OS SOFISTAS
Com o desenvolvimento das cidades, do comércio, do artesanato e das artes militares, Atenas tornou-se o centro da vida social, política e cultural da Grécia, vivendo seu período de esplendor, conhecido como o Século de Péricles. (...) O ideal da educação do Século de Péricles é a formação do cidadão. A Arete é a virtude cívica.
Ora, qual é o momento em que o cidadão mais aparece e mais exerce sua cidadania? Quando opina, discute, delibera e vota nas assembléias. Assim, a nova educação estabelece como padrão ideal a formação do bom orador, isto é, aquele que saiba falar em público e persuadir os outros na política.
Para dar aos jovens essa educação, substituindo a educação antiga dos poetas, surgiram, na Grécia, os sofistas, que são os primeiros filósofos do período socrático. Os sofistas mais importantes foram: Protágoras de Abdera, Górgias de Leontini e Isócrates de Atenas.Que diziam e faziam os sofistas? Diziam que os ensinamentos dos filósofos cosmologistas estavam repletos de erros e contradições e que não tinham utilidade para a vida da polis. Apresentavam-se como mestres de oratória ou de retórica, afirmando ser possível ensinar aos jovens tal arte para que fossem bons cidadãos.Que arte era esta? A arte da persuasão. Os sofistas ensinavam técnicas de persuasão para os jovens, que aprendiam a defender a posição ou opinião A, depois a posição ou opinião contrária, não-A, de modo que, numa assembléia, soubessem ter fortes argumentos a favor ou contra uma opinião e ganhassem a discussão.
O HOMEM É A MEDIDA DE TODAS AS COISAS
(Trecho extraído do livro Teeteto, de Platão)
SÓCRATES
Protágoras afirma que a medida de todas as coisas é o homem: daquelas coisas que são, pelo que são, daquelas não são, entendendo por medida a norma de juízo e por coisas os fatos em geral. Logo, o homem é a norma que julga todos os fatos: daqueles que são pelo que são, daqueles que não são pelo que não são. Por isso, ele admite somente aquilo que parece a cada indivíduo, introduzindo, dessa forma, o princípio de relatividade. Segundo ele, portanto, quem julga as coisas é homem. De fato, tudo que parece aos homens também é; e o que não parece a nenhum homem tampouco é...
PROTÁGORAS
Eu afirmo, sim, que a verdade é a mesmo como escrevi: que cada um de nós é a medida das coisas que são e que não são; mas existe uma diferença infinita entre homem e homem, e exatamente por isso as coisas parecem e são de um jeito para uma pessoa e, de outro jeito, para outra pessoa. (...)
Lembras daquilo que já dissemos antes? Para alguém que está doente, os alimentos parecem e são amargos; ao contrário, para alguém que está bem, eles são e parecem agradáveis. Mas não é lícito inferir disso que entre esse dois um é mais sábio que o outro (porque não é possível) e tampouco se deve dizer que o doente, por ter tal opinião, é ignorante e que o são é sábio, por ter opinião contrária, mas sim que é preciso mudar de um estado para outro, porque o estado de saúde é melhor. E assim, também na educação é preciso mudar o homem de um hábito pior para um hábito melhor. (...)
E assim, alguns são mais sábios que outros, e ninguém tem opiniões falsas; e deves te resignar, querendo ou não, a ser medida das coisas.
Protágoras
Protágoras de Abdera - (Abdera, 480 a.C. - Sicília, 410 a.C.) foi um sofista da Grécia Antiga, responsável por cunhar a frase:
"O homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são."
Tendo como base para isso o pensamento de Heráclito. Tal frase expressa bem o relativismo tanto dos Sofistas em geral quanto o relativismo do próprio Protágoras. Se o homem é a medida de todas as coisas, então coisa alguma pode ser medida para os homens, ou seja, as leis, as regras, a cultura, tudo deve ser definido pelo conjunto de pessoas, e aquilo que vale em determinado lugar não deve valer, necessariamente, em outro. Esta máxima (ou axioma) também significa que as coisas são conhecidas de uma forma particular e muito pessoal por cada indivíduo, o que vai contra, por exemplo, ao projeto de Sócrates de chegar ao conceito absoluto de cada coisa.
Assim como Sócrates, Protágoras foi acusado de ateísmo (tendo inclusive livros seus queimados em uma praça pública), motivo pelo qual fugiu de Atenas, estabelecendo-se na Sicília, onde morreu aos sessenta e dois anos.
Um dos diálogos platônicos tem como título Protágoras, [1] onde é exposto um diálogo de Sócrates com o Sofista.