No seu primeiro dia de aula, provavelmente na segunda fase do ensino fundamental, um professor de História entrou em sala para discutir a importância do estudo dessa matéria. Tal discussão, sem dúvida, é importante. Afinal, as questões e modos de se investigar o passado nessa nova fase do ensino passam a ser mais complexas e você, enquanto indivíduo em formação, já se mostra tentado a levantar algumas questões mais profundas sobre o que aconteceu no passado.
Sabemos que muitos por aí aprenderam que a História é importante para que não cometamos os mesmos erros do passado, para que tenhamos a oportunidade de organizar o agora e o porvir de modo mais seguro. Sob tal perspectiva, o estudo dos fatos consumados teria um valor estratégico. Em outras palavras, essa ideia sugere que a análise e a crítica do passado determinam o alcance de um futuro livre das mazelas que um dia nos afligiu.
De fato, ao observar esse tipo de uso para o passado, somos tentados a romantizar a História como ferramenta indispensável ao progresso. Contudo, seria mesmo correto dizer que a compreensão do passado garante verdadeiramente uma sociedade ou uma civilização mais aprimorada? Se assim fosse, toda a mazela que a Primeira Guerra Mundial trouxe para a Europa incutiria a “lição” de que uma Segunda Guerra Mundial não deveria acontecer. Mas não foi bem assim que as coisas se deram, não é?
Percebendo esse tipo de incoerência é que temos a chance de intuir que a História não tem essa missão salvadora de alertar ao homem sobre os erros que ele não pode cometer novamente. Na verdade, antes de acreditar que as sociedades e civilizações já cometeram um mesmo equívoco duas vezes, devemos entender que esses homens que são objetos de estudo do passado não pensam, sentem, acreditam ou sonham da mesma forma através dos dias, anos, décadas, séculos e milênios.
Sendo assim, a noção de progresso atribuída à História deve ser abandonada em favor de uma investigação dos valores, das relações sociais, conflitos e outros vestígios que nos mostram a transitoriedade e a mutação dos contextos em que os fatos históricos são consumados. É desse justo modo que passamos a entender que o homem e as sociedades que lutaram e sofreram na Primeira Guerra Mundial não são exatamente os mesmos que surgiram no cenário da Segunda Guerra Mundial.
Feita essa reflexão, não devemos chegar ao ponto de pensar que os contextos e períodos em que a História decorre são radicalmente distintos entre si. De uma época para outra, podemos notar que as sociedades não abandonam seu antigo modo de agir para incorporar uma postura completamente inovadora. Em cada período é necessário reconhecer as continuidades e descontinuidades que mostram a força que o passado possuiu enquanto referencial importante na formação dos indivíduos e das coletividades.
Ao realizar esses apontamentos, não devemos acreditar que o passado não passa de um jogo caótico controlado por jogadores (no caso, os homens) que não sabem definir suas próprias regras. Antes disso, é muito mais interessante notar que esse jogo tem feições múltiplas e que as formas de reconhecer a natureza de suas regras podem se transformar de acordo com a forma que olhamos para o passado.
Sendo assim, a investigação do passado se transforma em um grande debate em que cada interessado tem a oportunidade de mostrar uma riqueza inédita sobre um mesmo tema. Na medida em que isso acontece, não só temos a chance de pensar sobre aquilo que o homem já fez, mas também temos uma maneira curiosa, mesmo que seja pela completa diferença, de debater os nossos valores e questionar o agora com os “olhos” de nossos antepassados.
Por Rainer Sousa
Mestre em História
SOUSA, Rainer Gonçalves. "Afinal, para que serve a História?"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historia/afinal-para-que-serve-historia.htm. Acesso em 07 de fevereiro de 2021.
A história tem uma relação direta com o homem em seu tempo.
A história é uma ciência que estuda a vida do homem através do tempo. Ela investiga o que os homens fizeram, pensaram e sentiram enquanto seres sociais. Nesse sentido, o conhecimento histórico ajuda na compreensão do homem enquanto ser que constrói seu tempo.
A história é feita por homens, mulheres, crianças, ricos e pobres; por governantes e governados, por dominantes e dominados, pela guerra e pela paz, por intelectuais e principalmente pelas pessoas comuns, desde os tempos mais remotos. A história está presente no cotidiano e serve de alerta à condição humana de agente transformador do mundo.
Ao estudar a história nos deparamos com o que os homens foram e fizeram, e isso nos ajuda a compreender o que podemos ser e fazer. Assim, a história é a ciência do passado e do presente, mas o estudo do passado e a compreensão do presente não acontecem de uma forma perfeita, pois não temos o poder de voltar ao passado e ele não se repete. Por isso, o passado tem que ser “recriado”, levando em consideração as mudanças ocorridas no tempo. As informações recolhidas no passado não servirão ao presente se não forem recriadas, questionadas, compreendidas e interpretadas.
A história não se resume à simples repetição dos conhecimentos acumulados. Ela deve servir como instrumento de conscientização dos homens para a tarefa de construir um mundo melhor e uma sociedade mais justa.
Por Lilian Aguiar
Graduada em História
Equipe Escola Kids
Imperialismo e Neocolonialismo
HISTÓRIA GERAL
O imperialismo é caracterizado por uma política de expansão de uma nação sobre outra, e sua manifestação no século XIX é chamada também de neocolonialismo.
O termo imperialismo é utilizado para referir-se às práticas da política em que uma nação buscava promover uma expansão territorial, econômica e/ou cultural sobre outra nação. A utilização da palavra imperialismo pode ocorrer em contextos atuais como, por exemplo, quando um país resolver intervir militarmente em outro.
O termo “imperialismo” também é muito utilizado para fazer referência ao processo de colonização da África, Ásia e Oceania, que se iniciou na segunda metade do século XIX. Esse processo também é conhecido entre os historiadores como neocolonialismo. Durante o neocolonialismo, segundo o historiador Eric Hobsbawm, cerca de 25% das terras do planeta foram ocupadas por alguma potência imperialista|1|.
Eric Hobsbawm também exemplifica por meio de dados estatísticos a dimensão da expansão imperialista na época. As seguintes potências imperialistas tiveram um aumento significativo no tamanho de seus territórios e isso foi motivado pela dominação e a criação de colônias na Ásia, África e Oceania. Segue os dados abaixo|2|:
Inglaterra: teve um aumento de 10 milhões de km2 em seu território.
França: teve um aumento de 9 milhões de km2 em seu território.
Alemanha: teve um aumento de 2,5 milhões de km2 em seu território.
Bélgica e Itália: teve um aumento de 2 milhões de km2 em seu território.
Além dessas, outras nações como Portugal, Espanha, Rússia, Estados Unidos, Japão etc. foram enxergadas como praticantes de políticas imperialistas. A influência do imperialismo sobre o planeta foi tamanho, e continentes como a África, até hoje, colhem as consequências desse processo de dominação colonial.
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Causas do Imperialismo
O imperialismo, na definição dada acima, surgiu como consequência das transformações causadas pela Revolução Industrial. Essa revolução foi iniciada pioneiramente na Inglaterra, na segunda metade do século XVIII, e causou transformações profundas. A partir dela, houve o surgimento da indústria, e mudanças nos modos de produção e nas relações patronais aconteceram.
A Revolução Industrial resultou no surgimento de novas máquinas, novos meios de comunicação, novos meios de transporte e foi responsável pela utilização de combustíveis fósseis. Com o desenvolvimento da indústria, o comércio transformou-se, não somente em nível local, mas também em escala global.
Essa expansão do comércio por meio da Revolução Industrial aconteceu, porque o processo de produção de mercadorias cresceu consideravelmente. Com o crescimento na produção de mercadorias, as nações industrializadas precisaram ampliar seu acesso às matérias-primas utilizadas na produção e também de ampliar a sua capacidade de venda, isto é, eram necessários novos mercados consumidores.
Uma causa que explica, em grande parte, a expansão colonial da segunda metade do século XIX é a busca por novos mercados consumidores, segundo aponta Eric Hobsbawm|3|. Isso porque acreditava-se que a grande quantidade de mercadorias produzidas seria absorvida com a expansão dos mercados consumidores.
Hobsbawm também fala que “o ‘novo imperialismo’” foi o subproduto natural de uma economia internacional baseada na rivalidade entre várias economias industriais concorrentes, intensificada pela pressão econômica dos anos 1888”|4|. Motivadas pela expansão econômica, as nações europeias, principalmente, iniciaram o processo de expansão territorial.
Imperialismo na África
Dentro do processo neocolonialista que aconteceu no século XIX, a ocupação do continente africano teve grande destaque. Isso porque o continente africano foi amplamente impactado pelo imperialismo, uma vez que, no auge do ciclo imperialista (entre 1884 e 1914), o continente teve apenas dois territórios que não foram ocupados: Libéria e Etiópia.
O historiador Valter Roberto Silvério aponta que três acontecimentos entre 1876 e 1880 foram cruciais para iniciar a corrida de ocupação do continente africano.
A Conferência Geográfica de Bruxelas, encontro promovido por Leopoldo II, rei da Bélgica, com o objetivo de desenvolver os interesses dos belgas na região do Congo;
As ações de Portugal para expandir seu domínio sobre as regiões do interior de Moçambique;
A política francesa para promover sua expansão colonial em regiões da África como Egito, Tunísia e Madagascar.
Esses acontecimentos deram início a uma corrida pela ocupação do continente africano que resultou em uma série de atritos entre as nações europeias. Em decorrência disso, Otto von Bismarck, chanceler alemão, buscando defender os interesses da Alemanha e pôr fim a essas disputas, organizou a Conferência de Berlim, entre 1884 e 1885.
Algumas das pautas debatidas na conferência foram as questões relativas à navegação dos rios Congo e Níger, a questão do mapa cor-de-rosa proposto por Portugal, e também foi organizada a divisão do continente africano, isto é, estabelecidas as fronteiras entre as regiões e estipulado quais nações teriam direitos sobre os territórios.
A ocupação do continente africano ocorreu sob a justificativa de ser uma “missão civilizatória”, na qual as nações europeias levaram a civilização para os povos “atrasados” da África. A exploração do continente para fins econômicos também utilizava-se de missionários. Todas essas justificativas utilizadas partiam de ideais racistas, como o darwinismo social, que estipulava que o homem branco era “superior”.
Hoje, sabemos que as justificativas utilizadas não passavam de disfarce para os reais interesses que eram de promover a exploração econômica do continente africano. A ocupação do continente africano, por sua vez, não aconteceu de maneira pacífica, pois os povos africanos lançaram dura resistência contra a presença europeia.
Consequências
O imperialismo foi muito forte no mundo, durante o período citado (entre 1884 e 1914), mas a presença de europeus como colonizadores na África e na Ásia ocorreu até a segunda metade do século XX. O imperialismo deixou graves consequências nesses locais, como:
A demarcação de fronteiras artificiais gerou impactos negativos até hoje na África e causou inúmeras tensões entre as nações africanas.
Durante o neocolonialismo, surgiu uma série de disputas étnicas influenciadas por ação europeia. Um dos casos mais notáveis aconteceu em Ruanda, região que havia feito parte do Congo Belga. Em 1994, um massacre de grandes proporções aconteceu no país, e hutus foram responsáveis pela morte de aproximadamente 1 milhão de tutsis.
A exploração econômica deixou marcas profundas e, até hoje, a maioria absoluta dos países africanos sofre com economias instáveis.
Os nativos foram sujeitos a uma violência escabrosa. Um caso notável foi no Congo Belga, quando 10 milhões de pessoas morreram fruto da violência colonial dos belgas.
|1| HOBSBAWM, Eric. A Era dos Impérios 1875-1914. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014, p. 97.
SILVÉRIO, Valter Roberto. Síntese da coleção História Geral da África: século XVI ao século XX. Brasília: UNESCO, MEC, UFSCar, 2013, p. 341.
Por Daniel Neves
Graduado em História
SILVA, Daniel Neves. "Imperialismo"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/a-ideologia-imperialista.htm. Acesso em 06 de agosto de 2020.
darwinismo social.
A principal hipótese para a legitimação do domínio imperialista europeu sobre a África e a Ásia foi a utilização ideológica de teorias raciais europeias provenientes do século XIX. As que mais se destacaram foram o evolucionismo social e o darwinismo social.
Um dos discursos ideológicos que “legitimariam” o processo de domínio e exploração dos europeus sobre asiáticos e africanos seria o evolucionismo social. Tal teoria classificava as sociedades em três etapas evolutivas: 1ª) bárbara; 2ª) primitiva; 3ª) civilizada. Os europeus se consideravam integrantes da 3ª etapa (civilizada) e classificavam os asiáticos como primitivos e os africanos como bárbaros. Portanto, restaria ao colonizador europeu a “missão civilizatória”, através da qual asiáticos e africanos tinham de ser dominados. Sendo assim, estariam estes assimilando a cultura europeia, podendo ascender nas etapas de evolução da sociedade e alcançar o estágio de civilizados.
O domínio colonial, a conquista e a submissão de continentes inteiros foram legal e moralmente aceitos. Desse modo, os europeus tinham o dever de fazer tais sociedades evoluírem.
O darwinismo social se caracterizou como outra teoria que legitimou o discurso ideológico europeu para dominar outros continentes. O darwinismo social compactuava com a ideia de que a teoria da evolução das espécies (Darwin) poderia ser aplicada à sociedade. Tal teoria difundia o propósito de que na luta pela vida somente as nações e as raças mais fortes e capazes sobreviveriam.
A partir de então, os europeus difundiram a ideia de que o imperialismo, ou neocolonialismo, seria uma missão civilizatória de uma raça superior branca europeia que levaria a civilização (tecnologia, formas de governo, religião cristã, ciência) para outros lugares. Segundo o discurso ideológico dessas teorias raciais, o europeu era o modelo ideal/ padrão de sociedade, no qual as outras sociedades deveriam se espelhar. Para a África e a Ásia conseguirem evoluir suas sociedades para a etapa civilizatória, seria imprescindível ter o contato com a civilização europeia.
Hoje sabemos que o evolucionismo social e o darwinismo social não possuem nenhum embasamento ou legitimidade científica, mas no contexto histórico do século XIX foram ativamente utilizados para legitimar o imperialismo, ou seja, a submissão, o domínio e a exploração de continentes inteiros.
O imperialismo (XIX) é a principal causa da miséria econômica de países africanos e asiáticos atualmente
Publicado por: Leandro Carvalho
https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/darwinismo-social-imperialismo-no-seculo-xix.htm
Imperialismo, Gobineau e o racismo.
as diferenças entre os colonialismos do século XVI e os do século XIX.
as justificativas e formas do imperialismo do século XIX; o darwinismo social, o desenvolvimento capitalista e o imperialismo direto e indireto;
os principais impérios do século XIX: Inglaterra, França, Estados Unidos e Alemanha;
a Conferencia de Berlim e suas consequências: aumento dos conflitos nas regiões dominadas e entre as potências europeias.
Gobineau – “Ensaio sobre as desigualdades das raças humanas”
Está obra procurou sustentar as superioridades raciais europeia durante a expansão imperialista no século XIX.
“L’ Emigration au Brésil”.
Incentivava os franceses a vir para cá; diminuição gradual da população brasileira miscigenada em 270 anos.
Gobineau, não era o único a defender a superioridade dos europeus brancos, trata-se de um conceito de evolução linear. Os europeus eram o ápice, desprezando as culturas dos povos dominados, provando sua inferioridade, com argumentos biológicos influenciados por Darwin e econômico de Adam Smith.
Os povos dominados pelos europeus ou que viviam à sua margem estariam, segundo essas ideias, em etapas anteriores da evolução.
Há alguma relação entre a constituição étnica dos brasileiros e o subdesenvolvimento do país?
Quais os argumentos para justificar, positivamente, a pergunta anterior?
Quais os argumentos para justificar, negativamente, a primeira pergunta?
Qual a relação entre o texto de Gobineau e a imigração europeia no Brasil?
Estas teorias racistas do século XIX vieram para justificar o domínio de áreas “menos desenvolvidas” e influenciar a imigração europeia para o Brasil.
Temos de ter uma postura de tolerância, pois como vemos hoje no Brasil a diversidade étnica não segue a Teoria de Gobineau, e sim uma diversidade cada vez maior, tanto cultural como artístico.
https://estudossobrehistoriapress.wordpress.com/2012/11/07/imperialismos-gobineau-e-o-racismo/
https://forms.gle/2EWnZNibvK2XmJoR6
https://forms.gle/bt9Xuir39iuhhUHV9
Segunda Revolução Industrial
HISTÓRIA GERAL
A Segunda Revolução Industrial foi a continuação do processo de revolução na indústria, por meio da melhoria de técnicas, da criação de máquinas e de novos meios de produção.
A Segunda Revolução Industrial iniciou-se na segunda metade do século XIX, entre 1850 e 1870, e finalizou-se no fim do Segunda Guerra Mundial, entre 1939 e 1945. Essa fase da Revolução Industrial representa o início de um novo período da industrialização, vivida inicialmente na Inglaterra, mas que se expandiu para outros países.
As fases da Revolução Industrial simbolizam um novo patamar alcançado no desenvolvimento da civilização humana, no que diz respeito aos avanços tecnológicos, ao surgimento de novas indústrias, bem como à capacidade produtiva de cada uma delas. Sendo assim, não se pode considerar que houve rupturas ao longo da Revolução Industrial, mas sim o alcance de novos níveis de industrialização. Esse movimento foi dividido em fases apenas em termos didáticos.
O que foi?
A Segunda Revolução Industrial corresponde à continuidade do processo de revolução na indústria. O aprimoramento de técnicas, o surgimento de máquinas e a introdução de novos meios de produção deram início a um novo momento. A industrialização que, antes, limitava-se à Inglaterra, expandiu-se para outros países, como Estados Unidos, França, Rússia, Japão e Alemanha.
O ferro, o carvão e a energia a vapor, característicos da primeira fase da Revolução Industrial, agora dão lugar aos representantes da segunda fase: o aço, a eletricidade e o petróleo.
As tecnologias introduzidas nesse período possibilitaram a produção em massa, a automatização do trabalho e o surgimento de diversas indústrias, em especial as indústrias elétrica e química. Houve também um aumento considerável de empresas e o aprimoramento das indústrias siderúrgicas.
