DÉLIO JASSE
18.06.09/17.07.09
DÉLIO JASSE
18.06.09/17.07.09
"Depois de termos feito da morte uma afirmação da vida, convertido o seu abismo numa ficção salutar, esgotados os nossos argumentos contra a evidência, ronda-nos o marasmo: é a desforra da nossa bílis, da nossa natureza, desse demónio do bom senso que, quebrado por um tempo, volta a acordar para denunciar a inépcia e o ridículo da nossa vontade de cegueira. Todo um passado de visão impiedosa, de cumplicidade com a própria perda, de habituação ao veneno das verdades - e tantos anos gastos a contemplar os nossos restos, tentando extrair deles o princípio do nosso saber! Porém, devemos apreender a pensar contra as nossas dúvidas e contra as nossas certezas, contra os nossos humores omniscientes; devemos, sobretudo, forjando uma outra morte, uma morte incompatível com os nossos cadáveres, aceitar o indemonstrável, a ideia de que alguma coisa existe..."
E.M. Cioran