Lisboa (Portugal), 04 jan (SIR/RR) - Embora acredite em progressos no diálogo e na paz,
o padre Alexandre Bonito, da Igreja Ortodoxa em Portugal, realça que o martírio e o
sofrimento pela fé fazem parte da tradição cristã. "Apesar de tudo, os cristãos são,
na sua tradição, mártires. Estão habituados a sofrer e a resistir e também são chamas
de paz e acabam por conseguir estabelecer o diálogo com os outros. O assunto vai estar
cada vez mais na ordem do dia, mas haverá progressos, com certeza".
Segundo Alexandre Bonito, há que louvar, acima de tudo, os esforços de reconciliação
e de apelo à paz, como os que têm sido protagonizados por Hosni Mubarak, presidente
do Egito. "Estes grupos terroristas que, confrontados com a convivência pacífica secular,
não se conformam com isso e tentam criar problemas artificialmente, embora seja um
sofrimento para as pessoas localmente. Há um esforço enorme do presidente Barak em
manter a tranquilidade". Foi precisamente para combater o fundamentalismo e estreitar
os laços entre os que trabalham para a paz que Bento XVI convocou para outubro um
encontro de líderes religiosos em Assis. Trata-se de uma boa oportunidade, assegura
o padre Alexandre Bonito, que considera que o principal problema não é religioso,
mas político. "Os encontros de Assis são uma boa oportunidade de reforçar este diálogo,
que deve ser permanente. Embora penso que, em relação às religiões, o problema não
se coloca - coloca-se mais a nível político", afirma.
A Igreja Católica tem sofrido o efeito perverso da revelação de casos relacionados
com pedófilia o que tem ocorrido com quase todas as instituições e Igrejas. Este
sofrimento é maior com a Igreja Católica pois ela é uma "instituição de referência
" no "ordenamento moral" da sociedade portanto com responsabilidade acrescida e
por isto mesmo mais sofredora .
O celibato dos sacerdotes revela-se uma opção duvidosa para os evangélicos,
reformados e ortodoxos, pois o pastor enquanto líder espiritual na comunidade
tem que ser exemplo perfeito tambem na liderança da sua família .
O sacerdote solteiro na igreja católica ou ainda o "monge honorífico" na igreja ortodoxa
tem-se revelado deficiente como orientação e ficamos chocados quando somos
confrontados com alguma "desordem moral" colocando as igrejas em situação
Os críticos encontram aqui terreno fértil , pois a igreja hierárquica está exposta
e fragelizada sugeita a uma nova" inquisição mediática".
Padre Alexandre Bonito Maio de 2010 in "DIARIO DE NOTICIAS"
As Igrejas como centro de referências num mundo sem referências são na actualidade,
forças aglutinadoras de espiritualidade e tambem fonte de esperança para o povo que
que inevitávelmente espera respostas.
Qualquer que seja a opção tomada no que respeita a politicas de estado contamos sempre com a
tranquilidade ancestral das Igrejas que nos inspiram.Os valores e referências éticas são transmitidos não
por grupos locais emergentes , mas sim produzidos no maturar dos séculos de vivência espiritual como no
estágio de um bom vinho, comparado com o "granel" de algums produtos sem qualidade.Nos estados laicos
da Europa os votos da maioria cristã vão democráticamente parar nas mãos dos laicos que decidem os
destinos cristãos ,. A crise financeira , pode trazer uma nova ordem onde os cristãos possam influenciar
socialmente uma vez que o "dinheiro fácil" acabou. Será que podemos agora assumir as nossas convicções
sem complexos à semelhança do Islão? Claro que não pretendemos estados teocráticos mas sim políticas
sociais e económicas que contemplem a ética na tradição cristã sem armadilhas dogmáticas. Voltámos
à Europa das guerras em que se disputam alianças e interesses. Os centros históricos da cristandade na
Europa - Roma ,Istambul(Constantinopla), Madrid , Lisboa, Londres , Moscovo, Atenas, voltam a estar no
centro das atenções. Passou a euforia e a utopia deu seus frutos. Quem prega o bem pensa o mal.
