LIÇÃO 4: Habilidades necessárias
ao empreendedor
ao empreendedor
Olá, estudante! Seja bem-vindo(a) a mais uma lição do Curso de Empreendedorismo. Como você deve estar lembrando, para entender um pouco mais sobre o empreendedor, traçamos seu perfil, os tipos que podem ser classificados e os conceitos básicos. Mas, ainda assim, podem ter restado, em sua cabeça, algumas dúvidas: como se tornar um(a) empreendedor(a)? Quais habilidades são necessárias para que eu me torne um(a) empreendedor(a)? Este será um dos nossos objetivos na lição de hoje, portanto, isto é, demonstrar quais são as habilidades que um empreendedor precisa obter ou, ainda, quais habilidades os empreendedores já possuem que se tornam tão importantes ao desenvolvimento dessa prática.
Você já deve ter se perguntado: o que essa pessoa tem que eu não tenho? O que fez ela ter tido sucesso ainda tão jovem, e eu, ainda, estar aqui nessa situação ou condição financeira em que me encontro? Bom, são muitas perguntas, além destas, que você poderia ter feito e, consequentemente, para cada uma delas haveria uma infinidade de respostas possíveis. Por exemplo, poderia ter se perguntado: o que será que ela sabe que eu não sei? Onde posso aprender isto que me faz falta? Será que essa pessoa tem alguma habilidade individual que a diferencia de mim? Será que suas ações e desenvolvimento são idênticos aos meus?
A partir dessas e outras perguntas mais, você poderia começar a observar seu comportamento e o dessa pessoa de sucesso, alguém que o(a) inspira, e notar que, embora possuam semelhanças, também possuem várias diferenças, que podem ser em relação a perfis ou, ainda, em relação a habilidades inatas ou desenvolvidas, a direcionamento da busca pelo conhecimento de forma e intensidade diferentes. Podem ter fatores inibidores ou incentivadores que causaram essas situações, podem ter agentes externos impulsionando essas pessoas, pode haver várias razões e explicações para isso.
Digo a você que várias dessas perguntas e muitas mais que surgirão serão respondidas ao longo da disciplina. Mas, talvez, uma resposta que posso lhe dar agora é que existe, sim, uma diferença entre os empreendedores de sucesso e os que fracassam ou, ainda, aqueles que nem tentam. Bom, para começar, só o fato de se “aventurar” em um empreendimento já é um fator que os diferencia. Uma habilidade que, talvez, eles possuam, e outros não. Já parou para pensar sobre isso?!
É claro, porém, que existem muitas outras habilidades que lhe mostrarei na aula de hoje. Por isso, convido-o(a), agora, para tentar pensar um pouco mais sobre essas habilidades que se mostram necessárias a um empreendedor e como você pode descobrir se as possui ou, até mesmo, caso não possua, encontrar mecanismo de obtê-las. Então, vamos lá?!
Vamos tentar imaginar a seguinte situação, fictícia, porém, possivelmente, real futuramente: você é um(a) Técnico(a) em Agronegócio, recém-formado(a), com 18 anos de idade, e mora em uma vila rural de uma cidade do interior do Paraná. Disse para você que poderia ser uma realidade futura?! Após estudar, durante dois anos, sobre empreendedorismo, sobretudo após as lições finais que tratam sobre empreendedorismo e empresário rural, você resolve, então, aplicar seus conhecimentos e se depara com a seguinte situação: um fazendeiro conhecido da região solicita seus serviços para um projeto de instalação de uma fazenda de produção de energia fotovoltaica, sendo que, hoje em dia, ele cultiva, nesse espaço, soja e milho durante as safras anuais.
Bom, você precisará desenvolver um projeto rural, seguindo todos os itens e etapas que estudou em Administração e Economia Rural, mas, ao mesmo tempo, aplicar os conhecimentos da lição de hoje: demonstrar suas habilidades empreendedoras, capacidade de controle emocional, cedendo às pressões pela viabilidade do projeto, e capacidade de gerenciamento, inclusive da execução de seu projeto, administrando os custos, o tempo, a qualidade e a entrega do produto ou serviço prestado. Nesse caso, contribuirá para seu sucesso: sua formação, as informações que reteve ao longo de seu curso, sua dedicação e esforço, a busca constante pelo aperfeiçoamento que teve, entre muitas outras habilidades empreendedoras.
Viu como, em um simples caso real do dia-a-dia de muita gente, que pode e torço para que venha a ser sua rotina, podemos observar várias das habilidades de um empreendedor em aplicação? Então, vamos tentar entender um pouco mais sobre cada uma das principais?!
