Post date: 10/10/2016 16:02:48
A Equipe Javali no pampa esteve em São Lourenço do Sul neste último final de semana, participando do 1 Encontro Pró-caça Legalizada organizado pelo grupo Mucureros do Banhado. O encontro reuniu mais de 120 caçadores e simpatizantes da atividade de diversos locais do Rio Grande do Sul e estados vizinhos. Foi um encontro informal, uma conversa entre amigos, onde abordamos diversos temas legais e práticos relacionados ao javali e ao potencial cinegético de outras espécies da fauna nativas, o que atualmente não é permitido.
Na palestra proferida por mim, foquei em como o caçador pode se inserir no plano integrado de controle do javali, que viemos discutindo aqui no boletim durante as últimas semanas, e fazer o controle de forma eficiente, organizando continuamente no espaço e no tempo.
O caçador atualmente é uma das mais importantes peças no controle do javali no Brasil, prestando um serviço aos produtores rurais, ao meio ambiente e fornecendo amostras biológicas para as pesquisas sanitárias. Mesmo assim é pouco reconhecido pelas autoridades e sociedade como tal, e em geral discriminado com mais ferramentas burocráticas e regulatórias para desincentivar a atividade. Segundo questionários desenvolvidos pelo nosso grupo de trabalho externo e outros parceiros, que serão em breve publicados, grande parte dos abates de javali são feitos por controladores voluntários, em pripriedades de terceiros, e usando métodos de caça ativa, principalmente com o uso de cães.
Foi dada ênfase às questões sanitárias, quanto aos riscos envolvidos no manejo e consumo da carne de javali e proximidade dos cães com esta espécie. As últimas pesquisas da Fepagro e Embrapa apontam por incidências preocupantes de leptospirose, tuberculose, hepatite E e toxoplasmose. Com isso também abordamos os riscos de disseminação com o transporte da carne, e o por quê da proibição desta prática.
Fizemos também um breve relato das nossas atividades em Brasília, junto ao IBAMA e ICMBio , quanto à confecção do Plano nacional de controle do javali e articulações políticas para a segurança jurídica da prática de controle, e da importância de se trabalhar com os órgãos reguladores para podermos evoluir no controle desta praga no país.
Outro ponto importante posto foi a necessidade de mais educação sobre o tema javali e caça em geral, tanto da nossa categoria quanto da sociedade em geral, e da função do caçador como difusor de informação. A educação é uma das ferramentas mais fortes no processo evolutivo, por isso que acreditamos tanto nessa atividade de extensão que está sendo feita junto aos diversos envolvidos no problema, desde produtores e caçadores até a comunidade científica e legisladores.
A caça ainda é um tabu no país, e enquanto não amadurecermos nessa discussão técnica , o javali seguirá aumentando, e a caça furtiva ilegal de espécies nativas continuará sendo feita. Somente com a regulamentação e organização desta atividade poderemos ordenar a cadeia, recolher impostos e recursos para a conservação de espécies, e trabalhar de forma eficiente no controle da praga do javali
Foi muito interessante participar deste evento, e foi a primeira vez que estivemos com um grupo somente de caçadores. A experiência foi muito boa e esperamos poder seguir contribuindo com esta turma. Obrigado ao Dionelo Soares e ao Kako Casagrande pelo convite e baita recepção.