A história tem uma relação direta com o homem em seu tempo.
A história é uma ciência que estuda a vida do homem através do tempo. Ela investiga o que os homens fizeram, pensaram e sentiram enquanto seres sociais. Nesse sentido, o conhecimento histórico ajuda na compreensão do homem enquanto ser que constrói seu tempo.
A história é feita por homens, mulheres, crianças, ricos e pobres; por governantes e governados, por dominantes e dominados, pela guerra e pela paz, por intelectuais e principalmente pelas pessoas comuns, desde os tempos mais remotos. A história está presente no cotidiano e serve de alerta à condição humana de agente transformador do mundo.
Ao estudar a história nos deparamos com o que os homens foram e fizeram, e isso nos ajuda a compreender o que podemos ser e fazer. Assim, a história é a ciência do passado e do presente, mas o estudo do passado e a compreensão do presente não acontecem de uma forma perfeita, pois não temos o poder de voltar ao passado e ele não se repete. Por isso, o passado tem que ser “recriado”, levando em consideração as mudanças ocorridas no tempo. As informações recolhidas no passado não servirão ao presente se não forem recriadas, questionadas, compreendidas e interpretadas.
A história não se resume à simples repetição dos conhecimentos acumulados. Ela deve servir como instrumento de conscientização dos homens para a tarefa de construir um mundo melhor e uma sociedade mais justa.
Por Lilian Aguiar
Graduada em História
Equipe Escola Kids
Imperialismo e Neocolonialismo - Tema do Centro de Mídias 10/02
HISTÓRIA GERAL
O imperialismo é caracterizado por uma política de expansão de uma nação sobre outra, e sua manifestação no século XIX é chamada também de neocolonialismo.
O termo imperialismo é utilizado para referir-se às práticas da política em que uma nação buscava promover uma expansão territorial, econômica e/ou cultural sobre outra nação. A utilização da palavra imperialismo pode ocorrer em contextos atuais como, por exemplo, quando um país resolver intervir militarmente em outro.
O termo “imperialismo” também é muito utilizado para fazer referência ao processo de colonização da África, Ásia e Oceania, que se iniciou na segunda metade do século XIX. Esse processo também é conhecido entre os historiadores como neocolonialismo. Durante o neocolonialismo, segundo o historiador Eric Hobsbawm, cerca de 25% das terras do planeta foram ocupadas por alguma potência imperialista|1|.
Eric Hobsbawm também exemplifica por meio de dados estatísticos a dimensão da expansão imperialista na época. As seguintes potências imperialistas tiveram um aumento significativo no tamanho de seus territórios e isso foi motivado pela dominação e a criação de colônias na Ásia, África e Oceania. Segue os dados abaixo|2|:
Inglaterra: teve um aumento de 10 milhões de km2 em seu território.
França: teve um aumento de 9 milhões de km2 em seu território.
Alemanha: teve um aumento de 2,5 milhões de km2 em seu território.
Bélgica e Itália: teve um aumento de 2 milhões de km2 em seu território.
Além dessas, outras nações como Portugal, Espanha, Rússia, Estados Unidos, Japão etc. foram enxergadas como praticantes de políticas imperialistas. A influência do imperialismo sobre o planeta foi tamanho, e continentes como a África, até hoje, colhem as consequências desse processo de dominação colonial.
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Causas do Imperialismo
O imperialismo, na definição dada acima, surgiu como consequência das transformações causadas pela Revolução Industrial. Essa revolução foi iniciada pioneiramente na Inglaterra, na segunda metade do século XVIII, e causou transformações profundas. A partir dela, houve o surgimento da indústria, e mudanças nos modos de produção e nas relações patronais aconteceram.
A Revolução Industrial resultou no surgimento de novas máquinas, novos meios de comunicação, novos meios de transporte e foi responsável pela utilização de combustíveis fósseis. Com o desenvolvimento da indústria, o comércio transformou-se, não somente em nível local, mas também em escala global.
Essa expansão do comércio por meio da Revolução Industrial aconteceu, porque o processo de produção de mercadorias cresceu consideravelmente. Com o crescimento na produção de mercadorias, as nações industrializadas precisaram ampliar seu acesso às matérias-primas utilizadas na produção e também de ampliar a sua capacidade de venda, isto é, eram necessários novos mercados consumidores.
Uma causa que explica, em grande parte, a expansão colonial da segunda metade do século XIX é a busca por novos mercados consumidores, segundo aponta Eric Hobsbawm|3|. Isso porque acreditava-se que a grande quantidade de mercadorias produzidas seria absorvida com a expansão dos mercados consumidores.
Hobsbawm também fala que “o ‘novo imperialismo’” foi o subproduto natural de uma economia internacional baseada na rivalidade entre várias economias industriais concorrentes, intensificada pela pressão econômica dos anos 1888”|4|. Motivadas pela expansão econômica, as nações europeias, principalmente, iniciaram o processo de expansão territorial.
Imperialismo na África
Dentro do processo neocolonialista que aconteceu no século XIX, a ocupação do continente africano teve grande destaque. Isso porque o continente africano foi amplamente impactado pelo imperialismo, uma vez que, no auge do ciclo imperialista (entre 1884 e 1914), o continente teve apenas dois territórios que não foram ocupados: Libéria e Etiópia.
O historiador Valter Roberto Silvério aponta que três acontecimentos entre 1876 e 1880 foram cruciais para iniciar a corrida de ocupação do continente africano.
A Conferência Geográfica de Bruxelas, encontro promovido por Leopoldo II, rei da Bélgica, com o objetivo de desenvolver os interesses dos belgas na região do Congo;
As ações de Portugal para expandir seu domínio sobre as regiões do interior de Moçambique;
A política francesa para promover sua expansão colonial em regiões da África como Egito, Tunísia e Madagascar.
Esses acontecimentos deram início a uma corrida pela ocupação do continente africano que resultou em uma série de atritos entre as nações europeias. Em decorrência disso, Otto von Bismarck, chanceler alemão, buscando defender os interesses da Alemanha e pôr fim a essas disputas, organizou a Conferência de Berlim, entre 1884 e 1885.
