Os trabalhos desenvolvidos durante todo o período de duração da disciplina de projeto 7, tiveram como objetivo discutir os repertórios reflexivos voltados para o projeto de arquitetura, articulando teoria e prática de projeto, prospectando e explorando novos processos. Buscou-se trabalhar com o campo ampliado do projeto de arquitetura e sua relação com a cidade, exercitando habilidades de gerenciamento de projeto colaborativo. Tendo em vista a importância do tema, foi proposto aos alunos alargarem os debates acerca de processos que buscam aproximar as práticas acadêmicas da comunidade, fazendo com que o projeto desenvolvido para a conclusão da disciplina não fosse apenas uma contribuição para a universidade, mas principalmente para a sociedade. As abordagens exercitadas no período da disciplina possibilitaram que os discentes trabalhassem a percepção e a interpretação de áreas urbanas, tendo como base metodologias que serviram como aporte para a sistematização de processos que levaram a produção de propostas de projetos de intervenções na/ e para a cidade, associando formas, funções, teorias e técnicas de arquitetura que envolvem os mais diversos espaços urbanos.
Introdução
A ideia do comum urbano tem ocupado cada vez mais espaços, promovendo debates e discussões que perpassam por diversas disciplinas e instâncias sociais. De modo geral, o comum faz referência aos diferentes bens, espaços e recursos que deveriam ser usados e administrados coletivamente por suas comunidades, promovendo compartilhamento e reciprocidade. Seu entendimento está para além dos conceitos já predefinidos em relação a es paços e coisas, os comuns urbanos são atitudes e formas de ação e produção que promovem a interação entre bens, coletividade e práticas sociais, sua produção acontece de fato na ação da vida cotidiana.
Tendo em vista a importância de todas as questões atreladas a esta temática, a disciplina de projeto 7 do segundo semestre de 2021 veio com o desafio de promover através dos discentes, um amplo debate acerca dos comuns urbanos, desenvolvendo propostas que pudessem explorar novos processos de projeto de arquitetura, relacionando-os com a cidade e buscando gerar resultados que atendam não somente aos critérios avaliativos exigidos pela universidade, mas que também possam ser uteis as demandas sociais.
Metodologia
A disciplina foi dividida em atividades síncronas e assíncronas, trabalhando teoria e prática com aulas expositivas por parte dos docentes e lançamento de trabalhos que foram sendo apresentados no decorrer da disciplina pelos discentes e seus respectivos grupos. As atividades lançadas tinham o objetivo de fazer com que os alunos pudessem desenvolver trabalhos e projetos colaborativamente, dinamizando assim o ambiente de aprendizagem.
O tema central escolhido para o desenvolvimento da disciplina foi: O Comum Urbano: por uma nova imaginação urbana entre o público e o privado. Durante este processo trabalhou-se com as genealogias do espaço comum; subjetividades da cidade; tecnologias de inovação social, micro-utopias, arte e estética da cidade. Todas as atividades foram direcionadas aos discentes mediante orientações e discussões em sala de aula.
O trabalho global proposto foi dividido em etapas e por equipes. Iniciou-se com os seminários de comuns urbanos, em seguida tiveram as apresentações dos estudos de casos, nesta fase foram apresentados trabalhos sobre o Campo de Cebada, Regulamento de Bologna, Centro Cultural Comedor San Martín del Once, Thames 21, Basurama, Bosque dos Pássaros e Projeto Quintal. Todos esses estudos forneceram embasamento para o desenvolvimento das atividades futuras.
Após os estudos de casos iniciaram-se as discussões para os temas e princípios do trabalho geral, o desenvolvimento das cartografias, os debates e definições da proposta de lei que foi apresentada no projeto final da disciplina.
