Olá, aluno(a) do Ensino Médio Técnico do Paraná, seja bem-vindo(a) a mais uma lição da disciplina de Empreendedorismo, do Curso Técnico em Agronegócio. Já tivemos uma longa caminhada do início da disciplina até o presente momento, não é mesmo?
Imagino que o conceito de empreendedorismo, que pode ter sido um espanto a você no início da disciplina, tenha se transformado em uma vontade enorme de iniciar um empreendimento. Bom, é sobre esse sentimento de abrir uma nova empresa, desenvolver um novo produto ou uma solução diferente para um problema encontrado que vamos falar nesta lição.
Em outras palavras, já que você deve estar se perguntando como fazer para iniciar um empreendimento, então, na lição de hoje, nosso objetivo será desvendar os passos a serem seguidos para o desenvolvimento de um empreendimento de sucesso. Lembre-se: ainda não é o Plano de Negócio em si, pois isso será abordado nas próximas lições, inclusive as do próximo ano, mas uma série de itens e tarefas a serem pensadas e executadas antes da construção desse plano. Bora ver o que te aguarda na lição de hoje?!
Bom, imagine a seguinte situação: você decide empreender e no mesmo dia já abre uma empresa sem saber se seu negócio tem potencial de sucesso ou não. Não sabe, também, nem quais serão seus custos e despesas nos primeiros meses de atuação, ou, ainda, nem quais leis regem sua atuação, de acordo com o nicho de mercado escolhido. Aliás, você pode estar pensando nesse momento até mesmo: o que é nicho de mercado?
Agora imagine uma lista enorme de chances e razões para que sua empresa fracasse. Aliás, nas condições apresentadas me espantaria muito se, por um acaso, sua empresa realmente durasse pouco mais do que alguns poucos dias no mercado. Seria puro chute, ou sorte. Contudo, em se tratando de recursos financeiros, tempo e pessoal envolvido nos negócios, não dá para se contar com sorte ou azar, mas, sim, se apegar a um bom planejamento estratégico e reunir o maior número de informações, projeções e estudos possíveis, pois, assim, suas chances de sucesso crescerão exponencialmente e você atuará em seu empreendimento de maneira mais tranquila e previsível, sabendo agir frente a cada situação encontrada.
No estudo de caso de hoje, trago a você mais uma aventura de nosso personagem fictício. Na lição de hoje, Seu Arnaldo irá se aventurar em um novo empreendimento: abrirá uma pizzaria.
Bom, a situação acontece no seguinte cenário. Seu Arnaldo está com sua família reunida em um fim de semana, num sábado à noite, e resolvem pedir algumas pizzas para a janta do dia. Acontece que, após encontrarem um número de telefone de uma pizzaria renomada na cidade, ligam e tentam fazer um pedido, mas o número de telefone dá como ocupado. Depois de várias tentativas conseguem contato e realizam seu pedido, que, segundo informado pela atendente, demora cerca de 2 horas e meia para entrega, devido ao alto fluxo de pedidos recebidos.
Seu Arnaldo e família acabam decidindo cancelar o pedido e preparam uma janta em casa mesmo, para agilizarem o processo. Mas naquele dia à noite Seu Arnaldo não para de pensar e decide abrir uma pizzaria próxima à casa dele. Após alguns dias, ele percebe que, por mais que queira oferecer o serviço que gostaria de receber (pizzas feitas em tempo recorde, não causando a mesma situação que sofreu), as vendas esperadas não acontecem e ele acaba fechando seu comércio por falta de condições financeiras de mantê-lo aberto.
Bom, pelo que já temos de conteúdos, até imagino que você já tenha visualizado uma série de erros aparentes nesta situação apresentada: primeiramente, não foi feito nenhum tipo de estudo sobre a demanda para esse tipo de serviço naquela região, podendo ser que já existiam várias empresas com esse serviço sendo oferecido, sendo apenas um caso isolado a pizzaria que Seu Arnaldo ligou, ou, ainda, um evento inesperado, algum acontecimento importante que levou outras empresas a estarem fechadas naquele dia e sobrecarregou a empresa aberta para a qual ele ligou, ou tantas outras possibilidades.
