P
O PLURAL DE "PAI-NOSSO"
O plural é "pais-nossos": "Ele já perdeu a conta dos pais-nossos que rezou." Essa oração também pode ser chamada de "padre-nosso", que admite dois plurais: "padre-nossos" ou "padres-nossos".
Não custa lembrar também que o plural de "ave-maria" é "ave-marias": "Reze duas ave-marias." O elemento latino "ave" significa "salve".
PARÊNTESE / PARÊNTESES / PARÊNTESIS
A forma "parêntese" é singular; "parênteses" é plural. Já "parêntesis", forma igualmente correta, é singular e plural: "o parêntesis", "os parêntesis".
PASSAR DE ANO ou PASSAR O ANO?
Embora a forma "passar de ano" já esteja muito incorporada à linguagem do nosso dia-a-dia, o certo é falar "PASSAR O ANO".
Exemplo: Nilza, por não ter estudado muito, não passou o ano.
(Ver também: "REPETIR DE ANO ou REPETIR O ANO?")
PERCA / PERDA
- Perda: tem, entre outros, o sentido de "ato de perder", "prejuízo", "dano".
Exemplo: Por causa das fortes chuvas, foram muito grandes as perdas dos agricultores.
- Perca: é a forma do verbo "perder".
Exemplo: Espero que você não perca a paciência.
Alguns dicionários chegam a registrar "perca" como sinônimo de "perda", com a ressalva de que se trata de uso popular. Em linguagem culta, não convém empregar expressões como "perca de tempo", "as percas foram grandes", etc.
PENALIZAR / PUNIR
Na maioria de nossos dicionários, "penalizar" não é sinônimo de "punir", "castigar". Penalizar significa "causar pena ou desgosto".
O novo dicionário Aurélio, porém, admite para a palavra penalizar também o sentido de "infligir pena a": "O juiz penalizou o time".
PEQUENEZ / PEQUINÊS
"Pequenez" é a qualidade possuída por quem é pequeno. Vários dicionários registram também a forma paralela "pequeneza". Assim, podemos ter as expressões "pequenez d'alma" e "pequeneza d'alma".
Já o cidadão natural de Pequim, capital da China, é "pequinês". assim também o conhecido cãozinho da mesma origem é chamado "pequinês".
PERGUNTAR / QUESTIONAR
Perguntar não é Questionar. "Pergunta-se" quando se quer saber alguma coisa, e "questiona-se" Quando se põe alguma coisa em dúvida.
Exemplos:
Os alunos perguntaram ao professor quando seriam realizadas as provas.
Quem é a favor do projeto? perguntou o diretor.
O novo sócio daquela empresa questionou a validade dos contratos firmados com o Governo.
Os deputados questionaram o valor do orçamento federal apresentado pelo presidente.
Observação: só a coisa pode ser perguntada, pois quem pergunta pergunta alguma coisa (= objeto direto) a alguém (= objeto indireto). Isso significa que, na voz passiva, só a coisa pode ser perguntada.
Exemplos:
O deputado foi perguntado sobre o desvio de verbas públicas. (errado)
Ao deputado foi perguntado... (certo)
Foi perguntado ao governador se ele seria o candidato de seu partido a presidente do Brasil.
FEMININO DE "PILOTO"
Apesar de a última edição do Dicionário Aurélio - Século XXI - não registrar "pilota" como feminino de piloto, o "Vocabulário Ortográfico", da ABL, é categórico: registra "pilota", "engenheira", "árbitra", etc.
AS POETAS ou AS POETISAS?
Muitas mulheres que escrevem poemas não querem ser chamadas de "as poetisas", preferindo a forma "as poetas", como se a palavra poeta fosse comum de dois gêneros: "o poeta" e "a poeta". Entretanto, nossos dicionários só registram a forma "poetisa" para o feminino de poeta.
POPULAÇÃO / POVO
- POPULAÇÃO: conjunto de habitantes;
Exemplo: A população daquela cidade teve que ser retirada às pressas por causa do acidente na usina nuclear.