As propostas de intervenções desenvolvidas pelos discentes foram classificadas como micro-utopias, elas foram divididas em espaços residuais, vazios urbanos privados, vazios urbanos públicos, comuns cotidianos e zonas de proteção ambiental. Para os espaços residuais da cidade a proposta de ocupação foi a implantação de redes comunitárias de bicicletas, para os vazios públicos a proposta é que estas áreas sejam ocupadas por hortas urbanas, quadras esportivas e pela realização de eventos, já para os vazios públicos, a proposta é que estes espaços possam ser revitalizados e passem a ser utilizados pela população. No caso específico apresentado, os discentes propuseram como exemplo a revitalização de algumas vias e vielas do Setor Central. Em relação aos comuns cotidianos os discentes trouxeram como proposta para parques, praças e entre outros, a ocupação por meio da realização de sopão comunitário após feira, atividade física guiada ao ar livre, aulas de dança, piquenique solidário, corridas, passeios de bike, parquinho para crianças, música durante a noite e várias outras atividades. Por fim, a proposta apresentada para as zonas de proteção ambiental objetiva a construção utópica e espontânea de espaços verdes por narrativas.
Resultados obtidos
De modo geral a experiência foi enriquecedora, ter a oportunidade de acompanhar de perto o desenvolvimento de uma disciplina complexa e, ao mesmo tempo fundamental para a formação dos futuros profissionais em arquitetura e urbanismo, proporcionou ter outras percepções em relação à atuação do professor frente a uma turma de ensino superior.
A disciplina trouxe discussões importantes acerca dos comuns urbanos, possibilitou desenvolver a capacidade de trabalhar coletivamente e a realização do seminário aberto ao público para que os alunos pudessem apresentar as atividades desenvolvidas ao logo do semestre, o seminário também contou com a participação de convidados que abordaram diversos temas relacionados as discussões levantadas. O produto final será em breve publicado no site da FAV/UFG, um produto rico em conhecimento e experiências.
Por conta do momento que estamos passando, a disciplina teve que ser adaptada para o ensino remoto, essa modalidade de ensino interferiu diretamente na relação entre os discentes e os docentes, observou-se que em alguns momentos houve dificuldades de relacionamento entre os próprios alunos, fazendo com que algumas atividades solicitadas pelos docentes fossem impactadas. No mais, o estágio em docência veio como um momento favorável para ampliar a capacidade de trabalho como pesquisadora e contribuir com a formação profissional.
Professor responsável: Professor Dr. Camilo Vladimir de Lima Amaral
Estagiária Docência: Bruna Santos da Silva, PPG-Projeto e Cidade, FAV/UFG
Discentes: Amanda Barbosa Pereira 1; Ana Clara Vilela Cordeiro 2; Arthur Teodoro Rodrigues de Freitas Morais 3; Augusto Oliveira Vale 4; Bruno Miranda Pereira; Caio Cesar Figueiredo de Oliveira 4; Daiana de Assis Lopes 5; Elisa Verri Resende 6; Felipe Moreira Rodrigues Bauer 7; Fellypi Dorneles de Faria 8; Gabriela Louise Pereira Gouveia 9; Giulia Lemos Areal 10; Isabella Abdala Garcia 11; Itamar Alves dos Santos Junior 12; Janaina Leite Vieira Costa Andrade 13; José Eduardo Gomes Brito Morais 14; Kleber Antônio Santana 15; Leonardo Henrique Neves de Alvarenga Ramiro 16; Lorrany Caroline Marque Almeida 17; Lorrayne Santos Lima 18; Luiz Gabriel Carvalho da Silva 19; Maria Luiza Yassunaga Vitorino Rodrigues 20; Marize Tomaz Porto 21; Monalisa Correia Lima 22; Mylena Martins Ribeiro 23; Sabrina Alves Salviano 24; Sara Marques Rodrigues 26; Yasmim Caroline Gadelha Rodrigues 27; Yuri Henrick de Paula Santana 28.
Dados técnicos da disciplina: (9° período, 2021, Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal de Goiás, 128 horas)