A III Jornada Política Pedagógica Paulo Freire aconteceu no dia 09 de outubro de 2019, na Unicamp. O evento foi realizado "para celebrar o cinquentenário da feitura dos manuscritos do livro Pedagogia do Oprimido que Paulo Freire escreveu no Chile na condição de exilado político brasileiro e que viria a ser publicado pela primeira vez nos Estados Unidos, em 1970, em português em Portugal, em 1972 e no Brasil em 1974."
Veja a programação.
PROGRAMAÇÃO
09h - Mesa de Abertura
Direção e Coordenações da FE
Doação de Cartilhas de Alfabetização de Adultos (reprodução) de São Tomé e Príncipe e Cabo Verde, elaboradas por Paulo Freire, Elza Freire e a equipe do IDAC.
Mesa 1:
Mediação: Profa. Dra. Nima I. Spigolon (FE-Unicamp)
09h30 - Livro “Pedagogia do Oprimido”, de Paulo Freire
Profa. Dra. Debora Mazza (FE-Unicamp) - Diretora Associada da FE e docente do Departamento de Ciências Sociais na Educação. Participa do Programa de Pós-Graduação em Educação e do Grupo de Estudos e Pesquisas em Políticas Públicas e Educacionais (GPPES).
11h - Cadernos de Cultura: a experiência de um processo de alfabetização em São Tomé e Príncipe, África, sob a coordenação de Paulo Freire
Profa. Dra. Marli P. Ancassuerd (GEPEJA/FE-Unicamp) - Foi docente Centro Universitário Fundação Santo André (CUFSA) e professora do Ensino Fundamental da Rede Estadual de Ensino de São Paulo. Atuou na gestão de projetos e produção de materiais didáticos para alfabetização de adultos em Cabo Verde e São Tomé e Príncipe juntamente com o IDAC e Paulo Freire. Pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação de Jovens e Adultos (GEPEJA).
11h30 - Debate
12h - Almoço
*Mesa 2:
Mediação: Profa. Dra. Debora Mazza (FE-Unicamp)
14h – Livro: "Pedadogia da Esperança: um reencontro com a Pedagogia do Oprimido" de Paulo Freire
Profa. Dra. Camila Lima Coimbra (UFU) - Professora do Núcleo de Didática da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Pesquisadora do Observatório de Políticas Públicas (OPP/UFU).
15h30 - Trabalhos com Paulo Freire: sua atualização de compreensão da realidade contemporânea
Prof. Dr. Ladislau Dowbor (PUC-SP) - Professor titular da Pontifícia Universidade Católica, de São Paulo. Tem experiência nas áreas de Administração e Economia, atuando principalmente nos seguintes temas: mudança tecnológica, economia dos recursos humanos, economia regional e urbana, planejamento educacional e economia internacional.
Site: http://dowbor.org.
17h - Debate
17h30 - Lançamento do livro: "A era do capital improdutivo. A nova arquitetura do poder: dominação financeira, sequestro da democracia e destruição do planeta" (Autoria de Ladislau Dowbor)
18h - Encerramento: Café com Prosa
Na materialização, cada aprendente faz a escolha de um livro de Paulo Freire para a leitura da palavra e do mundo... A partir da leitura, aproximada aos saberes de cada um/a, fizemos a socialização e a respectiva materialização da mesma. Os livros escolhidos foram: Educação e Mudança; Pedagogia do Oprimido; Política e educação; Educação na cidade; Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar; Educação como prática da liberdade; Pedagogia da Esperança: um reencontro com a Pedagogia do Oprimido; A importância do ato de ler; Medo e ousadia: o cotidiano do Professor; Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa.
Para encerrar este ciclo de formação compreendendo-o como um processo permanente de questionamento, de provisoriedade do conhecimento, de compreensão e explicação de problemas vividos na práxis educativa, realizamos um "amigo desapego" em que trocamos significados uns com os outros. Cada aprendente deveria levar algo importante seu para doar. As fotos revelam o momento.
Uberlândia, 19 de dezembro de 2018.
“Não sou nada. Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso,
tenho em mim todos os sonhos do mundo.”
