LIÇÃO 5: Abordagem da globalização
e o papel do empreendedor
e o papel do empreendedor
Olá, caro(a) estudante, seja bem-vindo(a) à mais uma lição do curso Técnico em Agronegócio, na disciplina de Empreendedorismo. Já vimos várias características que os empreendedores têm e as suas competências, habilidades e os tipos em que podemos enquadrá-los. Vimos, ainda, que, como existem vários tipos, consequentemente, com diversas habilidades e competências distintas, a análise tem de ser feita considerando uma aproximação de caso com o máximo de detalhamento possível, recolhendo o máximo de informações disponíveis. Isto para que se possa analisar, da maneira adequada, cada tipo de profissional e suas características específicas.
Um fator importante a se considerar é o fator tempo, ou seja, em que contexto histórico ele está inserido. Portanto, meu objetivo, na lição de hoje, é: evidenciar o papel da globalização na formação do empreendedor e o do empreendedor no processo de globalização. Também, identificaremos as necessidades das empresas em encontrar profissionais com esse perfil e sua relação com os avanços tecnológicos e a globalização.
Você já se perguntou se esses perfis e tipos de empreendedores que aprendeu e as características que eles possuem ou as competências ditas como necessárias se alteram no tempo? Pois bem, elas se alteram sim, e isso é fácil de se demonstrar: imagine uma pessoa que descobriu o fogo lá nos tempos do “Homem das cavernas”. Isto, com certeza, foi uma atividade inovadora, um empreendimento e tanto. Digo mais ainda: nesse caso, esse tipo de empreendedorismo pode ser entendido hoje como do tipo social, aliás, é o mais importante e o que mais deve ser incentivado, tanto pelo governo quanto pelas demais instituições, pelo seu fator de transbordamento social, suas contribuições gerais com a comunidade.
Agora, pense, hoje: se alguém descobrir, de novo, uma forma de acender uma fogueira ou algo do tipo, terá um impacto na vida das pessoas? Mesmo que descubra uma maneira diferente e mais acessível, eficiente e econômica de fazer esta atividade, não terá tamanho impacto, pois não representa o mesmo potencial inovador de antigamente, você concorda?
O que quero dizer com isso é que as coisas mudaram, e muito, ao longo dos últimos anos, e as necessidades das pessoas, os seus anseios e as suas prioridades são diferentes. Empreender é exatamente atender a essas necessidades e, portanto, se elas mudaram a forma de se empreender, esta também precisa mudar, acompanhar as tendências atuais. Isto, porém, não seria possível se ignorássemos esse fato tão transformador e relevante da globalização. Então, vamos aprender um pouco sobre ela e seus impactos na vida dos empreendedores?!
Imagine a seguinte situação, para visualizar a importância da globalização para a humanidade e como o empreendedor tem que se adequar a ela: Arnaldo, nosso personagem fictício, mas com traços bem reais, principalmente de personalidade e tomada de decisões, é um profissional que atua no ramo de tecelagem desde a era da Revolução Industrial, portanto, sua empresa já está estabelecida no mercado há muito tempo.
Bom, só por esse fato que acabei de lhe contar, é possível perceber que, para que essa empresa continuasse no mercado e, ainda, expandindo-se, foi necessário que, ao longo do tempo, Arnaldo se modernizasse. Não teria como ele seguir todo este caminho e chegar até os dias de hoje praticando sua atividade manufatureira da mesma forma do século passado. Isso não daria condições necessárias e suficientes para ele concorrer em seu mercado e já estaria desempregado ou, no caso, falido.
A grande jogada aqui, porém, é que Arnaldo sempre foi uma pessoa com visão de futuro, um dos primeiros a comprar uma máquina de costura manual, que, depois, ao longo do tempo, foi substituída por uma computadorizada. Sempre foi adepto à inovação, afinal, ele era e, ainda, é um verdadeiro empresário de espírito empreendedor. Hoje, Arnaldo não apenas se manteve no mercado, o que já é um diferencial em relação a seus colegas que não se atualizaram, mas também começou a produzir peças de roupas que viajam não apenas o país inteiro, mas o mundo como um todo. Viu como funciona na prática a inovação, a globalização e o empreendedorismo? Ou você se atualiza ou acaba saindo do mercado. Simples assim!
O processo de globalização é um fenômeno que ocorreu no mundo todo, e, até aqui, você pôde ter ficado confuso(a) com esse começo de introdução ao assunto. Mas digo a você que foi feito de forma proposital, de maneira a chamar sua atenção para um detalhe importante já de início: globalização é um fenômeno que ocorreu em vários países, setores, ações e oportunidades específicas. Não se trata de relacionar eventos que ocorrem no mundo todo e dizer que isso é um fato globalizado, porque ocorre em todo o globo, em todo o mundo em que vivemos.