Algumas das pautas debatidas na conferência foram as questões relativas à navegação dos rios Congo e Níger, a questão do mapa cor-de-rosa proposto por Portugal, e também foi organizada a divisão do continente africano, isto é, estabelecidas as fronteiras entre as regiões e estipulado quais nações teriam direitos sobre os territórios.
A ocupação do continente africano ocorreu sob a justificativa de ser uma “missão civilizatória”, na qual as nações europeias levaram a civilização para os povos “atrasados” da África. A exploração do continente para fins econômicos também utilizava-se de missionários. Todas essas justificativas utilizadas partiam de ideais racistas, como o darwinismo social, que estipulava que o homem branco era “superior”.
Hoje, sabemos que as justificativas utilizadas não passavam de disfarce para os reais interesses que eram de promover a exploração econômica do continente africano. A ocupação do continente africano, por sua vez, não aconteceu de maneira pacífica, pois os povos africanos lançaram dura resistência contra a presença europeia.
Consequências
O imperialismo foi muito forte no mundo, durante o período citado (entre 1884 e 1914), mas a presença de europeus como colonizadores na África e na Ásia ocorreu até a segunda metade do século XX. O imperialismo deixou graves consequências nesses locais, como:
A demarcação de fronteiras artificiais gerou impactos negativos até hoje na África e causou inúmeras tensões entre as nações africanas.
Durante o neocolonialismo, surgiu uma série de disputas étnicas influenciadas por ação europeia. Um dos casos mais notáveis aconteceu em Ruanda, região que havia feito parte do Congo Belga. Em 1994, um massacre de grandes proporções aconteceu no país, e hutus foram responsáveis pela morte de aproximadamente 1 milhão de tutsis.
A exploração econômica deixou marcas profundas e, até hoje, a maioria absoluta dos países africanos sofre com economias instáveis.
Os nativos foram sujeitos a uma violência escabrosa. Um caso notável foi no Congo Belga, quando 10 milhões de pessoas morreram fruto da violência colonial dos belgas.
|1| HOBSBAWM, Eric. A Era dos Impérios 1875-1914. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014, p. 97.
SILVÉRIO, Valter Roberto. Síntese da coleção História Geral da África: século XVI ao século XX. Brasília: UNESCO, MEC, UFSCar, 2013, p. 341.
Por Daniel Neves
Graduado em História
SILVA, Daniel Neves. "Imperialismo"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/a-ideologia-imperialista.htm. Acesso em 06 de agosto de 2020.
darwinismo social.
A principal hipótese para a legitimação do domínio imperialista europeu sobre a África e a Ásia foi a utilização ideológica de teorias raciais europeias provenientes do século XIX. As que mais se destacaram foram o evolucionismo social e o darwinismo social.
Um dos discursos ideológicos que “legitimariam” o processo de domínio e exploração dos europeus sobre asiáticos e africanos seria o evolucionismo social. Tal teoria classificava as sociedades em três etapas evolutivas: 1ª) bárbara; 2ª) primitiva; 3ª) civilizada. Os europeus se consideravam integrantes da 3ª etapa (civilizada) e classificavam os asiáticos como primitivos e os africanos como bárbaros. Portanto, restaria ao colonizador europeu a “missão civilizatória”, através da qual asiáticos e africanos tinham de ser dominados. Sendo assim, estariam estes assimilando a cultura europeia, podendo ascender nas etapas de evolução da sociedade e alcançar o estágio de civilizados.
O domínio colonial, a conquista e a submissão de continentes inteiros foram legal e moralmente aceitos. Desse modo, os europeus tinham o dever de fazer tais sociedades evoluírem.
O darwinismo social se caracterizou como outra teoria que legitimou o discurso ideológico europeu para dominar outros continentes. O darwinismo social compactuava com a ideia de que a teoria da evolução das espécies (Darwin) poderia ser aplicada à sociedade. Tal teoria difundia o propósito de que na luta pela vida somente as nações e as raças mais fortes e capazes sobreviveriam.
A partir de então, os europeus difundiram a ideia de que o imperialismo, ou neocolonialismo, seria uma missão civilizatória de uma raça superior branca europeia que levaria a civilização (tecnologia, formas de governo, religião cristã, ciência) para outros lugares. Segundo o discurso ideológico dessas teorias raciais, o europeu era o modelo ideal/ padrão de sociedade, no qual as outras sociedades deveriam se espelhar. Para a África e a Ásia conseguirem evoluir suas sociedades para a etapa civilizatória, seria imprescindível ter o contato com a civilização europeia.
Hoje sabemos que o evolucionismo social e o darwinismo social não possuem nenhum embasamento ou legitimidade científica, mas no contexto histórico do século XIX foram ativamente utilizados para legitimar o imperialismo, ou seja, a submissão, o domínio e a exploração de continentes inteiros.
O imperialismo (XIX) é a principal causa da miséria econômica de países africanos e asiáticos atualmente
Publicado por: Leandro Carvalho
https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/darwinismo-social-imperialismo-no-seculo-xix.htm
Imperialismo, Gobineau e o racismo.
as diferenças entre os colonialismos do século XVI e os do século XIX.
as justificativas e formas do imperialismo do século XIX; o darwinismo social, o desenvolvimento capitalista e o imperialismo direto e indireto;
os principais impérios do século XIX: Inglaterra, França, Estados Unidos e Alemanha;
a Conferencia de Berlim e suas consequências: aumento dos conflitos nas regiões dominadas e entre as potências europeias.
Gobineau – “Ensaio sobre as desigualdades das raças humanas”
Está obra procurou sustentar as superioridades raciais europeia durante a expansão imperialista no século XIX.
“L’ Emigration au Brésil”.
Incentivava os franceses a vir para cá; diminuição gradual da população brasileira miscigenada em 270 anos.
Gobineau, não era o único a defender a superioridade dos europeus brancos, trata-se de um conceito de evolução linear. Os europeus eram o ápice, desprezando as culturas dos povos dominados, provando sua inferioridade, com argumentos biológicos influenciados por Darwin e econômico de Adam Smith.