Fernando Pessoa
Caros e Caras,
Neste ano senti necessidade de me expressar de forma escrita, deste movimento realizado por nós, na disciplina de Princípios Éticos Freireanos. Inicio explicitando alguns princípios que eu tinha como norteadores desta prática educativa e que gostaria de compartilhar.
1. Responsabilidade e compromisso ético-político: diz respeito ao meu compromisso e de cada um/a de nós com a formação de professores/as, não só com a disciplina e os/as colegas, mas com o exercício profissional que exige um posicionamento crítico e um compromisso social, em uma sociedade tão desigual como a nossa. Penso que este olhar sensível e crítico foi por nós compreendido como necessário.
2. Diálogo: ser transparente nas intenções, ações e comunicações, ouvindo e falando, respeitando e reconhecendo em vocês, os sujeitos aprendentes.
3. Autonomia e respeito às diferenças: o que nos diferencia (nossas experiências de vida, nossos saberes, nossas reflexões, nossos valores...), por isso, o registro compartilhado “Ensinar é... aprendi o que?” Procurar valorizar o que cada um/a traz em sua experiência de vida, em suas reflexões, ampliando o aprendizado do coletivo, assumindo-se e assumindo-me como aprendiz. Valorizar os diferentes saberes trazidos por vocês, na construção coletiva do processo de ensino-e-aprendizagem e entendendo que "onde se ensina, aprende-se ao ensinar e onde se aprende, ensina-se ao aprender".
4. Participação: envolver todos/as no processo de decisão e escolha dos livros para leitura, bem como a forma de materializar nossas leituras. Esta foi uma forma de participar de maneira crítica, cooperativa, respeitosa.
5. Avaliação formativa: pedagogia do diálogo e conflito – a avaliação aconteceu ao longo do processo, de forma diversificada, entre nós e conosco. Cada um/a aprendeu de uma forma e espero que as diferenças nesta aprendizagem não sejam verificadas por meio de notas. Fazer a crítica de forma respeitosa e apontar propostas (denúncia/anúncio). Esperamos sair melhor do que entramos e, para isso, estarmos abertos às críticas e, principalmente, às propostas de aperfeiçoamento são importantes. Ouvir o outro. O envelope e o registro por aula, demonstram o que-fazer de cada um/a, as reflexões, as provocações, são os diálogos mediatizados pelo mundo e pelo outro.
6. Reconhecer que somos seres inacabados e incompletos. "Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos sempre". O bonsai, visitando a casa de cada um/a instala esta possibilidade concreta de um vínculo afetivo importante em um processo de ensino e aprendizagem.
7. O círculo, como forma de organização da sala de aula, rompe com uma estrutura hierarquizada de aprendizagem e faz com as pessoas, os conhecimentos, as experiências circulem entre nós. Por isso, Freire denominava Círculo de Cultura. O lugar do encontro.
8. Os chás compartilhados. Parece algo tão insignificante aos olhos de quem não está imerso no processo. Mas quem está envolvido compartilha os sabores, os tempos, os momentos de degustação da aprendizagem.
Acredito que esta tenha sido uma oportunidade de problematizarmos as contribuições de Freire, de conhecer as teorias e os princípios éticos freireanos de forma teórico-prática, de nos completarmos na incompletude possível de seres aprendentes.
As problematizações surgidas, materializações e diálogos propiciados, visita a Casa da Árvore, participação na II Jornada Político Pedagógica Paulo Freire na Unicamp foram componentes de uma prática educativa que pretendeu ser crítica, exigente, amorosa e afetiva. Espero que um pouco disso tudo, cada um/a tenha vivido, experienciado e compreendido na totalidade ou em parte, uma parte de um processo formativo em uma concepção progressista-libertadora.
Para finalizar, entendo ser coerente terminar com a pergunta norteadora que acompanhou todo o processo: o que é liberdade para você? Por que ousamos ensinar? O que justifica a sua existência neste mundo?
Com todo meu afeto,
Camila Lima Coimbra
Para finalização das aprendizagens, construímos linhas do tempo de significados em nossas trajetórias e a partir disso, identificamos as músicas que fizeram parte dessas memórias e tempos vividos. Cada aprendente construiu a sua trilha sonora no you tube e compartilhou com a turma.