01 UTFPR - ENSINO/APRENDIZAGEM

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Somente quem está numa sala de aulas sabe o que é ensinar? Esta é uma discussão que sempre vem à baila quando se trata do assunto "Pedagogia". Afinal de contas, o que é a pedagogia?

Na UTFPR eu tive uma experiência sobre como fazer ciência sob a visão das ciências humanas, diferente de minha linha de pesquisas, as ciências exatas. Confesso que me surpreendi com meus mestres, pois eu tinha uma visão completamente torpe acerca do assunto, em grande parte pelo meu próprio preconceito por me achar professor sem conhecer os mecanismos do aprendizado. Foi grata minha surpresa por conhecer monstros do ensino (No bom sentido) que me ensinaram sobre a história do aprendizado e como nós humanos "montamos" nossos mecanismos de absorção do mundo que nos rodeia, e como nos adaptamos a ele.

A partir do que aprendi com meus professores eu ouso em definir a Pedagogia como a ciência que lida com a teoria e prática da educação e do aprendizado, para além do Universo das crianças e adolescentes, me incluí neste mundo como um estudante de cinquenta e quatro anos na época, e teve diante de mim todo um mundo novo, diferente da visão pré conceituosa do que é o ensino e a aprendizagem.

Para minha grata surpresa tive um entendimento de que a ciência de ensino tem um duplo papel, como uma ciência reflexão dos contextos educativos, e de uma ciência da ação e propostas sobre como a prática educativa pode ser projetada e melhorada. Sempre tive como orientação científica a Teoria de Sistemas, percebi que esta visão holística, biológica faz parte do processo de educação e aprendizagem ensinadas por minhas professoras e professores e mais, aprendi a ter uma base sólida da ciência educacional e da psicologia do aprendizado. Descobri os movimentos psicológicos e sociológicos, suas teorias e descobertas, que transcendem ao puro e simples método empírico, mas também passei a aceitar o empirismo como técnica de ensino, pois nós seres humanos aprendemos empiricamente, analogicamente.

Em minhas leituras e releituras da ciência da Pedagogia e da História do aprendizado, descobri que os sofistas Protágoras , Górgias , Hípias, com suas considerações acerca da paideia, marcaram o início da educação ocidental e que o termo designado paidagogo não era um educador treinado, mas um escravo que supervisionava os meninos e que na Grécia clássica era o preceptor que os levava ao mestre. Mais adiante, aprendi que Immanuel Kant tinha uma visão do aprendizado como uma ciência prática, em que se deveriam fornecer conhecimentos da prática educativa, de modo que esta responsabilidade e autodeterminação poderia promover a prática educativa em que o empirismo tanto poderia ser benéfico quanto maléfico ao aprendizado, ou seja, caberia ao mestre dosar o nível da autodescoberta a partir do erro e acerto. Aprendi que Paulo Freire desenvolveu nos anos 60, um programa de alfabetização que não é apenas uma técnica de aquisição rápida e orientada de leitura e escrita, mas também um método de adquirir a própria consciência. Pois, os analfabetos não podiam votar e a alfabetização era uma campanha de elevada importância política para a democratização do Brasil. Descobri que Karl Mannheim reconstruiu o desenvolvimento histórico do homem em três etapas. Em que a solidariedade determina as relações interpessoais, e como a pessoa começa como um indivíduo e descobre que a competitividade constitui a realidade social em que vivemos hoje. Estudando Freire, vi que seu pensamento não era nada ingênuo, e que chama a primeira etapa de Mannheim de "consciência semi-transitiva" e que o próximo nível seria a "consciência ingênua-transitiva". E que esta etapa pode levar "para a transitividade crítica", característica de uma mentalidade legitimamente democrática, mas que, alertado pelo próprio Freire pode ser desviada em direção à degradação, desumanização, fanatização e massificação.

Mas aprendi principalmente que, devemos prestar muita atenção nos nossos alunos. O jovem do século XXI é muito mais maduro e tem infinito acesso à informação instantânea do que nós, no passado. Tratar "meninos" e "meninas" de 12, 13 anos como crianças em salas de aulas, é idiotizar o ensino. E eles sabem disso!

Angelo A. Leithold


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