O Papa e a Igreja Católica são aliados naturais da Igrja de Constantinopla sitiada pelo governo da
Turquia na dúvida de ser ou não Europeu. O patriarca Bartolomeo sente-se "crucificado" asfixiado
pela intolerancia Turca e ainda confrontado com a tendência da Igreja de Moscovo, que invocando
a sua superioridade numérica e agora emergente num nacionalismo avassalador sem contar com a
indiferença e derrocada do cristianismo ortodoxo nos Balcãns abrem a necessidade comum da afirmação
cristã de forma determinada e não cederem á tentação dos estados laicos da "europa falida" que credita
que a Igreja tem dificuldade em acompanhar o desenvolvimento político e social. No quadro da nova
Europa geo-religiosa acentuam-se mais os contrastes entre cristãos e islão o que é no mínimo perturbador
e é certamente um desafio futuro. O povo de Deus responde ao chamamento interior de forma generosa
com resposta simples que caracteriza a fé. A revelação pessoal no colectivo são dimensão do desejo
universal de paz e progresso.Todos são chamados a participar de acordo com a sua tradição e respndem
inspirados.Qualquer que seja a relação do peregrino que em definição é tão variada quanto a forma de
sentir e viver os acontecimentos na participação e vivência única., o chamamento místico ultrapassa
sempre a Igreja numa relação pessoal com o sagrado.
Na visita (peregrinação) do Patriarca de Roma (título mais tradicional da Sé de Pedro) todos esperam
alguma revelação (apocalipse) pois ele é detentor do segredo (místério).
A nossa curiosidade e espectativa é legítima pois todos acabamos de uma forma "praticante" ou não
envolvidos nestes acontecimentos. Fátima chama-nos a participar do mistério enquanto povo , pátria
universalista.
Os desafios dos tempos que se aproximão virtiginosamente em termos de dificuldades políticas,sociais ,
económicas e financeiras acentuam este lado místico na procura de respostas num mundo que não
sabemos interpretar. Os portugueses na sua tradição religiosa muito específica tendo a particularidade
de viver a partir de dentro sem qualquer fórmula o que produz diálogo ecuménico de grande actualidade.
in "DIARIO DE NOTICIAS" 11 de Maio de 2010 Padre Alexandre Bonito
*15-4-2009 |
A Páscoa ortodoxa começa a ser celebrada quinta-feira, atingindo o ponto mais forte no
Sábado Santo, dia em que é proclamada a Anastasis, a Ressurreição de Cristo, uma semana
depois das festas pascais das restantes igrejas cristãs.
As igrejas ortodoxas canónicas, que englobam as jurisdições dos Patriarcados de
Constantinopla, de Moscovo, da Bulgária e da Roménia, afirmam-se como fiéis seguidoras
dos primeiros cristãos e continuam a cumprir os cânones do Concílio de Niceia, que estabelece
como oficial o calendário juliano.Por isso, a Páscoa ortodoxa é comemorada no primeiro
domingo após a lua cheia do equinócio da Primavera, uma data que por vezes coincide com
a celebração da Páscoa católica, mas que este ano ocorreu uma semana depois.Em Lisboa,
a comunidade ortodoxa grega centra as celebrações na Igreja de Caselas, na paróquia
católica de S.Francisco Xavier, começando na Quinta-feira Santa com a Celebração dos
leitura dos Evangelhos e uma procissão com o Santo Sudário (o pano que foi usado
como mortalha), simbolizando a descida da cruz, explicou à Lusa o padre Alexandre Bonito,
da comunidade ortodoxa grega em Portugal.A procissão dá três voltas à igreja, após o
que o Santo Sudário é exposto no centro do templo e venera-se o Cristo Morto.