As ferrovias expandiram-se, possibilitando o escoamento dos bens produzidos e o aumento do mercado consumidor. Surgiram, durante a Segunda Revolução Industrial, diversos inventos que modificaram toda a organização social e criaram novas relações, sejam essas sociais, de trabalho e até mesmo entre o ser humano e o meio.
Os novos meios de produção desencadearam, nesse período, a introdução de modos de organização da produção industrial que se preocupavam com a produção a menor custo e menor tempo, ou seja, a racionalização do trabalho. Esses modos de organização ficaram conhecidos como taylorismo e fordismo.
Taylorismo
Teve início no começo do século passado, tinha como objetivo principal dinamizar o trabalho na indústria. O criador desse sistema produtivo foi Frederick Taylor, que acreditava na especialização de tarefas, ou seja, o trabalhador desenvolvia uma única atividade, por exemplo, alguém que colocava os faróis nos automóveis na indústria automobilística faria apenas isso o dia todo sem conhecer os procedimentos das outras etapas da produção, além de monitorar o tempo gasto para a realização de tarefas e premiação àqueles que tivessem um grande rendimento em seu trabalho.
Fordismo
Essa modalidade de produção foi criada a partir do Taylorismo, com seu mentor Henry Ford na década de 20. Sua ideia foi elaborada em sua própria indústria de automóvel, a Ford, baseado na especialização da função e na instalação de esteiras sem fim na linha de montagem, à medida que o produto deslocava na esteira o trabalhador desenvolvia sua função. Com isso, visava diminuir o tempo gasto no trabalho, aumentar a produtividade, diminuir o custo de produção e, principalmente, realizar a produção em massa para o consumo ocorrer no mesmo passo.
Causas
A Segunda Revolução Industrial teve como principais causas fatores relacionados às Revoluções Burguesas, como a Revolução Francesa e a Revolução Inglesa, ocorridas entre os anos de 1640 e 1850.
Essas revoluções estavam pautadas no pensamento liberal e foram influenciadas também pelo iluminismo, sendo responsáveis pelo desenvolvimento das relações capitalistas de produção e também pela dominação social nesse período. A burguesia era a classe dominante em diversos países, apesar de subordinada à Igreja e à monarquia.
As Revoluções Burguesas foram responsáveis pelo fim do Antigo Regime e também pelo fortalecimento do capitalismo, o que acabou possibilitando o desenvolvimento industrial. Houve, nesse momento, um grande avanço tecnológico, a instalação de novas indústrias e a ampliação da produção.
O capitalismo financeiro surge durante a Segunda Revolução Industrial, devido à instalação de grandes empresas que passaram a monopolizar os setores industriais e de mercado. O capitalismo passa então a uma nova fase, assim como passa a representar esse período da Revolução Industrial.
Relação com o imperialismo
A introdução de processos automatizados e as correias transportadoras nas indústrias aumentaram significativamente a produção industrial.
A inserção de novas técnicas, o aprimoramento de novos meios de produção e o aumento das fábricas, apesar de terem impulsionado o desenvolvimento industrial e aumentado a produtividade e os lucros, acabaram gerando bastante desemprego naquele período, empobrecendo a classe trabalhadora. A mão de obra foi substituída por máquinas, processos automatizados e correias transportadoras. Ou seja, a manufatura deu lugar à maquinofatura.
Essa nova realidade fez com que a classe trabalhadora não fosse capaz de consumir tudo que era produzido, o que acabou gerando um grande excedente na produção, diminuindo os lucros e causando diversos prejuízos.
Os países capitalistas, como Alemanha e Estados Unidos, necessitavam então ampliar seu mercado consumidor, expandindo-o geograficamente para além dos territórios europeus. Além disso, precisavam também buscar matéria-prima suficiente para suprir a produção. Surge, nesse momento, o que ficou conhecido como: imperialismo.
O imperialismo corresponde às ações e medidas tomadas por países que pretendiam expandir seus territórios por meio da dominação de outros territórios. Essa dominação pode ser de ordem cultural, política ou econômica.
Consequências
Uma das principais consequências da Segunda Revolução Industrial foi o aumento significativo da produtividade nas indústrias.
As consequências da Segunda Revolução Industrial podem ser vistas tanto na economia quanto na sociedade. O desenvolvimento tecnológico propiciou a produção em massa e uma nova forma de organização do trabalho, dando origem a novas relações entre os empregadores e empregados. Com o monopólio das grandes empresas, que, sozinhas, dominavam o mercado, houve concentração do capital e desvalorização da mão de obra.
Houve a substituição do ferro pelo aço, que passou então a ter um papel fundamental nas indústrias. O aço passou a ser utilizado nas ferrovias, na indústria naval e na fabricação de armamentos, por exemplo.
Até a primeira fase da Revolução Industrial, a indústria química ainda não tinha ganhado destaque, o que mudou com o início da segunda fase. Nessa foram desenvolvidos remédios, fertilizantes, adubos, papel e uma diversidade de produtos que modificaram a vida das pessoas.
A eletricidade que, antes, limitava-se apenas ao desenvolvimento de pesquisas laboratoriais, agora faz parte não só das indústrias mas também do dia a dia de toda a população. A substituição da energia a vapor pela energia elétrica possibilitou o melhor desenvolvimento das indústrias, bem como permitiu criar diversos instrumentos que facilitariam a produção. A eletricidade passou a ser utilizada também para iluminação e transporte, com o trem elétrico, e possibilitou diversos avanços no campo da comunicação.
O uso do petróleo como fonte de energia também foi responsável por diversas alterações na sociedade e na indústria. Surgiram, nesse período, os motores de combustão, a gasolina e a gás. A substituição gradativa do carvão pelo petróleo gerou um novo significado à indústria, pois o uso do segundo possibilitou produção maior quando comparada à que utiliza o primeiro como fonte de energia.
A introdução desses elementos na indústria durante a Segunda Revolução Industrial permitiu o aumento da produção de alimentos com as técnicas inseridas na produção agrícola. Essa, que antes era de subsistência, em sua maior parte passa a atender o mercado consumidor.
Apesar desses inúmeros avanços alcançados, a Segunda Revolução Industrial provocou algumas alterações negativas. Um exemplo foi o intenso êxodo rural motivado pela substituição da mão de obra por máquinas, fazendo com que muitos trabalhadores deixassem o meio rural e dirigissem às cidades. Iniciou-se, nesse momento, o processo de urbanização, e, com ele, começaram alguns problemas, como o inchaço urbano e a favelização. O desemprego, que significou muita mão de obra disponível, desencadeou o aumento da pobreza, da violência e da desvalorização do trabalho.
→ Invenções do período
Bateria química
Indução eletromagnética
Lâmpada de filamento
Tração elétrica
Motores elétricos
Cabo submarino de comunicações
Telefone
Telégrafo sem fio
Ondas de rádio
A Segunda Revolução Industrial representou o aumento de indústrias e a inserção de novos meios de produção.
Trustes, cartéis e holdings
O capitalismo financeiro, por meio dos trustes, cartéis e holdings, provoca uma perda da livre concorrência entre as empresas no mundo.
O sistema capitalista atravessa, atualmente, o seu período de maior ápice, haja vista o seu estabelecimento em todo o mundo, consolidado pelo avanço do processo de Globalização. A sua fase atual, chamada de Capitalismo Financeiro e operada pelo meio informacional, adquire, entre várias outras características, o âmbito da especulação financeira e, de certa forma, do monopolismo.
Embora o capitalismo considere entre as suas premissas mais básicas a necessidade da livre concorrência, o que se observa é a busca, por parte da maioria das empresas, de evitá-la ou atenuar os seus efeitos. Para isso, várias estratégias são desenvolvidas, com destaque para a formação dos trustes, cartéis e holdings.
Os trustes correspondem à fusão ou união entre duas empresas de um mesmo ramo ou de áreas diferentes da economia, constituindo uma única companhia ou um grupo de associados de maior porte. Essa forma de monopólio é muito utilizada por grandes empresas que se vêm ameaçadas pelo crescimento de pequenas concorrentes em fase de rápido crescimento, mas também pode envolver empresas de porte maior.
Além de buscar a diminuição da concorrência, os trustes podem ser realizados quando uma empresa decide expandir o seu mercado para outros ramos da economia. Exemplo: uma companhia do ramo de bebidas adquire ou se funde com outra empresa do ramo alimentício ara aumentar a sua área de atuação.
Apesar de não ser considerada uma atividade ilegal, existem várias leis e estatutos elaborados para conter a expansão dos trustes e evitar um total descontrole do mercado global. Em 1890, nos Estados Unidos, foi sancionada a Lei Sherman Antitruste – uma lei para limitar os trustes e garantir a livre concorrência –, e ainda hoje pode haver restrições – nem sempre concretizadas – para a fusão entre duas grandes empresas que controlem parte do mercado consumidor.
Os cartéis, por sua vez, são uniões secretas ou não oficialmente divulgadas entre empresas concorrentes para ajustar o preço de suas mercadorias de modo a manter o interesse e evitar a perda de lucros em razão da disputa de mercado. Trata-se de uma prática considerada ilegal no contexto legislativo de praticamente todos os países existentes, embora seja amplamente praticada. Existe, até mesmo, um cartel envolvendo países no ramo petrolífero, a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). Eventualmente, os seus membros reúnem-se e estabelecem os ajustes no preço desse recurso com base nas oscilações do sistema financeiro.
Existem também muitos trustes ou empresas pertencentes a um mesmo grupo de investidores que realizam cartéis no preço de suas mercadorias, o que nem sempre é devidamente diagnosticado pelas entidades públicas de controle e fiscalização. Essa configuração é considerada um problema, pois eleva o preço dos produtos e diminui o poder de compra do consumidor, o que reduz a movimentação da economia e a geração de riquezas.
As holdings são, nesse contexto, o conjunto de diferentes companhias dominadas por uma organização central, responsável por administrar a maior parte ou todas as suas respectivas ações. Em muitos casos, as holdings formam conglomerados compostos por inúmeras empresas dos mais diversos segmentos e até concorrentes entre si.
Na fase atual do capitalismo e da globalização, um dos aspectos mais marcantes é a expansão das holdings pelo mundo. Recentemente, uma pesquisa efetuada nos Estados Unidos e divulgada pelo site Mic evidenciou o controle exercido por dez grandes conglomerados internacionais que controlam quase tudo o que consumimos. O maior produto dessa pesquisa realizada foi a divulgação de um gráfico em forma de imagem, chamado de “Illusion of Choice” (Ilusão de Escolha), que pode ser acessado clicando aqui.
Embora alguns produtos existentes no gráfico não façam parte diretamente da nossa realidade, uma vez que a imagem se encontra nos parâmetros dos Estados Unidos, e não do Brasil, podemos, ainda sim, reconhecer várias das marcas que fazem parte do nosso dia a dia e como muitas delas pertencem a uma mesma holding. Além dessas, existem outras holdings de menor porte que atuam no Brasil ou em mercados mais regionais e que exercem um poder de mercado relativamente forte, tais como a Ambev, a Positivo, a ItaúSA e outras.
Bibliografias:
PENA, Rodolfo F. Alves. "Trustes, cartéis e holdings"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/trustes-carteis-holdings.htm. Acesso em 22 de fevereiro de 2021.
SOUSA, Rafaela. "Segunda Revolução Industrial"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/segunda-revolucao-industrial.htm. Acesso em 22 de fevereiro de 2021.
FREITAS, Eduardo de. "Modalidades de produção industrial"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/modalidades-producao-industrial.htm. Acesso em 22 de fevereiro de 2021.
Primeira Guerra Mundial
HISTÓRIA GERAL
A Primeira Guerra Mundial foi um conflito que ocorreu entre 1914 e 1918 e ficou muito conhecida em razão dos combates que aconteciam nas trincheiras.
A Primeira Guerra Mundial foi um marco na história da humanidade. Foi a primeira guerra do século XX e o primeiro conflito em estado de guerra total – aquele em que uma nação mobiliza todos os seus recursos para viabilizar o combate. Estendeu-se de 1914 a 1918 e foi resultado das transformações que aconteciam na Europa, as quais fizeram diferentes nações entrar em choque.
O resultado da Primeira Guerra Mundial foi um trauma drástico. Uma geração de jovens cresceu traumatizada com os horrores da guerra. A frente de batalha, sobretudo a Ocidental, ficou marcada pela carnificina vivida nas trincheiras e um saldo de 10 milhões de mortos. Os desacertos da Primeira Guerra Mundial contribuíram para que, em 1939, uma nova guerra acontecesse.
Causas
As causas da Primeira Guerra Mundial são extremamente complexas e envolvem uma série de acontecimentos não resolvidos que se arrastavam desde o século XIX: rivalidades econômicas, tensões nacionalistas, alianças militares etc.
De maneira geral, os principais fatores que contribuíram para o início da Primeira Guerra Mundial foram:
disputas imperialistas;
nacionalismos;
alianças militares;
corrida armamentista.
Na questão imperialista, o enfoque pode ser dado ao temor que a ascensão da Alemanha gerou em nações como Rússia, França e Grã-Bretanha. Os alemães haviam passado pelo processo de unificação na segunda metade do século XIX e, após isso, lançaram-se à busca de colônias para seu país. Isso prontamente chamou a atenção da França, por exemplo, que via seus interesses serem prejudicados com o fortalecimento alemão.
A questão dos nacionalismos envolveu diferentes nações. A Alemanha encabeçava um movimento conhecido como pangermanismo. Esse movimento nacionalista servia como suporte ideológico para o Império Alemão defender os seus interesses de expansão territorial no começo do século XX. O pangermanismo ainda se expressava nas questões econômicas, pois os alemães pretendiam colocar-se como a força econômica e militar hegemônica da Europa.
Na questão nacionalista, havia também o revanchismo francês. Essa questão envolvia os ressentimentos que existiam na França a respeito do desfecho da Guerra Franco-Prussiana, conflito travado entre Prússia e França em 1870 e 1871. A derrota francesa foi considerada humilhante, principalmente por dois fatores: a rendição ter sido assinada na Galeria dos Espelhos, no Palácio de Versalhes, e pela perda da Alsácia-Lorena. Após o fim desse conflito, a Prússia autoproclamou-se como Império Alemão.
A questão nacionalista mais complexa envolvia os Bálcãs, região no sudeste do continente europeu. No começo do século XX, os Bálcãs eram quase inteiramente dominados pelo Império Áustro-Húngaro, que estava em ruínas por causa da multiplicidade de nacionalidades e movimentos separatistas que existiam em seu território.
A grande tensão nos Bálcãs envolvia a Sérvia e a Áustria-Hungria na questão referente ao controle da Bósnia. Os sérvios lutavam pela formação da Grande Sérvia e, por isso, desejavam anexar a Bósnia ao seu território (a Bósnia era parte da Áustria-Hungria desde 1908 oficialmente). Esse movimento nacionalista de sérvios era apoiado pela Rússia por meio do pan-eslavismo, ideal em que todos os eslavos estariam unidos em uma nação liderada pelo czar russo.
Tendo em vista todo esse quadro de tensão e rivalidades, as nações europeias meteram-se em um labirinto de alianças militares, que acabou sendo definido da seguinte maneira:
Tríplice Entente: formada por Rússia, Grã-Bretanha e França.
Tríplice Aliança: formada por Alemanha, Áustria-Hungria, Império Otomano e Itália.
Esses acordos militares incluíam cláusulas secretas de cooperação militar caso uma nação fosse atacada por outra nação adversária. Por fim, toda essa hostilidade deu a garantia para todas as potências e chefes de Estado na Europa de que a guerra era apenas questão de tempo. Por essa razão, as nações europeias iniciaram uma corrida armamentista com o objetivo de se fortalecer para o conflito que ocorreria.
O que faltava para que a guerra tivesse início era um estopim, que aconteceu em 28 de junho de 1914, durante a visita do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austríaco, a Sarajevo, capital da Bósnia. A visita do arquiduque foi entendida como uma provocação e colocou em movimento os grupos nacionalistas que existiam na Sérvia e Bósnia.
O resultado da visita do arquiduque foi que Gavrilo Princip, membro de um movimento nacionalista bósnio, armado de um revólver, meteu-se à frente do carro que levava Francisco Ferdinando e sua esposa, Sofia. Ele abriu fogo, assassinando ambos. A consequência direta do ato foi uma crise política gravíssima que ficou conhecida como Crise de Julho.
Como não houve saída diplomática para a Crise de Julho, a consequência final foram declarações de guerra acontecendo em cadeia. Em 29 de julho, a Áustria declarou guerra à Sérvia; no dia 30, russos (em defesa da Sérvia), alemães e austríacos mobilizaram seus exércitos. Em 1º de agosto, a Alemanha declarou guerra à Rússia e, no dia 3, à França. No dia 4, o Reino Unido declarou guerra à Alemanha. Era o começo da Primeira Guerra Mundial.
Países envolvidos
Como mencionado no texto, os dois grupos que lutaram entre si na Primeira Guerra Mundial ficaram conhecidos como Tríplice Aliança (as principais forças eram a Alemanha, Áustria-Hungria, Império Otomano e Itália) e Tríplice Entente (as principais forças eram a Rússia, Grã-Bretanha e França). No caso da Itália, o país fazia parte da Tríplice Aliança, mas recusou-se a participar da guerra quando ela se iniciou. Em 1915, a Itália aderiu à Tríplice Entente.
Naturalmente, a Primeira Guerra Mundial não se resumiu ao envolvimento desses países, pois diversas outras nações envolveram-se no conflito. No lado da Entente, países como Grécia, Estados Unidos, Canadá, Japão e até mesmo o Brasil entraram no confronto. No lado da Tríplice Aliança, houve a participação da Bulgária e de outros povos e Estados clientes, como o Sultanato de Darfur.
Onde ocorreu a Primeira Guerra Mundial?
Os combates da Primeira Guerra Mundial, em sua maioria, aconteceram no continente europeu. Na Europa, destacaram-se a Frente Ocidental, em que os alemães lutaram contra franceses e britânicos, e a Frente Oriental, em que os alemães lutaram contra sérvios e russos. Durante a guerra, houve também batalhas no Oriente Médio, isto é, nas regiões que estavam sob domínio do Império Otomano.
