Primo Levi não foi um químico com veia literária nem um escritor com veia científica. Primo Levi foi um
QUIMISCRITOR
s.m. [neologismo]* Aquele que exerce a integração entre a química e a literatura de tal forma que se torna impossível dissociá-las, pois deixam de ser partes de um todo e passam a ser o próprio todo, como as ligações entre os carbonos de uma molécula de benzeno, que não são simples e não são duplas, mas algo híbrido resultante, ou ainda como um centauro, que não vive como humano nem como cavalo, mas vive de uma maneira que só os centauros sabem.
*O termo e a sua descrição foram criados por Carlos Sérgio Leonardo Júnior.
Primo Levi (1919-1987) era químico de formação e foi prisioneiro de Auschwitz por ser de família judaica. Sobreviveu à Shoá (Holocausto) e sentiu a necessidade e a obrigação de testemunhar para que esse episódio não fosse esquecido e banalizado. Levi também encontrou na literatura uma maneira de divulgar a ciência e tratar de temas pertinentes para a sociedade por meio da ficção.
Levi escreveu testemunhos, romances, ensaios, artigos, contos de fantasia e ficção científica, e poemas, divulgando a ciência, lutando a favor dos direitos humanos, nos recordando de um passado que não pode acontecer novamente.
A exposição "Um quimiscritor no museu: ciência, literatura e direitos humanos com Primo Levi" tenta mostrar como dois campos, considerados tão diferentes, como a ciência e a literatura, podem estar articulados de modo indissolúvel. A química nesta exposição, assim como na obra de Primo Levi, é abordada de modo diferenciado.
As seções não isolam momentos da vida de Levi; pelo contrário, elas se interligam, de forma que uma dependa e tenha elementos da outra, sem perder as especificidades próprias, representando o hibridismo de Primo Levi.