Memória da Biblioteca
O trabalho desenvolvido pela professora Elzimar dos Santos Ferreira na Biblioteca Comunitária Paulo Freire (BCPF) traz o leitor ao encontro do livro e este do leitor, por meio de ações criativas de mediações de leitura que se intensificaram ao longo dos 20 anos de existência dessa instituição. Inspirada pelos ideais propostos pelo educador Paulo Freire, Elzimar o adotou como patrono de sua biblioteca, quando resolveu disponibilizar o seu acervo pessoal para empréstimo de livros aos leitores de sua comunidade.
Movida por este ideal, em 2001, a professora deu início à BCPF usando o espaço da sala de sua casa, no Km 41 da Rodovia AM-240 em Presidente Figueiredo (AM). A biblioteca foi idealizada para que os leitores pudessem realizar empréstimos dos livros, porém, considerando-se que morar na zona rural do Amazonas significa andar quilômetros para chegar à escola ou visitar algum vizinho no lote mais próximo, fez-se necessário desenvolver uma metodologia de trabalho que até hoje busca alcançar o leitor nos mais diversos locais.
Simultaneamente, ela idealizou a Mala da Leitura que ainda funciona como uma biblioteca itinerante indo até o leitor, oferecendo o empréstimo dos livros aos estudantes, dentro do ônibus escolar ao longo trajeto de 47 quilômetros entre a área rural e a Escola Estadual Maria Calderaro na zona urbana de Presidente Figueiredo.
O anseio em concretizar o sonho que ter um espaço físico para abrigar a sede da biblioteca foi possível em 2007, quando Elzimar inaugurou, com recursos próprios a atual sede da BCPF, dando início a um novo ciclo desta jornada com o lema “Semeando sempre”, no novo endereço em que passou a morar, no Km 28 da Rodovia AM-240 em Presidente Figueiredo. Antes atuando efetivamente em formato itinerante, a biblioteca passou a ter, também, residência fixa, ganhando mais espaço em uma nova edificação.
Considerando-se essa premissa de estimular o hábito da leitura por meio de empréstimo de livros, podemos observá-la em todas as ações desenvolvidas pela BCPF, que sempre prioriza o leitor, valorizando primordialmente o acesso ao livro e à leitura. Seus projetos contemplam parcerias com escolas e também com a universidade, em prol da transformação da comunidade. O calendário anual de atividades inclui comemorações importantes em torno de datas festivas com contação de histórias, brincadeiras, distribuição de brindes e atividades sociais. Ao longo do tempo, a biblioteca foi mudando de espaço, passando por reformas, ampliando suas parcerias e recebendo homenagens. A BCPF perpetua tanto o ideal de Elzimar nesta constante busca por leitores quanto materializa a sua história de vida, ao interconectar este espaço não formal de educação ao trânsito itinerante de seu acervo deslocado até eles.
A rota da leitura iniciada por Elzimar se ampliou e chegou até 2021 para celebrar tão grande feito. Para isso, foi criado e aprovado o projeto cultural Memória Viva: 20 anos da Biblioteca Comunitária Paulo Freire, integrado a outros dois projetos culturais em prol da formação de leitores no município de Presidente Figueiredo. Inicialmente, tanto as instalações da BCPF quanto seu acervo inspiraram a idealização do projeto Formação de Agentes Culturais da Comunidade Cristo Rei, visando a formação de jovens agentes culturais, a nova geração da biblioteca.
Neste mesmo período, Elzimar passou a integrar a Rede Cachoeiras de Letras e interagir com os responsáveis por outros espaços de leitura, dentre os quais: Casa da Cultura do Urubuí (30 anos), Portal da Cultura Munguba - Biblioteca e Memorial de Presidente Figueiredo (10 anos) e Centro Cultural Zé Amador (7 anos) e Centro Cultural e Biblioteca Comunitária BambuLER, em Presidente Figueiredo, além da Sala de Leitura do Centro Cultural Casarão de Idéias (11 anos), situada em Manaus, e as bibliotecas Maria Dolores e Francisco Calheiros, no município de Itacoatiara, a partir do projeto Criação da Rede de Bibliotecas Comunitárias de Presidente Figueiredo. Em parceria com a Universidade do Estado do Amazonas por meio do projeto de extensão Práticas Leitoras, segue fortalecendo vínculos, com a presença de bolsistas e voluntários que formam atualmente um grupo de trabalho na biblioteca.
Entrar na Biblioteca Comunitária Paulo Freire é entrar tanto no espaço da biblioteca quanto nos cômodos da casa de Elzimar dos Santos Ferreira, tendo em vista que ela é protagonista da criação da biblioteca e está vinculada à sua história, às quais estão associadas, de alguma forma, às transformações da comunidade. Por isso damos a você as boas vindas e convidamos para entrar nesse universo!