Caminhando no Marumbi...
O ambiente de montanha do Parque Marumbi é singular. As vias de acesso aos seus cumes possuem características próprias e não se encaixam completamente dentro das definições de trilhas e escaladas conhecidas em países com maior tradição no montanhismo. São vias que passam por uma grande variedade de terrenos, apresentando várias dificuldades que devem ser superadas com técnicas diversas. Das encostas suaves dentro da floresta aos mais altos e expostos paredões cobertos por vegetação, subir por uma das principais trilhas do Marumbi é na verdade uma escalada. As subidas são íngremes e na maior parte do tempo estamos suspensos pelas mãos, braços e pés, firmemente agarrados a troncos e raízes; às vezes moitas de bambu.
Existem muitos trechos verticais, alguns equipados e outros não, e, por ser um ambiente úmido, o terreno é sempre muito liso e escorregadio. Nos trechos onde foram instalados correntes e degraus, a atenção deve ser redobrada! Principalmente com aqueles que estão escalando pela primeira vez, pois, um erro pode ser fatal.
Para transpor tais trechos, o ideal é que o guia dê segurança para todos. Daí a importância de um guia responsável no grupo. Ele deve saber dar segurança corretamente. Para isso é necessário fazer um curso básico de escalada em rocha.
Se durante a descida começar a chover, a segurança nos trechos mais íngremes é um procedimento indispensável, pois os degraus e correntes, assim como as pedras, ficam muito escorregadios. Uma corda dinâmica de 10 mm. de diâmetro e 30 metros de comprimento é suficiente para todas as descidas de degraus e correntes existentes nas trilhas principais.
No verão pode acontecer o fenômeno da cabeça d'água. Chove forte por alguns minutos nas nascentes e os rios transbordam, formando uma grande onda que arrasta troncos e pedras rio abaixo. As águas tornam-se escuras e caudalosas, tornando a sua travessia extremamente perigosa. Se você estiver do outro lado do rio e deparar-se com este fenômeno, não tente atravessar o rio! Espere até que o nível baixe ou, faça contato via rádio com o COSMO, que subirá para auxiliar na travessia. Não arrisque!
Ao caminhar, não tenha pressa e divirta-se! Um simples teste revelará se o seu ritmo está muito rápido: se você não conseguir sustentá-lo hora após hora, estará indo muito depressa.
Mesmo os mais fortes e experientes caminhantes precisam de descansos completos ocasionais. Durante a primeira meia hora de caminhada, faça uma parada técnica para ajustar o cadarço das botas, as alças da mochila e adicionar ou retirar roupas. Em grupos grandes, a primeira parada deve começar antes da caminhada, em algum banheiro na sede do parque.
Mais tarde, com o corpo pedindo mais descanso, a parada pode ser feita a cada uma ou duas horas. Quando for hora de parar, procure por um lugar com alguma vantagem tal como, água, visual, flores e inclinação conveniente para abrir a mochila. Não prolongue paradas agradáveis. É agonizante recomeçar a marcha uma vez que os músculos estejam frios e duros. Mas lembre-se de comer uma pequena quantidade de comida e beber algo durante as paradas.Caminhar montanha abaixo é menos cansativo do que subir, mas isto não significa que a descida seja uma maravilha. Descendo uma picada o peso do corpo recai dura e abruptamente sobre as pernas e pés. Os dedos são comprimidos à frente. Os solavancos são transmitidos à coluna sacudindo o corpo todo. O resultado pode ser bolhas nos pés, entorses de tornozelo, danos à cartilagem dos joelhos, dedos doloridos, unhas pretas, dor de cabeça e dor nas costas.
Você pode utilizar alguns truques para facilitar a descida. Aperte o cadarço para reduzir o movimento dentro da bota e mantenha as unhas dos pés aparadas. Mantenha um ritmo menor do que uma passada acentuada pela gravidade. Dobre os joelhos para amortecer o choque em cada passo e pise levemente como se você estivesse machucado. Este controle cansa os músculos superiores das pernas e você aprenderá que os descansos nas descidas são tão importantes quanto nas subidas.É DURANTE A DESCIDA QUE A MAIORIA DOS ACIDENTES ACONTECEM!
Caminhar junto com outras pessoas requer certas cortesias que não são nada mais do que o bom senso na sua totalidade.
É importante o grupo se manter unido na descida, quando alguns montanhistas vão querer correr à frente enquanto outros retardarão o grupo.
A descida é a hora para manter atenção dobrada, lutando contra a fadiga e desatenção, que podem colocá-lo em apuros. Assim como na subida, todo mundo precisa manter o senso de orientação. Permanecer juntos, não ter pressa e demais cuidados no caso de pegar um caminho diferente da subida.
Evite surpresas e confusões olhando de relance sobre os seus ombros de quando em quando durante o caminho, de maneira que você veja como a rota lhe parecerá na volta. Fixe em sua mente o aspecto do retorno.
Pense! O seu cérebro é o instrumento de orientação mais valioso. Assim que o grupo começar a subir, pergunte-se: "Como reconheceremos este importante ponto na descida? O que faremos se o guia da escalada se machucar? Seremos capazes de encontrar o caminho de volta com neblina? Faça as perguntas e encontre as respostas. É melhor pensar antes do que rezar depois.
Mínimo impacto ao caminhar