O Sábado Santo, ponto alto da Páscoa ortodoxa (não há celebrações litúrgicas em Domingo
de Páscoa) começa à noite com a leitura dos Actos dos Apóstolos, seguindo-se a Anastasis,
a celebração do momento da Ressurreição.“Depois da leitura do Evangelho, apagam-se as
luzes da igreja e o sacerdote proclama a Ressurreição, após o que se acendem as velas
dos fiéis e se entoam os cânticos da ressurreição, em várias línguas, entrando-se nas matinas
pascais”, acrescentou.É durante esse ofício, já na madrugada de domingo, que as famílias
apresentam os cestos com alimentos para serem abençoados, uma velha tradição do leste
europeu.As celebrações são praticamente idênticas nas comunidades ortodoxas grega e russa,
pelo que em muitos pontos do país elas são comuns.A comunidade ortodoxa russa em Lisboa
celebra a Páscoa na antiga Capela da Boa Nova, junto ao Museu Militar.“Uma vez que a capela
não está isolada, substituímos as três voltas da procissão em torno do templo por uma
procissão pelo quarteirão onde se situa a capela”, disse à Lusa o padre Arsénio Sokolov,
da comunidade ortodoxa russa.Na manhã de Sábado Santo realizam-se os baptismos e à tarde
as confissões, decorrendo a celebração pascal a partir das 24:00 de sábado.Em termos
de jejum, durante a Quaresma, os cristãos ortodoxos não consomem carne ou derivados,
ovos, lacticínios e vinho, o qual, no entanto, é permitido ao domingo.Na Sexta-feira
Santa ortodoxa é praticado o jejum mais estrito do ano e mesmo as pessoas dispensadas
do seu cumprimento são encorajadas a jejuar.JPA(Lusa
16 de março de 2011
Vassula Ryden, Expulsa da Igreja de Constantinopla
"expulsamos da Igreja Mãe, Vasiliki Paraskevis Pentaki-Ryden, conhecida como "Vassula", e sua organização fundada sob o título "Verdadeira Vida em Deus" (True Life in God) que precipitada e frivolamente prega ensinos baseados no suposto "diálogo direto entre ela (Vassula) e o Fundador da Igreja, Jesus Cristo, Nosso Senhor"; assim como (expulsamos) os que foram conquistados por ela e os apoiantes do «Verdadeira Vida em Cristo», que escandaliza a mentalidade ortodoxa dos crentes piedosos e se desvia voluntariamente dos ensinos da Igreja, dados por Deus."
...................................................................................
O procurador da República garantiu que as denúncias serão investigadas
MOSTEIRO “ORTODOXO” da “Igreja Católica Ortodoxa de Portgal” liderada por um tal (Theodoro) como “arcebispo”e outro (“D.joão1º”Mário Ribeiro ),nas Cachoeiras,Alverca.
No Tribunal de Vila Franca de Xira, juíza presidente do colectivo, Hermínia Oliveira:
"No mosteiro fazia-se tudo menos rezar.
A ideia com que ficamos é que é uma autêntica perversão",
prosseguiu.
O arguido disse ainda que,
em Mafra, terá havido problemas com monjas menores e um outro responsável da Igreja,
mas o caso terá sido "abafado".
O procurador da República garantiu que as denúncias serão investigadas.
Na sessão foram ainda ouvidas duas inspectoras da brigada de crimes sexuais da PJ,
que afirmaram que a menina falou apenas de abusos cometidos pelo arguido,
mas admitiram que a comunidade é muito fechada.
"Dava a sensação de ter algum receio de contar certas coisas",
disse uma delas.
NOTA: Este grupo registado como "ortodoxo" não é reconhecido pelas Igrejas ortodoxas canónicas
.............................................................................................
