Olá, estudante! Seja bem-vindo(a) a mais uma lição da disciplina de Empreendedorismo, do curso Técnico em Agronegócio. Já percorremos um longo caminho até aqui, não é mesmo? Já vimos, em nossas lições, quem é o empreendedor, qual o seu perfil, quais habilidades são necessárias e como obter sucesso em nossos negócios. Vimos, também, algumas estratégias importantes de expansão e de diferenciação para nos darmos bem neste mundo globalizado e em constante processo de mudança. Espero que ao ouvir, ou melhor, ler estas frases, você possa ter se recordado dos conteúdos aprendidos até o momento.

Dito isso, queria dizer a você que, em nossa penúltima lição desta disciplina ou, pelo menos, de sua primeira parte, abordaremos um tema que foi citado em nossas primeiras lições, mas agora, após muitos estudos, podemos defini-lo com mais clareza: a diferença entre empreendedor, empresário e administrador. Vem conferir comigo este debate e verificar se existem diferenças e, caso existam, entendê-las. 

Imagine que uma pessoa abre uma empresa. Sim, é somente esta informação que te dou. Se eu te perguntasse: esta pessoa é um empreendedor? Qual seria a sua resposta?

Se sua resposta foi “sim”, talvez você não tenha entendido muito bem alguns conceitos essenciais da nossa disciplina, como inovação, processo de mudança, entre outras questões. Recomendo que revise suas anotações sobre este assunto. Por outro lado, caso sua resposta tenha sido “não”, isso pode ser ainda mais preocupante, afinal, quem empreende abre um negócio ou uma empresa para oferecer um produto ou serviço diferente do que está sendo oferecido no mercado, pois, se há a intenção de ganhar dinheiro com sua descoberta, essa intenção, geralmente, é realizada por meio do lançamento desse produto ou serviço no mercado. Sendo assim, este é um ponto importante a ser pensado.

Geralmente, para tudo existe um “às vezes”, e esta seria a resposta mais apropriada para a pergunta que realizei, porque, neste caso, com apenas a informação “uma pessoa abriu uma empresa”, não é possível saber se essa pessoa é ou não empreendedora, pois é preciso saber o que essa empresa produzirá e se existe o elemento da inovação. Para este caso, tal pessoa poderia não ser classificada como empreendedora se alguns destes elementos estivessem ausentes. Mas será possível dizer que ela é uma empresária ou administradora? Será que ela se enquadraria nesta situação? Vamos descobrir nesta lição!

No case desta lição, trago a você uma situação a ser analisada. Trata-se do Sr. Arnaldo que, dessa vez, resolveu se aventurar e desenvolveu uma forma de cultivo de hortaliças que permite o reaproveitamento total da produção não vendida. Com isso, os custos dele com adubo foram, aos poucos, reduzidos, afinal, o adubo foi substituído por esta nova tecnologia. 

Este novo instrumento tecnológico pode ser classificado como uma inovação — ou, a exemplo do que vimos em nossos estudos, como um avanço tecnológico — que permitiu a redução dos custos de produção de Sr. Arnaldo. Entretanto, mesmo com a presença de uma inovação —muito boa por sinal — o nosso personagem ainda não pode ser chamado de empresário somente pelo fato de ter inventado este novo método ou processo de reutilização das sobras das hortaliças. 

O cenário muda quando o Sr. Arnaldo resolve comercializar as informações sobre os métodos utilizados e começa a vender um minicurso com um e-book pela internet! Após começar a comercializar seu produto, podemos dizer que, agora, ele já está empresariando seu negócio. Ou seja, está replicando o conhecimento obtido e gerando renda por meio dele. 

De olho nas possibilidades que esse novo método disponibiliza, o Sr. Arnaldo também começou a vender este composto e investiu em uma empresa de adubos, onde começou a pegar sobras de outras propriedades vizinhas, assim, em pouco tempo, montou uma cooperativa. Hoje, ele está lucrando muito a partir da primeira ideia que teve, visando, somente, a reduzir seus custos com os adubos, e tem certeza que tudo isso deu certo, pois sempre esteve presente nas negociações e decisões da empresa.

No case apresentado, apesar de fictício, conseguimos observar as funções de empreendedor, quando o Sr. Arnaldo inova ao criar uma forma de reaproveitamento total da produção; de empresário, quando ele começa a comercializar o minicurso replicando seu conhecimento e, posteriormente, quando decide abrir a empresa de adubos. Também vemos a função de administrador, no momento em que o Sr. Arnaldo decide estar à frente das decisões e negociações da empresa. Sendo assim, poderíamos dizer que as três funções seriam possíveis de se executar, até mesmo de forma simultânea, em nosso exemplo de hoje.

Bem, seria possível definir esta lição de hoje com apenas uma frase: empreendedor é aquele que empreende e administrador é aquele que administra. Mas isso não nos levaria a nenhuma reflexão, não é mesmo? Embora a frase anterior não esteja errada, podemos entender um pouco mais essas diferenças entre o empreendedor e o empresário. Na verdade, podemos até complicar um pouco mais as coisas, ao acrescentar o termo “administrador” nesse processo.

Sendo assim, recordando nossa primeira lição, o termo empreendedor tem origem muito remota e define alguém que atua ou executa uma tarefa ou serviço difícil e/ou diferente, que traz alguma solução para um problema observado. Entendemos, por meio de nossas lições, inclusive, este fato: o empreendedor não era alguém que abria uma empresa, embora pudesse o ser. Este é o ponto-chave para compreender a diferença entre um e outro, visto que o empresário não existe sem sua empresa. Uma pessoa somente poderá ser chamada de empresária porque, em algum momento, abriu um negócio ou empresa. 

