Pilritos-das-praias. Créditos: Don DeBold/Creative Commons

Censo Nacional de Pilrito-das-praias


ACTUALIZAÇÃO: O  1º censo nacional de pilrito-das-praias teve lugar em 2015/16 e foi repetido durante a época de 2021/22

Na época 2024/2025 não se realizará o censo nacional de pilrito-das-praias


De entre as cerca de 10.000 espécies de aves existentes, há uma ou duas dúzias quase globais sem ser por influência do Homem - o pilrito-das-praias é uma delas. Por quase todas as praias do planeta, podemos encontrar estes bandos frenéticos de aves brilhantes, como que produtos de uma garrafa que se partiu em mil pedaços e se espalhou na areia varrida pela ondulação.

Um pilrito-das-praias é uma enorme quantidade energia e beleza concentrada em menos de 100 g de massa. São seres superlativos em tanta coisa! Começa por não haver praticamente espécie de animal vertebrado cuja distribuição na época de reprodução seja tão radicalmente nórdica. Mesmo o sul da Gronelândia, a Islândia, ou o Cabo Norte na Noruega são demasiado meridionais para estes seres do alto Ártico, que só se encontram mesmo no topo do teto do mundo. Mas depois migram, e de que maneira! Espalham-se pelas praias de todos os continentes, até à Patagónia, à África do Sul, ou à Austrália. Espantosamente, pilritos-das-praias de uma mesma população, como a do norte da Gronelândia, podem invernar em locais tão díspares como a Dinamarca ou a Escócia, no norte, ou a Namíbia e a África do Sul, no sul.

Sendo o Ártico uma das regiões onde se faz sentir mais acentuadamente os efeitos do aquecimento global em curso (em larga medida resultado das atividades humanas), o pilrito-das-praias é uma das espécies-chave a monitorizar, na nossa tentativa de compreender os impactos globais deste processo. Os pilritos-das-praias são relativamente fáceis de contar, mas curiosamente, como se concentram em zonas que não são normalmente cobertas pelos censos tradicionais de aves aquáticas, e não frequentam os grandes dormitórios de limícolas, pouco se sabe sobre os seus números ou a sua evolução populacional.

Como muitos dos colaboradores do Projeto Arenaria certamente já se deram conta, os pilritos-das-praias são a limícola mais abundante do nosso litoral aberto à influência direta do oceano. Também por isso, e pelas razões apresentadas acima, decidimos este ano alargar o esforço do Projeto Arenaria, e aproveitar para repetir o censo nacional desta ave no Inverno, realizado pela primeira vez na época de 2015/16. Assim, em complemento do Projeto Arenaria, foram efetuadas contagens em estuários, rias e lagoas costeiras, com o objetivo de apurar o melhor possível qual a população desta espécie. Trabalhou-se em parceria com as equipas do Centro de Estudos de Migração e Proteção das Aves (CEMPA), do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) e da sua rede de colaboradores, que normalmente contam as limícolas nas zonas estuarinas. Além disso, fez-se um esforço dedicado complementar dirigido especialmente a esta espécie.

Agradecemos o apoio dos observadores de aves ativos em Portugal que participaram neste excitante projeto que foi o Censo Nacional de Pilritos-das-praias!

Os resultados destes censos podem ser consultados aqui: [Censo_Nacional_C.alba_2015/2022.pdf]

Créditos: Andrew C./Creative Commons


Organização e Metodologia do 2º censo dos pilritos-das-praias


Na orla marinha coberta pelo Projeto Arenaria, a metodologia a adotar é simplesmente a do Projeto Arenaria (ver metodologia aqui).

Nas zonas estuarinas e lagunares costeiras, serão adotadas duas metodologias complementares, com o objetivo de comparar e complementar resultados: as contagens habituais coordenadas pelo CEMPA-ICNF dirigidas a limícolas e contagens dirigidas especificamente aos Pilritos-das-praias.

 

Contagens CEMPA-ICNF

No âmbito dos censos nacionais coordenados pelo CEMPA-ICNF e respetiva rede de colaboradores, serão feitas as habituais contagens de limícolas nas zonas de refúgio de maré-alta. Saiba mais sobre estas contagens aqui. Quem desejar participar nestas contagens poderá contactar o seu Coordenador Nacional, Filipe Moniz (filipe.moniz@icnf.pt).

 

Contagens dirigidas a Pilritos-das-praias

Serão feitas contagens complementares nas zonas estuarinas e lagunares costeiras, preferencialmente a meia-maré, que serão comparadas sempre que possível com outras contagens, complementando-as. Estas contagens serão exclusivamente dirigidas aos pilritos-das-praias. 


1)     Grandes zonas húmidas

As grandes zonas húmidas costeiras, como a Ria de Aveiro, o estuário do Tejo, o estuário do Sado e a Ria Formosa terão um Organizador Regional de Zona Húmida próprio, que se ocupará de todas as contagens dirigidas de Pilrito-das-praias da zona que coordena.  

