação, descrição, reconhecimento, associação, comparação, distinção, exemplificação, entre muitas outras).

Para Klenk (2006), o conceito de compreensão


"aplica-se a um termo sendo o conjunto de atributos implicados por este mesmo termo. A compreensão de 'quadrado', por exemplo, inclui que alguma coisa tenha quatro lados, que  tenha lados iguais e que seja uma figura plana, entre outros atributos. A compreensão de um termo está em contraste com a sua extensão, que é o conjunto de indivíduos aos quais o termo se aplica. A distinção entre a extensão e a compreensão de um termo foi introduzida na Lógica  de Port-Royal por Arnaud e Pierre Nicole, em 1962. A prática corrente é a de usar a expressão 'intensão' mais do que 'compreensão' Ambas as expressões, aliás, são de alguma maneira inerentemente vagas.".


Sendo assim, compreender implica abranger, encerrar e conter, no sistema cognitivo, os atributos das coisas. Obviamente que, para isso, necessário é perceber, notar e depreender tais atributos na coisa apresentada, e, em relação a ela, chegar a algumas conclusões.

O filósofo espanhol Mora (José Ferrater Mora (1912-1991), citando outros dois; o alemão Alexander Pfänder (ou Pfànder) (1870-1941) e o também espanhol Francisco Romero (1891-1962)) informa que a compreensão:


"de um conceito é o nome dado a seu conteúdo, motivo pelo qual se deve entender 'o fato de que um conceito determinado se refira justamente a esse objeto determinado' (Pfànder), 'o fato de que o conceito se refira a um objeto e seja composto pelas referências mediante as quais o conceito expõe seu objeto, as constâncias mentais que no conceito correspondem às notas constitutivas do objeto' (Romero)".


Ou seja, a compreensão perpassa o conceito, como que atravessa ele, e vai ao seu conteúdo. Tem-se a compreensão, de um de um conceito, por exemplo, quando se consegue ir até o seu objeto, ou ainda, por outros termos, se o que está na mente de quem tenta compreender corresponde àquilo que constitui a coisa que está sendo compreendida.  

Para Mora (2000, p. 507), ainda, a compreensão vai além do próprio conceito, do objeto, enfim, da coisa que se dá a conhecer, pois o ato da compreensão é já uma interpretação, uma hermenêutica das próprias estruturas do processo psíquico do compreender, como queria Dilthey (Wilhelm Christian Ludwig Dilthey (1833-1911)).

Aliás, aqui uma distinção pode vir a calhar para melhor entender o conceito, foi depois de Dilthey, que a compreensão passou a ser considerada "um método que se ocupa de significações, sentidos, relações e complexos de sentidos, ao contrário da explicação, que se refere a fatos, a relações causais etc." (MORA, 2000, p. 508); as Humanidades, Geografia, História e Filosofia, por exemplos, preocupar-se-iam com os sentidos e significações (interpretação e hermenêutica, como dito acima); as Ciências Naturais, Biologia, Química e Física, de sua parte, dariam conta dos fatos e relações causais.

É justamente por isso que a compreensão é tarefa difícil e complexa, está tomando boa parte desta parte do site e quem sabe parecendo redundante. Isto é assim, porque:


"nem sempre é fácil distinguir vivências e fatos, sentidos e causas etc., e nem sempre é fácil distinguir compreender de entender (ou explicar). Por outro lado, sob o nome de 'compreensão' falou-se de atos muito diversos. Não são a mesma coisa, com efeito, compreender um texto e compreender um caráter humano ou uma situação histórica. Como a compreensão está estreitamente relacionada com a interpretação e com a hermenêutica, distinguiram-se também diversos tipos de compreensão de acordo com diversos modos hermenêuticos, tais como a hermenêutica de um texto, a hermenêutica das vivências e a hermenêutica ontológica. Falou-se de compreensão histórica, compreensão metafisica, compreensão existencial etc." (MORA, 2000, p. 508) 






Matriz de Referência de Ciências Humanas e suas Tecnologias

Competência de área 1 - Compreender os elementos culturais que constituem as identidades

H1 - Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura.

H2 - Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.

H3 - Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos.

H4 - Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura.

H5 - Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades.


Competência de área 2 - Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder. 

H6 - Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos. 

H7 - Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações 

H8 - Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social. 

H9 - Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial. 

H10 - Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade histórico-geográfica. 

Competência de área 3 - Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes grupos, conflitos e movimentos sociais. 

H11 - Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço. 

H12 - Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades. 

H13 - Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder. 

H14 - Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca das instituições sociais, políticas e econômicas. 

H15 - Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história. 

Competência de área 4 - Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do conhecimento e na vida social. 

H16 - Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social. 

H17 - Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção. 

H18 - Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações sócio-espaciais. 

H19 - Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano. 

H20 - Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho. 

Competência de área 5 - Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favorecendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade. 

H21 - Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social. 

H22 - Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas. 

H23 - Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades. 

H24 - Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades. 

H25 – Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social. 

Competência de área 6 - Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e geográficos. 

H26 - Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem. 

H27 - Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e(ou) geográficos. 

H28 - Relacionar o uso das tecnologias com os impactos sócio-ambientais em diferentes contextos histórico-geográficos. 

H29 - Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas. 

H30 - Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas. 




Objetos de conhecimento associados às Matrizes de Referência: 

Ciências Humanas e suas Tecnologias 

REFERÊNCIAS


GADAMER, H-G. Verdade e método II: complementos e índice. Trad. Enio Paulo Giachini. Petrópolis: Vozes; Bragança Paulista, SP: Editora Universitária São Francisco, 2002.


KLENK, Virgínea. COMPREENSÃO. In: DICIONÁRIO de Filosofia de Cambridge. São Paulo: Paulus, 2006. 1019 p.