Já introduzindo o conceito, porém, o caminho seria, talvez, o inverso, olhar para um fato isolado e observar como é possível extrapolá-lo para o mundo como um todo. É nesse sentido que defino a palavra globalização. Segundo artigo apresentado pela AEDB (2013), o processo de globalização está ligado à expansão de novos investimentos, tornando os empreendimentos “servos” desse processo, que, a propósito, está em constante evolução. Com isso, torna-se necessário que o empreendedor, gestor ou empresário esteja, a todo tempo, atualizando-se e observando novas tendências e informações, mesmo que as inovações ou oportunidades estejam em um outro continente, por exemplo.
Esse processo pode ter muitas definições e delimitações. Apresento aqui uma delas, descrita por Silva ([2022], on-line): "A globalização é um fenômeno caracterizado pela intensificação das relações econômicas, comerciais e culturais entre os países, onde as constantes inovações tecnológicas nas áreas de transportes e telecomunicações são capazes de diminuir as distâncias e transcender as fronteiras nacionais".
Ainda, podemos definir globalização, segundo Cesnik e Beltrame (2005, p. 1), como: "Um fenômeno que atinge uma infinidade de pessoas do mundo contemporâneo, possivelmente o evento que faz estar sob sua atuação o maior número de pessoas de culturas tão distintas, e seu amplo efeito nos faz perceber que ela se esconde em diferentes momentos da nossa existência".
Segundo Silva ([2022]), se formos tentar encontrar uma data inicial para esse processo de globalização, talvez, vamos nos remeter às Grandes Navegações, onde começou o intuito mais forte de descobrir novas áreas, possibilitando abrir novas rotas comerciais, sobretudo marítimas. Isso possibilitou um aumento da demanda por produtos e, consequentemente, uma corrida pelo aumento da oferta por parte das firmas, inclusive buscando novas tecnologias de produção, transporte e, também, telecomunicações, para facilitar esse processo. Isso culminou no advento que ficou conhecido como Revolução Industrial, nos séculos XVIII e XIX.
Já no século XX, os principais atores responsáveis pelo aumento do processo de globalização foram os mercados financeiros e as empresas transnacionais. Com isso, o fluxo entre países foi ficando, cada vez mais, fácil, seja para pessoas, seja para produtos, muito mais ainda. O setor de serviços, ainda, não é um dos mais globalizados, devido à dificuldade de fazer a escalação da produção ou da realização do serviço na forma presencial.
Aqui, cabe destacar alguns detalhes importantes nesses quesitos. Muitos serviços que eram considerados impossíveis de se realizar remotamente, agora, são muito aceitos, principalmente após eventos, como a pandemia mundial da Covid-19. Muitos serviços, até mesmo, não retornaram à forma presencial, e poderia estender aqui uma enorme lista de itens que não justificam essa volta, possibilitando que, agora, sejam realizados remotamente e, por que não, de outras partes do mundo. Se você se interessou pelo assunto, busque mais sobre ele, mas pense, por exemplo, mídias sociais e serviços administrativos, em geral, ou seja, todos os que não precisam ter contato com o cliente, podem ser realizados de forma remota e, possivelmente, global.
Já reparou que o grande destaque que tivemos na globalização foram os avanços nas áreas de transportes e telecomunicações? Enquanto vou dando esses conceitos a você, tente ir relacionando com a sua atuação como empreendedor(a), seja rural, ou não. Quero lhe dar aqui um conhecimento focado na sua atuação como Técnico(a) em Agronegócio e, ao mesmo tempo, em outros tipos de atuações que esse está lhe preparando. Isso porque ficaremos, ao longo de dois anos, cursando, juntos, esta disciplina e, ao final dela, você estará apto(a) a muitas coisas, já sairá dela com o diploma de Ensino Médio e, também, de nível Técnico.
Quando lhe digo, remeto-o(a) à importância deste processo na vida do nosso ser especial, amante ao risco e inovador, peça-chave da nossa economia: o empreendedor. Se, por um lado, até esses grandes acontecimentos e o advento da globalização, o empreendedor pensava em seu público próximo de onde se encontrava, por meio das telecomunicações, ele passou a se comunicar, saber da existência, oferecer seu produto e fechar vendas com pessoas de qualquer parte do planeta, e isso pensando num período passado, onde nem existiam tantas ferramentas e mídias sócias ou comerciais, como é nosso caso no período atual, não é mesmo?!
Para caracterizar esse processo, podemos classificá-lo em quatro fases, um tanto quanto diferenciadas e específicas, também mencionadas por Pena ([2022]) e descritas da seguinte maneira:
Primeira fase: refere-se ao período das Grandes Navegações, marcado pelo início das relações comerciais entre diversos países pelo mundo em larga escala. Foi nesse período também que foi possível haver grande acúmulo de riqueza, sobretudo pelas economias dominantes da época, o que possibilitou os recursos necessários para desencadear no que chamamos hoje de Primeira Revolução Industrial, na segunda metade do século XVIII.
Segunda fase: essa fase da globalização iniciou, por volta do século XIX, com a Segunda Revolução Industrial, principalmente com o desenvolvimento de novas tecnologias produtivas, novamente, destacando-se as das áreas de transportes e comunicações e, também, nesse caso, as novas fontes de energia. Essas novas tecnologias desenvolvidas nesse período possibilitaram maior interação comercial entre os países, causando, inclusive, um crescimento da industrialização e da urbanização das cidades.