Para que possamos entender as habilidades necessárias ao empreendedor, começo apresentando a você o significado da palavra habilidade. Você já parou para pensar o que significa esta palavra? O que acha de tentar responder antes de prosseguir a leitura?! Habilidades significam, de acordo com Silva (2001), elementos que são necessários ao bom desempenho de qualquer situação, seja qual for a atividade analisada. Pode ser compreendida como uma destreza específica, que possibilita transformar conhecimento em ação e resulta no desempenho esperado para que se alcancem os objetivos propostos.
Assim como o perfil empreendedor apresentou muitas características distintas e os tipos de empreendedores, também, foram classificados de diferentes formas ou em diversos grupos distintos, de acordo com cada autor apresentado nas lições passadas, as habilidades aqui apresentadas também serão classificadas, teoricamente, de formas diferentes, de acordo com os autores citados. Alguns autores as separam em: habilidades técnicas, humanas e conceituais; habilidades de comunicação e habilidades de pensamento crítico; entre outras classificações. Iniciarei apresentando a você a classificação utilizada por Razzolini Filho (2012).
Tendo desenvolvimento constante, essa habilidade é fruto de um contínuo processo de aprendizado que pode ser, inclusive, aprimorado por meio de cursos relacionados à administração, à liderança, às finanças pessoais e empresariais, às noções de contabilidade, entre outras áreas. O empreendedor precisa investir em sua capacitação profissional, mas também é necessário que ele se mantenha sempre atualizado, buscando informações e seguindo as tendências de mercado. Pode buscar essas informações em eventos, congressos, seminários, simpósios, entre outros. Quanto mais obter informações e se dedicar a entender seu negócio, área de atuação e visão coletiva das tendencias de seu setor ou mercado consumidor, maior será a sua chance de sucesso.
Neste grupo de habilidades, entram três principais critérios: Formação, Atualização e Informação. A primeira delas se refere a competências desenvolvidas, considerando o momento atual e a necessidade de se possuir o conhecimento. As principais indicações de cursos que auxiliam a prática empreendedora são: Administração, Ciências Econômicas, Ciências Contábeis, entre outros. No segundo critério, entra a importância da educação continuada, a busca pelas técnicas mais atuais e modernas disponíveis, considerando, ainda, a educação formal, as especializações. Por fim, o terceiro item diz respeito ao processo de se buscar o conhecimento específico da área em que atua, seja por meio de leituras, seja por participação em eventos de seu setor.
Como a atividade empreendedora envolve muito os sentimentos, torna-se necessário considerá-los nos estudos. Como habilidade a ser desenvolvida nesta área, aparece a empatia, ao levar o empreendedor a se colocar no lugar do próximo. Com isso, é possível que haja uma aproximação entre o empreendedor e os que com ele trabalharão. Da mesma forma, ao se aproximar das pessoas, é possível que os resultados nas negociações e na própria administração da empresa sejam positivos e satisfatórios, pois consegue entender melhor seu público e sentir, com mais intensidade e de forma assertiva, as suas necessidades, para, então, poder supri-las.
Nesse aspecto, a empatia entra como um dos aspectos da chamada inteligência emocional, que Razzolini Filho (2012, p. 150) define como “a capacidade que a pessoa possui em administrar adequadamente suas virtudes e seus defeitos. Trata-se da habilidade de utilizar plenamente seu potencial humano”.
Considerando que a atividade empreendedora é um processo onde, muitas vezes, o empreendedor é quem tem a ideia, mas são outras pessoas que a executam, faz sentido focarmos nossa análise, de forma mais cuidadosa e especial, na inteligência emocional como habilidade necessária e extremamente importante para o empreendedor obter sucesso, porque ele será o principal responsável por ensinar e, também, aprender com outras pessoas, outros estudos de casos, tanto de sucessos quanto de insucessos. Além disso, para que ele tenha sucesso ou resultados satisfatórios, é necessário que o empreendedor seja um bom líder, para direcionar, corretamente, suas metas e objetivos. Também vale lembrar que continuam sendo de extrema relevância valores, como bom senso, caráter, honestidade e ética, assim como princípios morais e sua generosidade.
Esta habilidade se relaciona com o fato do empreendedor ser aquele que não costuma se conformar com a situação em que se encontra, aquele que sai da sua zona de conforto. A esse tipo de situação os japoneses costumam chamar de kaizen. Ele procura sempre melhorar a maneira de fazer as coisas. Deve ser, também, um ser com posicionamento político e social, deixando bem clara sua intenção de transformar o mundo em lugar melhor, e disposto a ocupar posições de ação, quando necessário. Deve possuir formação humanista, contribuindo para relacionamentos em que a compreensão, o compartilhamento de informações e frustrações bem como a interação sejam permitidos, para que se desenvolvam soluções práticas aos problemas apresentados. Também deve possuir uma indignação por tudo que contribui para um mundo mais desigual e injusto.