Os povos dominados pelos europeus ou que viviam à sua margem estariam, segundo essas ideias, em etapas anteriores da evolução.
Há alguma relação entre a constituição étnica dos brasileiros e o subdesenvolvimento do país?
Quais os argumentos para justificar, positivamente, a pergunta anterior?
Quais os argumentos para justificar, negativamente, a primeira pergunta?
Qual a relação entre o texto de Gobineau e a imigração europeia no Brasil?
Estas teorias racistas do século XIX vieram para justificar o domínio de áreas “menos desenvolvidas” e influenciar a imigração europeia para o Brasil.
Temos de ter uma postura de tolerância, pois como vemos hoje no Brasil a diversidade étnica não segue a Teoria de Gobineau, e sim uma diversidade cada vez maior, tanto cultural como artístico.
https://estudossobrehistoriapress.wordpress.com/2012/11/07/imperialismos-gobineau-e-o-racismo/
https://forms.gle/Jjy3xg3rN1pD1BMYA
https://forms.gle/azXr4E8m4w3WvETz7
DIVISÃO DA HISTÓRIA HUMANA
Períodos marcantes do desenvolvimento social
A divisão da história da humanidade é feita em cinco grandes períodos, sendo que a primeira é denominada pré-história. Cada uma das épocas, também denominadas de Idade, foi criada a partir de critérios estabelecidos por historiadores e que está relacionada com os aspectos de maior destaque do período, com as mudanças expressivas no campo social, político e cultural.
A divisão da história foi realizada para fins didáticos de estudos e para entender o desenvolvimento da sociedade. Cada período possui peculiaridades que os diferenciam, entretanto isso não quer dizer que existe uma ruptura drástica entre uma fase histórica e outra, pois normalmente os aspectos de uma continuam existindo nas outras.
Conheça agora as divisões da história, suas subdivisões e as principais características dos períodos.
Pré-história: início da divisão da história
A pré-história é o período anterior a invenção da escrita e que durou cerca de 5 milhões de anos. Os primeiros registros de humanos marcam o inicio desta época e se estende até 4.000 a.C., aproximadamente. O termo Pré-história foi criado em 1851, mas alguns não usam essa nomenclatura, pois consideram que as sociedades construíram suas histórias mesmo não possuindo escrita. Assim, denominam a fase como povos pré-letrados ou povos ágrafos.
Como ainda não tinham desenvolvido a escrita, esses povos não deixaram documentos e isso torna difícil o conhecimento do período. Todo o conhecimento construído sobre a pré-história é resultado de pesquisas realizadas em diversas áreas do conhecimento, como antropologia, paleontologia, arqueologia, genética. Os especialistas destas áreas têm como fonte de estudo os fósseis ou objetos primitivos encontrados em diferentes áreas do mundo e os analisam no intuito de entender a cultura, costumes, organização social da época.
Pinturas rupestres, vestígios de utensílios e outras evidências deixadas nas cavernas permitiram que os pesquisadores entendessem as habilidades desenvolvidas e subdividisse a pré-história em: Paleolítico (Período da Pedra Lascada), Neolítico (Período da Pedra Polida) e Idade dos Metais.
• Período Paleolítico: na divisão da história esse é o período em que os primeiros hominídeos surgiram no planeta terra. Durou cerca de 3 milhões de anos e terminou em 10.000 a.C., com a fase Neolítica. Foi a fase em que os primeiros representantes de humanos começaram a se diferenciar dos outros animais e a desenvolver os primeiros utensílios em pedra lascada, madeira e osso. Nessa época os hominídeos eram, em sua maioria, nômades que vivam da caça e coleta, deslocando-se para buscar alimentos;
• Período Neolítico: iniciado a cerca de 10.000 a.C., nesta época surgem as primeiras civilizações. O homem dominou o fogo e começou a domesticação de plantas e animais, criando a agricultura;
• Idade dos Metais:
Principais características
O uso de metais para fabricar ferramentas permitiu uma série de transformações sociais. Nesse momento, surgiu uma espécie de metalurgia, ou seja, foi possível desenvolver habilidades para derreter o metal no fogo e moldá-lo conforme o instrumento que se desejasse produzir.
O progresso na aquisição dessas habilidades metalúrgicas permitiu, ainda, misturar os metais e criar outros. O bronze, por exemplo, surge da fusão entre o cobre e o estanho; ou o próprio latão, que é feito a partir da ligação entre cobre e zinco. A partir disso, foi possível criar a moeda, um material resistente e pequeno para intermediar as transações comerciais.
É notável também que a metalurgia nascente fez com que se desenvolvessem as técnicas de produção de armas e as ferramentas de caça e de luta. Isso acabou favorecendo o expansionismo de alguns povos, além de ajudar no progresso da agricultura.
O metal passou a fazer parte dos mais variados aspectos da vida, incluindo a alimentação. Para a humanidade que já havia desenvolvido a agricultura e nem sempre tinha a caça disponível, utilizar instrumentos metálicos ajudou a aprimorar as formas de cozimento e ser mais eficiente na caça.
A Idade dos Metais é dividia em três períodos, e cada uma delas permitiu um desenvolvimento tecnológico que marcou a sua época.
Idade do cobre
Esse período marca uma transição da Idade da Pedra para a Idade dos Metais. É chamado também de período Calcolítico, e a descoberta do cobre como um material a ser utilizado para fabricação de ferramentas é a marca desse momento.
É possível que esse período de transição tenha ocorrido antes do ponto que marca o início da Idade dos Metais, por volta de 5.000 a.C. A Idade do cobre é uma divisão recente feita na história humana, pois ela era considerada como parte da Idade do bronze, que vem em seguida.
Idade do bronze
Por meio da mistura do cobre com outros metais, como o estanho, foi possível produzir o metal que ficou conhecido como bronze. A época que essa técnica foi desenvolvida e aplicada mais largamente ficou conhecida como Idade do bronze, que começou por volta de 3.300 a 3.150 a.C.
Os artefatos de bronze que começaram a ser produzidos eram bastante detalhados e refinados em comparação com as produções anteriores. Dessa forma, o bronze passou a fazer parte também de um importante material para as transformações culturais e artísticas.
