Olá, caro(a) aluno(a) do curso Técnico em Agronegócio. Seja bem-vindo(a) à mais uma lição da disciplina de Empreendedorismo. Já vimos muita coisa por aqui, não é mesmo?!
Já vimos as características do empreendedor e sua importância para o desenvolvimento de sua região ou país e como podemos ser inovadores, como expandir um negócio, entre vários outros temas. Sendo assim, diria até que já entendemos, mesmo que intuitivamente, um pouco sobre a dinâmica dos negócios. No entanto, para tentar formalizar algumas percepções que já tivemos ao longo destas lições, na lição de hoje, conheceremos os principais aspectos necessários para que seja possível entender um pouco melhor como acontece a dinâmica dos negócios e como podemos se dar bem ao decidir empreender. Veremos, também, alguns dos principais temas que devemos ter em mente; para tanto, resgataremos alguns conceitos vistos na disciplina de Administração e Economia Rural (I e II). Está pronto(a) para mais essa aventura?!
A dinâmica dos negócios pode parecer intuitiva e fácil, se olhada de maneira fria e insensível. No entanto, todos os anos, milhares de empresas vão à falência logo em seus primeiros meses, sobretudo por falta de preparo, conhecimento técnico e gestão por parte de seus fundadores. Sendo assim, entender como funcionam as “regras do jogo” pode fazer toda a diferença entre entrar e jogar ou, apenas, entrar, perder e sair. Muitas vezes, essa saída gera perda do capital investido na atividade desenvolvida e de tempo bem como danos psicológicos no empreendedor, muitas vezes, deixando dívidas, além de muitos outros transtornos ou prejuízos.
Para evitar tais situações ou minimizá-las, faz-se necessário entender como se dão as regras do jogo, ou, no caso, como funciona o mecanismo do mercado, entender sobre regras básicas de gestão, entre muitos outros assuntos, alguns deles abordados na lição de hoje. Venha comigo!
Para entender um pouco mais sobre o assunto, apresentarei parte do trabalho de Silva e Sanches (2013). Os autores analisaram empreendedores, sobretudo os que haviam acabado de abrir uma empresa nos últimos meses. Como estratégia, eles realizaram a coleta de entrevistas com perguntas estruturadas para que fosse possível ver até onde os conhecimentos adquiridos nas teorias estavam sendo aplicados na prática de abertura de novas firmas, sobretudo os ensinados por Baron e Shane (2007).
Como principais achados, os autores observaram que, normalmente, os que mais estudam sobre empreendedorismo e sobre a dinâmica dos negócios tendem a ser os empresários que mais obtiveram sucesso, e aqueles que empreenderam por necessidade e não se interessaram em aprender sobre temas ligados à gestão e ao negócio foram os que mais fracassaram em seus empreendimentos. Por fim, os que empreenderam por necessidade, mas foram se especializando e aplicando as mudanças aprendidas em seus empreendimentos, foram os que mais obtiveram sucesso.
Para que se possa aventurar no mundo dos negócios, é necessário que se entenda alguns conceitos que já até abordamos em nossas lições anteriores, mas que possam ter passado despercebidos em sua leitura. Então, relembraremos deles aqui!
Você se lembra que existem vários tipos de empreendedores, não é mesmo? Os que mais demos destaque em nossas lições foram aos que empreendem por oportunidade e aos que o fazem por extrema necessidade, e é justamente nesse segundo tipo que nos preocupamos e frisamos nossas análises. Quando uma pessoa empreende por oportunidade, isso já demonstra que ela sabe observar ao seu redor e identificar necessidades a serem supridas, o que já reduz, e muito, a chance de insucesso ou falência das empresas. Isso porque você deve se lembrar desse primeiro conceito que apresentarei na lição de hoje.
Também pode ser chamada de Lei da Oferta e da Procura. Ela demonstra o quanto as pessoas estão à procura de determinado item ou o quanto as empresas decidem ofertar desse mesmo item, e essas quantidades determinam os preços a serem cobrados, ou, ainda, os preços praticados influenciam as quantidades a serem consumidas.
E o que isso tem a ver com a dinâmica dos negócios? Simplesmente, tudo! Se determinado produto que eu decido oferecer já está sendo oferecido por muitas empresas, seu preço tende a ser baixo e a procura por ele será menor, pois já está sendo oferecida grande quantidade do item. Da mesma forma, se a oferta for pequena, um nicho de mercado não muito explorado, ou a demanda pelo produto estiver muito aquecida, seu preço tende a subir, e isso seria mais interessante para que eu decida empreender nesse ramo de atividade. Sendo assim, torna-se extremamente relevante entender as leis de oferta e demanda vigentes, antes de decidir empreender em determinada área ou região.
Como já dissemos anteriormente, os produtos desenvolvidos pelos empreendedores, geralmente, são frutos de inovações, e estas tendem a ser cada vez mais rápidas e frequentes. Sendo assim, mesmo que se empreenda em um mercado relativamente não explorado ainda, deve-se saber que, em pouco tempo, ele poderá se mostrar obsoleto, ou seja, sua inovação não será mais novidade, ou representará um diferencial, sendo necessária, então, uma nova versão do produto ou, até mesmo, um novo produto a ser lançado no mercado. É como o ciclo de vida pelo qual passa também nosso corpo, as fases, a idade que obtemos até chegar a velhice.