- POVO: conjunto de cidadãos.
Exemplo: As últimas eleições revelaram um povo bem mais conscientizado politicamente.
DIFERENTES EMPREGOS DO "PORQUE"
tanto nas orações interrogativas diretas quanto nas indiretas.
Exemplos:
Por que você fez isso? Quero saber por que você fez isso. Por que você não foi à festa? Gostaria de saber por que você não foi à festa.
O "QUE" pode ser ainda um pronome relativo, podendo ser substituído por "O QUAL", "A QUAL", "OS QUAIS", "AS QUAIS".
Exemplos:
A razão por que (pela qual) não fui à sua festa, você logo saberá. "Só eu sei as esquinas por que (pelas quais) passei." É um drama por que (pelo qual) muitos estão passando.
Observação: também quando houver a palavra "motivo" antes, depois ou subentendida.
Exemplos:
Desconheço os motivos por que (pelos quais) a viagem foi adiada. Não sei por que motivo ele não veio. Não sei por que (por que motivo) ele não veio.
seguido de um sinal de pontuação forte (pontos de interrogação, de exclamação, final, reticências).
Exemplos:
Você vai sair a esta hora da noite por quê? Ele não viajou por quê? Se ele mentiu, eu queria saber por quê!
"Mãe, preciso de cem reais?" "Por quê?"
Equivale à "PORQUANTO", "POR CAUSA DE".
Exemplos:
Não saí ontem porque estava chovendo muito (causal) Ele viajou, porque foi chamado para assinar o contrato. (explicativa) Ele não foi porque estava doente. (causal) Abra a janela, porque o calor está insuportável. (explicativa) Ele deve estar em casa, porque a luz está acesa. (explicativa)
artigos "O" ou "UM". equivale à "a razão".
Exemplos:
Não estou entendendo o porquê de tanta alegria em você hoje. Quero saber o porquê da sua decisão. Estamos esperando que você nos dê um porquê para tal atitude.
PRÁ ou PRA?
"Pra" é redução de "para + a", não tendo acento gráfico, porque se trata de monossílabo átono.
Exemplo: "Pra frente, Brasil!"
PRAXE / PRÁXIS
Estas duas palavras vêm da mesma raiz grega ("práxis"), que significa "ação". Tome cuidado com a pronúncia do "x". O de "praxe" se lê como o de "lixo". Já o de "práxis" se lê como o de "fixo". Na prática, a palavra "praxe" é mais usada e significa "rotina, procedimento costumeiro": "Estabeleceu a praxe de almoçar com o irmão". "Práxis" se usa também em filosofia. É conceito fundamental no pensamento marxista. Trata-se do conjunto de atividades que criam condições para a ação prática, a produção material.
PRAZEIROSO ou PRAZEROSO?
O termo correto é "prazeroso", sem o "i".
PREÇO
Deve-se dizer que "o preço" de um produto "passará a ser de ...", e não "passará a custar...". Um preço é sempre "mais alto" ou "mais baixo", "elevado" OU "excessivo", nunca "mais caro" ou "mais barato".
Exemplos:
O preço da passagem de ônibus passou de R$0,80 para R$1,00.
Os preços daquele supermercado são mais altos que deste outro.
PREVILÉGIO ou PRIVILÉGIO?
A forma correta é "privilégio", como a do verbo é "privilegiar".
PROVA DOS NOVE ou PROVA DOS NOVES?
Os nomes dos algarismos, quando usados como substantivos, devem ser flexionados em número, isto é, vão para o plural.
Exemplo: Fim de século e de milênio: é hora da prova dos noves para a humanidade.
PSIQUÊ ou PSIQUE?
A forma correta é "psique", sem acento e com força de pronúncia no "i". Significa: "alma", "espírito", "mente".