Idade do ferro
O início desse período é um pouco nebuloso, podendo ser datado entre 2.100 a 1.900 a.C. até 1.200 a.C. Há controvérsias sobre a data porque esse é um metal que não é difícil de ser extraído do solo, ao contrário do bronze, que é formado por uma técnica de mistura de metais complexa.
De todo modo, o ferro teria substituído uma série de ferramentas feitas de cobre e proporcionou instrumentos com maior dureza. Mas, além do ferro, já eram utilizadas nas ferramentas o ouro e a prata. Esse período marca o fim da Idade dos Metais, por volta de 586 a.C.
Portanto, a introdução dos metais e das consequentes técnicas para manejá-los proporcionou uma grande transformação cultural e econômica nas sociedades humanas. Esse é um importante aspecto da história da humanidade que ainda é objeto de estudo de disciplinas como a Arqueologia.
Divisão da história depois da pré-história
Após a Idade dos Metais, começa o período de transição denominado proto-história. As sociedades que tinham criados técnicas de agricultura passaram a acumular alguns dos principais elementos para a criação posterior da escrita.
A historiografia tradicional entende que a história propriamente dita é iniciada com a criação da escrita por alguns povos, ou seja, aproximadamente 4.000 anos a.C. A partir de então, a divisão da história estabelece que existem quatro períodos classificados conforme suas característica. São elas: Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea.
É preciso perceber que a divisão da História é um método utilizado pelos estudiosos para melhorar a compreensão do desenvolvimento histórico, político, cultural da humanidade. Essa classificação não é estática e muitos elementos de uma fase continuaram prevalecendo nos períodos posteriores. O Início de um período e término de outro é, então, considerado normalmente como fases de transição.
Idade Antiga
A Idade antiga, História Antiga ou Antiguidade é a parte da divisão da história iniciada com a invenção da escrita (4.000 a.C.) e vai até a queda do Império Romano do Ocidente (476 d.C.). Essa época ainda é subdividida em Antiguidade Clássica e Antiguidade Oriental.
A Antiguidade observou o nascimento das primeiras civilizações que estavam, em sua maioria, localizadas na área da Crescente Fértil (às margens do rio Nilo) que permitiu o desenvolvimento da agricultura. Entre as maiores civilizações da Antiguidade Oriental estavam a: egípcias, mesopotâmicas, chinesas, persas, hebraicas e fenícias. As principais sociedades da Antiguidade Clássica foram: gregas e romanas.
Idade Média
A Idade Média ou História Medieval corresponde ao período entre a queda do Império Romano do Ocidente (476 d.C) e tomada de Constantinopla pelo Império Turco Otomano (1453 d.C.). A época foi marcada pela economia rural, enfraquecimento comercial, sociedade com base na produção agrícola feudal, sociedade altamente hierarquizada e ascensão da Igreja Católica.
O período foi considerado por muitos anos como Idade das Trevas, pois o desenvolvimento artístico, científico e social foi barrado pela Igreja. Entretanto, Muitos estudiosos consideram que a época também contribuiu com o aperfeiçoamento de técnicas agrícolas, como criação de moinhos e sistemas de irrigação.
Idade Moderna
A Idade Moderna ou História Moderna é iniciada com a queda do Império Bizantino e vai até a Revolução Francesa (1789). Esse período foi marcado por grandes transformações sociais, científicas, religiosas e econômicas que deram base para o início do sistema capitalista. A Expansão Marítima, marcada pelas grandes navegações, colaborou para a conquista de territórios na África e América.
O domínio desses povos permitiu que a classe dominante da Europa acumulasse riquezas, promovesse o Mercantilismo e organizasse o mundo a partir dos seus interesses. O surgimento da burguesia, o capitalismo e a grande quantidade de mão de obra favoreceram a primeira grande Revolução Industrial.
Idade Contemporânea
O momento atual da divisão da história é a Idade Contemporânea. A Revolução Francesa marcou o fim da estrutura social que tinha como base a presença forte de um rei e inicia época do fortalecimento da burguesia. O fortalecimento da corrente Iluminista e sua defesa da razão permitiu a diminuição do poder da Igreja.
A História Contemporânea também é marcada pelo desenvolvimento científico e tecnológico, fortalecimento do sistema capitalista, grandes guerras e revoluções, exploração espaciais e até a chegada do homem à lua e outros planetas.
OKA, Mateus. Idade dos Metais. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/historia/idade-dos-metais. Acesso em: 12 de August de 2020.
https://www.maisbolsas.com.br/enem/historia/divisao-da-historia-humana
A Pré-História é como conhecemos o período que acompanha a evolução humana a partir do momento que os hominídeos começaram a usar ferramentas de pedra. Encerrou-se com o surgimento da escrita, que aconteceu entre 3.500 a.C. e 3.000 a.C.
A Pré-História é, basicamente, dividida entre Paleolítico, Mesolítico (período intermediário) e Neolítico. Nesses períodos, acompanhamos o desenvolvimento dos hominídeos com a elaboração de novas ferramentas, além do surgimento do homo sapiens sapiens, há cerca de 300 mil anos.
Divisão da Pré-História
A Pré-História é um período da história humana particularmente grande. A sua nomenclatura e larga duração remetem ao século XIX, quando os primeiros vestígios da vida humana pré-histórica começaram a ser encontrados. Isso porque no século XIX existia a noção de que a História só poderia ser feita por meio de documentos escritos e, assim, todos os acontecimentos anteriores ao surgimento da escrita ficaram conhecidos como “Pré-História”.
A Pré-História abrange, aproximadamente, um período que se estende de 3 milhões de anos atrás a 3.500 a.C. e é dividida da seguinte maneira:
· Paleolítico
O período Paleolítico é conhecido também como Idade da Pedra Lascada e esse nome faz referência aos objetos que eram utilizados pelo homem para sua sobrevivência, que eram produzidos exatamente de pedra lascada. Esse período estendeu-se de 3 milhões de anos atrás a 10.000 a.C. e foi subdividido em três fases que são Paleolítico Inferior, Médio e Superior.
