Relatos e Vivências

Conheça histórias de pessoas que menstruam 

A história do absorvente no Brasil teve início no início do século XX, quando as mulheres ainda utilizavam métodos primitivos para lidar com a menstruação, como panos e tecidos. A partir da década de 1920, foram introduzidos os primeiros produtos comerciais para a menstruação, como os chamados "absorventes higiênicos", que eram basicamente pedaços de algodão ou celulose envoltos em um material absorvente. Com o passar dos anos, esses produtos foram sendo aprimorados e surgiram diversas marcas e modelos de absorventes descartáveis, até os dias de hoje. Além disso, a história do absorvente no Brasil também está diretamente ligada ao movimento feminista, que lutou pela liberdade e autonomia das mulheres em relação ao próprio corpo. 

Cibelle Ponci Marques Lima. Foto: Camille Lima

Cibelle Ponci Marques Lima

Cibelle Ponci Marques Lima é uma jovem de 24 anos, graduada em enfermagem pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), mestranda na Universidade de São Paulo (USP) em Saúde Pública, dentre outras especializações, que sempre sonhou em atuar na área da saúde. Mas assim como a maioria das pessoas que possuem útero, ela também passou pela menstruação. 

A entrevistada conta que este processo ocorreu por volta de seus 9 anos e que foi uma surpresa “na minha época a menstruação ainda era uma assunto muito velado, ainda mais por eu ser muito nova, as escolas não tratavam sobre isso muito cedo e as famílias também não, então eu praticamente não sabia nada sobre o assunto”. Por conta dessa desinformação, quando a enfermeira teve sua menarca ela acreditou que havia se machucado, mas sua mãe lhe explicou o que havia acontecido. A partir desse momento a mestranda pensou que já havia se tornado mulher e que por conta disso ela não poderia mais brincar e além disso ela tinha vergonha de falar sobre o tema com colegas da sua idade. 

Passando esse primeiro momento, ainda tiveram muitos outros que geraram inseguranças e medo em sua adolescência, especialmente na escola, como ela explica: "Às vezes as meninas manchavam a roupa e os meninos zombavam muito, era praticamente um bullying”. Além da ridicularização feita pelos meninos, as meninas também tinham vergonha de fazer processos básicos que envolvem a menstruação “quando as meninas iam ao banheiro elas escondiam o absorvente para que ninguém percebesse, até mesmo porque se um menino visse um absorvente, meu Deus do céu, era como se menstruar fosse um crime". 

Na graduação Cibelle teve a oportunidade de participar de vários projetos de extensão oferecendo palestras em unidades básicas de saúde e escolas, onde eram abordados esses assuntos. Ela conta que viu a importância de falarem com pessoas que não menstruam “acho isso importante porque eles convivem com pessoas que menstruam”, a pós-graduanda ainda relata que isso serve de apoio para que todos possam entender esse ciclo biológico. Segundo ela, dessa forma esses indivíduos irão adquirir um novo aprendizado, e assim podem ajudar um colega ou membros de suas famílias, diminuindo a ignorância e consequentemente o tabu sobre algo tão natural e comum. 

Mediante ao entendimento sobre a pobreza menstrual em nosso país, em muitas das regiões brasileiras, Cibelle conta que vê isso como um problema de saúde pública, que pode ser minimizado a partir da  distribuição gratuita de absorventes, calcinhas e coletores menstruais a populações em situações vulneráveis. Pois como ela diz "Menstruação é saúde”. 

Conheça nosso Podcast Relatos de Menstruação

Giovana Brasil

Maria Cristina Salvador

Adelina Aparecida

Infográfico sobre a história do absorvente 

e da menstruação no Brasil


O infográfico a seguir apresenta um panorama sobre a menstruação e o absorvente ao longo das décadas no nosso país. Desde o surgimentos dos absorventes, em 1930, muitas coisas mudaram ao longo da história, desde os conhecimentos sobre higiene menstrual até políticas públicas que visam facilitar o acesso aos absorventes para mulheres em vulnerabilidade social.