Olá, estudante! Mais uma vez, encontramo-nos para aprendermos sobre esse maravilhoso processo do empreendedorismo. Espero que você esteja gostando dos conteúdos abordados e convido-o a vir comigo em mais um passo da nossa “caminhada empreendedora”.
Ao iniciar uma atividade empreendedora, as pessoas tomam várias decisões e passam por vários processos, e é exatamente sobre essas decisões e processos que você estudará nesta lição. Devo, apenas, lembrar que os fatores inibidores e potencializadores desse processo serão assuntos das próximas lições, portanto, minha intenção aqui é dizer o que é necessário e quais pensamentos devem passar por sua cabeça ao decidir empreender.
Sendo assim, em outras palavras, o objetivo da lição de hoje é o seguinte: mostrar as bases da atividade empreendedora. Mas o que isso significa? Significa que, para iniciar uma atividade, alguns passos são extremamente necessários, alguns mais regularmente realizados, outros nem tanto. Porém deixarei aqui registrado quais são os caminhos a seguir e espero que, se for sua decisão empreender, você os trilhe da melhor maneira.
Ao iniciar uma atividade empreendedora, você pode pensar: será que isso é realmente necessário? Será que é importante saber o que são essas bases para desenvolver a atividade empreendedora? Será que não é só apenas empreender e pronto?
Digo-lhe que, por mais que pareça intuitivo, os negócios possuem riscos e, se não forem muito bem administrados, podem levar a desastres financeiros sem precedentes!
Imagine que você empreenda em algo que não conhece muito bem, faça algum cálculo com valores totalmente fora da realidade ou ainda, pior que isso, inicie um negócio sem nenhuma ou com poucas análises realizadas. A chance desse empreendimento não dar em nada é muito grande! Por isso, é, extremamente, necessário que as bases dessa atividade sejam bastante sólidas para que a estrutura de seu negócio seja firme (talvez, seja até por isso que base tem esse nome). Afinal, não se constrói uma casa iniciando pelo teto ou uma pirâmide colocando a pedra da camada mais alta primeiro. Tudo tem um processo a ser seguido, muitas vezes, um tanto quanto maleável, mas com poucos princípios a serem seguidos, e é exatamente alguns desses pontos que apresentaremos nesta lição.
Imagine a seguinte situação (fictícia): um pequeno agricultor familiar deseja empreender na área de compotas de fruta e geleias. Sua ideia surgiu após ir à feira da sua cidade e avistar vários conhecidos vendendo este mesmo produto. Até aqui, parece uma ótima ideia, não é mesmo? No entanto, com os conhecimentos aprendidos até aqui, talvez, você conheça o problema encontrado nesta situação: há várias pessoas vendendo o mesmo produto.
Esse agricultor vivia em uma cidade com pouco menos de 5.000 habitantes no interior do Paraná, então, a demanda por esse produto pode estar saturada naquele local. Mas, sem conhecimentos de empreendedorismo e de gestão de negócios, talvez, ele apenas tenha pensado: “se vários agricultores já fazem o mesmo e se dão bem, eu, também, terei sucesso”. Os primeiros agricultores podem, sim, possuir uma quantidade razoável de clientes e, portanto, receber uma remuneração média mensal um tanto quanto alta, mas nada garante que isso seguiria da mesma forma para todos que começassem a vender o produto.
Pouco tempo depois de investir seus recursos nessa atividade, o agricultor precisou retornar à sua antiga atividade tradicional, pois não obteve sucesso contra os agricultores já estabelecidos. Isso poderia ter solução se, por exemplo, ele tivesse feito uma análise de mercado, verificado a possibilidade de venda nas cidades vizinhas, onde, talvez, não tivessem tantos produtores de compotas e geleias, ou seja, tudo isso seria evitado se esse agricultor tivesse conhecimentos sobre empreendedorismo ou possuísse o auxílio de alguém, como um(a) Técnico(a) em Agronegócio.
São atitudes simples, mas fazem toda a diferença, principalmente, nas seguintes situações: cases de sucesso não são algo que podem ser replicados sem prévia análise; conhecer seu público alvo disponível é vital; entender sobre empreendedorismo e gestão de negócios seria, muitas vezes, o diferencial entre o sucesso e o fracasso de muitos empreendimentos desse tipo. Ainda bem que você está recebendo tais conhecimentos para evitar situações desastrosas como a apresentada aqui.
Bom, não posso deixar de incluir, nessas bases do empreendedor, o papel e a importância da educação. Se você bem lembrar, já falamos sobre isso quando abordamos as habilidades e as competências dos empreendedores, sobretudo os de sucesso. A educação, a qualificação e a busca constante por conhecimento, dos mais diversos níveis, tornam-se cada vez mais presentes e necessárias em nossas vidas. Quando você empreende em um negócio, não é suficiente você saber apenas realizar o seu trabalho enquanto profissional da área em que atua, você também necessita de conhecimentos na área de gestão e de estudos sobre empreendedorismo, sendo essa a minha maior contribuição em sua formação profissional.