Crimes em julgamento terão sido cometidos entre Maio e Agosto de 2003. O Tribunal de Vila Franca de Xira começou ontem a julgar um monge da Igreja Ortodoxa portuguesa, acusado de abuso sexual de crianças. O arguido confessou parte dos crimes, mas justificou a situação com a vontade de "proteger a Igreja". Afiançou, além disso, que era uma menina de cinco anos quem o procurava para práticas sexuais, o que, em seu entender, demonstrava que manteria esses comportamentos com outros membros da comunidade. O arguido, oleiro, de 36 anos, já professava a religião ortodoxa e diz que sempre pensou tornar-se monge mas só há cinco anos entrou numa comunidade, então instalada em Mafra. Esta comunidade, que já passara por Sintra, mudou-se, em Janeiro de 2003, para a Quinta da Granja, uma propriedade rural de Cachoeiras, concelho de Vila Franca. Foi aí que, segundo o Ministério Público, o monge terá, entre Maio e Agosto de 2003, sujeitado uma menina de cinco anos a vários abusos sexuais. Diz a acusação que, aproveitando a relação de confiança com a mãe da criança (uma das responsáveis do mosteiro), o arguido abusou sexualmente da menina. O Ministério Público acrescenta que o homem terá uma vez sido surpreendido por um rapaz de 10 anos - que também vivia na comunidade - e que posteriormente o terá violado, amarrando-o a uma cama. A situação acabou por ser descoberta e investigada pela Polícia Judiciária e o arguido foi detido em Março de 2004, já depois de ter sido convidado a sair da comunidade. A menor, de acordo com exames efectuados, mantinha o estado de "virgindade anatómica". Em audiência, o monge contou ontem que trabalhava na quinta e tomava conta do mosteiro e garantiu que foi a menina que começou a manifestar interesse em "namorarem" e em manterem contactos sexuais; diz que começou por recusar, mas que a criança lhe terá dito que "já tinha tido relações" com outros membros da comunidade. Garantiu que nunca abusou do rapaz. "Como é que é capaz de dizer que foi uma criança de cinco anos que o seduziu?", estranhou a juíza presidente do colectivo, Hermínia Oliveira. "No mosteiro fazia-se tudo menos rezar. A ideia com que ficamos é que é uma autêntica perversão", prosseguiu. O arguido disse ainda que, em Mafra, terá havido problemas com monjas menores e um outro responsável da Igreja, mas o caso terá sido "abafado". O procurador da República garantiu que as denúncias serão investigadas. Na sessão foram ainda ouvidas duas inspectoras da brigada de crimes sexuais da PJ, que afirmaram que a menina falou apenas de abusos cometidos pelo arguido, mas admitiram que a comunidade é muito fechada. "Dava a sensação de ter algum receio de contar certas coisas", disse uma delas.
"Só paga a consulta, o exorcismo é de graça"
Reportagem. Num anúncio de jornal, um 'exorcista católico' oferece os seus serviços, por marcação, denominando-se 'arcebispo da Santa Madre Igreja'. Bispo católico, Jorge Ortiga fala de burla, e a igreja ortodoxa portuguesa, da qual se reclama também, de fraude e "pouca vergonha"
Culto mistura referências cristãs e vende curas
Em representação de D. Alfio Rapisarda, Núncio Apostólico, esteve presente no primeiro dia
Mons. Leo Cushley, Encarregado de Negócios da Santa Sé.
2. O período inicial da primeira sessão contou com a presença dos órgãos de comunicação social e foi preenchido com o discurso de abertura do Presidente da CEP, D. José da Cruz Policarpo, Cardeal-Patriarca de Lisboa. Saudou com amizade o Núncio Apostólico e o Bispo de Viseu, ausentes por motivos de doença.Lamentou o relevo televisivo dado ao caso de um auto-intitulado Arcebispo Metropolita de uma pretensa igreja ortodoxa portuguesa que aceitou “abençoar” a união de dois homossexuais, e denunciou a confusão e a ambiguidade que isso gerou.
RELATIVA A QUEIXA APRESENTADA POR JOSÉ PRETOCONTRA A TVIPOR ALEGADA FALTA DE RIGOR INFORMATIVO E VIOLAÇÃO DO DIREITO À NFORMAÇÃO
(Aprovada em reunião plenária de 6 de Agosto de 2003)
V – CONCLUSÃO
Tendo apreciado uma queixa de José Preto, contra a TVI por alegada falta de rigor informativo na notícia relativa à intervenção da “Igreja Ortodoxa” num alegado “casamento” de homossexuais, emitida no Jornal Nacional de 25 de Abril de 2003, a AACS no âmbito das atribuições que lhe são cometidas pelo artigo 3º al. b) da Lei 43/98 de 6 de Agosto e nos uso das competências que lhe confere a al. n) do artigo 4º da mesma Lei, considerou-a procedente e provada.
