Educação Bancária Nunca Mais +
Lançamento Frente Escola Sem Mordaça
“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção.”
Paulo Freire em Pedagogia da Autonomia.
“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção.”
Paulo Freire em Pedagogia da Autonomia.
O tema do nosso primeiro encontro foi: "Educação Bancária Nunca Mais".
Para este encontro recebemos as convidadas:
- Profª. Drª. Nima Imaculada Spigolon (Unicamp)
Tem experiência na área de Educação, atuando principalmente nos temas de: Educação de Jovens e Adultos, Paulo Freire e Elza Freire, Formação de professores, Políticas Públicas, Ditadura e Exílio brasileiro.
- Profª. Drª. Débora Mazza (Unicamp)
Possui mestrado e doutorado na área de Sociologia e Educação, atuando principalmente nos temas de: Educação e Escolarização, Pensamento social brasileiro, Florestan Fernandes, Circulação de pessoas, saberes e práticas e Estado, Políticas e Educação.
Também recebemos diversas entidades e movimentos socias para dialogar conosco e lançar a FRENTE REGIONAL ESCOLA SEM MORDAÇA
A Frente Regional Escola Sem Mordaça é uma iniciativa de várias entidades e movimentos sociais que refletem sobre o violento ataque à liberdade de expressão e à educação de qualidade promovida por setores retrógados da sociedade civil.
Fotos: ADUFU
Sejam todos bem vindos e bem vindas!
É com muito carinho, luta e resistência, que o Núcleo de Didática da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Uberlândia promove a 1ª Edição dos Encontros Freireanos, que tem como tema norteador “Educação Bancária Nunca Mais”.
Contamos com a presença de diferentes entidades e movimentos sociais, que se uniram para defender a liberdade de expressão e a educação de qualidade, fazendo resistência e luta nesses tempos sombrios. E estão aqui hoje realizando o lançamento da Frente Regional Escola Sem Mordaça e contribuindo com essa tarde de diálogos.
Árvore símbolo da 2ª Turma de Princípios Éticos Freireanos.
Furta Cor
Tyão Kuasy
Tem mitas cores no mundo, mas "não olhamos" para ver,
no arco íris são sete quando para de chover.
Tem no fim do arco íris pote de ouro amarelo,
É a cor do vil metal que traz riqueza ou flagelo.
Pensar que a mata é só verde pode ser um ledo engano
No convívio e no respeito, as flores vão se mostrando
O azul não é do céu, nem do mar é do infinito,
Pro "cego que não quer ver", nenhum matriz é bonito.
Já "ensaiando a cegueira" fechemos os olhos para ver,
A "borracha verde oliva" descolorindo o Saber,
Dizem que branco é de paz e harmonia a Terra,
Supremacia ariana é Holocausto e guerra.
Quem disse que "azul é macho", que rosa é "mulherzinha',
Perdeu o "Bonde da História", é um trem fora da linha!
Esta é a linha mais tênue entre ódio e o amor
A ignorância é "gelo", liberdade é multicor!
Raça negra, raça branca é luta sem campeão,
Tem até um "moreninho" que chamamos de "Negão"!!
Vermelho não é partido, não decide eleições,
Democracia é incolor e um PT saudações!!!
Uberlândia - MG, abril de 2019.
"...você não passa de uma mulher..." *
Tyão Kuasy
Mulher, a "rainha do lar" mundo afora, exaltada em versos e prosas,
Sua saga, mais espinhos que rosas.
Esquecida, relegada à margem da história, ofuscaram suas trajetórias,
Muitas lutas, poucas vitórias.
Preconceito, desrespeito, hipocrisia; recorrências no seu dia a dia,
Liberdade é pura utopia.
Destaque, princesa, pota bandeira; "negra, branca, índia, guerreira",**
tudo "cinzas" na quarta feira.
Ditadura, a beleza do corpo e do rosto; objeto na vitrine exposto,
A grife, a moda, o prazer imposto.
Mulher tem a força, a resiliência; incomkda pela consciência,
Te falta voz, sobra violência!!!
"Que a terra lhe seja leve...".***
Uberlândia - MG, maio de 2019.
Com Camila Lima Coimbra e Gabriel Ribeiro Fajardo
Com Profª. Drª. Camila Lima Coimbra (UFU) (Coordenação); Profª. Drª. Nima Imaculada Spigolon (FE/Unicamp) ; Profª. Drª. Débora Mazza (FE/Unicamp) e Profª. Marina Antunes.
Doação da Professora Doutora Nima Spigolon à Faculdade de Educação da Universidade Federal de Uberlândia.
Agradecemos todos e todas que vieram e contribuíram com nossa tarde de reflexões, trocas, resistência e luta, em especial Débora, Nima, os representantes da Frente Regional Escola Sem Mordaça, as pessoas que organizaram esse evento, o nosso muito obrigado.
O Menino Que Carregava Água Na Peneira
Manoel de Barros
Tenho um livro sobre águas e meninos.
Gostei mais de um menino
que carregava água na peneira.
A mãe disse que carregar água na peneira
era o mesmo que roubar um vento e sair
correndo com ele para mostrar aos irmãos.
A mãe disse que era o mesmo que
catar espinhos na água
O mesmo que criar peixes no bolso.
O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos.
A mãe reparou que o menino
gostava mais do vazio
do que do cheio.
Falava que os vazios são maiores
e até infinitos.
Com o tempo aquele menino
que era cismado e esquisito
porque gostava de carregar água na peneira
Com o tempo descobriu que escrever seria
o mesmo que carregar água na peneira.
No escrever o menino viu
que era capaz de ser
noviça, monge ou mendigo
ao mesmo tempo.
O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.
Foi capaz de interromper o vôo de um pássaro
botando ponto final na frase.
Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.
O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor!
A mãe reparava o menino com ternura.
A mãe falou:
Meu filho você vai ser poeta.
Você vai carregar água na peneira a vida toda.
Você vai encher os
vazios com as suas
peraltagens
e algumas pessoas
vão te amar por seus
despropósitos.