Cada um desses períodos possui as suas particularidades e veremos um breve resumo de cada uma delas, começando pelo Paleolítico Inferior. Esse período começa a ser contado exatamente quando os hominídeos começaram a ter a habilidade de produzir as primeiras ferramentas para sua sobrevivência.
Essas ferramentas foram obra do homo habilis e do homo erectus (o primeiro hominídeo a ficar numa posição totalmente ereta). Essa fase estendeu-se de 3 milhões de anos atrás a 250 mil anos atrás.
O Paleolítico Médio compreendeu o período de 250 mil anos atrás a 40.000 a.C. e é caracterizado, principalmente, pela presença do homem de Neandertal. O homo sapiens já existia nessa época, uma vez que seu surgimento aconteceu há 300 mil anos. Os estudos arqueológicos mostram que nesse tempo o estilo de vida do homem tornou-se um pouco mais sofisticado com novas ferramentas sendo elaboradas e com o uso do fogo sendo mais difundido.
Por fim, há também o Paleolítico Superior, que foi de 50.000 a.C. a 10.000 a.C. Nesse período, as ferramentas utilizadas pelo homem passaram a ser elaboradas em grande diversidade. Eram produzidos pequenos anzóis, machados, agulhas e até mesmo a arte começou a ser concebida pelo homem. No caso da arte, o destaque vai para a pintura rupestre, realizada nas paredes das cavernas.
Abrangendo os três períodos, resumidamente, o Paleolítico é um período em que o homem sobrevivia da coleta e da caça, sendo fundamental, no caso da caça, a elaboração de ferramentas para auxiliá-lo na obtenção do alimento. Por depender da caça e coleta, o homem era nômade e mudava de lugar quando os recursos do local que estava instalado ficava escasso.
Como a temperatura geral da Terra era mais amena, sobretudo nos períodos de glaciação, o homem vivia nas cavernas para proteger-se do frio. As ferramentas utilizadas poderiam ser feitas de ossos, pedras e marfim. No fim do Paleolítico, o ser humano começou a experimentar as primeiras experiências religiosas, e o desenvolvimento do estilo de vida dos homens fez com que eles desenvolvessem rituais funerários, por exemplo.
· Mesolítico
O Mesolítico é uma fase intermediária entre o Paleolítico e o Neolítico que aconteceu em determinadas partes do mundo. Os especialistas em Pré-História destacam que o Mesolítico aconteceu, sobretudo, em locais onde houve glaciações intensas. Aconteceu na Europa e em partes da Ásia e estendeu-se, aproximadamente, entre 13.000 a.C. e 9.000 a.C.
Esse período marcou a decadência dos agrupamentos humanos que viviam exclusivamente da caça em detrimento daqueles que eram caçadores e coletores. Ficou marcado também pelo desenvolvimento da olaria (produção de cerâmica) e da técnica para produção de tecidos. Considera-se o fim desse período o momento em que a agricultura foi desenvolvida.
Neolítico
O Neolítico é a última fase do período pré-histórico e estendeu-se de 10.000 a.C. até 3.000 a.C. Essas datas (que são aproximativas) assinalam dois marcos importantes para a história do desenvolvimento humano. Primeiro, houve o surgimento da agricultura, um importante marco para a sobrevivência do homem e, por fim, houve o desenvolvimento da escrita.
Com o desenvolvimento da agricultura, o homem conseguiu mudar radicalmente o seu estilo de vida, uma vez que a agricultura permitia o homem fixar-se em um só local (sedentarização do homem), sobrevivendo de tudo o que ele produzia. O domínio da agricultura também levou o homem a desmatar a floresta e desenvolver campos de plantio.
Junto do desenvolvimento da agricultura veio também a domesticação dos animais, que auxiliava o homem no transporte de carga, na agricultura, como animal de tração, servia de alimento e até mesmo como meio de transporte. Todas essas novidades, que possibilitaram a sedentarização humana, resultaram na formação de enormes agrupamentos humanos que, com o tempo e conforme cresciam, tornaram-se as primeiras cidades do mundo.
O Neolítico também ficou marcado pelo desenvolvimento da arquitetura, o que permitia o homem construir casas de pedra e construções megalíticas. Essas últimas, até hoje, não tiveram sua finalidade muito bem esclarecidas pela arqueologia. A olaria surgiu em muitos lugares e foi aprimorada em outros.
Ao passo que os agrupamentos humanos cresciam, as sociedades que se formavam tornavam-se mais complexas e mais desiguais, uma vez que as pessoas que estavam diretamente envolvidas com o gerenciamento dos recursos tornavam-se mais importantes e mais influentes.
O fim do período Neolítico ficou marcado pelo desenvolvimento da metalurgia, isto é, a capacidade de produzir ferramentas a partir da fundição de metal e pelo desenvolvimento da primeira forma de escrita da humanidade, a escrita cuneiforme.
Divisão do trabalho na Pré-História
A divisão do trabalho na Pré-História foi acontecendo conforme o estilo de vida dos agrupamentos humanos foi ficando mais sofisticado. Sendo assim, os homens foram sendo responsáveis pela caça de animais, enquanto que as mulheres foram tornando-se responsáveis pela coleta de alimentos para alimentarem-se e alimentarem seus filhos. À medida que a agricultura foi desenvolvida, essa atividade também passou a ser responsabilidade, em geral, das mulheres.
A professora e socióloga alemã Maria Mies sugere que a sobrevivência dos agrupamentos humanos, durante parte da Pré-História, foi possível, sobretudo, a partir do papel desempenhado pelas mulheres, uma vez que grande parte do alimento consumido era oriundo da coleta e da agricultura, e uma parte diminuta era resultado da caça, função masculina|1|.
Arte na Pré-História
A arte na Pré-História assumiu características distintas. Os especialistas não sabem ao certo os motivos pelos quais os seres humanos produziam tais objetos artísticos, mas especulam que podem ser um registro artístico apenas como um registro do cotidiano. no sentido da “arte pela arte”. Outros sugerem que poderiam ter uma função ritualística, com o objetivo de integrar o homem com a natureza.