Q
QUITE / QUITES
Os dicionários informam que "quite" é o particípio irregular de "quitar". No uso comum, no entanto, essa palavra se transforma em adjetivo, em frases como "Estou quite com a Justiça Eleitoral" ou "Você está quite com o Fisco?", por exemplo. Quem está quite está livre de obrigações, pagou (quitou) o que devia.
O emprego do particípio com valor de adjetivo não é privilégio de "quite", como se vê em "filme proibido", "árbitro isento", "candidato eleito", "mar revolto", "jogador suspenso", "vulcão extinto" etc. Talvez seja bom esclarecer: "proibido" vem de "proibir", "isento" vem de "isentar", "eleito" vem de "eleger", "revolto" vem de "revolver", "suspenso" vem de "suspender" e "extinto" vem de "extinguir".
Voltando a "quite", convém ressaltar que esse adjetivo não tem variação de gênero, ou seja, emprega-se para um homem ou para uma mulher ("Ele está quite", "Ela está quite"), mas tem variação de número (singular/plural), isto é, deve ajustar-se ao número do substantivo ou pronome por ele modificado: "Ele pagou a última parcela do empréstimo, portanto está quite com o banco"; "Eles pagaram a última parcela do empréstimo, portanto estão quites com o banco". Uma pessoa não está "quites"; está "quite": "Nada mais lhe devo; estou quite com você". Só duas pessoas ou mais estão "quites". Se acertarem as pendências que há entre si, poderão terminar a conversa com esta frase: "Estamos quites".
QUOTIDIANO ou COTIDIANO?
Existem palavras que podemos escrever com "c" e também com "qu".
Exemplos: catorze / quatorze, cociente / quociente, cota / quota, cotidiano / quotidiano, cotizar / quotizar.
Observação: As palavras a seguir, porém, possuem uma grafia somente: "cinqüenta, cinqüentenário, cinqüentão, cinqüentona."
"OS QUINTOS DOS INFERNOS"
Existem algumas hipóteses para a origem desta expressão. Uma delas associa o termo "quintos" ao imposto de 20% cobrados pela Coroa portuguesa sobre todo o ouro fundido no Brasil. Falava-se em quintos mais ou menos como hoje ainda se fala em décimas , no sentido tributário. Em Parati, por exemplo, até hoje existe a velha Casa dos Quintos . O navio que levava a Lisboa o produto dessa arrecadação era a nau dos quintos . Por causa da antipatia que os brasileiros sentiam por esse tributo, teria sido agregada a locução "dos infernos" , ficando então completa a expressão.
Outra hipótese revela que Quintos é uma das freguesias de Beja, em Portugal. Como estava situada, na Idade Média, no limite do território português, a localidade era alvo constante das investidas dos chefes árabes que dominavam grande parte da Península Ibérica, o que tornava infernal a vida nessas paragens. Daí teria vindo o hábito de execrar os desafetos e inimigos, mandando-os para " os Quintos dos infernos ".
Ambas as hipóteses usam a forma "quintos" no plural, e não no singular, mantendo o sentido de "amaldiçoar alguém".
Popularmente, outro significado para esta expressão serve para indicar algo que fica muito longe, "nos cafundós do Judas", "lá onde o diabo perdeu as botas" , "lá onde o vento faz a curva ".
R
RACIONAR / RACIONALIZAR
- Racionar vem de ração. É distribuir em rações, é repartir regradamente.
- Racionalizar vem de racional (relativo à razão) + izar (tornar). É tornar racional. É usar segundo a razão.
Racionar alimento, água, luz elétrica ou gasolina significa limitar a distribuição e o consumo de alimento, de água, de luz elétrica ou de gasolina.
Racionalizar o consumo de energia elétrica significa tornar mais eficientes os processos de consumo, ou seja, ensinar meios para que a energia elétrica seja consumida de um modo racional (usando a razão, com consciência), sem desperdícios, sem abusos, com sabedoria (sem ignorância). (S.N.)
RAPAR / RASPAR
Deve-se "rapar" bigode, barba, axilas e pêlos em geral. O que se "raspa" são paredes, portas, tacos, etc.; e até mesmo bilhete de loteria ("raspadinhas").