Dessa forma, entender qual o tempo de duração dessa fase de lançamento e diferenciação, até que seu produto ou negócio careça de novos investimentos, torna-se extremamente relevante para o processo de decisão de empreender em determinada área. Esse processo já foi anunciado por Schumpeter — considerado um dos mais importantes economistas da primeira metade do século XX —, chamado por ele de “destruição criativa”, em que uma nova invenção substitui uma antiga, forçando-a a deixar o mercado.
O empreendedor tem, então, a tarefa de encontrar um produto ou serviço que tenha o potencial para obter sucesso em suas vendas. Da mesma forma, é necessário que se administre com cautela todos os períodos de seu ciclo de vida, maximizando sua vida útil e o lucro em cada uma de suas etapas.
O preço do produto será maior, conforme sua utilidade ou quantidade de trabalho ou processamento que ele possui. Dessa forma, um retalho de tecido pode até não possuir valor por não ter muita utilidade em sua forma primitiva, no entanto, se transformá-lo em um tapete ou algum tipo de artesanato, seu valor se altera relativamente. Dessa forma, não apenas o trabalho envolvido nesse processo será remunerado, mas também o valor do próprio retalho se elevará devido à sua melhor realocação.
Sendo assim, quanto maior for esse processo, desde a aquisição da matéria-prima até a entrega ao consumidor final, mais valor poderá ser adicionado a esse produto ou serviço. Da mesma forma, o local de venda ou a credibilidade que a empresa ou marca desse produto também possuir influenciará na determinação de valor do produto ou serviço.
Ao se decidir empreender, deve-se olhar essa imposição de valor agregado do produto pelo concorrente e imaginar como será em relação à sua produção ou prestação de serviços. Segundo Baron e Shane (2007), o processo de empreender se desenvolve ao longo do tempo e pode ser caracterizado em cinco fases, descritas com detalhes no Quadro 1, a seguir:
Segundo Silva e Sanches (2013), na primeira fase, é onde se inicia o processo de mudança, onde se vê o potencial das oportunidades em gerar valor econômico e sua importância para a sociedade, região ou país. A segunda fase se refere a transformar essa ideia em ação e colocar em prática a abertura da empresa ou início da prestação de serviços. É nessa hora que surge a visualização dos recursos necessários e das informações cruciais a serem buscadas.
Na terceira fase, surge o lançamento desse novo empreendimento ou atividade. Geralmente, já se obtiveram os recursos, e as decisões mais relevantes já foram tomadas. Na quarta fase, começa a administração do empreendimento em si, que já está em andamento, considerando os muitos desafios e ajustes necessários a serem realizados. Por fim, na quinta fase é hora de colher as recompensas do trabalho duro realizado e o tempo empregado nesses processos. É claro que essas fases funcionam mais na teoria do que na prática, não sendo tão identificáveis ou sistematizadas como aqui abordadas (SILVA; SANCHES, 2013).
Uma outra abordagem é apresentada por Hisrich e Peters (2009, p. 30), de acordo com o Quadro 2, a seguir:
Nesse quadro, podemos ver que um bom plano de negócios é essencial, mas isso é apenas cena dos próximos capítulos, ou, ainda, temas das próximas lições, pois teremos um grande período para realizar o processo de estudo sobre esse tema. Segundo Hisrich e Peters (2009), um empreendedor deve encontrar, avaliar e desenvolver uma oportunidade, superando as forças que resistem à criação de algo novo. Para eles, esse processo dinâmico de abertura de um novo negócio se distingue em quatro fases distintas, que são:
Identificação e avaliação da oportunidade.
Desenvolvimento do plano de negócio.
Determinação dos recursos necessários.
Administração da empresa.
Sendo assim, como proposto, a dinâmica dos negócios é complexa, mas, ao mesmo tempo, tranquila. Exige esforço e bom entendimento aliados a uma busca constante de avaliações e estratégias de gestão. Espero que você se sinta um pouco mais preparado(a) com os conteúdos expostos aqui, na lição de hoje.
Com os conhecimentos adquiridos na lição de hoje, será possível que você conheça melhor o funcionamento do mundo dos negócios, para que seja possível você ingressar nele com maior tranquilidade. Também é possível que você passe a observar ao seu redor as empresas ou os serviços prestados em sua região bem como enxergar necessidades que sua comunidade possa ter.
Aliás, é nesse ponto que deixo a minha recomendação de atividade para você nesta lição de hoje: pegue um papel e caneta e anote as principais empresas que existem próximas a você. Veja a que ramo elas pertencem. Se fosse para você empreender em algo que esteja em falta em sua região, no que seria? Será que falta uma casa lotérica, uma padaria que sirva café da manhã ou lanches prensados a todo o momento do dia ou uma empresa de aplicativo de transporte?
Se você já identificou uma necessidade, está no caminho certo. Já comece a pensar em quais informações necessitará caso queira empreender para suprir essa necessidade, pois isso será tema próxima lição. Espero você ansiosamente! Até mais!
BARON, R. J.; SHANE, S. A. Empreendedorismo: uma visão do processo. São Paulo: Thomson Learning, 2007.
HISRICH, R. D.; PETERS, M. P.; SHEPHERD A. D. Empreendedorismo. 7. ed. Porto Alegre: Bookman, 2009.
SILVA, O. S.; SANCHES, C. Processo empreendedor: um estudo do grau de aderência das práticas dos recém-empreendedores ao processo de empreendedorismo proposto por Baron e Shane. Revista de Tecnologia Aplicada, v. 2, n. 2, maio/ago. 2013.