Fases da Primeira Guerra
Utilizando a classificação do estudioso Luiz de Alencar Araripe, a Primeira Guerra Mundial pode ser dividida em duas grandes fases1. A primeira fase ficou conhecida como Guerra de Movimento e aconteceu entre agosto e novembro de 1914. A segunda fase ficou conhecida como Guerra de Trincheiras e ocorreu entre 1915 e 1918.
Da primeira fase da guerra, destacou-se o plano alemão de invasão da França pelo território belga, o chamado Plano Schlieffen. Esse plano foi elaborado pelo conde Alfred von Schlieffen e consistia basicamente em uma manobra para envolver as tropas francesas e conquistar Paris, a capital da França.
Poucos meses depois que os franceses conseguiram impedir os alemães de conquistar Paris, iniciou-se a segunda fase da guerra, caracterizada pelas trincheiras. As trincheiras eram corredores subterrâneos construídos para abrigar os soldados e separar os exércitos que lutavam entre si. Muitas vezes, a distância entre uma trincheira e outra era mínima.
O espaço entre as trincheiras era conhecido como “terra de ninguém” e era preenchido com sacos de areia, arames farpados e tudo que fosse necessário para garantir a proteção das tropas e para informar que tropas inimigas aproximavam-se. Durante a guerra de trincheiras, foram utilizadas pela primeira vez armas químicas. Os alemães inicialmente utilizaram gás clorídrico, que, com o tempo, também passou a ser utilizado por franceses e britânicos. Por fim, o gás clorídrico foi substituído pelo gás mostarda.
A respeito dos horrores da Guerra de Trincheiras travada na Frente Ocidental, vale ressaltar o relato feito pelo historiador Eric Hobsbawm:
Milhões de homens ficavam uns diante dos outros nos parapeitos de trincheiras barricadas com sacos de areia, sob as quais viviam como – e com – ratos e piolhos. De vez em quando seus generais procuravam romper o impasse. Dias e mesmo semanas de incessante bombardeio de artilharia […] “amaciavam” o inimigo e o mandavam para baixo da terra, até que no momento certo levas de homens saíam por cima do parapeito, geralmente protegido por rolos e teias de arame farpado, para a “terra de ninguém”, um caos de crateras de granadas inundadas de água, tocos de árvore calcinadas, lama e cadáveres abandonados, e avançavam sobre as metralhadoras, que os ceifavam, como eles sabiam que aconteceria2.
Na Frente Ocidental, destacaram-se batalhas como Verdun e Somme em que a luta nas trincheiras causou a morte de milhões de soldados de ambos os lados. Na Frente Oriental, os alemães conseguiram impor pesadas derrotas aos russos em batalhas como a de Tannenberg, garantindo grandes conquistas territoriais.
A violência da guerra também foi destacada durante os combates que aconteceram na Sérvia. No Oriente Médio, destacou-se a perseguição que o Império Otomano promoveu contra os armênios, o que levou ao Genocídio Armênio. A Primeira Guerra também registrou combates aéreos e uma disputa acirrada entre alemães e britânicos no mar.
Em 1917, os Estados Unidos, presididos por Woodrow Wilson, entraram na guerra quando uma embarcação britânica foi atacada por alemães, causando a morte de mais de uma centena de americanos. Nesse mesmo ano, os russos, fragilizados por tantas derrotas e por uma crise econômica duríssima, retiraram-se da guerra, e a Revolução Russa consolidou o socialismo no país.
A Primeira Guerra Mundial encerrou-se como resultado do esfacelamento das forças da Tríplice Aliança. Bulgária, Áustria-Hungria e Império Otomano renderam-se, sobrando apenas a Alemanha. O Império Alemão, arrasado pela guerra, também se rendeu após uma revolução estourar no país e levar ao fim da monarquia alemã. Aqueles que implantaram a república no país (os social-democratas) optaram por um armísticio para colocar fim à guerra após quatro anos.
Consequências
Como consequência do armísticio e da derrota alemã, foi assinado em junho de 1919 o Tratado de Versalhes. A assinatura desse tratado aconteceu exatamente no mesmo local onde os franceses haviam ratificado sua derrota em 1871. Dessa vez, os derrotados eram os alemães, que assinavam um tratado que impunha termos duríssimos à Alemanha.
A Alemanha perdeu todas as suas colônias ultramarinas, além de territórios na Europa. Foi obrigada a pagar uma multa pesadíssima, que arrastou o país pra uma crise econômica sem precedentes na sua história. Suas forças militares foram restritas a 100 mil soldados de infantaria. A rigidez dos termos do Tratado de Versalhes é entendida pelos historiadores como a porta que deu abertura para o surgimento e crescimento do nazismo.
O fim da guerra também marcou a reconfiguração do mapa europeu por causa do esfacelamento dos Império Alemão, Austro-húngaro e Otomano. Diversas novas nações surgiram, como Polônia, Finlândia, Iugoslávia etc.
Segunda Guerra Mundial
Os termos que os franceses e britânicos impuseram à Alemanha foram encarados pelos historiadores como paz punitiva. O objetivo era enfraquecer a Alemanha de tal maneira que outra guerra da magnitude da Primeira Guerra Mundial não acontecesse. Britânicos e franceses fracassaram nesse objetivo, já que vinte anos depois uma nova guerra começou na Europa: a Segunda Guerra Mundial.
Resumo
A Primeira Guerra Mundial foi um conflito que aconteceu entre 1914 e 1918, e os principais cenários de guerra ocorreram no continente europeu. Foi resultado de inúmeros fatores, como a rivalidade econômica, ressentimentos por acontecimentos passados e questões nacionalistas. Teve como estopim o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando e sua esposa, Sofia, em Sarajevo, na Bósnia, em junho de 1914.
Estendeu-se por quatro anos em duas fases distintas: Guerra de Movimento e Guerra de Trincheira. A última fase é a mais conhecida por ter sido a mais longa (de 1915 a 1918) e por ter sido efetivamente caracterizada por um alto grau de mortalidade dos soldados envolvidos. O saldo do conflito foi, aproximadamente, 10 milhões de mortos e uma Europa totalmente transformada.
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/primeira-guerra.htm
1 ARARIPE, Luiz de Alencar. Primeira Guerra Mundial. In.: MAGNOLI, Demétrio (org.). História das Guerras. São Paulo: Contexto, 2013, p. 332.
2 HOBSBAWM, Eric. A Era dos Extremos: o breve século XX 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 33.
Por Daniel Neves
Graduado em História
REVOLUÇÃO RUSSA
O Império Russo passava por uma grande crise no início do século XX:
– o imenso território era governado por um imperador absolutista (o czar) a partir de São Petersburgo. O ultimo czar foi Nicolau II (1894-1917)
– a economia russa era basicamente agrícola e a propriedade da terra estava concentrada nas mãos da nobreza russa e do clero, submetidos ao czar. Eram somente essas classes sociais que possuíam direitos na Rússia
– 80% da população eram formados por camponeses vivendo em condições miseráveis
– em torno de 40% da população eram de outra nacionalidade (não russa) e vivia em condições piores que a dos russos
– no final do século XIX a Rússia passou por um processo de industrialização dependente do capital estrangeiro (inglês e francês). Nas cidades industriais as condições de vida dos trabalhadores eram, muitas vezes, piores que a dos camponeses
A derrota russa na Guerra Russo-Japonesa (1904) aumentou o endividamento do Estado. Várias revoltas populares estouraram e foram duramente massacradas. Dentre elas, o episódio mais conhecido foi o “Domingo Sangrento” (1905): centenas de trabalhadores pretendiam levar ao czar um abaixo-assinado reivindicando melhores condições de vida e reforma política. Apesar desse movimento ter sido pacifico, os trabalhadores foram recebidos a tiros e mais de mil pessoas foram mortas.
Ao mesmo tempo intelectuais, profissionais liberais e capitalistas também passaram a criticar o czarismo. O czar Nicolau II tentou amenizar a situação prometendo a convocação da Assembléia Nacional (Duma). Várias Dumas foram convocadas e fechadas, o que aumentou ainda mais as criticas ao czar.
Os partidos políticos eram proibidos, mas vários existiam na clandestinidade, sendo alguns deles inspirados pelos ideais marxistas e outros pelo modelo liberal europeu. Muitos dos líderes desses partidos tinham sido exilados, mas continuavam atuando, a partir do exterior, para derrubar o czarismo.
Quanto mais a insatisfação das massas populares aumentava, mais esses partidos ganhavam força. Os bolcheviques (“maioria”) do Partido Operário Social-Democrático Russo (marxista) foi o grupo que mais conseguiu destaque nesse cenário de crise. Além disso, em diversas regiões, os próprios trabalhadores passaram a se organizar em conselhos, chamados de sovietes.
Revolução Branca e Revolução Vermelha
A entrada do Império Russo na I Guerra Mundial levou a uma grave crise socioeconômica. Em fevereiro de 1917 o czar abdicou, pondo fim ao czarismo. Em seu lugar assumiu um Governo Provisório, inspirado no modelo liberal europeu (Revolução Branca). Mas esse novo governo não atendeu a principal reivindicação popular: a retirada da Rússia da guerra.
Poucas semanas depois, Lênin (líder dos bolcheviques) chegou do exílio à Rússia, e iniciou uma campanha a favor da saída da Rússia da guerra e da reforma agrária, defendendo uma aliança do partido aos sovietes. Os slogans de seus discursos eram: “Paz, pão e terra” e “Todo poder aos sovietes!”.
Em São Petersburgo, Leon Trotsky (líder do soviete local) passou a organizar a Guarda Vermelha em apoio à revolução que Lênin propunha.
Em outubro de 1917 a Guarda Vermelha, com apoio de operários, camponeses e soldados, depôs o Governo Provisório, aclamando Lênin como líder do primeiro Estado socialista da História (Revolução Vermelha ou Bolchevique)
Rússia Bolchevique
As primeiras medidas de Lênin, apesar de serem coerentes as suas propostas de campanha, não agradaram:
– ao retirar a Rússia da I Guerra, Lênin aceitou pagar indenização e ceder territórios à Tríplice Aliança;
– ao confiscar bens da antiga elite russa, o novo Estado bolchevique gerou uma grande saída de capitais do país.
A miséria da população aumentou e uma Guerra Civil se iniciou em 1918. De um lado estava o Exército Vermelho (antiga Guarda Vermelha e força militar dos bolcheviques) e de outro o Exército Branco (antiga elite e descontentes com o novo governo, que tinham apoio internacional).
No meio dessa guerra, várias minorias étnicas aproveitaram da extrema crise para se rebelarem em busca de autonomia política.
Os bolcheviques foram implacáveis: implantaram uma política econômica chamada de “comunismo de guerra”, e assim confiscaram tudo que era produzido pela população para sustentar a Guerra Civil. A polícia política perseguia todos os que fossem considerados “anti-revolucionários”, ou seja, os inimigos dos bolcheviques. Em 1920 o Exército Vermelho venceu a Guerra Civil e o Estado Bolchevique foi implantado na Rússia.
Em 1921, Lênin buscou reorganizar a economia russa, implantando a NEP (em português: Nova Política Econômica), dando algumas liberdades econômicas à população, mas sempre com a orientação do Estado.
No ano seguinte os bolcheviques fundaram o Partido Comunista Russo e a cidade de Moscou se tornou oficialmente a capital de um novo país: União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Apesar do nome, esse enorme país nada tinha de “união”, na realidade significou a expansão russa e bolchevique sobre os países vizinhos.
Mas foi no governo de Stálin, sucessor de Lênin, que a URSS se tornou uma grande potência mundial. Uma ditadura totalitária foi imposta, a partir de uma economia controlada pelo Estado e de uma política de extremo controle sobre a população
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Ditaduras latino-americanas
HISTÓRIA GERAL
No século XX, uma série de ditaduras, sobretudo militares, desenvolveram-se na América Latina. Diferentes países do Caribe, América Central e América do Sul tiveram experiências ditatoriais marcadas pelo terrorismo de Estado, quando o próprio Estado promove ações de terrorismo contra a sociedade.
Essas ditaduras foram fortemente influenciadas pelos Estados Unidos, que encontraram nesse caminho uma forma de manter o continente americano sob a sua influência e evitar que a experiência cubana se repetisse em outros locais. Um dos primeiros golpes a serem apoiados pelos norte-americanos foi o que aconteceu no Brasil, em 1964.
Contexto das ditaduras
A segunda metade do século XX ficou marcada na história da América Latina pela grande quantidade de ditaduras militares implantadas em diferentes países da região. Esse modelo consolidou-se na década de 1960, sobretudo quando o golpe civil-militar de 1964 instaurou-o no Brasil.
Diferentes países do continente americano, como o Paraguai, Uruguai, Argentina, Chile, Peru, Bolívia, Guatemala, República Dominicana, entre outros, contaram com ditaduras conservadoras conduzidas em sua maioria por militares. A implantação delas está diretamente associada com o cenário de disputas da Guerra Fria.
Após a Segunda Guerra Mundial, a rivalidade entre Estados Unidos e União Soviética ganhou dimensão planetária e a disputa por influência aumentou consideravelmente. Num primeiro momento, os Estados Unidos focaram seus esforços para evitar o crescimento da influência soviética na Europa e Ásia.
A partir do final da década de 1950, o governo norte-americano percebeu a necessidade de aumentar sua influência sobre o próprio continente, e isso deu início às ações em países latino-americanos. O objetivo era enfraquecer os movimentos de esquerda por meio da instauração de ditaduras militares de viés conservador.
A grande virada para a mudança na postura norte-americana em relação às nações latino-americanas deu-se com a Revolução Cubana, em 1959. Essa revolução, conduzida por Fidel Castro e Che Guevara, foi uma revolução de caráter nacionalista que acabou se aproximando da União Soviética por conta da hostilidade norte-americana contra o novo governo cubano.
A aproximação de Cuba com a União Soviética era considerada pelos Estados Unidos como um precedente perigoso para o continente. Antes da Revolução Cubana, os Estados Unidos haviam procurado criar um caminho para intervir diplomaticamente e economicamente na América Latina por meio da Operação Pan-Americana.
Os desdobramentos da situação em Cuba fizeram com que a ação norte-americana sobre a América Latina se tornasse mais agressiva, e um dos primeiros casos dessa abordagem foi o Brasil.
Interferência dos EUA na política brasileira
O caso brasileiro foi o primeiro de uma fase de ditaduras em toda a América do Sul. A interferência norte-americana em nosso país deu-se a partir da posse de João Goulart como presidente. Goulart era enxergado com maus olhos pelo governo norte-americano porque ele havia se voltado contra os lucros excessivos de multinacionais dos Estados Unidos no Brasil, além de ter sido um político apoiado pela esquerda e que defendia a realização de reformas socioeconômicas no país.
O governo de João Goulart, assim como o cenário político e social do Brasil, era visto como contrário aos interesses norte-americanos, assim, por meio do serviço de inteligência, os Estados Unidos começaram a enviar incentivos financeiros a grupos de oposição e políticos conservadores. O objetivo era desgastar profundamente o governo de João Goulart.
Em 1962, dezenas de candidatos de viés conservador tiveram suas candidaturas nas eleições daquele ano financiadas com dinheiro norte-americano. Além disso, os Estados Unidos, por meio da Aliança para o Progresso, liberaram ajuda econômica para estados governados por opositores de João Goulart; o embaixador norte-americano no Brasil, Lincoln Gordon, apoiou as articulações do golpe contra o presidente brasileiro; e os Estados Unidos, por meio da Operação Brother Sam, interviriam militarmente no Brasil, caso o golpe dos militares não tivesse dado certo em 1964.
Ditaduras latino-americanas
O caso do Brasil é muito simbólico porque se trata do maior país e do mais populoso da América Latina, portanto, do ponto de vista estratégico norte-americano, era fundamental que o avanço de pautas progressistas fosse barrado e que o alinhamento da política brasileira com os interesses conservadores dos Estados Unidos se estabelecesse.
Nesse momento, algumas ditaduras pela América Latina já estavam em vigor, mas, a partir do golpe no Brasil, iniciou-se uma fase em que as ditaduras militares ganharam todo o cone sul do continente. Elas ficaram marcadas pela prática do terrorismo de Estado. Dentro dessa ideia, considera-se os sequestros de cidadãos, o uso da tortura, os atentados à bomba e o desaparecimento de cadáveres — práticas executadas contra os opositores e que resultaram na morte de milhares de pessoas.
Ditadura no Paraguai.
De 1954 a 1989, o Paraguai foi governado pelo ditador Alfredo Stroessner, responsável pela violação dos Direitos Humanos de 20 mil pessoas.
Na década de 1950, um país sul-americano já estava em ditadura: o Paraguai. A ditadura civil-militar paraguaia estendeu-se de 1954 a 1989, sendo governada durante todo esse período pelo general Alfredo Stroessner. A ditadura de Stroessner instaurou-se por um golpe contra o presidente constitucional do país, Federico Chaves.
A consolidação da ditadura de Stroessner contou com o apoio direto dos Estados Unidos, que forneceram ajuda econômica ao novo governo paraguaio. Ao longo de 35 anos de regime militar, estima-se que cerca de 20 mil pessoas foram vítimas de violações de Direitos Humanos. Os casos mais conhecidos são os de garotas sequestradas por agentes do governo para serem estupradas por Stroessner.
Com a consolidação da ditadura no Paraguai e o golpe civil-militar no Brasil, outras ditaduras criaram-se pela América. Na década de 1960, Bolívia, Peru e Argentina caíram nas mãos dos militares; na década de 1970, foi a vez de Chile, Uruguai e novamente a Argentina. Todos esses regimes fizeram uso de práticas como a tortura.
Nas décadas de 1970 e 1980, houve uma grande articulação de seis nações sul-americanas para ampliar-se o combate a opositores e “subversivos” por todo o cone sul. Essa articulação recebeu o nome de Operação Condor e contou com o envolvimento de Argentina, Brasil, Chile, Paraguai, Bolívia, Uruguai, sendo também apoiada pelos Estados Unidos.
No restante da América Latina, ainda existiram ditaduras civis e militares na República Dominicana, Haiti, Panamá, Nicarágua, Honduras, El Salvador e Guatemala. Vejamos agora dois exemplos delas: a chilena e a argentina.
