Lisboa, 15 Jan (Ecclesia) – A Igreja Católica está empenhada em estabelecer laços cada vez mais fortes com a comunidade ortodoxa em Portugal. A aposta passa por aspectos como a cooperação ao nível dos sacramentos, a formação na fé e a prática da caridade.
“Houve algumas iniciativas de encontro, aqui entre nós, que não foram bem sucedidas, mas não vamos desistir porque sentimos que é um imperativo da identidade cristã irmos ao encontro dos nossos irmãos” realça D. António Felício, presidente da Comissão Episcopal da Doutrina da Fé e Ecumenismo (CEDFE), em declarações ao Programa da Igreja Católica, na Antena 1.
Um dos objectivos passa pela aprovação de um texto que possibilite “a convergência em pontos essenciais”, como por exemplo no reconhecimento do Baptismo. Recorde-se que o reconhecimento recíproco e oficial do Baptismo, por parte de todas as Igrejas de expressão cristã, é uma condição estabelecida pela Santa Sé no seu “Directório para a aplicação dos princípios e das normas sobre o ecumenismo”.
Em Portugal, este processo já inclui as Igrejas Católica, Presbiteriana, Metodista, Lusitana e Anglicana, baseando-se na colaboração entre a CEDFE e o Conselho Português de Igrejas cristãs.
No que diz respeito à inclusão da Igreja Ortodoxa, o maior obstáculo tem sido encontrar junto daquela comunidade uma instância que garanta unanimidade de opinião, já que “além dos grandes patriarcados ecuménicos, há também as chamadas Igrejas autónomas” recorda o presidente da CEDFE.
D. Manuel Felício aponta como sinal positivo o II Fórum Ecuménico Europeu, de diálogo entre católicos e ortodoxos, que decorreu na Grécia em Outubro do ano passado.
Outra grande oportunidade de reflexão, a nível nacional e mundial, será a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que a Igreja Católica celebra entre 18 e 25 de Janeiro.
O tema escolhido para o Oitavário deste ano – “Unidos no ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fracção do pão e nas orações” – foi extraído do livro bíblico dos Actos dos Apóstolos, apelando ao regresso dos cristãos às origens da primeira Igreja de Jerusalém, espaço físico que evoca o regresso aos aspectos essenciais da fé e à união entre os cristãos.
“É um momento forte e importante, sobretudo para nós aprofundarmos as razões do diálogo ecuménico e as levarmos também ao comum das nossas estruturas eclesiais” defende D. Manuel Felício, para quem “as comunidades cristãs não podem voltar costas a esta responsabilidade”.
O movimento ecuménico, surgido no final do século XIX, desenvolve iniciativas tendentes a favorecer o regresso à unidade dos cristãos, quebrada no passado por diversas rupturas.
O Oitavário pela Unidade da Igreja tem as suas raízes em 1908 e seis décadas depois a iniciativa passou a ser preparada por diversas confissões cristãs, mediante o trabalho conjunto do Conselho Mundial das Igrejas e do actual Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos, da Igreja Católica.
O termo do Oitavário acontece a 25 de Janeiro, data em que a Igreja Católica evoca a conversão do apóstolo São Paulo.
PRE/JCP
Lisboa (Portugal), 04 jan (SIR/RR) - Embora acredite em progressos no diálogo e na paz, o padre Alexandre Bonito, da Igreja Ortodoxa em Portugal, realça que o martírio e o sofrimento pela fé fazem parte da tradição cristã. "Apesar de tudo, os cristãos são, na sua tradição, mártires. Estão habituados a sofrer e a resistir e também são chamas de paz e acabam por conseguir estabelecer o diálogo com os outros. O assunto vai estar cada vez mais na ordem do dia, mas haverá progressos, com certeza". Segundo Alexandre Bonito, há que louvar, acima de tudo, os esforços de reconciliação e de apelo à paz, como os que têm sido protagonizados por Hosni Mubarak, presidente do Egito. "Estes grupos terroristas que, confrontados com a convivência pacífica secular, não se conformam com isso e tentam criar problemas artificialmente, embora seja um sofrimento para as pessoas localmente. Há um esforço enorme do presidente Barak em manter a tranquilidade". Foi precisamente para combater o fundamentalismo e estreitar os laços entre os que trabalham para a paz que Bento XVI convocou para outubro um encontro de líderes religiosos em Assis. Trata-se de uma boa oportunidade, assegura o padre Alexandre Bonito, que considera que o principal problema não é religioso, mas político. "Os encontros de Assis são uma boa oportunidade de reforçar este diálogo, que deve ser permanente. Embora penso que, em relação às religiões, o problema não se coloca - coloca-se mais a nível político", afirma.
