Etapas de uma Unidade de Ensino Potencialmente Significativa UEPS

As Unidades de Ensino Potencialmente Significativas (UEPS) propostas por Moreira (2011a) são orientadas para a construção de materiais potencialmente significativos, que devem primeiramente fazer sentido ao estudante (auxiliar na compreensão do conteúdo) além de serem bem organizados e possuir um desencadeamento lógico.

Moreira (2011b) afirma que o material, se bem elaborado, deve levar em conta os conhecimentos prévios dos estudantes. Somente dessa forma ele será relacionável à estrutura cognitiva do sujeito que aprende e, assim, possibilitará a construção de significados por parte do mesmo.

A aquisição de novos conhecimentos envolve principalmente a apresentação de materiais potencialmente significativos para o aprendiz. Para que um material seja considerado potencialmente significativo, deve satisfazer duas condições, quais sejam:


(1) que o próprio material de aprendizagem possa estar relacionado de forma não arbitrária (plausível, sensível e não aleatória) e não literal com qualquer estrutura cognitiva apropriada e relevante (i.e., que possui significado ‘lógico’) e (2) que a estrutura cognitiva particular do aprendiz contenha ideias ancoradas relevantes, com as quais se possa relacionar o novo material. (AUSUBEL,2003, p.01)

Sendo assim, ao elaborar uma UEPS é imprescindível a construção de materiais que contribuam para um aprendizado de maior qualidade, que se distancie do aprendizado mecânico. Com efeito, segundo Moreira (2011), UEPS “são sequências de ensino fundamentadas teoricamente, voltadas para a aprendizagem significativa, não mecânica, que podem estimular a pesquisa aplicada em ensino, aquela voltada diretamente à sala de aula”.

Para a elaboração de uma UEPS são propostas oito etapas, definidas por Moreira (2011). São elas:

ETAPA 1 - DEFINIÇÃO DO TEMA

É a fase em que o professor define o assunto específico a ser abordado. Nesta etapa é importante identificar os aspectos fundamentais, bem como o contexto do conteúdo em estudo.

ETAPA 2 - CONHECIMENTOS PRÉVIOS

Nesta etapa deve-se criar e/ou propor situações que possam oportunizar a identificação dos conhecimentos prévios já existentes na estrutura cognitiva dos estudantes, aos quais Ausubel (2003) dá o nome de subsunçores. Para isso, podem ser utilizados diferentes mecanismos, tais como: produções textuais, discussões, questionários, mapas conceituais e situações-problema que levem o estudante a manifestar seus conhecimentos prévios.

ETAPA 3 - SITUAÇÃO PROBLEMA INTRODUTÓRIA

A partir do assunto/tema específico definido na ETAPA 1, é importante partir de situações-problema iniciais, ou organizadores prévios, para retomar e revisar o que foi estudado até o momento, utilizando estratégias diversificadas. A utilização dos conhecimentos prévios é fundamental para o novo assunto e o professor deve abrir espaço para discussões e perguntas dos estudantes, a fim de que eles possam estabelecer as relações necessárias para a aprendizagem de novos conceitos.

ETAPA 4 - DIFERENCIAÇÃO PROGRESSIVA

Após a realização da ETAPA 3, deve-se apresentar o conhecimento a ser ensinado/aprendido utilizando aspectos mais gerais, dando uma visão inicial do todo, para posteriormente exemplificar e abordar aspectos específicos.

ETAPA 5 - COMPLEXIDADE

Nessa etapa, as situações-problema devem ser propostas em níveis crescentes de complexidade e devem ser dados novos exemplos, destacando semelhanças e diferenças entre as situações-problema e os exemplos já estudados, avançando, para promover a reconciliação integradora.

ETAPA 6 - RECONCILIAÇÃO INTEGRATIVA

Nesta etapa retomam-se as características mais relevantes do conteúdo em questão, porém de uma perspectiva integradora, buscando a reconciliação integradora. Nesta etapa é importante propor algumas atividades colaborativas que levem os estudantes a interagir socialmente, negociando significados, tendo o professor como mediador. Para isso, uma sugestão é que os estudantes criem situações-problema, buscando a aplicação dos conceitos aprendidos na fase da diferenciação progressiva, quando o estudante parte de uma situação geral, formulada por ele, para interagir com colocações/conceitos específicos.

ETAPA 7 - AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM

Esta avaliação pode ser formativa, ocorrendo ao longo do desenvolvimento da UEPS, aproveitando todas as oportunidades para o tratamento dos acertos e também dos erros, visando à aprendizagem. É fundamental que o professor registre tudo que possa ser considerado evidência de aprendizagem significativa do conteúdo trabalhado. Por fim, deve realizar uma avaliação somativa individual, com situações-problemas cuja resolução requeira compreensão e que evidencie construção de significados. A avaliação final do desempenho do estudante na UEPS deverá estar baseada tanto na avaliação formativa (observações realizadas, situações, tarefas resolvidas de forma colaborativa e registros do professor) como na avaliação somativa.

ETAPA 8 - AVALIAÇÃO DA UEPS

Partindo dos resultados encontrados na avaliação do desempenho dos estudantes, devemos avaliar o êxito da implementação da UEPS, buscando evidências de aprendizagem significativa, tais como, captação de significados, compreensão, capacidade de explicar e de aplicar o conhecimento para resolver situações-problemas. E importante salientar que a busca de evidências de aprendizagem significativa por meio das UEPS deve ocorrer ao longo de sua implementação e não somente na avaliação somativa, pois a aprendizagem significativa é progressiva. Buscar promover a aprendizagem significativa consiste em proporcionar ao estudante, condições para que ele pense e compreenda o conteúdo que está sendo ministrado. Sendo assim, se o professor busca auxiliar no desenvolvimento da aprendizagem, deve também organizar o planejamento das aulas levando em conta a elaboração de situações de aprendizagem que instiguem o estudante a vivenciar a busca, a exercitar as possibilidades de resposta e principalmente a desenvolver seu pensamento.

Posto isso, entendemos, também, como importante finalidade da UEPS, promover a aprendizagem significativa, utilizando-se de distintas estratégias de ensino para garantir a participação ativa do estudante.