Ditadura chilena
A ditadura chilena estendeu-se de 1973 até 1990, sendo governada durante todo esse período por Augusto Pinochet. A construção da ditadura chilena ocorreu como estratégia para derrubar o governo de Salvador Allende, o primeiro socialista eleito por voto popular na América do Sul. Ele foi o vencedor da eleição presidencial de 1970 estando à frente de uma coalizão de partidos de esquerda conhecida como Unidade Popular.
A vitória de Allende imediatamente chamou a atenção do governo norte-americano, temeroso de que a vitória de um socialista no Chile pudesse arrastar outros países da América do Sul nesse caminho. O escritor Elio Gaspari demonstrou a preocupação dos Estados Unidos por meio de uma fala do presidente Richard Nixon em 1970:
Se o Chile for na direção que estamos prevendo e sair incólume […] encorajará os outros latino-americanos que estão em cima do muro. […] Se deixarmos que os líderes potenciais da América do Sul pensem que podem ir na direção em que vai o Chile, mantendo relações normais conosco, teremos problemas. Eu quero trabalhar nisso, e nas relações militares — botando dinheiro|1|.
A partir de então, a ação secreta dos Estados Unidos criou um cenário para a desestabilização política e econômica do governo chileno e fomentou um golpe militar. Em 11 de setembro de 1973, militares cercaram e bombardearam o Palácio La Moneda, centro do poder no Chile. O presidente Allende resistiu ao golpe e, para não ser preso, cometeu suicídio.
A ditadura chilena foi uma das mais agressivas de toda a América Latina e responsável por cerca de 40 mil casos de tortura em 17 anos de regime. Locais como o Estádio Nacional, principal estádio de futebol de Santiago, foram transformados em prisão e local de tortura. Heraldo Muñoz, político chileno, afirmou que, desde o primeiro dia da ditadura, Pinochet autorizou a perseguição de marxistas, defensores de Allende, opositores dos militares etc.|2|
Um dos casos significativos do modo de operação da ditadura chilena deu-se contra a estudante Lumi Videla. Ela foi presa pelo Dina, o serviço de inteligência da ditadura chilena, em 1974, por ser membro de um grupo de esquerda revolucionária. Lumi Videla foi torturada até a morte (assim como seu marido) e seu corpo foi lançado no interior da embaixada italiana, local que dava abrigo a pessoas perseguidas pela ditadura. No dia seguinte, 4 de novembro de 1974, o governo chileno acusou a embaixada italiana de ter provocado a morte de Lumi Videla em uma orgia|3|.
A partir da década de 1980, a ditadura chilena começou a enfraquecer-se porque o apoio dos Estados Unidos foi retirado devido à grande quantidade de violações dos Direitos Humanos realizadas pelo governo de Pinochet. Em 1988, sob os olhos vigilantes de representantes internacionais, foi realizado um plebiscito para decidir a permanência de Pinochet no poder.
O resultado desse plebiscito mostrou que 56% da população chilena desejava o fim da ditadura. Ele abandonou o poder em 1990, mas seguiu como figura influente na política chilena durante toda aquela década. Além das violações dos Direitos Humanos, o ditador chileno também ficou conhecido por enriquecer-se via tráfico internacional de cocaína. Para saber mais sobre esse período sombrio da história do Chile, leia: Ditadura chilena.
Ditadura argentina
Até hoje, grupos da sociedade argentina realizam ações em homenagem aos mortos da sua ditadura
O século XX foi de crise crônica para a Argentina e marcado por diferentes golpes de Estado. Em 1966, a Argentina tinha passado por um golpe que instaurou uma ditadura militar que se estendeu até 1973 e se encerrou com a ascensão de Perón ao poder. O retorno do peronismo, no entanto, foi curto, e logo os militares retomaram o poder do país com outro golpe, em 24 de março de 1976.
Todo esse período que incorporou as décadas de 1960 e 1970 foi marcado por convulsão social em resposta ao autoritarismo e à crise econômica. A crise do regime peronista (1973-1976) intensificou-se a partir de 1975 e levou grandes empresários, direitistas e militares a unirem-se para organizar um novo golpe.
Com a vitória desse golpe, foi formado o Processo de Reorganização Nacional, nome que os militares deram à ditadura que existiu de 1976 a 1983. A ditadura argentina era administrada por uma junta militar que escolheu Jorge Rafael Videla como presidente do país. O que se viu nesse país em sete anos foi uma perseguição política sem precedentes.
Líderes de grupos políticos de oposição, de movimentos sociais e revolucionários, assim como sindicalistas, sacerdotes, intelectuais e advogados que defendiam os Direitos Humanos, entre outros, foram sistematicamente perseguidos. O sequestro, a tortura física e psicológica e o desaparecimento de cadáveres foram práticas da ditadura argentina.
Estima-se que, nos seus sete anos de duração, cerca de 30 mil pessoas tenham sido mortas pelo terrorismo promovido pelo Estado|4|. A sociedade foi silenciada pelo terror. No âmbito econômico, a ditadura argentina, assim como a brasileira e chilena, contribuiu para o empobrecimento da população e para o aumento da concentração de renda.
Na década de 1980, a ditadura argentina procurou recuperar as Malvinas, ocupadas pelos britânicos desde o século XIX. A Guerra das Malvinas foi um grande fracasso, e a derrota, junto aos problemas econômicos, debilitou os militares, que acabaram entregando o poder, em 1983, para Raúl Alfonsín, eleito presidente naquele ano.
Governos militares no Brasil
Quando falamos em governos militares no Brasil, referimo-nos aos 21 anos de vigência de um regime ditatorial que teve início com a destituição do então presidente João Goulart e que teve fim em 1985, quando houve a reabertura política. Durante esse período, o chefe do Poder Executivo era escolhido via eleição indireta.
Nesse contexto, vale ressaltar que o mundo estava vivendo a Guerra Fria, que influenciou diretamente os rumos políticos da época. Cada governo imprimiu uma característica distinta ao regime, que teve três fases principais: “O disfarce legalista para a ditadura (1964-1968), Anos de Terror de Estado (1969-1978) e Reabertura Política (1979-1985).
A posse de João Goulart (Jango), em 1961, na Presidência da República, ocorreu em meio a uma série de crises políticas envolvendo o Exército e o principal adversário político de Jango, a União Democrática Nacional (UDN), o que já prenunciava que o exercício do seu cargo não seria nada fácil.
João Goulart, também conhecido como Jango, foi presidente do Brasil de setembro de 1961 até abril de 1964.
João Goulart, também conhecido como Jango, foi presidente do Brasil de setembro de 1961 até abril de 1964.
Vivendo uma forte inflação no começo dos anos 1960, Jango anunciou um plano de recuperação econômica chamado de Plano Trienal, proposto por seu Ministro do Planejamento (Celso Furtado), mas que não obteve êxito. Anunciou também as chamadas Reformas de Base, que pretendiam realizar uma reforma educacional, urbana, tributária, bancária, eleitoral e agrária.
Essas reformas, no entanto, sofreram ampla oposição dos setores mais conservadores. O governo de Jango passou a ser acusado por setores da sociedade, pela UDN e parte considerável do Exército de estar promovendo um golpe comunista no Brasil.
Vale ressaltar ainda que o mundo vivia um clima de animosidade política por causa da Guerra Fria. Diante desse cenário e com apoio direto dos Estados Unidos da América contra João Goulart, teve início a articulação que resultou em 21 anos de ditadura no Brasil após um curto período democrático, de 1946 a 1964, sucedido pela ditadura do Estado Novo.
Golpe de 64
No final de março de 1964, o movimento golpista já estava em marcha dentro do Exército. Após tentativas frustradas de contê-la, Jango refugiou-se no Rio Grande do Sul, sua terra natal, enquanto o Congresso preparava-se para votar o impedimento do presidente.
Vale ressaltar, mais uma vez, que os Estados Unidos da América apoiaram o golpe em uma operação que ficou conhecida como Brother Sam, na qual a frota americana deslocou-se do Caribe para o litoral brasileiro, prestando apoio logístico aos golpistas e, se necessário fosse, uma intervenção direta.
Com esse quadro já estabelecido, no dia 2 de abril de 1964, o senador Auro Soares de Moura Andrade, naquela ocasião Presidente do Congresso Nacional, decretou a vacância do cargo de Presidente da República, embora Jango estivesse em território nacional.
Consolidado o golpe, assumiu um governo provisório, e João Goulart refugiou-se no Uruguai. É importante ressaltar também que o Golpe de 1964 foi uma espécie de laboratório que geraria uma série de golpes, também apoiados pelos americanos, em diversos outros países latino-americanos.
Características do período
Na esfera política internacional, o mundo vivia o clima da Guerra Fria, em que as duas principais potências aliadas na Segunda Guerra Mundial (EUA e União Soviética) passaram a disputar poder de influência em diversos países. Isso serviu de pretexto para políticas mais centralizadores, sobretudo no caso da ditadura brasileira.
Ao longo do processo de consolidação dos militares no poder, intensificam-se as perseguições políticas, torturas, desaparecimento de corpos assassinados pelo Estado, censura, sobretudo após dezembro de 1968, quando houve a promulgação do Ato Institucional nº 5.
Ao mesmo tempo, foi um período de intensa produção artística no Brasil. Surgiram movimentos históricos importantes, como o Cinema Novo, Cinema Marginal, Tropicália, Concretismo, entre outros.
Outra característica, própria de regimes autoritários, era a falta de transparência do governo, ao tentar omitir os problemas do regime. Por essa razão, houve ampla censura à imprensa. Jornalista eram demitidos por desferirem críticas ao governo e alguns até foram assassinados – como o caso do Vladimir Herzog.
É importante destacar que a maior parte dos setores das mídias apoiou o movimento golpista de 1964. Contudo, ao longo do arrefecimento do regime, esse apoio foi diluindo-se.
Do ponto de vista institucional, em 1967, surgiu uma nova Constituição, que colocou o Ministério Público, aparelho fundamental na defesa dos direitos coletivos e combate à corrupção, subordinado ao Poder Executivo, ou seja, aos militares, muito diferente do que ocorre hoje em dia. Atualmente, com a Constituição de 1988, o Ministério Público é uma instituição independente, tendo, inclusive, capítulo próprio na Carta Magna.
Embora entre os anos de 1969 e 1973, o Brasil tenha vivido o chamado Milagre Econômico, durante a ditadura, os índices sociais tiveram uma regressão importante, como a concentração de renda e, consequentemente, o aumento da desigualdade social.
Atos Institucionais
Limitados pela Constituição vigente de 1946, os militares precisavam de instrumentos legais para aplicação de suas ações políticas. Assim, surgiram os Atos Institucionais (AI), que estavam acima, até mesmo, da Constituição. Entre os anos de 1964 e 1969, foram decretados, ao todo, 17 atos institucionais.
Dentre as principais medidas asseguradas pelo AI 1 estava o fim das eleições diretas, isto é, a partir desse momento, as eleições para presidente seriam feitas pelo Congresso Nacional e não pela população. Nesse mesmo governo, as eleições diretas estaduais também foram suspensas e em 1967 uma nova Constituição entrou em vigor.
O AI-2, por exemplo, instituiu a eleição indireta para presidente. O Ato Institucional Número Três (ou AI-3), que estabelecia que os governadores e vices seriam eleitos indiretamente por um colégio eleitoral, formado pelos deputados estaduais. Também estabeleceu que os prefeitos das capitais seriam indicados pelos governadores, com aprovação das assembleias legislativas. Estabeleceu o calendário eleitoral, com a eleição presidencial em 3 de outubro e para o Congresso, em 15 de novembro. O AI-4 convocou o Congresso para a construção de uma nova Constituição, afinada com os ideais dos militares no poder.
Merece destaque o AI-5, editado em dezembro de 1968, durante a presidência de Artur da Costa e Silva. O ato empregava ao Presidente da República o poder de suspender direitos políticos, cassar mandatos, suspender o Congresso, entre outros. Esse ato, em especial, deu margem para o endurecimento do regime, sendo considerado também o “golpe dentro do golpe”, uma vez que teria sido arquitetado por movimentos específicos dentro das Forças Armadas.
Presidentes militares do Brasil
Veja a sequência dos presidentes do Brasil durante a ditadura (nenhum foi eleito diretamente por meio das urnas)
Disfarce legalista (1964-1968)
- Ranieri Mazzilli (1964)
- Humberto Castelo Branco (1964-1967)
Anos de Terror (1969-1978)
- Artur da Costa e Silva (1967-1969)
- Pedro Aleixo (1969) – Impedido de tomar posse
- Junta Governativa Provisória (1969)
- Emílio Garrastazu Médici (1969-1974)
- Ernesto Geisel (1974-1979)
Reabertura Política (1979-1978)
- João Figueiredo (1979-1985)
Movimentos de resistência
Os movimentos de resistência à ditadura militar no Brasil ocorreram desde manifestações artísticas, muitas vezes lançando mão de alegorias para realizar críticas que não poderiam ser feitas abertamente ao regime, a movimentos de enfrentamento mais direto, caracterizando as lutas armadas, que se desenvolveram no Brasil sobretudo entre 1968 e 1972.
Nem todos os grupos possuíam os mesmos objetivos. Havia, inclusive, aqueles que eram liderados por ex-militares, como Carlos Lamarca, um dos comandantes da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), fundada em 1966. Destacou-se também o ex-deputado, caçado pelo regime, Carlos Marighella, que ajudou a fundar, no final de 1967, a Ação Libertadora Nacional, também como tentativa de combate à ditadura.
Na arena estritamente política, era muito difícil fazer frente ao regime, sobretudo após 1968, com a instituição do AI-5. O próprio partido de oposição “permitido” pelos militares, o MDB, possuía sérias limitações no que diz respeito ao nível de atuação política.
Crescimento econômico
Durante os anos de 1969 a 1973, o Brasil protagonizou um dos maiores casos de crescimento econômico do mundo, tendo taxa de crescimento anual de 10% ao ano. Nesse período, o governo militar promoveu uma série de reformas volumosas em diversas áreas. Apesar de todo esse crescimento, sem uma política de Estado de distribuição de renda efetiva, os níveis de concentração de renda no Brasil saíram da ditadura piores do que os níveis encontrados quando os militares assumiram o poder.
Fim da Ditadura
Em meados dos anos 1970, o descontentamento com a ditadura intensificou-se bastante e diversos movimentos surgiram pela reabertura democrática. São exemplos as greves operárias no ABC Paulista, de 1978 a 1980, e o movimento das Diretas Já, em 1983. Os exilados políticos começaram a voltar para o Brasil, começou a se falar em anistia e, aos poucos, o Brasil foi caminhando em direção à Nova República, com o fim da ditadura militar em 1985.
Pelo alto endividamento externo contraído pelos militares para financiar as obras de infraestrutura e desenvolvimento da indústria, déficit fiscal, inflação em alta, entre outros fatores, o Brasil herdou dos militares um setor público financeiro extremamente fragilizado.
https://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/governos-militares.htm
Médici e o “milagre econômico”
O Governo de Médici (1969-74) é considerado o período de maior repressão da Ditadura Militar no Brasil. A censura dos meios de comunicação se intensificou e muitos prisioneiros políticos foram torturados. Afinal, os movimentos de oposição ao regime eram reprimidos por diversas frentes do governo militar.
Além disso, o período também ficou conhecido como o “milagre econômico”. Isso porque algumas medidas econômicas adotadas pelo governo como a restrição ao crédito, o aumento das tarifas do setor público, a contenção dos salários e direitos trabalhistas, e a redução da inflação resultaram em taxas de crescimento do PIB acima de 10% e grandes investimentos em infraestrutura.
Ainda, nesse momento foram construídas mais de 1 milhão de casas, financiadas pelo Banco Nacional de Habitação (BNH) e o setor de bens duráveis e eletrodomésticos cresceu. Por isso, a impressão que se passava a partir dos resultados dessas medidas era a de crescimento econômico, ou como se costuma chamar: “milagre econômico”.
O crescimento da economia somado à euforia após a conquista do tricampeonato mundial de futebol levou o governo militar a adotar campanhas publicitárias ufanistas, como “Brasil, ame-o ou deixe-o” ou “Ninguém mais segura esse país”. Você talvez já tenha ouvido falar delas, não é mesmo?
Esse “milagre”, no entanto, deixou uma dívida externa muito grande para o país – equivalente hoje a uma dívida no valor de US$ 1,2 trilhão, muito maior que a atual, cujo valor registrado em 2017 foi de US$ 37,36 bilhões. Isso significa que o “milagre econômico” gerou na realidade a dependência brasileira por empréstimos externos nos anos que seguiram.
Além disso, o milagre foi acompanhado de maior desigualdade de renda. Ou seja, a riqueza se concentrou ainda mais nas mãos dos ricos e a camada de pobres da população teve sua situação econômica e social ainda mais precárias. O Índice de Gini – que mede a concentração de renda de um país – alcançou em 1977 o pior nível da história, com o número de 0,62. Isso significa uma concentração de renda maior do que a registrada atualmente em países como Namíbia e Haiti!
Em 1973, houve a crise do petróleo no mercado internacional. Com o aumento do preço do combustível, a inflação no país continuou a subir e em 1974 a inflação era de quase 30% ao ano – chegando a taxa de 242,24% ao final da ditadura. Além disso, os investimentos na economia brasileira caíram, reduzindo o consumo e a geração de empregos. Diante dessas dificuldades, o governo militar passa a perder apoio.
Em 1971, foi promulgado um decreto-lei que tornava ainda mais rígida a censura à imprensa, os grupos de esquerda sofriam fortes repressões e foram criadas instituições para lutar contra eles, como o Departamento de Operações Internas (DOI) e o Centro de Operação da Defesa Interna (CODI). Estes órgãos eram utilizados como centros de aprisionamento e tortura e estavam localizados nas principais cidades do Brasil.
Geisel e o início da abertura política
Geisel (1974-79) iniciou seu governo com uma abertura política lenta, gradual e segura. Na prática, isso significava a transição para um regime democrático, mantendo os grupos de oposição e movimentos populares excluídos dos processos de decisão política. Essa transição também tinha como razão o desgaste das Forças Armadas após anos de repressão, violência e restrição à liberdade.
As violações aos direitos humanos e repressões violentas continuaram apesar do início da abertura. O caso mais grave ocorrido durante o governo de Geisel, como já mencionamos, foi a tortura e morte do jornalista Vladimir Herzog, em 1975. Esse episódio gerou grande comoção popular, mas Geisel não tomou providências para punir os responsáveis.
