Leia um trecho da carta de acolhimento feita pela Profª Drª Camila Lima Coimbra para a Turma Mangueira.
"O utópico não é o irrealizável; a utopia não é o idealismo, é a dialetização dos atos de denunciar e anunciar, o ato de denunciar a estrutura desumanizante e de anunciar a estrutura humanizante." (FREIRE, 1979, p. 27).
Uberlândia, 25 de novembro de 2021.
"[...] Essa IV Turma começa com o grande desafio de transformação para o formato remoto. Assim, queremos dizer que do lado de cá, estamos com “borboletas na barriga” e, ao mesmo tempo, com uma vontade danada de aprender juntes, um pouco mais sobre Freire. Por isso, nessa carta de acolhimento, explicamos um pouco de nossos princípios compartilhados para que nossa história seja, como acreditamos ser, um espaço tempo dialógico em busca de transformações identitárias e sociais, apesar do distanciamento.
Responsabilidade e compromisso ético-político: diz respeito ao compromisso e de cada um/a de nós com quem somos e com a sociedade que queremos transformar, um exercício profissional que exige um posicionamento crítico e um compromisso social, em uma sociedade tão desigual como a nossa. Este olhar responsável, sensível e crítico compreende a nossa busca.
Diálogo e participação: ser transparente nas intenções, ações e comunicações, ouvindo e falando, respeitando e reconhecendo em todes, os sujeitos aprendentes.
Autonomia e respeito às diferenças: o que nos diferencia (nossas experiências de vida, nossos saberes, nossas reflexões, nossos valores...), por isso, o registro do Curso ser um momento também de aprendizagem e de partilha. Procurar valorizar o que cada um/a traz em sua experiência de vida, em suas reflexões, ampliando o aprendizado do coletivo, assumindo-se e assumindo-me como aprendiz. Valorizar os diferentes saberes trazidos por vocês, na construção coletiva do processo de ensino-e-aprendizagem e entendendo que "onde se ensina, aprende-se ao ensinar e onde se aprende, ensina-se ao aprender".
Reconhecer que somos seres inacabados e incompletos. "Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos sempre". O que vamos nos transformando na relação com o outro...na criação de um vínculo afetivo importante em um processo de construção coletiva.
Assim, esses a dialogicidade assume o eixo da disciplina. Romper com a ideia transmissiva torna-se nosso horizonte e, por isso, o diálogo é o meio de conduzir esse processo. Romper com uma estrutura hierarquizada de aprendizagem e fazer com que as pessoas, os conhecimentos e as experiências circulem entre nós. Um lugar de encontro, mesmo que seja virtual.
Acreditamos que esta seja uma oportunidade de problematizarmos as contribuições de Freire, de conhecer a história, as teorias e os princípios do pensamento freireano e conto com você para a construção desse inédito viável. [...]"
Com todo nosso afeto,
Camila Lima Coimbra
Professora da disciplina
Momento IDENTIDADES: o que conheço e o que gostaria de conhecer sobre Paulo Freire? Quais perguntas tenho sobre o que sei e o que mais pretendo conhecer? A partir desse movimento, construiremos nossos desenhos-identidade e nos reconheceremos na turma.
Momento CONCEITOS: nesse movimento, foi possível que cada um buscasse o seu interesse de leitura: qual livro de Paulo Freire gostaria de ler, frente ao que já conheceu? Não houve uma referência única para a leitura, mas cada um escolheu o seu livro frente aos seus desejos e necessidades. A única exigência da mediadora é que fosse do próprio Paulo Freire. Este segundo momento é caracterizado pelo estudo aprofundado das palavras geradoras, por meio da aula expositiva dialogada como meio de realização deste estudo.
Momento REFAZENDO: nessa ocasião, cada aprendente faz a escolha de um livro de Paulo Freire para a leitura da palavra e do mundo de Paulo Freire. A partir da leitura, aproximada aos saberes de cada um, fazemos a socialização e a respectiva materialização. As materializações são o momento criativo do processo. Acontece de forma individual, em um primeiro momento e, depois, coletivamente. Qual leitura de mundo e da palavra trago para a turma? Qual síntese podemos fazer destes conhecimentos e aprendizagens construídas?
Momento SÍNTESE: nesse momento debatemos as palavras geradoras, criamos as perguntas problematizadoras e criamos as reinvenções coletivas. Um momento de partilha e de construção de coletividades. Nesse contexto, também criamos uma proposta para rever os conceitos que consideramos fundantes em uma prática educativa progressista. Este momento da reconstrução dentro do ciclo formativo, objetiva construir a partir de nossa identidade, a relação com o outro, mediatizados/as pelo diálogo, nesse mundo, nessa realidade.
Na organização da disciplina, denominamos este momento de sínteses necessárias, cada estudante faz a socialização de sua leitura e a respectiva materialização da mesma. Os livros escolhidos foram: Educação e Mudança; Pedagogia do Oprimido; Política e educação; Educação como prática da liberdade; Pedagogia da Esperança: um reencontro com a Pedagogia do Oprimido; A importância do ato de ler; Medo e ousadia: o cotidiano do Professor; Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa.
Confira abaixo algumas materializações:
Para pensar os territórios acesse: Paulo Freire Vivo (@paulofreirevivo) • Fotos e vídeos do Instagram
Para se sensibilizar com poemas acesse: Sarau (@saraufreireano) • Fotos e vídeos do Instagram
Para refletir sobre a práxis acesse: Bate-papo Freireano (@batepapofreireano) • Fotos e vídeos do Instagram
Site A Importância do Ato de Ler construído coletivamente.
Paulo Freire convidou vocês à que durante essa disciplina?
Tentando responder essa pergunta, a Turma Mangueira realizou como produto síntese da disciplina um fanzine.
"Da manga rosa quero gosto e o sumo
Melão maduro, sapoti, juá
Jaboticaba, teu olhar noturno
Beijo travoso de umbu-cajá
Pele macia, ai, carne de caju
Saliva doce, doce mel, mel de uruçu"