Bom, em segundo lugar, e fico por aqui na enumeração dos erros encontrados, não houve um plano de negócios, levantamento de capital de giro ou outras atividades que deveriam ser realizadas antes de se iniciar um empreendimento. Eu te garanto que, se elas tivessem sido realizadas de maneira assertiva, tal situação desagradável e prejudicial poderia ter sido evitada. Então, vamos garantir que isso não ocorra em sua vida, apresentando alguns itens importantes a serem observados nesse processo na lição de hoje.
No meio empresarial, ocorrem muitas mudanças, seja em questões políticas, seja em questões culturais, demográficas ou outras áreas, que afetam diretamente a forma como elaboramos os nossos planos de negócio. Sendo assim, um empreendedor deve manter seu empreendimento atualizado de acordo com as informações mais recentes disponíveis, atentando-se às estratégias e soluções disponíveis e adaptando-as a cada caso. Portanto, para que seus objetivos sejam alcançados com eficiência, o plano de negócio deve ser um documento seguido à risca e adaptado ao negócio em questão, seja utilizando pesquisa de mercado, bases de dados, séries históricas, seja qualquer tipo disponível de informação.
Lembrando sempre que as informações utilizadas devem ser atualizadas próximas à realidade e utilizadas de acordo com a realidade econômica de um ambiente ou feitas adaptações necessárias a cada situação. Um plano de negócio feito sobre uma base de informações incorreta pode gerar o insucesso do plano de negócios que acarretará com insucesso no próprio negócio (DORNELAS, 2014).
É por meio do plano de negócios que podemos definir o que se esperar de um projeto, ou seja, é por ele que é possível enxergar as informações essenciais do negócio, o seu conceito, plano, estratégias, missão, valores, planejamento financeiro e econômico, questões jurídicas e algumas vantagens competitivas daquele empreendimento, também por meio dele que é possível definir o objetivo do negócio e os meios para alcançá-lo. Ele deve ser realizado de forma clara e objetiva, para que se tenha fácil entendimento. Portanto, deve-se utilizar a escrita formal para que todos consigam entender seus objetivos e diretrizes (WILDAUER, 2011).
Todo empreendedor deve fazer o plano de negócios! Não é algo apenas para os novos investimentos, mas também para aquele empreendedor que deseja reestruturar o seu empreendimento, pois o plano de negócios ajuda no planejamento e também serve para basear as suas ações, serve como manual para desenvolver o empreendimento e demonstrar os possíveis retornos, inclusive aos interessados externos como investidores acionistas ou agentes de regulação e empréstimo, ou seja, não é um documento opcional, mas algo indispensável a todo empreendedor, independentemente de seu tempo nessa atividade.
Segundo Dolabela (2008), um plano de negócio deve ter uma linguagem completa, descrevendo o que é a empresa e qual a sua pretensão, e pode ser utilizado, também, para diminuir o risco do negócio e sustentar a tomada de decisões, além de sinalizar possíveis produtos ou serviços inviáveis antes mesmo que os recursos sejam aplicados a eles. Fica claro que a elaboração de um plano de negócios é um processo que se deve tomar bastante atenção, pois se torna objeto de grande importância para um projeto de sucesso.
Para elaborar um bom plano de negócios, este deve descrever os objetivos desse negócio, quais os passos a serem tomados para que seus objetivos sejam alcançados, diminuindo, assim, as incertezas e os riscos envolvidos no processo. Um plano de negócio deve permitir identificar e restringir os erros no papel, ou seja, antes mesmo de cometê-los, evitando, assim, desperdício de recursos financeiros, tempo ou demais prejuízos de se lançar um produto no mercado sem o devido planejamento (ROSA, 2013).
Segundo a visão sobre o Plano de negócios, descrita por Reis e Armond (2012, p. 107), com o plano de negócio é possível:
Identificar os riscos e propor planos para minimizá-los e até mesmo evitá-los.
Identificar seus pontos fortes e fracos em relação à concorrência e o ambiente de negócio em que atua.
Conhecer seu mercado e definir estratégias de marketing para seus produtos e serviços.
Analisar o desempenho financeiro de seu negócio, avaliar investimentos, retorno sobre o capital investido.