Do período Paleolítico, destacam-se, principalmente, as pinturas rupestres, que eram feitas nas paredes das cavernas que são encontradas em diversos locais do mundo, inclusive no Brasil. As pinturas rupestres representavam o homem em meio a grandes grupos de animais, simbolizando as caçadas, e representavam também outras cenas do cotidiano humano.
No Paleolítico, também eram feitas pequenas esculturas das quais destacam-se as estatuetas de Vênus, datadas do período entre 40.000 a.C. e 10.000 a.C. Essas estatuetas foram encontradas em diferentes partes do mundo e representavam um corpo feminino nu com formas voluptuosas, podendo estar associadas ao culto da Deusa-mãe.
No Neolítico, destacam-se as construções megalíticas, construções realizadas com grandes rochas. Os especialistas ainda não sabem o real objetivo dessas construções, mas especulam-se que poderiam funcionar como marcadores de tempo ou poderiam ter relação com a observação dos astros. A construção megalítica mais famosa é Stonehenge, localizada na Inglaterra.
Curiosidades sobre a Pré-História
O estudo da Pré-História é um ofício realizado, principalmente, por arqueólogos, paleontólogos e geólogos.
O estudo da vida dos seres humanos pré-históricos (e também dos animais desse período) inclui a análise de coprólitos, isto é, fezes fossilizadas.
No Brasil, o principal sítio arqueológico localiza-se na Serra da Capivara, que fica no estado do Piauí.
A estatueta de Vênus mais famosa é a Vênus de Willendorf, localizada na Áustria e que tem cerca de 25 mil anos.
Por Daniel Neves Silva
https://www.historiadomundo.com.br/pre-historia
Pré-História da América
Pode-se afirmar que o conjunto do continente americano estava em plena pré-história (com diferentes graus de evolução cultural) quando se iniciou a conquista europeia, uma vez que, afora os maias e os astecas, nenhum outro povo ameríndio tinha então elaborado uma história escrita. Mas os especialistas fazem distinção entre as fases pré-históricas propriamente ditas (paleolítico e começo do neolítico) e o desenvolvimento de culturas com formas políticas e artísticas avançadas.
Em muitos aspectos paralela à de outras partes do planeta (o que confirma a hipótese da homogeneidade intelectual dos vários ramos da espécie humana), a pré-história americana apresenta algumas importantes peculiaridades, em geral derivadas das condições naturais e climáticas.
Povoamento do continente
Embora não haja unanimidade a respeito da questão, pesquisas arqueológicas, geológicas, paleontológicas e linguísticas parecem indicar que o continente americano começou a ser povoado entre 40000 e 20000 a.C., por grupos humanos de raça mongoloide ou pré-mongoloide, procedentes da Ásia oriental.
Esses imigrantes, caçadores e coletores, entraram na América pela zona do estreito de Bering, emersa em consequência da diminuição do nível marinho produzida pela última glaciação (Wisconsin ou Wurm). Devem ter chegado, em ondas sucessivas, até 10000 a.C., ao lado das possíveis migrações esporádicas pelo Pacífico ou pelo Atlântico (elementos australoides e melanoides), o que explicaria a significativa diversidade etnográfica entre os povos ameríndios.
O paleolítico ou paleoindígena
Na periodização da pré-história americana, cabe identificar inicialmente um paleolítico inferior, localizado em partes distintas do continente e configurado pelo emprego de instrumentos de pedra (principalmente obsidiana) muito toscos e utensílios de osso associados à fauna pleistocênica desaparecida (mastodontes, mamutes, camelídeos, cavalos, bisões).
Embora não estejam datados com precisão satisfatória, os artefatos líticos desse período apresentam certa analogia com os primitivos artefatos de seixos (pebble cultures) do sudeste asiático, o que confirmaria a emigração de povos asiáticos para a América. Esses artefatos — pedras talhadas com uma só face (choppers) ou duas (bifaces) ou ainda uma espécie de raspadeira — se caracterizam por serem peças toscas.
Entre 15000 e 14000 a.C., uma nova onda de imigrantes asiáticos viria contribuir para o desenvolvimento cultural dos povos ameríndios. A caça continuou a ser a atividade econômica fundamental, mas os instrumentos de pedra começaram a ser fabricados em tamanho menor e com técnica mais aperfeiçoada de lascamento por pressão. Esse período, correspondente ao paleolítico superior, caracteriza-se pelo aparecimento de pontas de flecha bifaciais e facas de pedra, cujas peculiaridades permitiram estabelecer uma evolução tipológica claramente diferenciada.
Em primeiro lugar encontram-se as pontas Sandía, estudadas principalmente no Novo México, que aparecem associadas a restos de mamute e apresentam um talho num dos lados. Essas pontas, cuja técnica é semelhante à dos utensílios do solutrense europeu, foram substituídas entre 10000 e 9000 a.C. — coincidindo com o fim da última glaciação e o consequente desaparecimento do mamute — pelo tipo Clóvis, de forma lanceolada e com uma estria central em uma ou nas duas faces, tipo que chegou a difundir-se por todo o continente.
O tipo Folsom, também localizado em toda a América e principalmente nos vales fluviais do sudeste dos Estados Unidos, é de tamanho menor. Caracteriza-se pela forma foliácea, com base côncava e estria central dos dois lados. Assim como as anteriores, essas pontas aparecem associadas na América do Norte com a caça do bisão e, no resto do continente, com a perseguição de outros animais, como cavalos e camelos, posteriormente extintos.
Entre 8000 e 6000 a.C., o tipo Folsom evoluiu, em todo o continente, para formas triangulares sem pedúnculo e, por último, para pontas com pedúnculo que se mantiveram em muitos lugares até a chegada dos europeus.
Deve-se lembrar que, em diversas zonas do continente, por isolamento ou por adaptação ao meio, vários povos se mantiveram num estágio cultural muito primitivo. É o caso dos índios do planalto brasileiro ou das selvas amazônicas, cujas armas eram fabricadas com bambu, espinhos ou madeira. Outros povos desenvolveram formas de vida baseadas na pesca e na caça (fueguinos, esquimós) ou na coleta de moluscos, como atestam os depósitos de conchas (sambaquis) encontrados em diversas zonas litorâneas.