Bruyat e Julien (2000) destacam, por exemplo, que profissionais, principalmente os que atuam na área de saúde (como dentistas, fisioterapeutas, médicos veterinários, nutricionistas, biomédicos, entre outros), não procuram, em um primeiro momento, adquirir conhecimentos sobre planejamento, coordenação, direção e controle de recursos ou negócios. Geralmente, começam a empreender em suas clínicas e realizar seus atendimentos profissionais sozinhos, ou seja, acabam deixando de lado uma adequada administração de suas empresas. Isso implica que, quando percebem a real necessidade dessa administração, suas empresas, muitas vezes, estão à beira da falência e tendem a contratar serviços de instituições privadas, normalmente muito caras em relação aos custos.
Isso poderia ser evitado, por exemplo, com o tipo de educação que você está recebendo, ou seja, você está aprendendo sobre temas extremamente relevantes, como administração de empresas e economia, sobretudo na parte rural, o que possibilita um sucesso profissional muito superior ao que teria em um ensino sem tais conteúdos em sua base. Acontece que, como vimos anteriormente, o número de empreendedores por necessidade é muito grande e tem crescido ao longo dos anos, refletindo em maior número de empreendimentos sendo abertos sem o devido preparo e com seus donos, sobretudo os próprios trabalhadores, não terem as bases necessárias para empreender e obter sucesso em suas empresas.
Como já disse anteriormente, não basta você entender tudo sobre o assunto, por exemplo, de criação de boi ou de plantação de soja ou milho, se desejar um sucesso profissional na abertura de uma empresa, independentemente do ramo. É necessário expandir seus conhecimentos, também, sobre outros assuntos, como gestão de negócios, de riscos, de pessoas, de processos produtivos etc.
Cada assunto e sua relativa importância dependerá do ramo ou atividade escolhida, que, por sua vez, dependerá da demanda por esse serviço em sua região, em seu ramo de atuação, na capacidade pessoal e profissional de cada empreendedor em desenvolver atividades relacionadas ao tema. Então, para efeito de simplificação, diria que a “receita de bolo” existente aqui é: aprender. Mas sobre o que? Sobre tudo o que for possível e necessário dentro de cada área de atuação escolhida.
Dessa forma, é importante lembrar, mais uma vez, que, dentre as motivações empreendedoras que já citamos anteriormente, a que mais costuma gerar resultado e que deve ser seu foco de atuação profissional, caso deseje empreender, é a atividade empreendedora desenvolvida pela visualização de oportunidade, sobre a qual poderíamos escrever um livro de marketing inteiro. Aliás, existem muitos livros bons que abordam essa temática e acredito que faça, também, parte da base necessária para o desenvolvimento empreendedor a leitura de vários deles. Porque, quando você empreende por oportunidade, isso implica que você visualizou uma necessidade dos clientes e desenvolveu uma maneira de atendê-la, e a chance de sucesso em um negócio nascido com essa motivação é muito alta.
Mas como saber quais são as necessidades dos potenciais clientes ao iniciar um negócio? Calma, veremos isso nas próximas lições. O que lhe digo aqui é que faz parte das bases necessárias que você entenda, ao máximo, seus clientes e as necessidades deles bem como seu negócio e suas próprias necessidades pessoais e empresariais, pois, para resolver um problema, quanto mais souber sobre ele, mais fácil esse processo se torna.
Espera-se, portanto, que a atividade empreendedora supra essas necessidades observadas, sobretudo no quesito inovação, e não precisa ser algo revolucionário ou radical, mas, sim, algo que os clientes percebam como diferente em relação aos demais produtos ou às empresas existentes no mercado. Isso pode vir de modificações em produtos já existentes, serviços melhorados em sua execução, mudança de segmento de atuação de mercado ou até em melhoramento de processos, matérias-primas ou redução de custos por produto semelhante ou de qualidade superior (NOGAMI; MEDEIROS; FAIA, 2014).
Sem me aventurar na área específica de marketing a fundo, mas citando alguns conceitos que encaixam para a parte de administração de empresas ou empreendedorismo, diria que a necessidade do cliente define o ramo em que se empreenderá e obterá sucesso. Muitas vezes, no entanto, essa necessidade não está explícita e isso foi bem definido por Drucker (2002, p. 36): “Pode ser que a necessidade nem tenha sido sentida pelo consumidor em potencial; ninguém sabia que precisava de uma máquina xerox ou de um computador até eles se tornarem disponíveis”.
Diria ainda que, nesse caso, Drucker (2002) foi modesto em dizer que tais recursos estão apenas disponíveis. Diria que se tornaram indispensáveis, assim como tantos outros em nosso dia a dia. Como base empreendedora necessária, portanto, digo a você que encontrar os produtos ou serviços ideias em cada realidade, situação e local é, talvez, a principal base necessária, e o fato de saber encontrar esses bens ou serviços se relaciona com o fato de terem sido desenvolvidas habilidades para conhecê-las. Para isso, novamente, volto à ideia inicial da importância do processo de acúmulo de conhecimento das mais diversas áreas de atuação.
