Olá, estudante do Ensino Médio! Seja bem-vindo(a) a mais uma lição da disciplina de Empreendedorismo do curso técnico em Agronegócio. Na lição de hoje, continuaremos a falar sobre o Plano de Negócios. Já digo que lembraremos dele nas próximas lições durante o nosso curso.
Na lição de hoje, abordaremos os principais objetivos do Plano de Negócios e seus tópicos obrigatórios segundo a literatura. Já aviso, também, que não aprenderemos como construir cada um desses tópicos, pois isso será assunto que necessitará de maiores explicações e demandará muito mais tempo do que uma lição. Assim, limitamo-nos, nesta lição, a apresentar cada um desses tópicos e uma breve introdução do que veremos nas lições seguintes. Venha comigo descobrir um pouco mais sobre eles!
Você já se perguntou como algo que é extremamente importante e complexo deve ser construído? Isso pode ser em relação à construção de uma ponte, de um monumento histórico ou de qualquer obra ou evento de grande porte ou escala.
A resposta, talvez, seja simples aos seus olhos, porém toda grande construção ou evento, um dia, já foi imaginada ou projetada por alguém. E é exatamente o que faremos na lição de hoje! Como já começamos a falar por aqui, o papel do Plano de Negócios é desenvolver uma projeção, ou seja, um ótimo e seguro planejamento de ações ou empreendimentos, antes mesmo deles saírem do papel, não é mesmo?!
Imagine organizar tantos itens e ideias sem uma espécie de roteiro ou guia a ser seguido. Não seria uma tarefa muito fácil, né?! Por isso, torna-se muito importante entendermos cada um desses relevantes tópicos e o que cada um deles guarda dentro de si. Então, “bora” descobrir mais sobre esse assunto?!
No case de hoje, apresentamos um caso fictício para não ser seguido. Um caso que evidencia uma situação a falta de planejamento ou conhecimento dos itens extremamente importantes do Plano de Negócios, os quais não foram seguidos ou, ainda, satisfeitos totalmente.
Trata-se do seu Arnaldo, nosso velho conhecido dos cases anteriores. Na aventura de hoje, ele decide que abrirá uma franquia de pizza pré-assadas: a Arnaldo's Pizza Delivery. No entanto, ele não frequentou as aulas de Empreendedorismo, como é o seu caso, ainda no período do Ensino Médio. Portanto, não fazia ideia da quantidade de tópicos nem dos principais objetivos que um Plano de Negócios deveria possuir, mas, pelo menos, sabia que esse instrumento era extremamente útil e vital para a abertura de um empreendimento.
Assim, ele iniciou a construção desse documento com os seguintes tópicos: objetivos do negócio, parceiros e apresentação da proposta de negócio. Não estou dizendo que esses tópicos não são importantes, pois, realmente, ainda mais conhecendo o baixo nível de instrução de seu Arnaldo, foram ótimas escolhas. O que acontece, aqui, é justamente a falta de outros itens que também são extremamente importantes e que não foram apresentados nesse processo.
É o caso, por exemplo, do nome dos proponentes ou elaboradores, o planejamento estratégico ou a situação atual em relação aos recursos financeiros disponíveis e o seu planejamento. Imagine que ele resolveu aderir a essa ideia que teve, mas não visualizou o desembolso de grandes proporções nos meses seguintes, com máquinas e equipamentos ou com adequação de estrutura físicas, aquisição de licenças, dentre outros itens.
Por mais que torçamos muito por seu Arnaldo, esse negócio não apresenta condições suficientes para que se desenvolva e prospere no longo prazo ou, ainda, que receba a atenção e os investimentos de potenciais interessados. Espero que, com essa exemplificação, seja possível perceber o porquê de muitas empresas fecharem suas portas pouco tempo antes de iniciar suas atividades: principalmente, por falta da elaboração de um bom e completo Plano de Negócios.
Bom, já demonstramos, em lições anteriores, porque o Plano de Negócios é visto como um documento de extrema importância para um empreendimento. No entanto, caminhamos para o fim desta disciplina e, com isso, preparamo-nos para sua próxima etapa, que será ministrada no ano seguinte, em que entenderemos muito mais sobre esse instrumento.
Iniciaremos dizendo, em pouquíssimas palavras, que o Plano de Negócios possui cinco principais objetivos, sendo eles: testar a viabilidade do negócio, orientar o desenvolvimento das técnicas e estratégias, atrair investidores, transmitir credibilidade e desenvolver a equipe de gestão (DORNELAS, 2012).