Por último, cabe destacar o desenvolvimento de uma cultura original no oeste dos Estados Unidos e no México, a tradição do deserto, da qual deriva a cultura cochise; esta última, desenvolvida a partir de 6000 a.C., e fundamentada na caça menor e na coleta, apresenta vestígios do paleolítico inferior (artefatos líticos muito toscos).
Revolução neolítica
Em algumas zonas do México, da América Central e dos Andes centrais e setentrionais, começou, entre 5000 e 4000 a.C., um processo de neolitização semelhante ao do Velho Mundo, embora cronologicamente posterior. Caracterizou-se pelo aparecimento sequencial de várias fases: formas sistemáticas de coleta de vegetais; sedentarização e urbanismo incipiente; cerâmica, cestaria, tecidos e, finalmente, artefatos de pedra do tipo microlítico e adaptados à economia agrícola (almofarizes, mãos de pilão).
A revolução neolítica americana, consolidada entre 3000 a 1500 a.C., caracteriza-se basicamente pelo aproveitamento das espécies vegetais autóctones (milho, batata, abóbora, cacau, mandioca, girassol etc.), para o que se empregavam diversas técnicas agrícolas (irrigação, cultivo em terraços escalonados, fertilização), e pelo pequeno desenvolvimento da criação de gado, já que só era possível a domesticação de alguns animais pouco produtivos, como o cão, a lhama ou a alpaca.
A zona meso-americana (México e América Central) parece ter sido o primeiro núcleo de desenvolvimento da agricultura, segundo mostram as escavações realizadas em Tamaulipas e no vale de Tehuacán (México), onde foi possível estabelecer uma sucessão cronológica a partir do conjunto de utensílios e da evolução e seleção das plantas cultivadas (fases de Coxcatlán, Abejas, Purrón, Coatepec).
Na zona andina (do Equador ao centro do Chile, incluindo parte do Peru e da Bolívia), a evolução foi mais lenta por causa do isolamento entre os vales e entre o litoral e a cordilheira; mas, assim como na área mesoamericana, o desenvolvimento da agricultura e da sociedade urbana constituiu o ponto de partida para o florescimento das grandes culturas e civilizações que se sucederam do segundo milênio antes da era cristã até a conquista espanhola.
Em comparação com o neolítico do Velho Mundo, deve-se assinalar como fato diferenciador o desconhecimento, por parte do homem americano, de algumas importantes invenções e conquistas intelectuais; a roda, o arco e a abóbada (na arquitetura), a metalurgia desenvolvida ou a escrita alfabética foram algumas das mais gritantes carências culturais das grandes civilizações americanas. Mesmo em suas fases de maior progresso, essas civilizações não chegaram a superar a categorização de neolítico avançado, embora, pela complexidade social e pelo nível de conhecimentos em campos como a arquitetura ou a astronomia, se situem fora da pré-história, numa fase cultural conhecida como proto-história.
Além das importantes regiões culturais da Mesoamérica e dos Andes, outras zonas do continente também conheceram certo desenvolvimento de tipo neolítico, em parte como consequência da influência das primeiras. Desta forma, a partir de 3000 a.C., desenvolveram-se no sudoeste norte-americano, como continuação da tradição do deserto e da cultura cochise, as culturas hohokan, mogollon e anasazi (pueblo), que substituíram progressivamente a atividade caçadora e coletora por uma economia de tipo agrícola, com cerâmica e construções arquitetônicas. A partir dessa zona, a agricultura se estendeu para o leste, onde se destacam as culturas old copper (nos Grandes Lagos) e Adena (Ohio), conhecedoras de uma metalurgia rústica do cobre, e mais tarde a Hopewell (Illinois), com grandes povoados.
A neolitização se estendeu também pelo continente sul-americano, embora com maior atraso e sempre em associação com a antiga economia caçadora e coletora. Entre outros, destacam-se os povos caraíbas, tupis e guaranis, dos planaltos e planícies do Amazonas e do Orinoco (com grandes ocas comunitárias), além dos araucanos do Chile (norte e centro) e dos pampas norte-ocidentais da Argentina, cuja cultura se beneficiou do contato com a área andina.
Autoria: Celso Eduardo Wassmansdorf
Período Neolítico
O período Neolítico ocorreu do ano 7000 a.C. até 2500 a.C., sendo conhecido também como período da Pedra Polida. Foi um momento marcante da Pré-História, pois a vida do humano primitivo passou por diversas transformações nele. Os grupos humanos sedentarizam-se, isto é, fixaram-se em um único lugar e intensificaram a prática da agricultura.
Com o aumento populacional, os grupos cresceram e tornaram-se sociedades complexas que começaram a organizar-se politicamente. As transformações do Neolítico foram marcantes para a formação das primeiras civilizações da Antiguidade oriental.
Características do período Neolítico
O período anterior ao Neolítico é o Paleolítico — momento em que os primeiros grupos humanos surgiram e tentaram adaptar-se ao ambiente em que viviam. Andavam em bandos, eram nômades, isto é, estavam em constante deslocamento, não tendo moradia fixa. Alimentavam-se da caça, da pesca e de frutos disponíveis em árvores e plantas no caminho por onde passavam. Com o passar do tempo, os grupos humanos conseguiram sobreviver às intemperes do ambiente e usufruir do que a natureza oferecia muito além da simples satisfação das necessidades básicas.
A transição do Paleolítico para o Neolítico esteve na descoberta e no controle do fogo. Dessa forma, os grupos humanos puderam proteger-se do frio, espantar animais selvagens das suas cavernas e iluminar os seus interiores durante a noite. O fogo também foi útil durante as expedições noturnas dos grupos, pois eles puderam guiar-se melhor pelos caminhos por onde passavam e atacar suas presas por meio de emboscadas. Os alimentos puderam ser cozidos, melhorando o seu sabor.