A crise econômica também se agravou e em 1978 operários metalúrgicos do ABC iniciaram o maior ciclo de greves da história do Brasil.
Diversos setores da sociedade começaram a se mobilizar e denunciar as atrocidades cometidas pelo governo, a situação ficava ainda mais insustentável para a manutenção da Ditadura Militar no Brasil. Diante da pressão da população e do surgimento de movimentos contrários ao regime, em 1978, o presidente revogou diversos decretos-lei, inclusive o AI 5.
Em termos de investimento, no governo do Geisel, foram registradas os mais altos aportes em infraestrutura e industrialização desde o início da ditadura militar, atingindo 23,3% do PIB. Esse é um valor alto se considerado o investimento no início do regime – de 15%. Alguns dos exemplos desses investimentos foram a Transamazônica, a Ponte Rio-Niterói, as Usinas Nucleares de Angra e a hidrelétrica de Itaipu.
Figueiredo e a Lei da Anistia
O Governo de Figueiredo (1979-85) durou 6 anos e colocou fim ao período ditatorial. Em 1979, foi promulgada a Lei de Anistia. Aos poucos, presos políticos foram sendo libertados e os exilados voltaram ao país.
Uma polêmica sobre a Lei de Anistia é que ela excluía os guerrilheiros condenados por atos terroristas, mas incluía os agentes de repressão policial e militar, responsáveis por violações aos direitos humanos, como torturas e mortes.
A partir desse momento, tornou-se possível a criação de novos partidos políticos, muitos desses existem até hoje. Mas essa abertura do final do regime não era aceita por todos os militares, algumas alas desejavam manter a ordem vigente. Considerado um ato de terrorismo, militares contrários à abertura explodiram uma bomba num centro de convenções no Rio de Janeiro durante uma comemoração ao dia do trabalho, em 1981. Neste caso também não houve investigações ou punições.
Ao final do mandato de Figueiredo, a população mobilizou-se pela realização das eleições diretas, pois segundo a Constituição, o sucessor seria eleito pelo Congresso. As demandas, no entanto, não foram atendidas. Tancredo Neves foi eleito por voto indireto e somente em 1989 a população brasileira teve o direito de votar diretamente para a presidência.
manifestação na ditadura militar
Durante a ditadura militar, motivados por ideais socialistas, foram criados grupos armados de esquerda que acreditavam que outro sistema poderia resolver as injustiças sociais geradas pelo capitalismo. Esse não foi um movimento exclusivo do Brasil, as revoluções armadas aconteceram ao longo da história, especialmente quando “pegar em armas” se mostrava como o único caminho possível para lutar contra o autoritarismo do regime militar.
Esses grupos agiam na clandestinidade e muitos guerrilheiros afastaram-se da vida civil para planejar e executar suas ações. Para combater a luta armada, os militares utilizaram inúmeros recursos jurídicos, políticos e militares. A tortura foi uma das formas que o Estado utilizou para conseguir informações sobre esses grupos e suas estratégias e enfraquecer sua atuação.
A cultura como resistência à ditadura militar
Nós já falamos sobre os grupos armados que lutavam contra a Ditadura Militar no Brasil e da Passeata dos 100 mil, uma mobilização que contou com apoio de diversos setores da sociedade. Mas não podemos deixar de lado que o período da ditadura foi de grande importância cultural e artística no país.
Apesar das restrições à liberdade de imprensa e de expressão – impostas pela censura – muitos artistas, músicos e cineastas manifestavam seu posicionamento contrário ao regime, ainda que de maneira metafórica – para não serem condenados como opositores ao regime.
Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Chico Buarque, Gilberto Gil e Veloso são exemplos de cantores e compositores que utilizaram a música para manifestar sua opinião. O Tropicalismo, por exemplo, foi um movimento forte de oposição à ditadura e de construção da identidade cultural brasileira. Diversos artistas, músicos e escritores foram exilados durante o período ditatorial.
Um dos exemplos de música que se referia (contra) a ditadura era “Apesar de você” de Chico Buarque. No princípio, os militares não perceberam que a letra era uma mensagem a eles e liberaram a canção, mas a população entendeu o recado e logo em seguida o governo militar proibiu a execução da música e destruiu os discos.
Assim, concluímos…
A Ditadura Militar no Brasil foi um longo período da nossa história no qual a democracia foi suprimida por um regime autoritário.
É verdade que houve crescimento econômico, porém sem distribuição de renda. Também é verdade que outras ditaduras na América Latina foram mais violentas do que aqui. Entretanto, sabe-se que este foi um período de restrição das liberdades de expressão, e que a violência e a tortura foram utilizadas como a principal forma de repressão. Apesar de página dura da nossa história, conhecer esse momento político contribui para o entendimento da nossa sociedade e para prevenir que os valores democráticos sejam desrespeitados novamente.
Talita de Carvalho, Assessora de conteúdo no Politize!, formada em Economia pela UFPR e mestranda em Planejamento Territorial na UDESC. Acredita que pessoas bem informadas constroem uma sociedade mais justa.
REFERÊNCIAS
SILVA, Daniel Neves. "Ditaduras latino-americanas"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/militar.htm. Acesso em 24 de agosto de 2020.
Ditadura militar e democracia no Brasil: história, imagem e testemunho / organização Maria Paula Araujo, Izabel Pimentel da Silva, Desirree dos Santos. – 1. ed. – Rio de Janeiro : Ponteio, 2013.
https://www.politize.com.br/ditadura-militar-no-brasil/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Atos_Institucionais#AI-3.
https://forms.gle/gsoyw5X7n8BBsVLL6
Nazismo
Juliana Bezerra
Professora de História
O Nazismo foi um movimento ideológico nacionalista, imperialista e belicista.
Nos moldes do fascismo, que se desenvolveu na Itália, o nazismo esteve sob a liderança de Adolf Hitler, entre os anos de 1933 a 1945.
O símbolo do nazismo era a bandeira vermelha com uma cruz gamada, conhecido como suástica.
Esse movimento consistia numa mistura de dogmas e preconceitos a respeito da pretensa superioridade da raça ariana. Os alemães acreditavam ser superiores aos outros grupos sobretudo de judeus.
O nazismo não era um movimento completamente novo na sociedade alemã. Outros movimentos compartilhavam de seu nacionalismo extremado, de seu racismo sob a tentativa de criar uma sociedade militarista e reacionária.
Grupos antissemitas (aversão aos judeus) já existiam na Alemanha e na Áustria desde o século XIX.
Além disso, muitos regimes totalitários se desenvolveram no período chamado “entre guerras”, ou seja, entre a primeira (1914-1918) e a segunda guerra mundial (1939-1945).
Nazismo e fascismo
Embora sejam regimes políticos totalitários de inspirações semelhantes e utilizados muitas vezes como sinônimos, o fascismo e o nazismo representam diferenças. Tratam-se de movimentos que ocorreram em épocas distintas.
O fascismo foi um movimento ideológico anterior ao nazismo. Ele surgiu na Itália no período denominado entre guerras (1919-1939) sendo implantado por Benito Mussolini, que vigorou de 1919 a 1943.
Por sua vez, o nazismo foi um movimento ideológico totalitário desenvolvido na Alemanha por Adolf Hitler, durante a segunda guerra mundial (1939-1945).
Origem do Nazismo
Em 1919, em Munique, Hitler aderiu a um pequeno grupo chamado de "Partido Trabalhista Alemão", fundado por um mecânico ferroviário.
Seu programa falava em bem-estar da população, igualdade perante o Estado, anulação dos tratados de paz e exclusão dos judeus da comunidade.
Em 1920, Hitler, com sua capacidade oratória a serviço do grupo, já é a principal figura do partido. Isso contribuiu para mudança do nome para "Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães" – Nazi (abreviado do termo em alemão Nationalsozialist).
O capitão Ernest Roehm incorporou ao partido uma organização paramilitar, as SA (Seções de Assalto), encarregada de perturbar as reuniões dos adversários.
O programa do partido denunciava judeus, marxistas e estrangeiros, prometia trabalho e o fim das reparações de guerra. Em 1921, aos 33 anos de idade, Hitler torna-se chefe do partido, que tinha apenas três mil filiados.
Em 1923, os nazistas, liderados por Hitler, fracassaram na tentativa de golpe em Munique. Hitler foi condenado a cinco anos de prisão. Cumpriu oito meses, que aproveitou para escrever a primeira parte do livro "Mein Kampf" (Minha Luta).
Inspirado no fascismo e no bolchevismo, Hitler reorganizou seu partido. Dotou-o de estruturas administrativas e hierárquicas regionais, de um jornal e de grupos paramilitares: além da SA, criou as SS (Brigadas de Segurança), a força de elite.
Além disso, organizou a juventude hitlerista e deu apoio aos sindicatos e associações de juristas, médicos, professores, funcionários e outros profissionais.
Características do Nazismo
O programa do Partido Trabalhista (1920) e os textos de Hitler sintetizaram sua proposta ideológica do regime nazista:
Totalitarismo – O indivíduo pertenceria ao Estado não poderia ser liberal nem parlamentar, pois não deveria fragmentar-se em função de interesses particulares. Como o fascismo, o nazismo era antiparlamentar, antiliberal e antidemocrático. Deveria ter um único chefe, o Führer. Esses princípios podiam ser resumidos em: um povo (Volk), um império (Reich), um chefe (Führer).
Racismo – Segundo essa ideologia, os alemães pertenciam a uma raça superior, a raça ariana, que sem se misturar a outras raças, deveria comandar o mundo. Os judeus eram considerados seus principais inimigos. O combate a outras ideologias, como o marxismo, o liberalismo, a franco- maçonaria e a Igreja católica, era fundamental.
Antimarxismo e Anticapitalismo – Para Hitler, o marxismo era produto do pensamento judaico, uma vez que Marx era judeu e propunha a luta de classes; o capitalismo só iria agravar as desigualdades, ambos atentavam contra a unidade do Estado.
Nacionalismo – Para o nazismo, as humilhações surgidas com o Tratado de Versalhes deveriam ser destruídas. Deveria ser construída a Grande Alemanha, que constituía o agrupamento das comunidades germânicas da Europa, como a Áustria, os Sudetos e Dantzig.
O Nazismo no Poder
Com a crise de 1929, o descontentamento tomou conta da Alemanha. A classe média desempregada, e a burguesia, temerosa com o crescimento do "Partido Comunista Alemão", engrossaram as fileiras do "Partido Nazista".
Em 1932, empresas capitalistas passaram a dar-lhe apoio financeiro. Nesse mesmo ano, vários candidatos nazistas venceram as eleições.
Em 1933, o apoio da alta burguesia levou o presidente Hindenburg a convidar Hitler para ocupar o cargo de chanceler. Os nazistas chegaram ao poder, o que lhes dava mais força para combater os partidos de esquerda.
Em 1934, morreu o presidente Hindenburg, e o Parlamento deu poderes a Hitler, que passou a acumular os cargos de chanceler e de presidente.
Estava então instalada na Alemanha a sangrenta ditadura nazista, sustentada pela SS, pela AS e pela Gestapo (polícia política da ditadura).
Com o início do Terceiro Reich, Hitler supriu o estado federalista. A bandeira do Partido Nazista, com a suástica, passou a ser a da Alemanha.
O Führer começou a aplicar o programa nazista e os membros do partido ocuparam todos os cargos da administração. Começava assim, a escalada de ditadura e terror.
Segunda Guerra Mundial
O regime nazista, que vigorou na Alemanha entre 1933 a 1945, ocorreu no período da Segunda Guerra Mundial.
A segunda Guerra representou um grande conflito entre diversos países que estavam diante de uma grande crise econômica, política e social. Essa crise foi adquirindo grande proporções após a primeira guerra mundial (1914-1918).
Os países envolvidos na segunda guerra mundial constituíam dois grandes grupos:
os Aliados, formado pela Inglaterra, França, Estados Unidos e União Soviética;
o Eixo, constituído por Alemanha, Itália e Japão.
Todos os países envolvidos possuíam pretensões imperialistas e, portanto, lutavam pelo poder e a conquista de territórios.
Com a ascensão de Hitler e do regime nazista na Alemanha, o principal objetivo era unir os povos germânicos. Nesse sentido, exterminar os judeus, marxistas, socialistas, ciganos, etc.
Assim, com o intuito de conquistar territórios e se tornar a grande potência mundial, a segunda guerra mundial começa no momento que o exército de Hitler invade a Polônia no dia 1º de setembro de 1939. Esse território lhes pertencia antes da primeira guerra mundial.
O Nazismo e a Segunda Guerra Mundial terminaram em 1945, ano em que Hitler morreu. Nesse mesmo ano, os Estados Unidos lançou as bombas atômicas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e três dias depois de Nagasaki, respectivamente nos dias 6 e 9 de agosto de 1945.
Holocausto
O Holocausto representou o extermínio em massa que ocorreu durante o regime nazista na Alemanha, o qual matou cerca de seis milhões de judeus nos campos de concentração.
Os campos de concentração representavam os locais onde eram exterminadas as pessoas que para Hitler eram considerados de “raça inferior”.
Esse horror cometido contra esses grupos minoritários e sobretudo de judeus, só terminou em 1945, com o fim da Segunda Guerra Mundial.
Neonazismo
O Neonazismo representa um movimento contemporâneo inspirado na ideologia nazista de Adolf Hitler.
Os grupos neonazistas, começaram a surgir na década de 70 e estão espalhados em diversos locais do mundo, sendo possível encontra-los atualmente, pelos grupos na internet.
Esse movimento está pautado nas doutrinas radicais de intolerância e violência sob o ideal de superioridade da “raça pura ariana”.
Dessa forma, os neonazistas costumam ser racistas e xenófobos com grupos minoritários sejam negros, imigrantes, homossexuais, judeus, dentre outros.
Importante destacar que a apologia ao nazismo não é permitida em diversos países do mundo sendo considerada, portanto, uma prática criminosa.
Fascismo
O Fascismo foi um sistema político nacionalista, antiliberal e antissocialista surgido na Itália, em 1919, no fim da Primeira Guerra Mundial, e que durou até 1943.
Liderado por Benito Mussolini conquistou vários países da Europa como a Alemanha e a Espanha no período entre guerras.
Também influenciou movimentos políticos de direita no Brasil como o Integralismo.
Significado de Fascismo
A palavra fascismo vem do latim fascio (feixe), pois um dos símbolos fascistas era o fascio littorio.
Este consistia num machado envolvido num feixe de varas utilizado nas cerimônias do Império Romano como um símbolo de união.
Após os estragos causados por essa ideologia na Segunda Guerra Mundial, a palavra fascismo foi ganhando novos significados. Agora, nas primeiras décadas do século XXI, é comum denominarmos "fascismo" ou "fascista" o indivíduo ou movimento que defende a repressão violenta para resolver problemas da sociedade.
No entanto, essa definição não tem relação com o que era o fascismo na Itália, na década de 20 e 30. Para eles, o a violência era um meio para alcançar o poder e não um fim.
Ainda que tenham usado de métodos violentos em manifestações, não foram diferentes de outros grupos políticos na época.
Características do Fascismo
Com o fim da Primeira Guerra Mundial, o sistema liberal e democrático foi seriamente questionado. Assim surgem propostas políticas de esquerda como socialismo que assustavam a burguesia e cidadãos mais conservadores.
O fascismo se caracterizava por ser um sistema político oposto ao socialismo e também imperialista, antiburguês, autoritário, antiliberal e nacionalista.
O fascismo se caracteriza por defender:
Estado Totalitário: o Estado controlava todas as manifestações da vida individual e nacional.
Autoritarismo: a autoridade do líder era indiscutível, pois ele era o mais preparado e sabia exatamente o que a população necessitava.
Nacionalismo: a nação é um bem supremo, e em nome dela qualquer sacrifício deve ser exigido e feito pelos indivíduos.
Anti-liberalismo: o fascismo defendia algumas ideias capitalistas como a propriedade privada e a livre iniciativa das pequenas e médias empresas. Por outro lado, defendia a intervenção estatal na economia, o protecionismo e algumas correntes fascistas, a nacionalização de grandes empresas.
Expansionismo: visto como uma necessidade básica da nação donde as fronteiras devem ser alargadas, pois é preciso conquistar o "espaço vital" para que ela se desenvolva.
Militarismo: a salvação nacional vem por meio da organização militar, da luta, da guerra e do expansionismo.
Anti-comunismo: os fascistas rejeitavam a ideia da abolição da propriedade, da igualdade social absoluta, da luta de classes.
Corporativismo: ao invés de defender o conceito de "um homem, um voto", os fascistas acreditavam que as corporações profissionais deviam eleger os representantes políticos. Também sustentavam que somente a cooperação entre classes garantia a estabilidade da sociedade.
Hierarquização da sociedade: o fascismo preconiza uma visão do mundo segundo a qual cabem aos mais fortes, em nome da "vontade nacional", conduzir o povo à segurança e prosperidade.
O fascismo prometia restaurar aquelas sociedades destruídas pela guerra prometendo riqueza, uma Nação forte e sem partidos políticos que alimentassem visões antagônicas.
Fascismo na Itália
Um profundo sentimento de frustração dominou a Itália após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). O país saiu decepcionado por não ter suas reivindicações atendidas no Tratado de Versalhes e a situação econômica era mais difícil que antes da guerra.
Assim, a crise social ganhava aspectos revolucionários com o crescimento da esquerda e dos movimentos de direita.
Em março de 1919, em Milão, o jornalista Benito Mussolini cria os "Fasci di Combatimento" e os "Squadri" (grupos de combate e esquadrão respectivamente). Estes tinham como objetivo combater por meios violentos os adversários políticos, em especial os comunistas.
O Partido Nacional Fascista, fundado oficialmente em novembro de 1921, cresceu rapidamente: o número de filiados passou de 200 mil em 1919 para 300 mil em 1921. O movimento agrupava pessoas com tendências políticas de origens variadas: nacionalistas, anti-esquerdistas, contrarrevolucionários, ex-combatentes e desempregados.
Em 1919, um milhão de trabalhadores entraram em greve; no ano seguinte, já totalizavam 2 milhões. Mais de 600 mil metalúrgicos do norte ocuparam fábricas e tentaram dirigi-las seguindo as ideias socialistas.
