Apresentação

Ofertada para os cursos de licenciatura, a disciplina "Princípios Éticos Freireanos" foi criada pelo Núcleo de Didática, da Faculdade de Educação, da Universidade Federal de Uberlândia, por meio da Resolução nº 07/2016 do Conselho de Graduação, em 1º de julho de 2016. É fruto de um movimento de enfrentamento e participação deste coletivo de professores/as em busca de uma efetiva formação de professores, em uma perspectiva progressista. 

Três turmas já foram ofertadas, a 1ª Turma no segundo semestre de 2017 (Pitangueira), a 2ª Turma no segundo semestre de 2018 (Jabuticabeira) e a 3ª Turma no segundo semestre de 2019 (Aceroleira). Nas duas experiências primeiras, tive a oportunidade de assumir a docência das turmas. A terceira turma foi assumida pela Professora Diva Souza Silva.

Depoimentos

Ciclo Formativo

A disciplina foi desenvolvida em 4 (quatro) momentos ao longo do semestre, o que percorre um ciclo formativo. São cerca de 16 semanas, ou seja, um semestre letivo, o que daria quatro semanas para cada momento, em média. Um primeiro momento em que ocorre o encontro dos aprendentes: quem somos e o que queremos? Este momento do ciclo, denominamos de “Identidades”. O segundo momento, em que trabalhamos com alguns conceitos importantes para compreensão dos princípios freireanos, denominamos de “Conceitos”. O terceiro momento, para a reconstrução desses conceitos, a fim de significá-los, denominamos de “Refazendo”. Por fim, o quarto momento do ciclo, caracteriza-se como movimento de “Síntese”. Quais aprendizagens construídas? Quais conhecimentos produzidos? Talvez a explicação ficasse melhor se as letras assumissem a forma de um círculo para dar o movimento e a interação necessárias.

A organização neste ciclo de formação ou de desenvolvimento humano traz o sujeito da aprendizagem, com todas as suas dimensões, para o centro do processo educativo. Nessa perspectiva, os ciclos visam introduzir na organização curricular uma temporalidade que leva em conta o caráter processual da construção do conhecimento e as especificidades do momento de formação dos aprendentes.


O Bonsai

Levo um bonsai no primeiro dia. Trouxe o trecho de uma entrevista de Freire em que ele diz:


Eu não posso desistir da esperança porque eu sei, primeiro, que ela é ontológica. Eu sei que não posso continuar sendo humano se eu faço desaparecer de mim a esperança e a briga por ela. A esperança não é uma doação. Ela faz parte de mim como o ar que respiro. Se não houver ar, eu morro. Se não houver esperança, não tem por que continuar o histórico. A esperança é a história, entende? No momento em que você definitivamente perde a esperança, você cai no imobilismo. E aí você é tão jabuticabeira quanto a jabuticabeira. (FREIRE, Paulo. Entrevista. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/266/paulo-freire-nos-podemos-reinventar-o-mundo)

Iniciamos, desde a primeira semana a esperança em não nos tornarmos jabuticabeiras. O rodízio de cuidados ao longo do semestre com o bonsai, pode significar o que esquecemos de fazer com o/a outro/a. Cada um/a que leva, traz uma informação sobre o bonsai para o nosso círculo de cultura. Ao final, plantamos o bonsai na UFU com uma placa criada e produzida por nós.


Nossa Identidade Visual

A imagem do bonsai se transformou na identidade visual da disciplina. Uma criação coletiva da 1ª Turma: Pitangueira. Os raios coloridos atrás do bonsai trazem movimento a imagem, representam a criatividade, liberdade, autonomia, a própria vida que constitui a disciplina e seu dinamismo. As diferentes cores e movimentos representam a diversidade dos sujeitos que coletivamente constroem a disciplina, mas também que por ela são transformados/as.


Os Cadernos de Registro


Ensinar é... aprendi o quê? 

As perguntas mobilizadoras para esse registro foram: o que aprendemos com o outro? Quais valores? Quais atitudes? O que importa? O que me move? A ideia é que nesse registro, possamos escrever ou registrar os valores, o que aprendemos por meio dos exemplos e das pessoas que tivemos a oportunidade de conviver. Um princípio para esse registro foi a compreensão de nossos saberes que são oriundos de nossas experiências, vivências, decepções, amores, rancores e trajetórias pessoais e sociais. São valores que nos constituem, que são importantes para a prática educativa, que não aprendemos no sistema regular de ensino, mas com a avó, com o vizinho, com a tia, com os pais, dentre outros.


O que a aula plantou em você?

Um exercício de reflexão individual de registro livre e criativo. Essa atividade não é simplesmente a descrição de todas as atividades que aconteceram na aula, mas a forma como cada um/a sentiu/viveu/experenciou/plantou aquela aula. A riqueza dos registros de cada um e sua forma de aprender a disciplina. Músicas. Reflexões. Paixões. Vivências expressas de diversas formas que podemos registrar. O escutar e o olhar sensíveis foram o princípio. Cada participante registrou a seu modo, com sua ternura e sua cor, a partir do que cada aula significava/plantava. Foram registros sérios, alegres, encantadores, representativos de um grupo que foi se constituindo. Cada momento desse, respeitado como único no meio do universo de coisas que eu gostaria de conviver e ver ainda em minha relação comprometida com o educar. Cada palavra, gesto, emoção e canção registrados sob olhar diversos em busca de nos tornarmos “mais gente”.


O Círculo

O círculo, como forma de organização da sala de aula, rompe com uma estrutura hierarquizada de ensinagem e faz com as pessoas, os conhecimentos, as experiências circulem entre nós. Por isso, Freire denominava Círculo de Cultura. O lugar do encontro.

Camila Lima Coimbra

camilima8@gmail.com

Turmas

1ª Turma: Pitangueira 

2ª Turma: Jabuticabeira

3ª Turma: Aceroleira

4ª Turma: Mangueira

5ª Turma: Esperança

6ª Turma: Sementes da Liberdade