Está relacionado com ser curioso, ter espírito investigativo e uma visão de futuro ampla, aceitando novas perspectivas, e estar em constante aprendizado. Com essas habilidades críticas desenvolvidas, é possível observar as ocorrências tanto dentro quanto fora de seu empreendimento. Isto possibilita uma melhoria contínua nos processos produtivos e promove maneiras mais eficientes de trabalho.
Em relação a esta habilidade, o empreendedor, geralmente, já tem ciência de que necessita. Está ligada ao fato de ser necessário se desenvolver profissionalmente, não esquecendo os princípios e valores éticos e morais. Trata-se de serem necessários os seguintes aspectos, segundo Razzolini Filho (2012): inteligência, criatividade, independência e autonomia e capacidade de reformular regras.
Além dessas três grandes categorias, Razzolini Filho (2012) indica outras habilidades, com destaque menor, mas extremamente relevantes: condicionamento físico, lazer e benemerência. A primeira diz a respeito à prática de esportes como maneira de aumentar a disposição para o trabalho exaustivo de um empreendedor e suas longas jornadas diárias. A segunda diz respeito ao equilíbrio necessário entre trabalho e descanso e tempo de qualidade com seus entes queridos. Por fim, a terceira diz respeito a “se doar”, “entregar-se”, representando o compartilhamento das habilidades úteis à comunidade.
Se olharmos pela classificação de habilidades de Silva (2020), veremos que ele classifica as habilidades necessárias a um empreendedor em três grupos: Técnicas, administrativas e pessoais.
Habilidades técnicas: inclui aqui não apenas a correta execução de uma atividade e seu ensino, mas também a capacidade de ouvir e expressar de maneira oral e escrita.
Habilidades administrativas: incluem ações de planejamento, relações humanas, marketing, finanças e contabilidade. Podem estar ligadas e sujeitas às exigências de cada um dos tipos de empreendimentos existentes.
Habilidades empreendedoras pessoais: incluem as características desenvolvidas por cada pessoa, autoconhecimento, seguindo as orientações de perfis que estudamos nas lições passadas.
Há, ainda, de se lembrar do papel do empreendedor enquanto inovador, que possui habilidade em perceber as necessidades das pessoas ao seu redor, principalmente por meio da empatia, colocando-se no lugar do outro e desenvolvendo ideias novas ou testando novas combinações. Talvez, essa seja uma das mais percebidas habilidades empreendedoras (FABRETE, 2019). Considerando as diversas habilidades possíveis, segundo os autores, cabe ao profissional empreendedor decidir qual se adequa mais ao seu perfil observado. No entanto todas servem como base para aquele que está iniciando nesse ramo, como pode ser o seu caso, caro(a) aluno(a). O importante é iniciar o processo, correr atrás do que precisa sempre e corrigir aquilo que for se mostrando necessário.
Você viu, ao longo desta lição, várias habilidades necessárias ao desenvolvimento e sucesso do empreendedor. São muitas, mas agrupadas em categorias para facilitar o entendimento. Pense agora em sua atuação como Técnico(a) em Agronegócio. Como você descreveria as habilidades que possui hoje, principalmente aquelas que se relacionam com sua futura atuação profissional? Não fique aí apenas pensando! Vamos lá, mãos à obra, ou, como gostamos de dizer a você, mão na massa.
Pegue, agora, um papel e caneta ou utilize seu celular ou blocos de notas em seu computador. Com qualquer meio que possuir, analógico ou digital, descreva as características apresentadas nesta lição e anote quais delas você já possui. Não importa se você more em área rural ou urbana, se possui acesso à tecnologia, ou não: cada um deve jogar com as cartas que possui, ou seja, fazer o melhor uso dos recursos disponíveis em cada local ou momento do tempo.
Adicionalmente, anote as habilidades que acredita não possuir e responda: essas habilidades seriam importantes para meu desenvolvimento pessoal, para minha atividade profissional, para o ramo em que eu escolhi atuar ou empreender? Se sua resposta for sim, então, coloque algumas metas e prazos, para que você consiga desenvolver tais habilidades, e, também, coloque a forma com que acredita que seja possível adquiri-las. Depois que anotar tudo isto, vem a parte mais importante: colocar em um local bem visível, para que você possa se lembrar diariamente e, mais do que isso, executar suas metas estipuladas para alcançar os objetivos traçados. Boa sorte nessa empreitada!
FABRETE, T. C. L. Empreendedorismo. 2. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2019.
RAZZOLINI FILHO, E. Empreendedorismo: dicas e planos de negócios para o século XXI. Curitiba: Intersaberes, 2012.
SILVA, M. R. da. Empreendedorismo. Curitiba: Contentus, 2020.
SILVA, R. O. Teorias da administração. São Paulo: Thompson Learning, 2001.