Por seu lado, o governo parlamentar, composto pelo partido socialista e pelo partido popular, não chegava a um acordo nas grandes questões políticas. Isto facilitaria a chegada dos fascistas ao poder.
Marcha sobre Roma
Em outubro de 1922, durante o congresso do partido fascista realizado em Nápoles, Mussolini anunciou a "Marcha sobre Roma", onde, cinquenta mil camisas negras - o uniforme fascista - dirigiram-se à capital italiana. Impotente, o rei Vitor-Emanuel III convidou o líder dos fascistas, Benito Mussolini, para formar o Ministério.
Nas eleições fraudulentas de 1924, os fascistas obtiveram 65% dos votos e em 1925, Mussolini torna-se o Duce ("líder", em italiano).
Mussolini começou a implantar seu programa: acabou com as liberdades individuais, fechou e censurou jornais, anulou o poder do Senado e da Câmara dos Deputados, criou uma polícia política, responsável pela repressão, etc.
Aos poucos foi instalando o regime ditatorial. O governo manteve as aparências de monarquia parlamentarista, mas Mussolini detinha plenos poderes.
Após garantir para si grande autoridade política e se cercar das elites dominantes, Mussolini buscou o desenvolvimento econômico do país. No entanto, esse período de crescimento foi duramente afetado pela crise de 1929.
Totalitarismo e Fascismo
O Totalitarismo representa um sistema político autoritário e repressivo, onde o Estado controla todos os cidadãos, os quais não possuem liberdade de expressão bem como participação política.
O período entre guerras foi uma época de radicalização política. Foi assim que os regimes totalitários se instalaram em vários países europeus, como a Itália a partir de 1922, e o nazismo, na Alemanha, em 1933.
A expansão dos regimes totalitários estava relacionada aos problemas econômicos e sociais pelos quais passou a Europa depois da Primeira Guerra Mundial. Também existia o temor de que o socialismo, implantado na Rússia, viesse a se expandir.
Para muitos países, uma ditadura totalitária parecia solução, pois prometia uma reação forte, próspera e sem agitações sociais. Além da Itália e da Alemanha, países como a Polônia e a Iugoslávia foram dominados por regimes totalitaristas.
O fascismo se adaptava à cultura política dos países onde era adaptado. Assim ganhou o nome de "Franquismo" na Espanha e "Salazarismo", em Portugal.
Fascismo e Nazismo
É muito comum haver confusão entre os termos “fascismo” e “nazismo”. Afinal, ambos são regimes políticos de cunho totalitários e nacionalistas que se desenvolveram na Europa no século XX.
Entretanto, o fascismo foi implementado na Itália por Benito Mussolini durante o período entre guerras. Já o nazismo foi um movimento de inspiração fascista que ocorreu na Alemanha, liderado por Adolf Hitler e que se baseava, principalmente, no antissemitismo.
Símbolo do fascismo
O Movimento Fascismo e Liberdade utiliza o "fascio" como símbolo
Na Itália, os símbolos do fascismo eram:
Fascio (machado atado a um feixe de varas): o símbolo que deu origem ao vocábulo aparecia em vários monumentos, selos e documentos oficiais.
Camisa Negra. faziam parte do uniforme dos fascistas e por isso, seus membros eram chamados "camisas-negras".
Saudação: com o braço direito levantado
Lema: "Crer, Obedecer, Combater" era dito em discursos políticos e estava presente em medalhas, quadros, etc.
Fascismo no Brasil
Integralismo
Plínio Salgado discursa acompanhado de militantes integralistas
O fascismo no Brasil teve como representante Plínio Salgado (1895-1975) fundador da Ação Integralista Brasileira, em 1932. Salgado adotou um lema em tupi-guarani "Anauê", a letra grega "sigma" como símbolo e vestiu seus simpatizantes de camisas-verdes.
Defendia um Estado forte, mas rejeitou o racismo publicamente, por ser esta doutrina incompatível com a realidade brasileira. Anticomunista, se aproximou e apoiou Getúlio Vargas até o golpe de 1937, quando a AIB foi fechada, assim como os demais partidos brasileiros.
Desta maneira, alguns militantes integralistas promoveram o Levante Integralista de 1938, mas que foi rapidamente sufocado pela polícia. Plínio Salgado foi conduzido ao exílio em Portugal e muitos de seus companheiros, presos.
O Estado Novo e o Fascismo
O governo de Getúlio Vargas durante o Estado Novo (1937-1945) teve características fascistas como a censura, o unipartidarismo, a existência de uma polícia política e a perseguição aos comunistas.
No entanto, não foi expansionista e nem escolheu nenhum outro povo para ser alvo de ataques. Assim, podemos afirmar que o Estado Novo foi nacionalista e não fascista.
Juliana Bezerra
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.
ATIVIDADE 1- CLICAR NO LINK ABAIXO PARA RESPONDER - ATÉ 14/05
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Segunda Guerra Mundial
Juliana Bezerra Juliana Bezerra Professora de História
A Segunda Guerra Mundial ocorreu entre 1º de setembro de 1939 e terminou 8 de maio de 1945, e em 2 de setembro, no Pacífico.
As operações militares envolveram 72 países, entre os quais estão Grã-Bretanha, Estados Unidos e União Soviética, combatendo a Alemanha, Itália e Japão.
A contenda deixou cerca de 45 milhões de mortos, 35 milhões de feridos e três milhões de desaparecidos.
Calcula-se que o custo total da Segunda Guerra Mundial chegou a 1 trilhão e 385 bilhões de dólares.
Causas da Segunda Guerra Mundial
Entre os fatores que levaram à 2ª Guerra Mundial está o descontentamento da Alemanha com o desfecho da Primeira Guerra (1914-1918).
A Alemanha foi declarada a única culpada deste conflito, teve suas Forças Armadas reduzidas e teve que pagar indenizações aos vencedores.
Isto provocou fragilidade econômica, alta inflação e acúmulo de problemas sociais. Na década de 20, surgem movimentos radicais como o nazismo, liderado por Adolf Hitler, que conquistam parte da população.
Hitler defendia o nacionalismo, a ideia que os arianos eram uma raça superior e as demais deveriam ser submetidas ou eliminadas, especialmente, os judeus, considerados culpados de todos os males. Isto gerou o chamado Holocausto, que foi o assassinato em escala industrial deste povo.
Igualmente foram condenados e assassinados descapacitados mentais e físicos, comunistas, homossexuais, religiosos e ciganos.
Fases da Segunda Guerra
O conflito pode ser dividido em três fases:
As vitórias do Eixo (1939-1941);
O equilíbrio das forças (1941-1943);
A vitória dos Aliados (1943-1945).
A 2ª Guerra Mundial se iniciou com a invasão da Polônia pela Alemanha no dia 1º de setembro de 1939 e terminou com a rendição da Alemanha em 8 de maio de 1945. No Pacífico, porém, a contenda continuaria até a capitulação do Japão em 2 de setembro de 1945.
A frente de batalha era formada pelas nações do Eixo (integrado por Alemanha, Itália e Japão) e os países Aliados (Grã-Bretanha, União Soviética e Estados Unidos).
O Brasil declarou guerra ao Eixo em 22 de agosto de 1942 e mandou soldados para a Itália em 1944. Além disso, os Estados Unidos usaram uma base aérea em Natal/RN.
1ª fase: vitórias do Eixo (1939-1941)
A primeira fase da 2ª Guerra Mundial ocorreu com a invasão da Polônia pela Alemanha em 1939.
Na tentativa de barrar as incursões do chanceler alemão Adolf Hitler (1889-1945), os governos de França e Grã-Bretanha impuseram bloqueios econômicos à Alemanha. No entanto, não chegaram ao conflito direto.
Eficaz no campo de batalha, a Alemanha realizou em 1940, uma operação em que combinou ataques terrestres, aéreos e navais para ocupar a Dinamarca.
O exército alemão também tomou a Noruega como forma de salvaguardar o comércio de aço com a Suécia e marcar posição contra a Grã-Bretanha. Para tanto, foi ocupado o porto norueguês de Narvik.
Em maio de 1940, Hitler ordenou a invasão da Holanda e da Bélgica, e uma vez ocupados estes países, as tropas nazistas rumam à França e conseguem dominá-la.
A França assina o armistício com a Alemanha em 14 de junho de 1940 e é dividida em duas áreas: uma administrada pelos alemães e a outra, pelo Marechal Petáin, que colaborava com os nazistas.
Hitler volta seus olhos para a Grã- Bretanha e, no dia 8 de agosto, a Alemanha bombardeou as cidades britânicas com a Luftwaffe, a força aérea alemã. Embora tivessem em menor número, a Força Aérea Britânica (RAF), consegue neutralizar o ataque e o governo da Grã-Bretanha ordenou incursões em solo alemão.
Esta foi a única derrota de Adolfo Hitler na primeira fase da guerra e permitiu aos Aliados a recompor suas forças.
No ano seguinte, em 1941, o exército de Hitler chegou à Líbia, no norte da África, com objetivo de conquistar o canal de Suez. Em maio deste mesmo ano, Iugoslávia e Grécia foram ocupadas por tropas do Eixo.
2ª fase: equilíbrio de forças (1941-1943)
Segunda Guerra stalingrado
Com a vitória soviética em Estalingrado, os nazistas não conquistaram mais nenhum território
O equilíbrio das forças caracteriza a segunda fase da Segunda Guerra. Esta etapa se inicia em 1941 com a invasão da União Soviética pelos alemães e termina em 1943 com a capitulação da Itália.
A conquista da União Soviética tinha como finalidade a ocupação das regiões de Leningrado (hoje São Petersburgo), Moscou, Ucrânia e Cáucaso.
A entrada do exército alemão ocorreu pela Ucrânia e, posteriormente, seguiu para Leningrado. Quando as forças de Hitler chegaram a Moscou, em dezembro de 1941, foram contidas pelo Exército Vermelho.
Batalhas no Pacífico
Paralelo ao conflito na Europa, as forças do Japão e dos Estados Unidos tinham as relações estremecidas.
Antes da guerra, na década de 30, o Japão invadiu a China e em 1941, a Indochina francesa. Como consequência, em novembro daquele ano, os EUA decretaram o embargo comercial ao Japão, exigindo a desocupação da China e Indochina.
Em meio a negociações diplomáticas entre EUA e Japão, este bombardeou a base naval de Pearl Harbor, no Havaí, e prosseguiu a ofensiva contra os americanos na Ásia meridional e no Pacífico. Diante do ataque, os Estados Unidos declararam guerra ao Japão. O ataque japonês a Pearl Harbor foi o pretexto para que os americanos entrassem no conflito. Desta maneira, a guerra assume um caráter mundial.
Os japoneses invadiram a Malásia Britânica, o porto de Cingapura, a Birmânia, a Indonésia e as Filipinas. No meio da tensão, o Japão ocupou o porto de Hong Kong e ilhas no Oceano Pacífico que pertenciam à Grã-Bretanha e aos Estados Unidos. Além disso, a Alemanha e a Itália declararam guerra aos Estados Unidos.
Até janeiro de 1942, a ofensiva japonesa resultou na conquista de 4 milhões de quilômetros quadrados e o comando de uma população de 125 milhões de habitantes.
O momento da virada: derrota alemã na União Soviética
O cenário da Segunda Guerra Mundial começa a mudar ao final de 1942, quando os Aliados passam a ter êxito contra os ataques do Eixo. A Batalha de Estalingrado marca essa fase, alterando o curso do conflito.
O Japão sofre importantes derrotas no Pacífico, sendo impedido de conquistar a Austrália e o Havaí.
As forças britânicas e americanas também tem êxito na Líbia e Tunísia. A partir do norte da África, os Aliados desembarcam na Sicília e invadem a Itália, em 1943.
3ª fase: vitória dos Aliados (1943-1945)
A partir da capitulação da Itália, a Segunda Guerra Mundial entra na terceira fase, que termina com a rendição do Japão em setembro de 1945.
Na Itália, o governo de Benito Mussolini (1883-1945) é destituído pelo rei Vítor Emanuel III em julho de 1943. No norte do país é proclamada a República de Saló, um Estado reconhecido somente pelos países do Eixo. Em setembro do mesmo ano, a Itália firma o armistício com os Aliados.
Após esse ponto, a Itália muda de lado e declara guerra à Alemanha em outubro de 1943. Em abril de 1945, depois da captura das forças nazistas na Itália, Mussolini tenta fugir para a Suíça, mas é detido e fuzilado pela resistência.
O cerco à Alemanha se concretiza com a queda da Itália. Em paralelo, em 1944, os soviéticos libertaram a Romênia, a Hungria, a Bulgária e a Tcheco-Eslováquia.
Em 6 de junho daquele ano, ocorreu o Dia D, como é chamado o desembarque do exército Aliado na Normandia, (França), que provoca o recuo dos alemães e a libertação da França.
Ainda na Europa, o Exército soviético liberta a Polônia em janeiro de 1945, conquista a Alemanha e derrota o III Reich. Em 8 de maio, o conflito termina na Europa.
Já no Pacífico, os Estados Unidos pressionam o Japão e no fim de 1944, conquistam as ilhas Marshall, Carolinas, Marianas e Filipinas. A Birmânia é conquistada em 1945 e a ilha de Okinawa é ocupada.
Sem perspectiva de capitular, o Japão sofre a pior ofensiva bélica da Segunda Guerra Mundial. Em 6 de agosto de 1945, os Estados Unidos jogam uma bomba atômica sobre Hiroshima e em 9 de agosto fazem o mesmo em Nagasaki
A rendição do Japão é assinada em 2 de setembro de 1945, pondo fim ao conflito no Pacífico e na guerra.
O Brasil na Segunda Guerra Mundial
Inicialmente, o Brasil se manteve neutro na guerra, mas diante do bombardeamento de navios brasileiros, o governo de Getúlio Vargas declara guerra ao Eixo.
A participação ficou a cargo da FEB (Força Expedicionária Brasileira), formada em 9 de agosto de 1943 e integrada por um contingente de 25.445 soldados, permanecendo em combate durante sete meses.
Três mil soldados brasileiros foram feridos e 450 morreram.
Consequências da Segunda Guerra Mundial
A Segunda Guerra Mundial marcou profundamente o mundo contemporâneo.
A Alemanha não foi declarada culpada da guerra, como no conflito anterior, porém passou por um profundo processo de depuração ideológica.
Os países europeus se encontravam destruídos e com sua população reduzida. Somente com a ajuda americana, através do Plano Marshall, foi possível a reconstrução europeia.
Também foi concretizada a criação de um fórum internacional, a Organização das Nações Unidas (ONU), que seria um instrumento diplomático entre as nações para evitar a guerra.
No entanto, o grande vencedor da contenda foram os Estados Unidos, que não tiveram seu território invadido (exceto o Havaí). Desta maneira, o país não acumulava grandes perdas materiais, comparado aos países europeus.
A Europa também foi dividida em dois blocos econômicos de acordo com o país que libertou e ocupou as nações. Países do leste europeu como Polônia, Hungria e Romênia passara a sofrer influência da União Soviética e construíram governos de caráter socialista.
Já países como França, Bélgica e Holanda, se viram ocupadas pelos Estados Unidos e inauguram a época do Estado de Bem-Estar Social.
O confronto entre as duas ideologias marcou o mundo inteiro e foi conhecido como Guerra Fria.
Bezerra, Juliana, Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ.
Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em
História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá,
Espanha.
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O SOCIALISMO
Em oposição às ideias defendidas pelo liberalismo, surgiu o socialismo, cujo princípio fundamental é a crítica à propriedade privada e às classes sociais – em suma, ao capitalismo. Todavia, entre os socialistas havia divergências a respeito de qual estratégia deveria ser empregada na luta contra o capitalismo. Nasceram, portanto, duas tendências dentro da doutrina: o socialismo utópico e o socialismo científico.
O socialismo utópico
Doutrina que expressa o ponto de vista do proletariado, apesar de seu comprometimento com o liberalismo. Nasceu na França, mas atingiu partes da Europa oitocentista. Tecia severas críticas à ordem capitalista-burguesa, mas não oferecia alternativas viáveis na prática. Tratava-se de uma visão até romântica sobre a maneira de se atingir o socialismo.
A privatização da indústria, assim como a livre concorrência, são mecanismos dos modos de produção capitalista.
Para o socialismo, a indústria deve passar por um processo de coletivização, que pressupõe que pertençam ao Estado (estatização).
Os socialistas utópicos acreditavam na capacidade transformadora do homem, cujas vontades e paixões eram o combustível necessário à transformação social. Defendiam a abolição da propriedade privada e a instauração de sociedades igualitárias, mais ideal, em que vigorasse a justiça. Entre seus principais representantes, destacaram-se:
Saint-Simon: adepto das ideias iluministas, escreveu Cartas de um Habitante de Genebra a seus Contemporâneos, em que propõe a formação de uma sociedade em que não haveria ociosos nem a exploração do homem pelo homem. O trabalho, fraternalmente repartido e igualmente apropriado, seria realizado por todos com prazer e naturalidade. Defendia também a divisão da sociedade em três categorias: os sábios – que deveriam, juntamente com os artistas, conduzi-la –, os proprietários e os despossuídos.
Charles Fourier, também inspirado pelo pensamento iluminista, sobretudo pelos ensinamentos de Rousseau, acreditava que era possível reorganizar a sociedade com base nos falanstérios – fazendas coletivas agroindustriais e autossuficientes.
Robert Owen, tornou-se famoso mais por seu pragmatismo do que por seu intelecto. Procurou melhorar a qualidade de vida dos operários por meio da instrução. Acreditava que só uma pessoa bem preparada poderia trabalhar com dedicação e qualidade. Chegou a aplicar parte de suas ideias em empresas da Escócia e, instalado nos Estados Unidos, criou a comunidade New Harmony, em que aplicou suas ideias de formação integral do indivíduo.
O socialismo científico
O socialismo científico foi fundado por Karl Marx – cuja obra mais conhecida é O Capital – e Friedrich Engels. Em 1848, Marx e Engels publicaram o Manifesto Comunista – obra que sintetiza os mais importantes postulados dessa doutrina.