Atendendo, porém, à circunstância atenuante extraordinária resultante da tentativa que a própria TVI fez, de imediato, de repor a verdade dos factos e a sua expressa aceitação de que a informação inicial teria sido inexacta e incorrecta, a Alta Autoridade entendeu apenas dever advertir a TVI para a necessidade de ter sempre em conta o cumprimento dos preceitos legais que a obrigam a informar com rigor, usando de todos os meios ao seu alcance para garantir a correcção e a exactidão das informações que transmite, especialmente quando possam pôr em causa o bom nome e a reputação de quaisquer pessoas, singulares ou colectivas. Esta deliberação foi aprovada por unanimidade com votos de Jorge Pegado Liz (Relator), Armando Torres Paulo (Presidente), Sebastião Lima Rego, Manuela Matos, Joel Frederico da Silveira, Carlos Veiga Pereira e José Manuel Mendes.
Alta Autoridade para a Comunicação Social,
6 de Agosto de 2003
O Presidente
Armando Torres Paulo
Juiz Conselheiro
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Padre Búlgaro Luta para Sobreviver e Apoiar Compatriotas
Por ANABELA MENDES
Quinta-feira, 18 de Novembro de 2004
Gotzc Kristov é um padre búlgaro enviado pela igreja ortodoxa do seu país para apoiar a comunidade de imigrante búlgaros residentes em Portugal. Chegou a Lisboa em Dezembro 2003 e entre as dificuldades pessoais e as que tem enfrentado para ajudar os seus compatriotas, Kristov está no limiar da sobrevivência.
Vive num apartamento cedido pela embaixada da Bulgária, dentro do próprio edifício oficial, com duas filhas menores, de quatro e dez anos, a mulher, Diana Hristova, e tem de fazer a sua vida com uma mensalidade de 400 euros, disponibilizada pelo igreja búlgara.
Despesas de saúde, alimentação, vestuário, a escola das filhas, tudo tem de sair deste orçamento diminuto com que Kristov sustenta o agregado familiar. E, mesmo assim, o subsídio vai cessar em Fevereiro de 2005, deixando este padre sem saber muito bem o que fazer à vida.
Para já, ele e Diana procuram emprego. Ele deu aulas na Suiça, onde já cumpriu uma missão, mas reconhece que em Portugal a situação não será tão fácil. Se fala perfeitamente o francês, o mesmo já não pode dizer do português, que é uma língua onde ainda dá os primeiros passos. Por isso, diz-se disposto a aceitar qualquer trabalho que lhe possam dar. Não se pode dar "ao luxo" de ser só padre.
Diana, licenciada em teologia, também tirou um curso de cabeleireira, para o que desse e viesse, mas mesmo assim tem sido complicado. Mais uma vez é a barreira linguística, pois ainda consegue falar pior o português do que o marido. Ninguém a aceita para trabalhar.
Por outro lado, apesar de preocupados com a sua sobrevivência e a das filhas, garantem que o que os deixa mais frustrados é a incapacidade de ajudar os seus compatriotas. E a questão passa por aqui: como é que alguém que não tem nada pode dar alguma coisa a quem precisa?
As solicitações dos imigrantes búlgaros são muitas, pois dos cerca de 13 mil que se estima residirem em Portugal, nem todos ainda conseguiram emprego ou mesmo legalizar a sua situação. Por isso, a necessidade é uma constante.
Kristov celebra missa numa pequena capela nas instalações da embaixada da Bulgária, mas reconhece que não é a situação ideal. "Os imigrantes temem o protocolo, a segurança, não se sentem bem e evitam a igreja. O ideal seria conseguir um pequeno edifício, na cidade, longe de toda a formalidade da embaixada, para criar uma igreja e um centro comunitário", explica.