Embora não estudemos cada um dos itens que compõem um Plano de Negócios na lição de hoje, iniciamos um tour por cada um deles. Dornelas (2012) classifica o Plano de Negócios em 10 itens principais, que serão o grande foco desta lição:
Capa.
Sumário.
Sumário executivo.
Descrição da empresa.
Produtos e serviços.
Mercado e competidores.
Marketing e vendas.
Análise estratégica.
Plano financeiro.
Anexos.
A primeira parte do Plano de Negócios deve ser a capa. Ela deve conter as seguintes informações: nome da empresa, endereço, formas de contato, nome dos principais colaboradores, data de elaboração do plano e responsável por sua elaboração. Ou seja, deve conter as informações mais relevantes e primárias da empresa.
O sumário deve conter os subtítulos seguintes, de maneira clara, bem distribuída, sendo necessário estar dividido em tópicos, de acordo com o assunto a ser tratado nas próximas páginas, para que seja possível ao leitor encontrar cada um dos itens que se procura no Plano de Negócios.
Embora apareça nessa classificação temporal, o sumário executivo, talvez, deva ser o último item a ser realizado, apesar de, do mesmo modo, ser a parte mais importante do plano ou, pelo menos, uma das mais importantes. A orientação sobre a sua construção na fase final de elaboração do plano se deve ao fato dele ser uma espécie de resumo dos conteúdos que virão logo em seguida. Nesta etapa, segundo Dornelas (2012), algumas importantes perguntas têm que ser respondidas, como:
a) O quê? Qual é o propósito do seu plano? O que você está apresentando? O que é a sua empresa? Qual é o seu produto ou serviço?
b) Onde? Onde sua empresa está localizada? Descreva o ambiente. Onde está seu mercado?
c) Por quê? Por que você precisa do dinheiro requisitado?
d) Quanto? De quanto dinheiro você necessita?
e) Como? Como você empregará o dinheiro na sua empresa?
f) Quando? Quando seu negócio foi criado? E quais produtos/serviços serão disponibilizados? Qual é o público-alvo? Quais necessidades serão supridas?
Neste tópico, segundo Dornelas (2012), deve-se apresentar a história e a estrutura da empresa em questão, bem como as informações mais relevantes, como dados da empresa, sua forma jurídica — Ltda., Eireli, MEI, S/A, que são siglas sobre seu tamanho ou representação legal, mas que não cabem ser analisadas aqui, em nossa disciplina, nem neste momento —, descrição das atividades empresariais, seu local de atividade, área de atuação, situação atual e margens de crescimento.
Também, são apresentados os diferenciais da empresa, pois se mostram de grande interesse do público-alvo e dos investidores. Além disso, as informações sobre todos os membros da equipe gerencial devem estar ali representadas, bem como suas competências, experiências e referências, para que seja possível passar sensação de confiabilidade e segurança aos potenciais investidores.
Neste item, estão apresentados os produtos ou serviços oferecidos pela empresa, as suas características técnicas ou produtivas, os seus principais benefícios e as motivações. Devem, também, ser apresentados serviços de apoio, como operações pós-venda, serviço de atendimento ao consumidor, canais de contatos principais com a empresa, dentre outros.
Neste item em questão, poderíamos explorar muito do que já aprendemos em nossas disciplinas e lições anteriores, mas ficamos, ainda, com outra publicação de Dornelas (2008), que, aliás, pode ser até conhecido como o “pai do Empreendedorismo”, devido à vasta experiência e aos estudos relacionados a essa temática.
Para Dornelas (2008), analisar o mercado se mostra a parte mais importante do Plano de Negócios, pois é nesse momento que são criadas as estratégias que serão utilizadas para que se consiga atingir o público-alvo estabelecido, a fidelização de clientes, a valorização da marca ou o produto/serviço oferecido.
Nesta etapa, não se deve analisar apenas o mercado em que se atuará e os seus concorrentes diretos, mas, também, potenciais concorrentes indiretos, que são aqueles produtos ou agentes que possam oferecer algo que substitua o que é oferecido por seu negócio. Assim, alguns itens obrigatórios devem estar contidos nesta etapa, segundo Dornelas (2012), tais como:
Descrição do setor em que o negócio está inserido.
Perfil dos consumidores.
Definição dos principais competidores.
Pontos fortes e fracos.
Preços e prazos.
Localização.
Benefícios e convênios.
Identificação de possíveis substitutos.
Nesta parte do plano, segundo Dornelas (2012), deve-se deixar claro quais são as estratégias de promoção de vendas e os ganhos de mercado que serão utilizados. Isso deve ser feito a partir da análise do ambiente, do público-alvo, da marca, do objetivo, das metas e das estratégias. Para auxiliar no processo de elaboração dessas estratégias, Dornelas (2008) elenca os 4Ps necessários:
Descreve as características, como detalhamento de cor, tamanho, variações, design, dentre outros itens que são possíveis de visualizar quando da escolha do produto pelo cliente.