Ou seja, é possível que ele auxilie em todas as áreas de atuação do negócio desenvolvido, auxiliando, também, na apresentação das principais características do negócio, seja para parceiros, incubadoras, bancos, sócios potenciais, fornecedores, clientes potenciais, grandes executivos, seja à própria empresa. Todos que de alguma forma contribuem e interagem com a empresa e seu crescimento (REIS; ARMOND, 2012).
O problema sobre a elaboração de um bom plano de negócios é que, no Brasil, grande parte dos empreendedores existentes não utiliza o plano de negócios como ferramenta estratégica em seus negócios. Uma parte deles, ao menos sabem que ele existe. E isto é preocupante, pois você verá na próxima lição o quão importante é que tenhamos ele em mãos para que facilite nossa interpretação de dados e cenários, para que possamos estar preparados para as situações que se apresentarem, estar prontos para agir frente a elas.
Considerando as muitas funções do Plano de Negócios, atenho-me a escrever apenas um resumo, com as palavras de Santos e Pinheiro (2017, p. 6):
Ao final, o plano irá mostrar os custos e as despesas do negócio, investimento inicial, máxima necessidade de recursos para colocar a empresa em operação, a estratégia de crescimento e de marketing e vendas, bem como a projeção de receita e lucro para os próximos anos além de colaborar para que se possa responder à seguinte pergunta: “Vale a pena abrir, manter ou ampliar o meu negócio?
O Plano de Negócios é, portanto, uma ferramenta essencial para o desenvolvimento de qualquer negócio, e não apenas no momento de seu desenvolvimento inicial. É por ele que devemos analisar e reagir às crises e oportunidades em todo o período de desenvolvimento do negócio, sabendo nos adaptar a cada cenário que vier a acontecer. Sendo assim, não surte muito efeito um plano de negócios engavetado, mas sim aquele que é executado e acompanhado ao longo de todo o período pela empresa, que fará o devido controle e comparação entre o planejamento e sua execução ou resultado (PAULEK, 2017).
Com os conhecimentos abordados na lição de hoje, é possível que você tenha imaginado sua ideia de negócio com maior clareza e, assim, possa ter esquematizado-a de uma forma passível de execução.
É possível que você tenha conhecido e observado em sua situação particular os principais itens a serem desenvolvidos ao se decidir empreender. Portanto, eu digo, como sugestão de aplicação desses conhecimentos aprendidos na lição de hoje, que você não apenas tenha muitas ideias e as organize mentalmente, mas que você pegue agora um papel e caneta e as anote para que seja possível recorrer a elas em um momento futuro.
Vamos precisar delas nas próximas lições, então, já as deixe em lugares de fácil acesso, pois já na próxima lição veremos como é importante a elaboração de um plano de negócio e você poderá aplicar os conceitos apresentados lá com as ideias que você teve na lição de hoje. Espero que tenha gostado da lição de hoje, pois por hoje fico por aqui e nos vemos na próxima lição. Até breve.
DOLABELA, F. O Segredo de Luísa: Uma ideia, uma paixão e um plano de negócio: como nasce o empreendedor e se cria uma empresa. Rio de Janeiro: Sextante, 2008.
DORNELAS, J. Empreendedorismo para Visionários - Desenvolvendo Negócios Inovadores para um Mundo em Transformação. Rio de Janeiro: Empreende/LTC, 2014.
PAULEK, E. C. Plano de negócio para abertura de uma distribuidora de componentes e perfis para esquadrias na cidade de Chapecó – SC. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Administração). Universidade Federal da Fronteira Sul. Chapecó, 2017. Disponível em: https://rd.uffs.edu.br/bitstream/prefix/1845/1/PAULEK.pdf. Acesso em: 23 mar. 2023.
REIS, E. P. dos.; ARMOND, Á. C. Empreendedorismo. Curitiba: IESDE Brasil, 2012.
ROSA, C. A. Como Elaborar um Plano de Negócios. Brasília: Sebrae, 2013.
SANTOS, P. V. S.; PINHEIRO, F. A. O plano de negócios como ferramenta estratégica para o empreendedor: um estudo de caso. Revista Latino-Americana de Inovação e Engenharia de Produção, 2017.
WILDAUER, E. W. Plano de negócios: elementos constitutivos e processo de elaboração. 2 ed. Curitiba: Ibpex, 2011.