O socialismo científico distancia-se do socialismo utópico, pois, em vez de confiar na capacidade transformadora dos homens, parte para uma análise dos mecanismos econômicos e sociais do capitalismo, a fim de conhecê-lo a fundo e propor modos de eliminá-lo. Ambas as correntes projetam uma sociedade justa e igualitária. Entretanto, o socialismo científico realiza uma crítica ao chamado "socialismo utópico", por isso não fornece bases concretas para essa transformação da sociedade e superar as desigualdades do capitalismo, trata-se, portanto, de uma proposta revolucionária do proletariado sem encontrar caminhos possíveis ao socialismo.
Para formular sua ideologia, Marx, o maior representante do socialismo científico, inspirou-se em outras doutrinas que se manifestavam na época. Assim, buscou elementos para sua análise no pensamento liberal de Adam Smith, no socialismo utópico dos franceses e na filosofia idealista alemã, representada por Kant e Hegel.
Os conceitos e princípios mais utilizados pelo socialismo científico são:
o materialismo histórico, ou seja, a interpretação econômica da história: implica na noção de modo de produção. Segundo essa ideia, a economia (infraestrutura) é a base sobre a qual se apoia a estrutura social e que determina suas características políticas e culturais (superestrutura). As alterações econômicas, portanto, determinam as mudanças históricas, ou seja, cada período histórico apresenta um conjunto de características socioeconômicas, políticas e culturais (modo de produção), que só se altera quando ocorre alguma transformação econômica;
o materialismo dialético: o conceito de que a crise e a superação de um determinado modo de produção – ou seja, a transformação histórica – devem-se às suas contradições internas, isto é, aos antagonismos que se desenvolvem no interior do próprio modo de produção quando este se estrutura;
a luta de classes: conceito chave dentro do pensamento marxista, segundo o qual a luta de classes – o antagonismo social entre exploradores e explorados, sempre presente nas sociedades humanas – é responsável pelas transformações históricas; ou seja, a luta de classes, segundo o socialismo científico, é o motor da história.
a mais-valia: outro conceito chave do ideário marxista. Para Marx, o capital acumulado pelos detentores dos meios de produção advém da não remuneração integral do trabalho do proletariado. Isto é, o capitalista não paga integralmente o valor da força de trabalho usada na produção das mercadorias.
Em pouco tempo, o pensamento marxista foi adotado por todos os insatisfeitos com o capitalismo, pois preconizava a luta proletária pela instauração do socialismo, igualitário e justo. As lideranças operárias aderiram ao socialismo científico, adotando o lema “Proletários, uni-vos!”.
A economia socialista é um sistema econômico caracterizado pela propriedade coletiva dos principais meios de produção. Refere-se à teorias econômicas, práticas e normas hipotéticos ou existentes em uma população moderna.
As principais características deste sistema são:
propriedade colectiva dos principais meios de produção, todos os setores da economia são coletivizados;
planificação ostensiva de toda a de produção econômica.
Um sistema econômico socialista baseia-se em alguma forma de propriedade social dos meios de produção, o que pode significar cooperativas autônomas ou a propriedade pública direta; onde a produção é voltada diretamente para o seu uso. Quando os mercados são utilizados para a atribuição de insumos e bens de capital entre as unidades econômicas, a designação socialismo de mercado é usada. Quando o planejamento é utilizado, o sistema econômico é designada por economia socialista planificada. Formas de socialismo não mercantis geralmente incluem um sistema de contabilidade baseado no cálculo em espécie ou uma medida direta do tempo de trabalho como um meio para distribuir recursos e bens.[1][2]
O termo economia socialista também pode ser aplicado à análise de antigos e atuais sistemas econômicos que se auto-intitulam "socialistas", como nas obras do economista húngaro János Kornai.[3]
Economistas socialistas tem sido associados à diferentes escolas do pensamento econômico. A economia marxista forneceu uma estrutura para o socialismo baseado na análise do capitalismo, enquanto a economia neoclássica e a economia evolucionária forneceu modelos completos do socialismo. Durante o século XX, várias propostas e modelos para ambas economia planificada e socialismo de mercado foram fortemente baseados na economia neoclássica ou numa síntese da economia neoclássica com a economia marxista ou institucional.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_socialista#:
O COMUNISMO
O Comunismo, ideologia baseada nas ideias de Karl Marx, tinha por objetivo a criação de uma sociedade sem classes sociais. No Comunismo não deveria haver Estado, os trabalhadores deveriam tomar o poder estatal para si. O proletariado toma o poder por meio da força e desenvolvendo uma economia planejada em que não houvesse desigualdade entre as pessoas.
As ideias básicas de Karl Marx estão expressas principalmente no livro O Capital e no Manifesto Comunista, obra que escreveu com Friedrich Engels, economista alemão. Marx acreditava que a única forma de alcançar uma sociedade feliz e harmoniosa seria com os trabalhadores no poder. Em parte, suas ideias eram uma reação às duras condições de vida dos trabalhadores no século XIX, na França, na Inglaterra e na Alemanha. Os trabalhadores das fábricas e das minas eram mal pagos e tinham de trabalhar muitas horas sob condições desumanas.
Marx estava convencido que a vitória do comunismo era inevitável. Afirmava que a história segue certas leis imutáveis, à medida que avança de um estágio a outro. Cada estágio caracteriza-se por lutas que conduzem a um estágio superior de desenvolvimento. O comunismo, segundo Marx, é o último e mais alto estágio de desenvolvimento.
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REVOLUÇÃO RUSSA
O Império Russo passava por uma grande crise no início do século XX:
– o imenso território era governado por um imperador absolutista (o czar) a partir de São Petersburgo. O ultimo czar foi Nicolau II (1894-1917)
– a economia russa era basicamente agrícola e a propriedade da terra estava concentrada nas mãos da nobreza russa e do clero, submetidos ao czar. Eram somente essas classes sociais que possuíam direitos na Rússia
– 80% da população eram formados por camponeses vivendo em condições miseráveis
– em torno de 40% da população eram de outra nacionalidade (não russa) e vivia em condições piores que a dos russos
– no final do século XIX a Rússia passou por um processo de industrialização dependente do capital estrangeiro (inglês e francês). Nas cidades industriais as condições de vida dos trabalhadores eram, muitas vezes, piores que a dos camponeses
A derrota russa na Guerra Russo-Japonesa (1904) aumentou o endividamento do Estado. Várias revoltas populares estouraram e foram duramente massacradas. Dentre elas, o episódio mais conhecido foi o “Domingo Sangrento” (1905): centenas de trabalhadores pretendiam levar ao czar um abaixo-assinado reivindicando melhores condições de vida e reforma política. Apesar desse movimento ter sido pacifico, os trabalhadores foram recebidos a tiros e mais de mil pessoas foram mortas.
Ao mesmo tempo intelectuais, profissionais liberais e capitalistas também passaram a criticar o czarismo. O czar Nicolau II tentou amenizar a situação prometendo a convocação da Assembléia Nacional (Duma). Várias Dumas foram convocadas e fechadas, o que aumentou ainda mais as criticas ao czar.
Os partidos políticos eram proibidos, mas vários existiam na clandestinidade, sendo alguns deles inspirados pelos ideais marxistas e outros pelo modelo liberal europeu. Muitos dos líderes desses partidos tinham sido exilados, mas continuavam atuando, a partir do exterior, para derrubar o czarismo.
Quanto mais a insatisfação das massas populares aumentava, mais esses partidos ganhavam força. Os bolcheviques (“maioria”) do Partido Operário Social-Democrático Russo (marxista) foi o grupo que mais conseguiu destaque nesse cenário de crise. Além disso, em diversas regiões, os próprios trabalhadores passaram a se organizar em conselhos, chamados de sovietes.
Revolução Branca e Revolução Vermelha
A entrada do Império Russo na I Guerra Mundial levou a uma grave crise socioeconômica. Em fevereiro de 1917 o czar abdicou, pondo fim ao czarismo. Em seu lugar assumiu um Governo Provisório, inspirado no modelo liberal europeu (Revolução Branca). Mas esse novo governo não atendeu a principal reivindicação popular: a retirada da Rússia da guerra.
Poucas semanas depois, Lênin (líder dos bolcheviques) chegou do exílio à Rússia, e iniciou uma campanha a favor da saída da Rússia da guerra e da reforma agrária, defendendo uma aliança do partido aos sovietes. Os slogans de seus discursos eram: “Paz, pão e terra” e “Todo poder aos sovietes!”.
Em São Petersburgo, Leon Trotsky (líder do soviete local) passou a organizar a Guarda Vermelha em apoio à revolução que Lênin propunha.
Em outubro de 1917 a Guarda Vermelha, com apoio de operários, camponeses e soldados, depôs o Governo Provisório, aclamando Lênin como líder do primeiro Estado socialista da História (Revolução Vermelha ou Bolchevique)
Rússia Bolchevique
As primeiras medidas de Lênin, apesar de serem coerentes as suas propostas de campanha, não agradaram:
– ao retirar a Rússia da I Guerra, Lênin aceitou pagar indenização e ceder territórios à Tríplice Aliança;
– ao confiscar bens da antiga elite russa, o novo Estado bolchevique gerou uma grande saída de capitais do país.
A miséria da população aumentou e uma Guerra Civil se iniciou em 1918. De um lado estava o Exército Vermelho (antiga Guarda Vermelha e força militar dos bolcheviques) e de outro o Exército Branco (antiga elite e descontentes com o novo governo, que tinham apoio internacional).
No meio dessa guerra, várias minorias étnicas aproveitaram da extrema crise para se rebelarem em busca de autonomia política.
Os bolcheviques foram implacáveis: implantaram uma política econômica chamada de “comunismo de guerra”, e assim confiscaram tudo que era produzido pela população para sustentar a Guerra Civil. A polícia política perseguia todos os que fossem considerados “anti-revolucionários”, ou seja, os inimigos dos bolcheviques. Em 1920 o Exército Vermelho venceu a Guerra Civil e o Estado Bolchevique foi implantado na Rússia.
Em 1921, Lênin buscou reorganizar a economia russa, implantando a NEP (em português: Nova Política Econômica), dando algumas liberdades econômicas à população, mas sempre com a orientação do Estado.
No ano seguinte os bolcheviques fundaram o Partido Comunista Russo e a cidade de Moscou se tornou oficialmente a capital de um novo país: União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Apesar do nome, esse enorme país nada tinha de “união”, na realidade significou a expansão russa e bolchevique sobre os países vizinhos.
Mas foi no governo de Stálin, sucessor de Lênin, que a URSS se tornou uma grande potência mundial. Uma ditadura totalitária foi imposta, a partir de uma economia controlada pelo Estado e de uma política de extremo controle sobre a população
https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/revolucao-russa-1917/
Revolução Chinesa
HISTÓRIA GERAL
A Revolução Chinesa aconteceu oficialmente em 1949 e deu início às transformações responsáveis por fazer da China uma nação comunista.
A Revolução Chinesa foi o processo revolucionário responsável pela transformação da China em uma nação comunista. Isso aconteceu após longos anos de guerra civil em que as forças comunistas de Mao Tsé-tung lutaram contra as forças nacionalistas de Chiang Kai-shek. Com essa vitória, foi fundada a República Popular da China, e as transformações começaram a ser implementadas pelo novo regime comunista.
Antecedentes
A Revolução Comunista de 1949 foi o resultado final de um longo processo de transformações que aconteceram na China no decorrer do século XX. No começo daquele século, o país encontrava-se governado por uma monarquia e era uma nação enfraquecida por conta da interferência estrangeira. O território chinês era ocupado por diferentes nações, como Inglaterra e França, o que motivou o surgimento de movimentos nacionalistas.
O fortalecimento do nacionalismo tinha em Sun Yat-sen um grande nome. A Revolução de 1911 ou Revolução Xinhai colocou fim à monarquia chinesa e deu início a uma República formada a partir de um governo provisório. O período que se seguiu após 1911 foi bastante conturbado na China, e a instabilidade fomentou movimentos separatistas em parte do país.
Esses movimentos surgiram, sobretudo, no sul e eram liderados pelos conhecidos Senhores da Guerra, espécie de chefes militares que concentravam poder e influência sobre suas regiões de origem. A luta contra esses movimentos ocorreu no período de 1916 a 1927 e foi encabeçada pelo Partido Nacionalista ou Kuomintang.
Enquanto os nacionalistas lideravam esse combate contra a fragmentação territorial, outro grupo político despontava na China: os comunistas. O fortalecimento do comunismo no país esteve diretamente relacionado ao sucesso da Revolução de 1917, na Rússia. O resultado do crescimento do comunismo foi o fortalecimento da classe do operariado, levando ao surgimento do Partido Comunista Chinês (PCC), criado em 1921 e inicialmente com 57 membros – todos considerados fundadores do partido. Um deles era Mao Tsé-tung, nome de grande relevância no PCC durante os anos seguintes.
Guerra civil
Depois que o PCC foi instituído, tratou de criar relações com o Kuomintang, o maior partido da China naquele período. As ligações iniciais foram bem amistosas, uma vez que, a partir da mediação da União Soviética, o Kuomintang aceitou acolher os comunistas em seus quadros desde que submetidos ao comando de Sun Yat-sen.
A União Soviética também se estabeleceu como parceira econômica do Kuomintang, fornecendo-lhe armas e outros recursos econômicos importantes. O apoio soviético a um partido visto como “burguês” acontecia porque afirmavam que a China não possuía as condições históricas necessárias à transição para o socialismo.
A relação do Kuomintang com os comunistas alterou-se a partir de 1925, quando Sun Yat-sen faleceu e Chiang Kai-shek assumiu o comando do partido. Os comunistas passaram a sofrer uma intensa repressão do Kuomintang porque o PCC começou a registrar um crescimento considerável, sobretudo nas grandes cidades chinesas, o que incomodava Chiang.
Chiang Kai-shek então ordenou uma perseguição aos comunistas, mobilizando tropas para realizar essa tarefa. O aumento da repressão colocou os comunistas chineses em situação de risco, os quais, para evitar a total aniquilação do movimento, optaram por se refugiar em zonas do interior.
Essa fuga, que ficou conhecida como Longa Marcha, aconteceu entre 1934 e 1935, quando os comunistas percorreram aproximadamente 10 mil quilômetros, saindo das regiões de Jiangxi e Fujian para se estabelecer em Yanan.
A guerra civil que era travada na China entre comunistas e nacionalistas foi parcialmente interrompida em meados de 1930 porque os japoneses se tornaram uma grande ameaça para ambos. O Japão, que tinha interesses imperialistas na China desde o final do século XIX, ampliou suas ingerências no território chinês durante a década de 1930.
Em 1931, os japoneses oficialmente invadiram parte do território chinês, evento que ficou conhecido como Incidente Mukden. O território ocupado foi a Manchúria, onde os japoneses fundaram um Estado fantoche conhecido como Manchukuo. A hostilidade japonesa intensificou-se e levou o país a declarar guerra contra os chineses em 1937.
Com isso, nacionalistas e comunistas concordaram em impor uma trégua à luta que travavam entre si para concentrar esforços contra os japoneses na guerra conhecida como Segunda Guerra Sino-Japonesa. Apesar disso, os historiadores registraram que, mesmo no período de trégua, comunistas e nacionalistas lutaram entre si.
Derrota japonesa e o reinício da guerra civil
A luta contra os japoneses estendeu-se durante oito anos e só terminou em 1945, quando o Japão foi definitivamente derrotado ao final da Segunda Guerra Mundial. Com a vitória dos chineses, os líderes dos dois partidos, Mao Tsé-tung e Chiang Kai-shek, reuniram-se para debater a formação de um governo conjunto na China.
Essas negociações, no entanto, representaram um fracasso completo porque os nacionalistas exigiam forças comunistas totalmente desarmadas, o que, naturalmente, foi rejeitado por Mao Tsé-tung. Assim, a guerra civil foi retomada em 1946, com as forças nacionalistas recebendo forte apoio dos Estados Unidos.
Apesar desse suporte norte-americano, as forças de Chiang Kai-shek não possuíam a popularidade que os comunistas tinham, sobretudo entre os camponeses. Esse apoio existia porque, durante os anos da guerra contra os japoneses, foram os comunistas que defenderam a população camponesa, além de terem implementado medidas que garantiram o acesso dessas pessoas a um pedaço de terra.
Após o reinício da guerra civil, as forças comunistas eram superiores a 10 milhões de pessoas (apesar de somente 1 milhão ser composto por soldados profissionais e devidamente armados), que, de 1946 a 1949, foram ampliando o seu domínio sobre o interior da China, deixando os nacionalistas cada vez mais isolados nas grandes cidades.
Em janeiro de 1949, as tropas comunistas conquistaram a cidade de Pequim. Assim, Chiang Kai-shek, toda a cúpula do Kuomintang e a alta burguesa da China fugiram do país e refugiaram-se na ilha de Formosa (atual Taiwan). Com a fuga dos nacionalistas, Mao Tsé-tung proclamou a República Popular da China em 1º de outubro de 1949 e deu início às transformações que implementaram o comunismo na China.
Revolução Cubana
HISTÓRIA GERAL
A Revolução Cubana, concluída em 1959, foi um processo revolucionário liderado por Fidel Castro e outros guerrilheiros e visava à derrubada da ditadura de Fulgêncio Batista.
A Revolução Cubana foi um processo revolucionário que aconteceu em Cuba, uma ilha localizada no Caribe, em 1959. Esse processo foi conduzido por um movimento guerrilheiro que atuava de uma região remota da ilha chamada Sierra Maestra e teve como lideranças Fidel Castro e Ernesto “Che” Guevara. Os guerrilheiros cubanos que a princípio conduziam um movimento revolucionário nacionalista, foram os responsáveis por derrubar a ditadura de Fulgêncio Batista.
Resumo
A Revolução Cubana foi conduzida por Fidel Castro, líder de uma guerrilha instalada no interior do território cubano. A guerrilha liderada por Fidel buscava derrubar a ditadura de Fulgêncio Batista, instalada no país desde 1952 por meio de um golpe militar. Após idas e vindas, o movimento instalou-se em Sierra Maestra e foi realizando ataques, os quais resultaram na derrubada do governo cubano.
O novo governo cubano que se estabeleceu tinha em Fidel Castro seu grande nome e realizou uma série de mudanças no país, que atraíram a atenção dos Estados Unidos. Os americanos, insatisfeitos, romperam relações com Cuba e tentaram derrubar o governo cubano em 1961. A quebra de relações com os EUA resultou na aliança dos cubanos com a União Soviética.