Terceira fase: iniciada após a segunda metade do século XX. Foi marcada pelo advento da Terceira Revolução Industrial. Esse período da globalização foi o responsável pelo desenvolvimento de altas tecnologias, sobretudo em áreas, como a informática e a robótica, contribuindo, assim, de maneira decisiva, para a industrialização mundial. Foi nesta fase que ocorreram grandes implantações de empresas transnacionais e um desenvolvimento do meio técnico científico informacional.
Quarta fase: esta fase seria a atual, denominada, também, Quarta Revolução Industrial. Corresponde ao período em que vivemos e pode ser caracterizada pelo desenvolvimento tecnológico e científico em diversos campos da sociedade. Marcada pelo domínio de regimes capitalistas de produção em quase todo o mundo e por uma enorme integração cultural entre os países.
Nessas questões, os empreendedores modernos, para poderem alinhar suas decisões em meio a essas constantes mudanças, devem tomar algumas iniciativas:
Incorporar novos pacotes de tecnologias aos negócios tradicionais da empresa.
Modificar a composição das equipes, pois a globalização exige que os membros das equipes sejam provenientes de diferentes culturas, muitas vezes, composta por profissionais de diferentes áreas de formação, inclusive.
O que é determinado à equipe aprender deve ser repassado, rapidamente, para diferentes unidades de negócios e múltiplas áreas geográficas.
Dessa forma, a globalização força mudanças no sistema organizacional tradicional, por meio das exigências do mercado consumidor ou, até mesmo, das interações que possui em suas etapas de produção, lembra-se dos “elos da cadeia produtiva”? Bom, isso demonstra que o Agronegócio em si, devido a suas muitas etapas e processos abordados, “sofreu” muito com essas transformações. Coloquei entre aspas a palavra sofreu, propositalmente, pois, na verdade, as transformações ocorridas nesse vasto setor em que você está se preparando para atuar logo mais beneficiaram, e muito, seus participantes, devido à maior abertura comercial, à expansão de fronteiras de comércio a nível mundial, cada vez mais, intenso. É claro que isso merece um papel de destaque maior e será abordado nas próximas lições e, sobretudo, devido ao grande peso do setor agropecuário brasileiro na composição da nossa produção nacional, e empreendedor, com certeza, encontrou grandes oportunidades nesse movimento. Na verdade, ainda, continua encontrando, porque esse processo, ainda, encontra-se em andamento atualmente.
Sendo assim, o empreendedor pode ser a chave do sucesso das empresas nesse novo meio de constante inovação. Isso abre uma vasta gama de possibilidades de atuação para o empreendedor. Do mesmo modo, ele pode empreender em um negócio próprio, em qualquer ramo, e, também, pode ser contratado por uma empresa, de qualquer ramo também, buscando a inovação e a descoberta de novos produtos ou o desenvolvimento de novas técnicas ou processos.
Espero que, com o olhar da lição de hoje, em relação às mais diversas mudanças que vêm ocorrendo no mundo ultimamente, eu tenha despertado em você um desejo gigantesco de uma constante atualização e de um processo constante de aprendizagem. É fato que o mundo muda constantemente, e não devemos lutar contra isso, até porque muitas dessas mudanças que ocorrem são para melhoras, seja nos processos, seja nos produtos, seja nas interações sociais que realizamos. Muitas são focadas na experiência do cliente, e é nesse ponto que surge a indicação da tarefinha de hoje.
Imagine-se atuando em um negócio e visualize duas possíveis situações: Você, enquanto Técnico(a) em Agronegócio e enquanto Empreendedor(a). Na primeira situação, você foi contatado(a) por alguém, sobretudo por um produtor rural, e, portanto, pode aplicar os conteúdos que aprendeu na lição de hoje no sentido de entender, de forma personalizada, o perfil de seu cliente, a realidade que ele vive e sua atuação em meio a esse mundo globalizado, onde todas as ações estão sob efeitos externos internacionais e, também, são causadoras desses efeitos.
Na segunda situação, você, enquanto empreendedor(a), deve olhar para todas as características do mercado em que deseja atuar, entender as relações existentes entre os agentes que ele possui e, nesses aspectos, utilizar-se dos conteúdos abordados nesta lição para que se adeque, da melhor maneira possível, aos fatores do meio ou ambiente em que atuará, sobretudo relacionados à globalização. Enfim, espero que você tenha bom proveito do que estudou aqui.
AEDB. Competências empreendedoras: a nova ordem da globalização. Resende: AEDB, 2013.
CESNIK, F. de S.; BELTRAME, P. A. Globalização da Cultura. São Paulo: Manole, 2005.
PENA, R. F. A. Fases da globalização. Mundo Educação, [2022]. Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/fases-globalizacao.htm. Acesso em: 24 nov. 2022.
SILVA, J. C. L. da. O Processo de Globalização. Brasil Escola, [2022]. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/processos-globa.htm. Acesso em: 24 nov. 2022.