Mas Kristov não sabe bem a que portas bater e a quem pedir ajuda. Até agora só conseguiu o auxílio de outro padre ortodoxo, residente em Lisboa já há alguns anos. O romeno Marius Pop, que o apresentou formalmente no Patriarcado de Lisboa, mas que apesar da boa vontade ainda não conseguiu resposta para nenhuma das suas necessidades.
À porta da Câmara de Lisboa confessa que ainda não teve coragem de bater. Chegaram-lhe rumores de que "não é fácil ser recebido" e ainda menos "ser ajudado". Por isso, este missionário dos tempos modernos aceita a missão que lhe foi atribuída pela sua igreja com determinação, mas com algum receio à mistura.
Numa cidade desconhecida, numa língua que pouco fala, precisa de criar condições para ajudar a sua comunidade. Dar comida a quem lhe aparece com fome, agasalho a quem não tem roupa, procurar emprego e apoio legal para os que o procuram, arranjar alguém que dê aulas de português aos seus compatriotas, arranjar mesmo um canto onde possa deixar dormir quem não tem tecto.
Mas, primeiro tem ele próprio que encontrar um emprego que lhe permita estabilidade para continuar.
Mudança para o Poço do Bispo não agrada a muitos deles
Romenos à espera de casa
A situação dos candidatos a asilo político que têm estado a viver em tendas na zona de Alcântara continuava ontem por definir, registando-se alguma descoordenação entre os serviços oficiais envolvidos na sua transferência para uma antiga esquadra da PSP. Ao contrário daquilo que o secretário de Estado da Administração Interna afirmara ao PÚBLICO, os ocupantes das tendas não começaram a instalar-se na tarde de anteontem, tendo-se apenas deslocado ao Poço do Bispo para conhecer os antigos pavilhões da PSP. De acordo como director do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), Daniel Sanches, o local ficou disponível durante a manhã de ontem, podendo os cerca de 80 candidatos a refugiados, na sua maioria romenos, mas também alguns búlgaros e zairenses, ocupar as camaratas desde essa altura. A verdade, porém, é que o agente da PSP que durante a tarde guardava a entrada no recinto impediu o acesso de alguns romenos, alegando que não tinha autorização para os deixar entrar. Daniel Sanches admitiu que tenha havido algum problema de comunicação ao nível da PSP e adiantou que o padre Alexandre Bonito, da igreja ortodoxa que tem coordenado o apoio de algumas organizações religiosas aos refugiados deveria chegar ao Poço do Bispo com o primeiro grupo ao fim do dia de ontem. Em Alcântara, na zona da estação marítima, o ambiente que se vivia em volta das tendas e dos velhos automóveis em que se transportam e e vivem os romenos, era ontem à tarde de grande hesitação. Ninguém sabia, em concreto, quando é que começariam a mudar-se para o Poço do Bispo e as opiniões dividiam-se quanto às vantagens desta solução. Alguns consideravam preferível um tecto, mesmo que sem grandes condições, mas outros garantiam que não iriam para a antiga esquadra. «Aquilo são quatro ou cinco quartos com vinte camas cada um, o que força as pessoas à promiscuidade. » A ausência de uma cozinha e de fogões para preparar as refeições era outro dos problemas apontados. Em grande parte jovens, muitos deles trabalhadores qualificados que falam correctamente francês ou inglês, os romenos de Alcântara continuam a sonhar com o Canadá e com um lugar clandestino num qualquer contentor de mercadorias. Não conseguem é entender porque é que não podem trabalhar em Portugal enquanto não lhes respondem ao pedido de asilo político. «Nós não somos ladrões nem traficantes de drogas, queremos é trabalhar», repetem insistentemente. Segundo o director do SEF, todos os candidatos a refugiados deste grupo encontram-se em situação legal e «nenhum dos 74 identificados na sexta-feira apresentou o pedido de asilo antes de Agosto do ano passado». Nos últimos anos, concluiu, Portugal não reconheceu o estatuto de refugiado político a nenhum dos romenos que o têm solicitado.
José António Cerejo
PÚBLICO
1994-01-07