A Revolução Cubana teve como grande nome Fidel Castro, mas outros nomes importantes dessa revolução foram Raúl Castro (irmão de Fidel), Ernesto “Che” Guevara (o grande nome da luta revolucionária na América Latina) e Camilo Cienfuegos.
Antecedentes
Até o final do século XIX, Cuba havia sido colônia espanhola, e sua independência foi conquistada em 1898 com a intervenção dos Estados Unidos no país caribenho. O fim da colonização espanhola não significou necessariamente o fim da exploração de Cuba. A intervenção dos EUA fez com que o país passasse para o raio de influência norte-americana.
Cuba tornou-se praticamente um quintal dos Estados Unidos, e a influência de empresas americanas cresceu consideravelmente ao longo do século XX. O símbolo da influência dos Estados Unidos era a Emenda Platt, tratado em que Cuba aceitava que os Estados Unidos interviessem no país sempre que considerassem necessário.
A Emenda Platt também estipulava que bases navais americanas seriam desenvolvidas no país e que Cuba venderia ou alugaria terras para que os Estados Unidos pudessem explorar carvão. Nesse contexto, Cuba, na primeira metade do século XX, desenvolveu-se à sombra do interesse americano e, assim, os seus governos funcionavam para atender a esses interesses.
No contexto da Revolução Cubana, o país caribenho era governado por Fulgêncio Batista, um ditador que mantinha um governo extremamente corrupto. Fulgêncio assumiu o poder em Cuba com um golpe realizado em 10 de março de 1952 contra o então presidente, Carlos Prío Socarrás.
Fulgêncio Batista manteve uma ditadura militar perseguindo seus opositores, implantando a censura e governando para atender aos interesses dos Estados Unidos. A ascensão ao poder de Fulgêncio Batista foi a grande responsável por iniciar um movimento revolucionário de oposição.
Nesse momento, surgiu Fidel Castro como liderança revolucionária em Cuba. O movimento revolucionário cubano que surgiu nesse contexto, conforme evidenciam os historiadores, não era um movimento de viés socialista ou comunista. Tratava-se de um movimento estritamente nacionalista para derrubar Fulgêncio Batista e acabar com a dependência de Cuba em relação aos Estados Unidos.
Revolução Cubana
Fidel Castro foi o grande líder da Revolução Cubana e conduziu este processo de 1953 a 1959, tornando-se depois no governante de Cuba.**
O ponto de partida para a Revolução Cubana foi o ataque contra o Quartel de Moncada no dia 26 de julho de 1953. Esse quartel do exército cubano era um arsenal de armamentos, e o ataque aconteceu com uma guerrilha liderada por Fidel Castro e formada por pouco mais de uma centena de homens.
Fidel Castro esperava que o ataque contra o quartel pudesse ser o início de uma mobilização nacional contra Fulgêncio Batista. O movimento, porém, fracassou, e muitos dos guerrilheiros que lutaram ao lado de Fidel Castro foram mortos ou presos. Fidel e Raul Castro foram presos, sendo Fidel condenado a 15 anos de prisão.
Dois anos depois, no entanto, Fidel Castro e diversos outros presos políticos foram libertados pelo governo de Fulgêncio Batista. Fidel e um grupo de seguidores exilaram-se no México e lá organizaram um novo movimento para derrubar a ditadura em curso em Cuba. Durante esse período no México, Fidel conheceu Ernesto “Che” Guevara, revolucionário argentino que resolveu aderir à luta dos cubanos.
No México, Fidel Castro e seus seguidores criaram o “Movimento 26 de Julho” em homenagem ao ataque realizado contra o Quartel Moncada em 1953. Uma vez que o movimento revolucionário de Fidel reorganizou-se no México, foram realizados os preparativos para que retornassem a Cuba.
Os revolucionários cubanos retornaram para Cuba em um iate, mas foram recebidos pelo exército cubano com um duro ataque. Derrotados nesse ataque, esconderam-se na região de Sierra Maestra e de lá, novamente, foram reorganizar a guerrilha com o objetivo de derrubar Fulgêncio Batista.
Entre 1956 e 1959, os revolucionários cubanos lutaram contra os exércitos de Fulgêncio Batista. Pouco a pouco foram impondo derrotas ao governo e conquistando o apoio tanto da população rural quanto da população urbana. A derrota de Fulgêncio, no entanto, foi súbita, uma vez que só em 1958 os guerrilheiros conseguiram conquistar uma cidade de mais de mil habitantes|1|.
A queda de Fulgêncio Batista aconteceu oficialmente em 1º de janeiro de 1959, quando ele fugiu de Cuba. A derrota é explicada pelo historiador Eric Hobsbawm da seguinte maneira:
Fidel venceu porque o regime de Batista era frágil, não tinha apoio real, a não ser o motivado pela conveniência e o interesse próprio, e era liderado por um homem tornado indolente por longa corrupção. Desmoronou assim que a oposição de todas as classes políticas, da burguesia democrática aos comunistas, se uniram contra ele, e os próprios agentes, soldados, policiais e torturadores do ditador concluíram que o tempo dele se esgotara|2|.
O desgaste do governo e a atuação dos guerrilheiros cubanos foram os grandes responsáveis pela queda de Batista. A data que marca a vitória dos guerrilheiros é 1º de janeiro de 1959, dia em que Fulgêncio Batista fugiu. Fidel Castro, o grande líder dessa revolução, chegou em Havana no dia 8 de janeiro.
O novo governo estabeleceu Manuel Urrutia na presidência de maneira provisória e Fidel Castro como primeiro-ministro. A partir de 1959, começaram a ser implantadas diversas reformas no país. As mudanças promovidas no campo da economia desagradaram profundamente aos Estados Unidos e causaram o rompimento das relações entre Cuba e os americanos.
O novo governo cubano tentou diversificar a economia do país para reduzir a dependência do açúcar e também promover certa industrialização. Ambas fracassaram. Além disso, o governo cubano promoveu a reforma agrária e nacionalizou a exploração dos recursos e as empresas instaladas no país.
Com essas ações, os Estados Unidos opuseram-se abertamente contra o governo cubano e passaram a organizar medidas para sabotar Cuba. Uma das ações mais conhecidas organizadas pelos americanos foi o ataque conduzido em 1961: a Invasão da Baía dos Porcos. Nessa ocasião, dissidentes cubanos financiados pela CIA tentaram invadir o país.
A oposição dos Estados Unidos às medidas tomadas por Cuba é compreendida melhor dentro do contexto da Guerra Fria, conflito político e ideológico que dividiu o mundo em dois blocos: um de orientação capitalista, liderado pelos Estados Unidos, e outro de orientação socialista, liderado pela União Soviética.
As medidas tomadas por Cuba desagradavam aos Estados Unidos e, por isso, os revolucionários cubanos começaram a ser acusados de serem comunistas, apesar das negativas de Fidel Castro de ser ideologicamente alinhado ao comunismo. As ações dos Estados Unidos contra Cuba pavimentaram o caminho que levou a ilha caribenha a associar-se com a União Soviética, a grande inimiga dos americanos.
Entre 1960 e 1961, os Estados Unidos tomaram uma série de medidas para sufocar a economia cubana. Procurando uma alternativa, os cubanos aproximaram-se dos soviéticos. Em janeiro de 1961, os Estados Unidos formalmente romperam relações diplomáticas com Cuba. A respeito do caráter ideológico dessa revolução e como um movimento não comunista aproximou-se da União Soviética, Eric Hobasbawm afirma que:
Embora radicais, nem Fidel Castro, nem qualquer de seus camaradas eram comunistas, nem (com duas exceções) jamais disseram ter simpatias marxistas de qualquer tipo. Na verdade, o Partido Comunista cubano, […], era notadamente não simpático a Fidel, até que algumas de suas partes juntaram-se a ele, meio tardiamente, em sua campanha […].
No entanto, tudo empurrava o movimento fidelista na direção do comunismo, desde a ideologia social revolucionária […], até o anticomunismo apaixonado dos EUA na década de 1950 do senador McCarthy, que automaticamente inclinava os rebeldes latinos anti-imperialistas a olhar Marx com mais bondade. A Guerra Fria global fez o resto. Se o novo regime antagonizasse os EUA, o que era quase certo que faria, quando nada ameaçando os investimentos americanos, podia contar com os quase certos garantia e apoio do maior antagonista dos EUA|3|.
Em razão da aproximação de Cuba com a União Soviética por causa das tentativas americanas de derrubar o governo cubano, Cuba abraçou o comunismo como ideologia de seu governo. A aproximação de Cuba com a União Soviética resultou, em 1962, em um dos capítulos mais tensos e delicados de toda a história da Guerra Fria: a Crise dos Mísseis, em Cuba.
Fidel Castro, falecido em 2016, foi primeiro-ministro de Cuba de 1959 a 1976. De 1976 a 2008, foi presidente do país, sendo sucedido por seu irmão, Raúl Castro.
|1| HOBSBAWM, Eric. Era dos Extremos: o breve século XX 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 426.
|2| Idem, p. 426.
|3| Idem, p. 427.
Por Daniel Neves
Graduado em História
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/revolucao-chinesa.htm
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/revolucao-cubana.htm
O MUNDO DEPOIS DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
O fim da Segunda Guerra trouxe um grande prejuízo ao continente Europeu. Sendo o maior palco dos conflitos, o Velho Mundo fez parte de números inimagináveis. O conflito contabilizou um gasto total de 413, 25 bilhões de libras, fabricou mais de 296 mil aviões e 53 milhões de toneladas de equipamentos navais. Por todo o mundo, cerca de 45 milhões de vidas foram ceifadas, sendo a grande maioria de inocentes.
Por outro lado, existiram aquelas nações que viram no sangrento conflito uma grande oportunidade de ganho econômico. Os canadenses fabricaram mais de 16 mil aviões e 3 milhões de navios. Em curto espaço de tempo, ampliou sua indústria de metais pesados, principalmente nas áreas de alumínio, níquel, cromo e aço. Os Estados Unidos, considerado o maior beneficiário, dobrou o seu parque industrial nos anos de guerra.
Depois de estabilizada a situação, os países aliados começaram a promover os diálogos sobre a situação política e econômica mundial. Inglaterra e Estados Unidos assinaram a Carta do Atlântico, documento onde abriam mão de qualquer ganho territorial e defendiam a soberania das nações envolvidas. Entre os anos de 1943 e 1945, diversas reuniões internacionais foram realizadas com o propósito de selar diferentes acordos diplomáticos.
Na Conferência de Teerã, de novembro de 1943, União Soviética, Estados Unidos e Inglaterra definiram a incorporação das nações bálticas e elaboraram uma possível divisão do Estado alemão. Em fevereiro de 1945, a Conferência de Ialta reafirmou o princípio de autodeterminação dos povos e a instalação de regimes democráticos. Alemanha e Áustria perderam sua autonomia política, sendo divididas em diferentes zonas de ocupação.
A última e mais importante reunião de líderes mundiais aconteceu na Conferência de Potsdam, ocorrida entre julho e agosto de 1945. Os líderes soviéticos defendiam total autonomia no processo de reorganização política dos territórios ocupados na Europa Central. Em resposta, os líderes ocidentais eram contrários à intervenção soviética na região mediterrânea e na África. Os territórios alemães foram fragmentados em zonas de ocupação francesa, britânica, estadunidense e soviética.
Com relação às punições deferidas contra os alemães, ficou acordada uma multa indenizatória de 20 bilhões de dólares, sendo metade destinada à União Soviética. A indústria bélica alemã foi anulada, a indústria pesada sofreu limitações e instalou-se um tribunal internacional destinado ao julgamento das principais lideranças do regime nazista. Entre 1945 e 1946, o chamado Tribunal de Nuremberg sentenciou vinte e um líderes nazistas.
Depois de tais acordos, o continente europeu passou por um processo de divisão por zonas de influência política. Os soviéticos dominaram a região oriental da Europa dando força política aos partidos políticos comunistas na Albânia, Bulgária, Romênia, Hungria Tchecoslováquia e Polônia. Na região da Iugoslávia as frentes anti-nazistas, independentes do poderio soviético, instalaram um governo comunista liderado pelo general Josip Broz Tito.
A parcela ocidental da Europa foi influenciada pelos Estados Unidos. Com exceção de Portugal e Espanha, a região foi dominada por diversos governos democrático-liberais. Ao Japão foi imposto o Tratado de São Francisco, que declarou aos japoneses a perda de todos os territórios conquistados durante a guerra. Com o avanço comunista no Extremo Oriente, os EUA resolveram financiar a reestruturação da economia nipônica. Dessa maneira, foram dados os primeiros passos da chamada Guerra Fria.
* A Corrida Armamentista, Espacial e as ajudas econômicas
Entre as décadas de 1950 e 1960, houve o período denominado de corrida armamentista, no qual soviéticos e norte-americanos disputavam qual dos países sairiam na frente no que diz respeito a tecnologias militares e bélicas. Foi então na tentativa de mostrar sua força que a URSS levou o primeiro homem, Yuri Gagárin, ao espaço. Em resposta, os norte-americanos levaram Neil Armstrong à lua. Isso demonstrava claramente a tentativa de mostrar a superioridade entre as duas ideologias. Nesse momento também houve a criação, em 1947, do Plano Marshall pelos EUA, ajudando os países capitalistas a se reerguerem após a guerra. Com o mesmo objetivo, mas do lado oposto, foi criado em 1949 o COMECON, garantindo o auxílio mútuo entre os países socialistas.
https://descomplica.com.br/artigo/guerra-fria-o-mundo-bipolar/4tg/
SOUSA, Rainer Gonçalves. "O mundo depois da Segunda Guerra Mundial"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/guerras/o-mundo-depois-segunda-guerra-mundial.htm. Acesso em 30 de julho de 2020.
MUNDO BIPOLAR
A Guerra Fria começa a ser contada com o envio das bombas atômicas às cidades de Hiroshima e Nagasaki e a consequente rendição japonesa na Segunda Guerra, o mundo parecia finalmente se encaminhar para um cenário mais pacífico. Em meados de 1945, o conflito fora oficialmente finalizado através da assinatura de acordos de paz que decretaram o triunfo dos Aliados e, portanto, a derrota das nações fascistas do Eixo. Muitos foram aqueles que proclamavam, então, a vitória da “democracia” ante o autoritarismo da “extrema-direita”.
No entanto, nesse mesmo cenário, iniciava-se outro conflito que, embora não declarado, viria a ser travado nas mais diversas esferas sociais, impactando nos destinos de todos os países do mundo. Liderados pelas duas grandes potências vitoriosas da 2ª Guerra, esse novo combate colocava em lados opostos dois regimes político-econômicos antagônicos, o capitalismo e o socialismo, então conduzidos, respectivamente, por Estados Unidos e União Soviética.
Após uma aliança momentânea no combate ao nazifascismo, URSS e EUA passavam a se entender como inimigos. Esta luta, porém, não viria a ser combatida numa guerra convencional. Como as duas potências dominavam a tecnologia nuclear, o risco da “destruição mútua” limitava as ações militares de ambos os lados, construindo um cenário marcado por uma espécie de “Equilíbrio pelo Terror”. É justamente a partir de tais referências que podemos determinar o início da Guerra Fria.
EXPANSÃO CAPITALISTA
Conflito de abrangência internacional, a Guerra Fria serviu como palco de uma intensa e constante disputa entre as potências envolvidas. Aos Estados Unidos, competia desenvolver estratégias com o intuito de ampliar a área de influência da economia capitalista. Para tanto, mostrava-se fundamental estabelecer alianças com o maior número possível de nações. É, neste sentido, que podemos localizar a formação da “Doutrina Truman” e do “Plano Marshall”.
Baseada nas diretrizes estabelecidas pelo então presidente norte americano Harry Truman, a Doutrina Truman previa a intervenção dos EUA em áreas ameaçadas pelo comunismo. Tal ingerência baseava-se no apoio militar e financeiro a essas regiões. Concomitantemente, o Plano Marshall fundamentava-se no auxílio econômico aos países europeus destruídos pela Segunda Guerra. Buscava, com isso, revitalizar a economia de mercado nessas localidades.
Com o mesmo intuito de bloquear a expansão vermelha, foram criadas ainda a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e a OEA (Organização dos Estados Americanos). Internamente, o governo americano realizou uma verdadeira “caça às bruxas”, com a perseguição de “simpatizantes comunistas” presentes no território norte americano. Liderado pelo senador Joseph McCarthy, tal “caçada” ficou conhecida como Macarthismo.
URSS E O MURO DE BERLIM
Do outro lado da “Cortina de Ferro”, as diretrizes socialistas eram estabelecidas, em sua maioria, pela União Soviética. Já nos primeiros momentos da Guerra Fria, o governo de Joseph Stalin liderou a criação do “Comecon” (Conselho Econômico de Assistência Mútua), que buscava aumentar a interação econômica entre as nações socialistas. Buscava-se, assim, fragilizar o mercado capitalista, notadamente no Leste Europeu.
Na lógica da “Corrida Armamentista” e objetivando fazer frente à OTAN, a União Soviética concebeu o Pacto de Varsóvia, acordo que previa a ajuda militar mútua entre as nações ligadas a Moscou. Criou ainda a KGB que, através de um intenso programa de espionagem, cumpria o importante papel de coletar informações que seriam utilizadas no combate a grupos opositores do regime soviético. Funções semelhantes eram desempenhadas pelo FBI e CIA nos EUA, evidentemente em resistência à expansão socialista.
Em meados da década de 1950, a divisão estabelecida pela Guerra Fria ganhou visibilidade a partir da construção do Muro de Berlim. Embora a capital alemã, tal qual o próprio país, já estivesse dividida desde o fim da 2ª Guerra Mundial em duas áreas de influência (uma capitalista e outra socialista), a edificação do muro deu à “Cortina de Ferro” uma espantosa materialidade.
Concretizado, a partir de ações comandadas pelo governo soviético, o Muro de Berlim dificultava a circulação de pessoas entre as duas regiões que formavam a cidade. Entre os anos de 1961 e 1989, período de existência do Muro, a barreira tinha como norte evitar a emigração de indivíduos residentes na porção oriental em direção ao lado capitalista, que então parecia ofertar oportunidades de vida mais atraentes.
http://educacao.globo.com/historia/assunto/guerra-fria/mundo-bipolar-e-guerra-fria.html
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