Estudo de caso: Darunavir
Proposta: Diante atividade proposta fomos estimulados a resolver um problema por meio de evidências, por meio de um estudo de caso real. Segue abaixo relato da minha experiência a partir dessa aula.
Problema: No desenvolvimento de um produto contendo o insumo farmacêutico ativo Darunavir foi escolhido o fabricante que fornecia o polimorfo amorfo do mesmo. O IFA foi caracterizado pela empresa desenvolvedora do produto por meio dos equipamentos: Infravermelho (IR), difração de raios X (DRX), Calorímetro exploratório diferencial (DSC), analisador termogravimétrico (TGA) e microscopia de luz polarizada. Diante as caracterizações O IR confirmou a entidade química do Darunavir e o DRX confirmou o estado amorfo do IFA. Porém, as análises de DSC evidenciaram um evento endotérmico em torno de 70°C, indicando uma possível fusão do IFA . Os resultados do TGA demonstraram uma perda de massa em torno de 72ºC Já na microscopia de luz polarizada foi possível observar o fenômeno de birrefringência.
Diante de resultados divergentes, um debate foi proposto e algumas perguntas foram formuladas para direcionar a uma pergunta maior que abrangeria o problema, são elas:
Como confirmar que o IFA do fabricante B (o escolhido) é realmente amorfo?
É possível um sólido amorfo apresentar birrefringência?
Quais são as técnicas analíticas para a caracterização do estado sólido do IFA Darunavir?
COMO CONFIRMAR QUE O IFA DO FABRICANTE B DO DARUNAVIR ATENDE AS ESPECIFICAÇÕES DE SÓLIDO AMORFO?
Tivemos tempo para fazer buscas na literatura acerca do problema. De início, foquei em buscar sobre as formas polimórficas do Darunavir existentes e suas maneiras de obtenção assim como possibilidade de interconversão entre elas pois diante as discussões anteriores com os colegas, a sugestão de que pudesse haver alguma mistura de fases e ou interconversão foi o que mais me chamou atenção. Segundo as pesquisas, vi relatos da possibilidade da forma amorfa se converter em forma hidratada após exposição a ambiente úmido, sugerindo que o IFA requeresse, então, um maior cuidado quanto a sua embalagem, armazenamento e manipulação.
Posteriormente em novo encontro com a turma, outras informações foram expostas tanto pelos colegas quanto pela professora. Pudemos ver que cada um seguiu uma linha diferente de pesquisa, e diversos pontos importantes foram elucidados e termos novos nunca vistos por mim anteriormente foram citados, como por exemplo o termo "domínio cristalino", "microestrutura cristalina" e "luz sincrotron".
Resumidamente, levantamos a suposição que talvez o domínio cristalino do IFA pudesse ser pequeno, o que poderia gerar alargamento de picos do padrão de difração do mesmo levando a um difratograma com um halo amorfo. Um cristal com microestrutura muito pequena poderia gerar um evento endotérmico de fusão no DSC, como foi evidenciado no problema, além disso, poderia apresentar birrefringência através da microscopia de luz polarizada. Essas evidencias me levaram a me interessar bastante pelo o estudo dessas microestruturas, assunto que posteriormente foi mais detalhado pela professora.
Por fim, a experiência foi uma das mais valiosas em termos de conhecimento para mim de todo o curso até o momento. Acredito que adquirir conhecimento na "prática" sempre é mais enriquecedor, de maneira que a fixação do conteúdo é mais orgânica e efetiva. Aprendi termos novos, como já dito, e tive oportunidade de aguçar meu senso crítico acerca de problemas de polimorfismo, área que atuo no meu ambiente de trabalho hoje.
A nomeclatura correta dos polimorfos do Darunavir foi essencial para investigação mais assertiva acerca do problema