A Igreja Católica tem sofrido o efeito perverso da revelação de casos relacionados com pedófilia o que tem ocorrido com quase todas as instituições e Igrejas. Este sofrimento é maior com a Igreja Católica pois ela é uma "instituição de referência" no "ordenamento moral" da sociedade portanto com responsabilidade acrescida e por isto mesmo mais sofredora .
O celibato dos sacerdotes revela-se uma opção duvidosa para os evangélicos, reformados e ortodoxos, pois o pastor enquanto líder espiritual na comunidade tem que ser exemplo perfeito tambem na liderança da sua família .
O sacerdote solteiro na igreja católica ou ainda o "monge honorífico" na igreja ortodoxa tem-se revelado deficiente como orientação e ficamos chocados quando somos confrontados com alguma "desordem moral" colocando as igrejas em situação delicada perante os fiéis que reclamam maior transparência no seio do sistema eclesiástico.
Os críticos encontram aqui terreno fértil , pois a igreja hierárquica está exposta e fragelizada sugeita a uma nova" inquisição mediática".
Padre Alexandre Bonito
Maio de 2010 in "DIARIO DE NOTICIAS"
As Igrejas como centro de referências num mundo sem referências são na actualidade, forças aglutinadoras de espiritualidade e tambem fonte de esperança para o povo que que inevitávelmente espera respostas.
Qualquer que seja a opção tomada no que respeita a politicas de estado contamos sempre com a tranquilidade ancestral das Igrejas que nos inspiram.Os valores e referências éticas são transmitidos não por grupos locais emergentes , mas sim produzidos no maturar dos séculos de vivência espiritual como no estágio de um bom vinho, comparado com o "granel" de algums produtos sem qualidade.Nos estados laicos da Europa os votos da maioria cristã vão democráticamente parar nas mãos dos laicos que decidem os destinos cristãos ,. A crise financeira , pode trazer uma nova ordem onde os cristãos possam influenciar socialmente uma vez que o "dinheiro fácil" acabou. Será que podemos agora assumir as nossas convicções sem complexos à semelhança do Islão? Claro que não pretendemos estados teocráticos mas sim políticas sociais e económicas que contemplem a ética na tradição cristã sem armadilhas dogmáticas. Voltámos à Europa das guerras em que se disputam alianças e interesses. Os centros históricos da cristandade na Europa - Roma ,Istambul(Constantinopla), Madrid , Lisboa, Londres , Moscovo, Atenas, voltam a estar no centro das atenções. Passou a euforia e a utopia deu seus frutos. Quem prega o bem pensa o mal. O Papa e a Igreja Católica são aliados naturais da Igrja de Constantinopla sitiada pelo governo da Turquia na dúvida de ser ou não Europeu. O patriarca Bartolomeo sente-se "crucificado" asfixiado pela intolerancia Turca e ainda confrontado com a tendência da Igreja de Moscovo, que invocando a sua superioridade numérica e agora emergente num nacionalismo avassalador sem contar com a indiferença e derrocada do cristianismo ortodoxo nos Balcãns abrem a necessidade comum da afirmação cristã de forma determinada e não cederem á tentação dos estados laicos da "europa falida" que credita que a Igreja tem dificuldade em acompanhar o desenvolvimento político e social. No quadro da nova Europa geo-religiosa acentuam-se mais os contrastes entre cristãos e islão o que é no mínimo perturbador e é certamente um desafio futuro. O povo de Deus responde ao chamamento interior de forma generosa com resposta simples que caracteriza a fé. A revelação pessoal no colectivo são dimensão do desejo universal de paz e progresso.Todos são chamados a participar de acordo com a sua tradição e respndem inspirados.Qualquer que seja a relação do peregrino que em definição é tão variada quanto a forma de sentir e viver os acontecimentos na participação e vivência única., o chamamento místico ultrapassa sempre a Igreja numa relação pessoal com o sagrado.
Na visita (peregrinação) do Patriarca de Roma (título mais tradicional da Sé de Pedro) todos esperam alguma revelação (apocalipse) pois ele é detentor do segredo (místério).
A nossa curiosidade e espectativa é legítima pois todos acabamos de uma forma "praticante" ou não envolvidos nestes acontecimentos. Fátima chama-nos a participar do mistério enquanto povo , pátria universalista.
Os desafios dos tempos que se aproximão virtiginosamente em termos de dificuldades políticas,sociais ,económicas e financeiras acentuam este lado místico na procura de respostas num mundo que não sabemos interpretar. Os portugueses na sua tradição religiosa muito específica tendo a particularidade de viver a partir de dentro sem qualquer fórmula o que produz diálogo ecuménico de grande actualidade.
in "DIARIO DE NOTICIAS"
11 de Maio de 2010
Padre Alexandre Bonito