RECEIOSO ou RECEOSO?
Embora a palavra primitiva, isto é, O substantivo "receio" possua um "i" no seu interior, no adjetivo e no verbo esse "i" desaparece. Assim, temos o adjetivo "receoso/ receosa" e o verbo "recear".
REFUTAR / REJEITAR
- Refutar: contestar.
Exemplo: Os alunos refutaram os argumentos do diretor.
- Rejeitar: negar, não aceitar.
Exemplo: A nossa proposta de um novo curso foi rejeitada.
REIVINDICAR / REIVINDICAÇÃO
Os termos corretos são "reivindicar" e "reivindicação", e não "reinvindicar" e "reinvindicação", como normalmente ouvimos e lemos por aí.
REPETIR DE ANO OU REPETIR O ANO?
A forma correta é "repetir o ano".
Exemplo: Os alunos que estão com notas baixas correm o risco de repetir o ano.
(Ver também: "PASSAR DE ANO ou PASSAR O ANO?")
RERRATIFICAÇÃO
Rerratificação é um neologismo já registrado em nossos dicionários mais atuais e no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa , da Academia Brasileira de Letras. Vem de (re)tificar + ratificar. É "a ação de retificar em parte uma certidão, contrato,, etc., e ratificar os demais termos não alterados".
É um termo muito usado na área jurídica. Em linguagem mais simples, rerratificar é corrigir ou alterar (retificar) parte de um documento e confirmar (ratificar) o restante.
Não significa, como alguns imaginam, uma "nova ratificação". Não é uma "reconfirmação". Rerratificar não é "ratificar de novo". O elemento "re" vem do verbo retificar (corrigir, alterar); não é, portanto, o prefixo "re" (novamente), que aparece em palavras como refazer, rever, repor...
É importante lembrar a "velha" distinção entre retificar e ratificar. Retificar é "tornar reto, corrigir, consertar, reparar, alterar" e ratificar é "confirmar, validar, comprovar, corroborar".
RISCO DE MORTE / RISCO DE VIDA
Se o risco é sempre de coisa ruim ("risco de infecção", "risco de contaminação", "risco de não se classificar para a fase final do campeonato", "risco de ficar desempregado", "risco de adoecer" etc.), parece cabível que se dêem como legítimas as construções "risco de morte" e "risco de morrer" ("Fulano ainda corre risco de morte"; "Fulano corre risco de morrer").
No entanto, há pelo menos duas explicações para o emprego de "risco de vida" no lugar de "risco de morte". A primeira delas se baseia no inegável horror que a palavra "morte" causa, o que talvez nos faça fugir dela como o diabo foge da cruz. A segunda explicação (talvez mais plausível) se assenta na idéia do cruzamento de construções ("Sua vida corre risco" com "Ele corre risco de vida", por exemplo) ou ainda na pura e simples omissão ("Correr o risco de [perder a] vida"). O nome técnico dessa omissão (de termo que se subentende) é "elipse".
O fato é que, nesses casos, não parece sensato remar contra a maré. O uso mais do que difundido da expressão "risco de vida" é motivo mais do que suficiente para que a aceitemos pacificamente. É bom que se diga que não lhe faltam registros nos dicionários. O "Dicionário Houaiss" dá três exemplos do emprego de "risco" com o sentido de "probabilidade de perigo" ("risco de vida", "risco de infecção", "risco de contaminação"). Publicado em 2001, o "Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea", da Academia das Ciências de Lisboa, dá "risco de vida" e "perigo iminente de morte" como expressões equivalentes, exemplificadas com esta frase: "O doente encontra-se em risco de vida".
ROUBAR / FURTAR
- Roubar: com violência.
Exemplo: Parou num sinal vermelho e teve seu carro roubado por dois bandidos.
- Furtar: sem violência, ameaça, constrangimento.
Exemplo: O cleptomaníaco é aquele que tem a mania de furtar.