Representa o valor do produto ou serviço para o consumidor, estando atrelado à utilidade que aquele bem ou serviço possui para o cliente consumidor. Sua determinação está ligada a fatores como baixo custo e volume elevado de vendas ou alto custo e qualidade superior.
Representa a maneira de divulgação e o anúncio do produto, a sua propaganda. Isso pode ser realizado das mais diversas formas, como divulgação em programas de redes sociais, cartões, banners ou qualquer outro meio de divulgação disponível.
Representa o local em que ou a forma com que o produto será vendido, sua localização, estrutura física e meios de distribuição (logística). Lembrando sempre que, em tempos mais digitais, esse item poderia se referir à rede de Internet ou ao local de hospedagem da loja virtual ou anúncio (site).
Nesta etapa, são definidos os objetivos e as estratégias que serão usadas para alcançá-los. Ele serve para orientar o empreendedor a utilizar seus recursos disponíveis da melhor forma possível, ou seja, de forma eficiente (DORNELAS, 2008).
Oliveira (2012) define planejamento estratégico como um processo administrativo que sustenta metodologicamente o estabelecimento da melhor direção a ser tomada pela empresa. O que seria diferente da estratégia, visto que essa seria a ação correta tomada para atingir os objetivos propostos, de acordo com as condições existentes em cada momento ou local.
Oliveira (2012) ainda lembra que as estratégias e o planejamento estratégico devem ser revistos sempre, pois os fatores analisados e utilizados nesse processo estão em constante evolução. Isso também é defendido por Dornelas (2008), ao dizer que o empreendedor deve ser racional e mostrar a real situação de seu negócio e os seus objetivos ou as estratégias para alcançá-los.
Conforme Dornelas (2008), o plano financeiro deve apresentar, de maneira simplificada, as movimentações monetárias que deverão ser realizadas no negócio. Devem conter informações financeiras relevantes ao negócio como o levantamento dos custos envolvidos na atividade, a projeção das receitas, as vendas, os recursos necessários, as entradas e saídas, bem como prever situações de desembolsos emergenciais.
Geralmente, apresenta uma série de indicadores criados para controlar as finanças e analisar se os objetivos da empresa estão sendo alcançados ou, ainda, quais ações devem ser tomadas para que se chegue a eles.
Nos anexos, são colocados todos os materiais adicionais que, embora não citados no plano, configuram detalhes relevantes para medidas mais específicas, tais como resultados dos períodos, indicadores, cronogramas, organogramas, contrato social, principais orçamentos, currículos da equipe gerencial, resultado das principais pesquisas de mercado, contratos ou, ainda, outros materiais disponíveis para a tomada de decisões e demais assuntos relacionados ao Plano de Negócios.
Assim, ao se desejar empreender em um negócio ou atividade agrícola, agroindustrial ou de qualquer outro ramo, o ideal é montar um plano de negócio bem completo para que se possa ter uma visão esquematizada e organizada das principais necessidades do empreendimento e as melhores maneiras de satisfazê-las.
Com os conhecimentos adquiridos na lição de hoje, acredito ser possível que você saiba entender e identificar os principais pontos a se observar quando da elaboração de um Plano de Negócios, bem como os requisitos mínimos ou as informações necessárias para preenchê-lo.
Como indicação da lição de hoje, deixo uma tarefa um tanto quanto complexa: que você pegue uma folha e anote esses 10 tópicos indicados na lição de hoje e tente preenchê-los, mas não com a abertura de um novo empreendimento ou uma ideia de algo que queira fazer ou empreender, pois isso será tarefa de algumas lições mais à frente, sobretudo, do ano que vem. Ao invés disso, quero que você preencha com uma empresa que você admira, alguma que seja um empreendimento de sucesso, sobretudo, alguma que seja líder de mercado em sua área de atuação.
Garanto que isso o(a) ajudará muito quando for elaborar sua versão desse Plano de Negócios mais à frente. Então, mãos à obra! Registre essa atividade em algum local de fácil acesso para consulta futura, pois você o utilizará. Espero que tenha gostado da lição de hoje! Vemo-nos na próxima lição. Até breve!
DORNELAS, J. Empreendedorismo: Transformando ideias em negócios. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
DORNELAS, J. Empreendedorismo: Transformando ideias em negócios. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.
OLIVEIRA, D. Teoria Geral da Administração: uma abordagem prática. 3. ed. São Paulo: Atlas 2012.