Para citar mais uma vez Drucker (2002), diria que o conhecimento vem acompanhado de uma mudança de postura das empresas ou das pessoas que decidem empreender, até mesmo, na formulação de suas perguntas, como descrito por Drucker (2002, p. 36): “Não pergunte: ‘O que queremos vender?’. Pergunte: ‘O que o consumidor quer comprar?’. Não diga: ‘Isso é o que o nosso produto ou serviço faz’. Diga: ‘São essas as satisfações que os consumidores procuram, valorizam e necessitam’”.
Isso implica que, mesmo que tenhamos uma brilhante ideia que nos pareça a melhor opção do mundo, não significa que esse negócio prosperará, isso porque, citando aqui noções que já foram abordadas em outros momentos, “para toda venda, existe uma compra” e “para toda entrada, existe uma saída”. Isso funciona dentro de uma empresa, mas também rege as leis gerais da economia. Para que eu venda um produto, é necessário que alguém o compre e, para que alguém compre meu produto, é necessário que esse alguém veja alguma utilidade pessoal sobre ele. Portanto, o foco sempre deve ser o cliente, e não os próprios anseios.
Sertek (2012, p. 85) elenca alguns ganhos importantes para o cliente, quando se decide optar pela inovação:
a) Resulta em preços menores.
b) Resulta em maior produtividade.
c) Resulta em melhor satisfação da necessidade do cliente em algum atributo: rapidez, qualidade, desempenho, velocidade de atendimento, transparência e confiança, entre outros.
Dessa forma, em resumo, temos que as bases necessárias para desenvolver a atividade empreendedora se refere muito mais a fatores pessoais, em minha visão, do que estruturais ou externos. Por esse motivo, foquei mais, nesta lição, em assuntos, como importância do estudo aprofundado na área de atuação, e em temas interdisciplinares, como gestão de negócios. Deixarei assuntos mais externos, porém de suma importância, para relembrar nos fatores impulsionadores das atividades empreendedoras, e não de sua base, principalmente por acreditar que assuntos, como apoio financeiro, histórico familiar de sucesso, políticas públicas, entre outros que abordaremos, são realmente coisas que nos impulsionam (ou não), porém a decisão de empreender sem as elas, por mais que seja dificultada, é tranquilamente possível. Já o fato de não saber lidar com temas extremamente importantes, como os citados na lição de hoje, pode ser fatal aos negócios.
Espero que tenha surgido interesse sobre aprender mais sobre os assuntos apresentados nesta seção e que tenha ficado clara a minha maior intenção aqui: a educação é a base de tudo, e, tratando-se da atividade empreendedora, o cliente é o principal foco de análise, junto à a visualização de suas necessidades e das necessidades de seu negócio para atendê-las. Em uma agroindústria, no desenvolvimento de um produto diferenciado, numa uma metodologia ou processo de trabalho diferenciado, o foco deve ser a entrega, a percepção de utilidade de quem demandará o produto ou receberá a realização do serviço, sendo relacionado ao agronegócio ou não.
Não posso deixar como sugestão de aplicação prática aqui a abertura de uma empresa ainda, mas bem que gostaria. Mas não se preocupe, isso, provavelmente, será uma atividade a ser desenvolvida nesta disciplina, mesmo que em sua segunda parte, no ano que vem. Mas o que espero que você tenha visualizado é simplesmente a necessidade de os conhecimentos que estão sendo transmitidos a você ao longo desta jornada serem aplicados em situações de seu dia a dia.
Além disso, quero que tente imaginar as coisas sob outras perspectivas, por exemplo: o que eu faria se fosse o(a) responsável pela lanchonete ao lado de casa que não tem tanta freguesia? O que eu faria se estivesse começando a empreender? Ou, ainda: o que eu farei quando assumir o lugar do meu pai, nas decisões referentes à nossa propriedade rural? Será que eu empreenderia em alguma outra cultura? Se sim, quais seriam os passos a seguir para que eu obtenha a maior chance de sucesso possível? É esse sentimento e despertamento que espero estar criando em você ao lhe escrever estas lições. Espero que, a cada trecho lido, reflita meus sinceros desejos de aplicação deste conteúdo em sua vida e de um(a) próspero(a) futuro(a) profissional, econômico, financeiro e de qualidade de vida. Espero que você seja um(a) importante agente transformador(a) do ambiente onde vive. Opa! Acho melhor eu parar por aqui, pois este será o tema da próxima lição. Espero você por lá, até breve!
BRUYAT, C; JULIEN, P. A. Defining the feild of research in entrepreneurship. Journal of Business Venturing, v. 16, p. 165-180, 2000.
DRUCKER, P. O melhor de Peter Drucker: a administração. São Paulo: Nobel, 2002.
NOGAMI, V. K. C.; MEDEIROS, J.; FAIA, V. S. Análise da evolução da atividade empreendedora no Brasil de acordo com o Global Entrepreneurship Monitor (GEM) entre os anos de 2000 e 2013. Revista de Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas, v. 3, n. 3, p. 31-76, 2014.
SERTEK, P. Empreendedorismo. Curitiba: InterSaberes, 2012.