O documentário Cachoeiras de Letras (2021), dirigido por Denilson Novo, foi realizado a partir da aprovação na Lei Aldir Blanc do projeto cultural Memória Viva: 20 anos da Biblioteca Comunitária Paulo Freire que viabilizou recursos financeiros necessários à contratação da equipe técnica de trabalho e a implementação de ações de modernização da Biblioteca Comunitária Paulo Freire para reconhecimento público da sua importância como prestadora de serviços artísticos, sociais e culturais. Nos seus 22min41, podemos contemplar imagens tanto da área urbana quanto rural de Presidente Figueiredo (AM).

Inicialmente são destacados os principais recursos naturais, especialmente as cachoeiras, bem como alguns achados arqueológicos inseridos no território do Geoparque Cachoeiras do Amazonas, sob o ponto de vista do geólogo Marco Antônio e do guia turístico Marinilzo Silva, ampliando a noção que temos de leitura, inserindo-a nos letramentos. No plano seguinte, são desveladas tantas outras características e potencialidades marcantes deste município, no qual são evidenciados os espaços não formais de educação que têm a leitura e a formação de leitores como primordiais em suas ações direcionadas à comunidade na qual estão inseridos, e estão relacionados à BCPF.

Neste momento conhecemos o Centro Cultural Zé Amador, na perspectiva de Antonio Amador, que é o responsável por este Ponto de Cultura, uma ocupação urbana na BR-174 voltada à leitura, à arte urbana e ao paisagismo. Posteriormente, Virgilio Reis nos apresenta o Portal da Cultura Munguba, a Biblioteca e o Memorial, idealizado por ele no intuito de compartilhar o seu acervo pessoal de obras que versam sobre temas relacionados à Pedagogia, Filosofia e História, entre outros. Egydio Schwade, indigenista integrante do Comitê da Verdade no Amazonas, revela o ofício artesanal direcionado ao cultivo de abelhas e fabricação artesanal de mel, na Casa do Mel, situada no âmbito da Casa da Cultura do Urubuí, que também oferece à comunidade um acervo de documentos e obras relacionadas à história da fundação do município de Presidente Figueiredo, além de obras que versam sobre questões indigenistas relativas ao massacre do povo Waimiri-Atroari pela Ditadura Militar brasileira e antropológicas, por exemplo. Neste relato ele ressalta a importância de valorizarmos artefatos memoriais com intuito de perpetuar a cultura regional. Em seguida, nas palavras de Elzimar Ferreira, conhecemos a Biblioteca Comunitária Paulo Freire. Por fim, compreendemos a dimensão social que a BCPF tem na e para a comunidade Cristo Rei do Uatumã, a partir de percepções de algumas pessoas que, de alguma forma, estão conectadas à BCPF e relatam acerca de suas experiências leitoras atreladas a este espaço cultural.

O documentário conduz nosso olhar para vislumbrarmos uma espécie de mapa da leitura no município de Presidente Figueiredo (AM). Percurso que nos revela uma rede que se amplia em prol da formação de leitores no Amazonas, com ênfase para as ações desenvolvidas nas bibliotecas comunitárias, que surgiram a partir da socialização do acervo pessoal de seus idealizadores.