Após esta pequena definição, já começamos a elencar algumas diferenças entre estes termos, a começar pela dificuldade da tarefa exercida por cada um deles. Podemos, de maneira bem simples, diferenciar um empreendedor como a pessoa focada na abertura de novas empresas, prestação de serviços diferenciados que possam atender às necessidades dos clientes que ainda não se encontravam devidamente supridas.

Podemos dizer, ainda, que o empreendedor pode atuar como administrador do seu próprio negócio, empresariando-o, e que o empresário também pode empreender, embora não seja seu foco. O empreendedor pode possuir a empresa e a administrar, embora já vimos que isso não caracteriza uma regra, pois há a possibilidade de ele atuar inovando em processos, produtos ou algum serviço, mesmo com a empresa aberta.

Quando pensamos no empresário, estamos falando do dono da empresa. Esta, por sua vez, pode ter seu foco na inovação, atuando de forma empreendedora, nesse momento. Sendo assim, diremos, de forma bem genérica: o empreendedor cria, o empresário é o dono da empresa, e quem administra a empresa é o administrador, este pode ser o empreendedor, o empresário, ou ainda, uma pessoa escolhida para esta função.

O empreendedor é empreendedor antes mesmo de ter uma empresa. Sendo assim, quando o ele assume o risco da abertura de um novo negócio, está disposto a perder, a falhar em sua intuição de negócio rentável, pois, caso o novo negócio não dê certo, rapidamente, o empreendedor encontrará outro produto ou setor para oferecer seus serviços e obter sucesso. No entanto um empresário que perde sua empresa nem sempre conseguirá atuar de imediato com outro produto ou setor, afinal, precisa da empresa para gerenciar. 

O empreendedor pode ser definido como aquele que calcula os riscos e cria novos negócios, meios ou processos. Já um administrador é responsável por administrar um empreendimento, seu ou de outra pessoa, como a empresa de uma empresário ou o produto criado por um empreendedor. Sendo assim, como a empresa já está em pleno funcionamento, a função do administrador é mantê-la funcionando e gerando lucros. 

Um ponto importante a se atentar é que geralmente o administrador é movido pela motivação financeira, pelo dinheiro que recebe, ou ainda, pelos resultados financeiros que traz para a firma a qual representa. Já o empreendedor sabe que, muitas vezes, não terá um retorno tão expressivo em determinada ação, mas, ainda assim, insiste, pois tem paixão pelo que faz, possui objetivos profissionais ou pessoais maiores para o futuro.

Quanto ao horizonte de retorno esperado, o administrador pensa no imediato, em curto prazo, sendo guiado pelo desempenho atualizado. O empreendedor tem visão em longo prazo, é paciente em seus investimentos e na espera de retornos financeiros, focando mais no atendimento das oportunidades de mercado. Em outra versão da literatura, definiremos assim administrador:

Já o empresário seria aquele que:

Já o empreendedor — este conhecemos bem em nossas aulas — caracteriza-se como:

Novamente, temos, aqui, o fato de o empreendedor ser visionário e enxergar as oportunidades ou necessidades e criar um negócio ou solução para elas. Já o administrador é responsável por fazer este negócio crescer, é ele quem gerará esse empreendimento, com o objetivo de mantê-lo viável ao longo do tempo.

Sendo assim, fica claro que, apesar de, no primeiro momento, parecer ser tudo a mesma coisa, as funções são diferentes, portanto, devemos reunir as características das diferentes funções e, se possível, ainda, nos agruparmos, nos associando com pessoas que possuem características diferentes das nossas, para que seja possível se complementar e obter sucesso no negócio.

Para fechar nossa conceitualização da lição de hoje, deixo a você a definição dada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Santa Catarina (SEBRAE-SC, 2022, on-line), “nem todo empreendedor é empresário, assim como nem todo empresário é empreendedor”. Sendo assim, não se deve isolar uma pessoa em uma das duas classificações, porque muitos empreendedores falham logo nos momentos iniciais de seu negócio, seja por falta de planejamento, seja por não serem empresários bons, mas apenas tiveram ótimas ideias.

Acontece, muitas vezes, que os empreendedores possuem boas ideias, abrem um negócio, mas demonstram falta de preparo em seu gerenciamento. Assim como muitos empresários não se utilizam da inovação, tendo, em pouco tempo, situações que levam suas empresas à falência por falta de competitividade em relação a suas concorrentes inovadoras. Como consequência, esses empreendedores, muitas vezes, ficam, até mesmo, fora do mercado (SEBRAE-SC, 2022, on-line).

Estamos chegando ao fim de mais uma lição e, como você já adquiriu muito conhecimento no decorrer da disciplina, posso dizer que muitos dos conceitos abordados já eram de seu domínio. No entanto esta lição esclareceu a diferença entre os conceitos de empreendedor, administrador e empresário. 

Por isso, deixo a você, nesta lição, a orientação de reunir os conteúdos abordados até o momento e identificar em cada um dos nossos materiais estes três conceitos mencionados em suas diferentes formas, além disso, faça o mesmo nas lições que virão. Esta atividade te ajudará a aprofundar seus conhecimentos e a compreender melhor cada um desses papéis profissionais importantes. 

Quem sabe, e eu realmente  espero que isso aconteça, em breve, você poderá aplicar esses temas e conteúdos  em sua vida pessoal ou profissional?