Deixando a bola e peteca,
Com que inda há pouco brincavam,
Por causa de uma boneca,
Duas meninas brigavam.
Dizia a primeira. “É minha!”
“É minha!” a outra gritava;
E nenhuma se continha,
Nem a boneca largava.
Quem mais sofria (coitada!)
Era a boneca. Já tinha
Toda a roupa estraçalhada,
E amarrotada a carinha.
Tanto puxavam por ela,
Que a pobre rasgou-se ao meio,
Perdendo a estopa amarela
Que lhe formava o recheio.
E, ao fim de tanta fadiga,
Voltando à bola e à peteca,
Ambas por causa da briga.
Ficaram sem a boneca...
(Olavo Bilac)
O matemático sendo do cálculo amador fanático
Teve para morrer um meio prático
E resolveu morrer
De cálculos na bexiga.
Os deveres do escolar
Já sabe você quais são?
Vou dizê-los um a um
Preste, pois, muita atenção:
Compareça sempre à escola
Antes do horário marcado
Levando tudo o que o mestre
Lhe tenha solicitado.
Entre logo em fila
Assim que o sinal for dado,
Sem conversas e sem gritos,
Conservando-se bem alinhado.
Com pena peguei na pena
Com pena pra te escrever
A pena caiu da mão
Com pena de não te ver.
Vai a garça voando
Com penas que Deus lhe deu
Contando pena por pena
Mais pena padeço eu.
Eu quero bem às mulheres
Porque delas sou nascido,
Pois não quero que se diga
que sou mal-agradecido.
A mulher quando se ajunta
A falar da vida alheia,
Começa na lua-nova,
Acaba na lua-cheia.
Eu não me fio em mulher
Nem quando ela está dormindo
Os olhos estão fechados
Sobrancelha está bulindo...
Mulher não guarda segredo?
Eu sei de uma que o guardou:
— Mal acabara de ouvi-lo,
Veio um raio que a matou.
Aos quinze um príncipe ingente
É o que deseja a mulher
Aos vinte, um moço decente,
Aos trinta, um diabo qualquer.
Com setenta anos de idade
A velha se confessou...
Pecado? Não. Só vaidade
De dizer que já pecou.
No tempo em que te amei
Não amei a mais ninguém:
Amei sete e a oito,
Nove contigo, meu bem!
As horas do dia sigo
Do modo como as reparti:
Nove sonhando contigo
E quinze pensando em ti.
Açucena dentro d'água
Atura quarenta dias
Meus olhos fora dos teus
Não aturam nem um dia.
Eu jurei, pus minha mão
Em cima de oitenta livros:
De não amar outros olhos
Enquanto os teus forem vivos.
Este mundo dá mil voltas
(O ditado diz assim)
Por que numa dessas voltas
Tu não voltas para mim?
Não dês a ponta do dedo,
Que eles desejam a mão;
Se vai a mão, vai-se o braço,
Vai-se o peito e o coração.
Ainda eu não tinha dentes
Começava a engatinhar,
Com a filha da vizinha
Já me punha a namorar...
Menina, minha menina,
Meu caroço de dendê,
Se eu fosse rapaz solteiro
Me casava com você.
Os enfados de meu pai
Não posso mais suportar;
Eu já tenho quinze anos,
Minha mãe, quero casar!
Estas meninas d'agora
Só querem é namorar
Botam panelas no fogo
E não sabem temperar.
Nos sertões onde moro
Tenho terras, tenho gado,
E o que tenho será teu
Se isto for do teu agrado.
Sou meiga por natureza,
Sensível por condição,
Sei amar eternamente
A quem dei meu coração.
Quem quiser prender a homem
Não precisa o amarrar
É só olhar para ele,
Fazer pouco e desprezar.
Tenho sete namorados,
Só faço conta de um.
Todo dia morre gente
Mas no céu não tem nenhum.
Todo homem quando embarca
Deve rezar uma vez,
Quando vai à guerra, duas
E quando se casa, três.
Os homens são uns diabos
Não há mulher que o negue
Mas todas estão esperando
Um diabo que as carregue.
Sonhei que a neve ardia
Sonhei que o fogo gelava
Como sonhei o impossível
Sonhei que você me amava.
A maior raiva que tive
Tive quando sonhei
Que estava quase a beijar-te
E, de repente, acordei!
Eu sei que gostas de mim
Embora digas que não
Nem sempre a boca diz
O que sente o coração.
A rosa é uma flor
Que nasce com espinho
Você é uma rosa que
existe em meu caminho
Não te dou chá
Porque não tem
Queres um beijo?
Vem cá, meu bem!
Vejam que grande besteira,
Nesta minha caminhada:
Trabalhei a vida inteira
Para hoje não fazer nada.
Atirei um cravo n'água
De teimoso foi ao fundo
Os peixinhos responderam
Viva D. Pedro II.
O anel que tu me deste
era de vidro e quebrou;
o amor que tu me tinhas
era pouco e acabou.
Privar-me de que eu te veja
isso, meu bem, pode ser;
mas privar-me de que te ame,
só Deus tem esse poder.
Todo homem diz que sim
depois de ter dito “não”.
Primeiro fala o orgulho
depois fala o coração.
Quero cantar ser alegre
Que a tristeza não faz bem
Ainda não vi a tristeza
Dar de comer a ninguém.
Duas vidas todos temos
Muitas vezes sem saber:
A vida que nós vivemos
E a que sonhamos viver