- Organizadores Regionais de Zona Húmida:

Continente:

Ria de Aveiro: David Santos (davidrodfrsantos@gmail.com)

Estuário do Tejo: Daniel Lopes (dlopes@ispa.pt)

Estuário do Sado: Alexandre Leitão (alexandrehespanhol@gmail.com)

Ria Formosa:  Isabel Fagundes (isabel.fagundes@spea.pt)


2)     Pequenas zonas húmidas

As zonas húmidas costeiras mais pequenas serão preferencialmente (mas não obrigatoriamente) contadas pelos observadores voluntários que façam a quadrícula do Projeto Arenaria que as inclui (ou que seja adjacente). 

Os voluntários deverão pois coordenar essas actividades com os Organizadores Regionais do Litoral onde a zona húmida se inclui.

·         Conheça quais as pequenas zonas húmidas a monitorizar:

Zona Húmida

Estuário do Minho e Coura

Estuário do Âncora

Foz do Afife

Estuário do Lima

Foz do Neiva

Estuário do Cávado

Estuário do Ave

Reserva Ornitológica do Mindelo

Estuário do Douro

Barrinha de Esmoriz / Lagoa de Paramos

Ria de Aveiro

Estuário do Mondego

Foz do rio Lis

Foz da ribeira de S. Pedro

São Martinho do Porto - Foz do rio de Salir

Lagoa de Óbidos

Foz do rio Sizandro

Estuário do Tejo

Lagoas de Albufeira e Estacada

Estuário do Sado

Lagoa de Melides

Lagoas de Sto. André e da Sancha

Lagoa da Ribeira de Moínhos

Estuário do Mira

Foz da ribeira de Seixe

Foz da ribeira de Aljezur

Foz da ribeira da Carrapateira

Martinhal

Boca do Rio

Foz da ribeira de Bensafrim

Ria de Alvor

Estuário do Arade

Foz da ribeira de Alcantarilha

Lagoa dos Salgados

Foz do Almargem

Lagos das Dunas Douradas e Garrão

PN Ria Formosa

RNSCMVRSA

Charcos de Pedro Miguel

Paúl do Cabo da Praia

Paúl da Praia  da Vitória

Paúl do Belo Jardim

Quadrícula

1B

2

2

4, 5A e B

6

8

12A

13

16 e 17

20 e 21

23 a 30

40

46

48

54

57A

65B

-

82

89-92B

98

99

102A

108-109

115

117

120

126

128

131

132-133

134

138A

138A

143

143-144

144-154A

155-156A

-

-

-

-

Região

Norte

Norte

Norte

Norte

Norte

Norte

Norte

Norte

Norte

Norte

Norte / Centro

Centro

Centro

Centro

Lisboa e Oeste

Lisboa e Oeste

Lisboa e Oeste

Lisboa e Oeste

SW

SW

SW

SW

SW

SW

SW / Algarve

Algarve

Algarve

Algarve

Algarve

Algarve

Algarve

Algarve

Algarve

Algarve

Algarve

Algarve

Algarve

Algarve

Açores - Faial

Açores - Terceira

Açores - Terceira

Açores - Terceira

Outros aspectos

Enquanto a costa marinha está dividida em quadrículas regulares, tradicionalmente usadas no Projeto Arenaria (conheça a área de estudo aqui), para as grandes zonas húmidas costeiras não haverá uma divisão sistemática por setores. Assim, os voluntários deverão contactar o Organizador Regional de Zona Húmida relevante, e com ele discutir quais os setores que poderão cobrir. É aceitável que haja contagens repetidas dos mesmos setores, onde o número de voluntários o permita.

Ao contrário das zonas de costa marinha, que são contadas em redor da maré-baixa, as grandes zonas húmidas costeiras deverão ser, quando possível, contadas a meia-maré. Para as pequenas zonas húmidas costeiras (pequenas lagoas ou estuários), o estado da maré durante a contagem é flexível, mas deverá ser evitado o pico de maré-alta.

Pede-se ainda todos observadores que dêem especial atenção a pilritos-das-praias com anilhas coloridas, e que, sempre que possível, os fotografem ou leiam as combinações de cores, reportando-as juntamente com as contagens.


Materiais de Apoio

Os observadores interessados em participar nas contagens dirigidas a pilrito-das-praias poderão descarregar abaixo os documentos necessários à realização do trabalho de campo:

Pede-se a todos os observadores que enviem, se possível, os dados em formato digital ao OR da sua região (no caso referente a pequenas zonas húmidas), e ao Organizador Regional de Zona Húmida (no caso da Ria de Aveiro/Estuários do Tejo e Sado e Ria Formosa). Este procedimento ajuda a poupar tempo e papel. 


Créditos: Jean Jaques Boujot/Creative Commons