Festivais e Prêmios

A primeira edição da premiação foi realizada no dia 06 de dezembro de 2017, patrocinada pelo BDMG Cultural e BDMG.

As montagens cênicas concorrentes ao Prêmio Leda Maria Martins datam de todos os tempos e são reunidas por meio de catalogação curatorial. Esse material rememora parte da história das artes cênicas da capital mineira.

Em cada edição um tema. Os prêmios são livros. E o troféu é obra conceitual do artista Lúcio Ventania (Cerbambu – Ravena | MG).

Texto: Site Leda Maria Martins

Prêmio Leda Maria Martins

O “Prêmio Leda Maria Martins de Artes Cênicas Negras de Belo Horizonte” reverencia montagens de teatro, dança e performance da capital mineira e região metropolitana. As categorias da premiação são inspiradas em referências culturais, estudos e marcos conceituais de Leda Maria Martins acerca das artes e culturas negras. Martins é poeta, ensaísta, dramaturga, ex-diretora de ação cultural da Universidade Federal de Minas Gerais e rainha de Nossa Senhora das Mercês da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário do Jatobá.


é preciso que eu diga

é preciso que você ouça

a segundaPRETA é um movimento-território-quilombo. é um pensamento.

a segundaPRETA nasce numa segunda-feira de Exú. Exu é o princípio de tudo, é fio desencapado da força da criação, o nascimento, a célula mater da geração da vida, o que gera o infinito, infinita vezes. é considerado o primeiro, o primogênito; responsável e grande mestre dos caminhos; o que permite a passagem, o inicio de tudo. Exú é a força natural viva que fomenta o crescimento. é o primeiro passo em tudo.

mas nossos passos não são de hoje, chegamos aqui inspirados por nossa ancestralidade, por outros que assim como nós existem e resistem. e ensinados pela capitã Pedrina “se soubermos de onde viemos, sabemos para onde vamos”. salve, os que caminham! reverenciamos a Terça Preta, realizada pelo Bando de Teatro Olodum em Salvador, que inspirou nossa chegada! Saudamos nossas pretas por suas trajetórias e inspirações! Salve as que vieram antes de nós: Ruth Souza, Zora Santos, Leda Maria Martins, Ana Maria Gonçalves, Conceição Evaristo e Pedrina de Lourdes!

há mais de um ano batemos nossa laje, para fazer e ser A segundaPRETA, no feminino. o questionamento sobre o racismo estrutural, nesta ação, atravessa o campo da criação e reflete na estrutura produtiva da segundaPRETA.

ecebemos em nossa programação trabalhos de artes cênicas feitos por artistas negras e negros, dialogamos sobre nossa arte, escrevemos sobre essas cenas/espetáculos/performances.

daqui do teatro espanca! encontramos a cidade e somos afetados por ela! é preciso que você saiba: somos e estamos ao lado das pessoas LGBTQi+, indígenas, mulheres, marginalizados e pobres. é preciso que você saiba que estamos e somos contrários ao conservadorismo hétero-branco-patriarcal-capitalista. É preciso que você saiba que não se deve empurrar pessoas negras ao entrar em nosso quilombo. É preciso que você questione seus privilégios para não tentar usá-los por aqui. É preciso que você saiba que o racismo é ambíguo: ele se afirma na negação. Racismo não é relativo!

nosso ponto está firmado, o corpo aprumado, estamos e somos segundaPRETA com nossa pele PRETA e nossa arte que é ARTE! com nosso teatro que é TEATRO! Porque é preciso ressaltar o óbvio.

a segundaPRETA é de PRETAS e PRETOS para PRETAS e PRETOS e com as PRETAS e PRETOS.

você é convidado a ser com a gente. é convidado a entender que você está em um território PRETO, é convidado a problematizar sua branquitude, a cuidar desse espaço físico e respeitar todas, todes e todos da segundaPRETA. aqui trabalhamos para realizar cada edição. é importante que você compreenda que aqui não há serviçais.

esse território se movimenta feito lava. pulsante, alerta, ancestral, contemporâneo. é encruzilhada, é corpo, é pele, é pensamento, discussão, reflexão, quilombo, é afeto, é teatro, é chave e abre portões.

Laroiê!

TEXTO: Site Segunda Preta

Criada em 2013, em Belo Horizonte-MG, a Mostra Benjamin de Oliveira idealizada em parceria com Cia Burlantins, já revela no nome seu eixo temático: Benjamin de Oliveira, primeiro palhaço negro do Brasil, conhecido como “Rei dos Palhaços” e considerado o criador do circo-teatro brasileiro. Trata-se de um festival com proposta de ser um espaço de difusão e de valorização do trabalho de artistas negros. O projeto reúne uma programação com espetáculos, performances e atividades formativas. Já apresentaram na Mostra artistas como Altay Veloso, Elisa Lucinda, Iléa Ferraz, Wilson Rabelo, Mônica Santana, Rui Moreira e grupos como Coletivo Negro, Teatro Anônimo, Cia Espaço Preto, Grupo Emu e Teatro Negro e Atitude. A Mostra teve patrocínio da Oi, em duas edições, via Lei Estadual de Incentivo à Cultura, foi vencedora da 3a Edição do Prêmio Nacional de Expressões Culturais Afro-Brasileiras e do Edital de Ocupação do Galpão 3 da Funarte MG.


Reprodução: Pagina da mostra Benjamim de Oliveira no Facebok



FAN-BH , marca o pioneirismo de 24 anos promovendo o encontro da música, artes cênicas, cine cinema, moda, artes visuais, performance e literatura de matriz africana do Brasil e do exterior. São mais de 20 espaços da capital mineira e todas as atrações são gratuitas, com opções para o público de todas as idades. Destacamos o já tradicional OJÁ – Mercado das Culturas, no Espaço Cultural Centoequatro, dedicado aos encontros, trocas de saberes e afetos, onde o público também poderá conferir lançamentos de livros, ações reflexivas, apresentações de artes cênicas e música, produtos artesanais, desfiles e outras atividades culturais.

As ações de política pública da Secretaria Municipal de Cultura e da Fundação Municipal de Cultura voltadas para o fortalecimento da diversidade cultural da cidade tem sua culminância no FAN-BH. Essas iniciativas dão visibilidade a dimensões da cultura que foram historicamente invisibilizadas, além de reconhecer toda a importância simbólica das matrizes africanas e das diásporas que fazem parte da história de Belo Horizonte. Acreditamos também que a presença e a potência cultural e artística das manifestações negras precisam ser vistas, valorizadas e compartilhadas por toda a cidade.

REPRODUÇÃO:

Fundação Municipal de Cultura