O período Neolítico surgiu a partir dessas atitudes dos primeiros grupos humanos. Com a descoberta e controle do foto, esses grupos puderam fixar-se em um único lugar, não precisando mais procurar outro ambiente para viverem em razão do frio.
A sedentarização também influenciou nessa fixação dos grupos em um único lugar. A prática da agricultura possibilitou o plantio e a colheita de sementes. Isso influenciou na produção de peças feitas de argila para armazenar essa produção. Os animais selvagens eram mortos para afastar-se o perigo contra os grupos, ou para a retirada de seus ossos e dentes para a fabricação de armas, ou ainda para a alimentação; e os animais menores eram domesticados e introduzidos no cotidiano dos humanos, como cachorros e algumas aves.
Durante o Neolítico, os hominídeos utilizavam a pedra polida para fabricar instrumentos mais eficazes, pois por meio dela havia maior precisão nos cortes. Esses instrumentos poderiam ser utilizados para caçar ou pescar e também para atacar grupos inimigos.
Principais mudanças e conquistas do período Neolítico
A revolução agrícola foi uma das marcas do período Neolítico. Com a sedentarização dos grupos humanos, pôde-se observar e reconhecer os fenômenos naturais e explorar a natureza em benefício do grupo. Além disso, o primitivo pôde utilizar a terra, plantando e colhendo seus frutos. Com essa mudança, aumentou-se o número populacional e os grupos humanos transformaram-se em sociedades mais complexas, abrindo espaço para a formação de um Estado que as administrasse. Surgia assim a figura do chefe do grupo, uma pessoa a quem os demais respeitavam e acatavam suas ordens.
A sedentarização dos grupos humanos permitiu a construção de casas feitas com materiais disponíveis próximos do local da moradia.[3]
Outra mudança ocorrida no período Neolítico diz respeito à moradia. A caverna não era mais o lugar ideal para habitar-se. Foi muito útil nos tempos do Paleolítico, mas, no Neolítico, a sedentarização exigiu a construção de casas feitas de madeira, barro ou adobe. Para alguns estudiosos do período, a construção de moradias fez surgir os primeiros traços da arquitetura.
Economia do período Neolítico
A principal produção econômica nesse período foi a agricultura. Ao explorar a terra, os grupos neolíticos puderam plantar e colher sementes bem como armazená-las para tempos futuros ou para trocas de excedentes com outros grupos.
Arte no período Neolítico
A arte durante o período Neolítico esteve registrada nos acabamentos dos utensílios utilizados no cotidiano dos grupos. Eram desenhos abstratos e que representavam a vivência dos humanos desse período. Os traços humanos, que apontam movimentos e agilidade, eram marcantes nesses desenhos. Eles eram feitos nas cerâmicas e tornaram-se principais fontes históricas para o estudo do Neolítico.
O uso da pedra polida fez-se também presente na arte. Com o polimento das pedras, o ser humano primitivo pôde valer-se das figuras geométricas. Essas pedras serviam também para as cerimônias religiosas. Após o sedentarismo e a prática da atividade agrícola, a terra tornou-se importante e ganhou muito significado para a vida dos neolíticos. Por isso, os rituais eram feitos como uma forma de pedido aos deuses ou de invocação de forças sobrenaturais para que a colheita tivesse êxito. A morte também se inseria nas práticas religiosas. Cerimônias eram feitas junto às pedras, como no cenário da imagem anterior, quando algum integrante do grupo morria.
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2º BIMESTRE
Retomada de conteúdos:
O mundo em conflito: a Primeira Guerra Mundial;
A questão da Palestina; A Revolução Russa A crise capitalista de 1929.
Primeira Guerra Mundial
A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) foi o resultado dos atritos permanentes provocados pelo imperialismo entre as grandes potências europeias.
O conflito durou quatro anos e começou em 28 de julho de 1914 e terminou em 11 de novembro de 1918, com a vitória da Tríplice Entente formada por França, Inglaterra e Estados Unidos.
A Grande Guerra, como era denominada antes de acontecer a Segunda Guerra Mundial, foi um conflito em escala global. Começou na Europa, envolveu os territórios coloniais da África e da Ásia e países da América.
Dois blocos enfrentaram-se: a Tríplice Aliança, formada pela Alemanha, Áustria e Itália, e a Tríplice Entente formada pela França, Inglaterra e Rússia.
A contenda envolveu 17 países dos cinco continentes como: Alemanha, Brasil, Áustria-Hungria, Estados Unidos, França, Império Britânico, Império Turco-Otomano, Itália, Japão, Luxemburgo, Países Baixos, Portugal, Reino da Romênia, Reino da Sérvia, Rússia, Austrália e China.
A guerra deixou 10 milhões de soldados mortos e outros 21 milhões ficaram feridos. Também 13 milhões de civis perderam a vida.
Causas da Primeira Guerra Mundial
Vários fatores desencadearam a Primeira Guerra Mundial.
Desde o final do século XIX o mundo vivia em tensão. O extraordinário crescimento industrial possibilitou a Corrida Armamentista, ou seja: a produção de armas numa quantidade jamais imaginada.
O expansionismo do Império Alemão e sua transformação na maior potência industrial da Europa fizeram brotar uma enorme desconfiança entre a Alemanha e França, Inglaterra e Rússia.
Antecedentes da Primeira Guerra Mundial
Acrescentamos as antigas rivalidades entre França e Alemanha, Rússia e Alemanha, e Reino Unido e Alemanha. Também os desentendimentos quanto às questões de limite nas colônias gerados pela Conferência de Berlim (1880).
O antigermanismo francês se desenvolveu como consequência da Guerra Franco-Prussiana. A derrotada França foi obrigada a entregar aos alemães as regiões de Alsácia e Lorena, esta rica em minério de ferro.
A rivalidade russo-germânica foi causada pela pretensão alemã de construir uma estrada de ferro ligando Berlim a Bagdá, que passava por regiões ricas em petróleo onde os russos pretendiam aumentar sua influência.
O antigermanismo inglês se explica pela concorrência industrial alemã. Às vésperas da guerra, os produtos alemães começavam a chegar em mercados que eram dominados pela Inglaterra.
Todas essas questões tornaram o conflito inevitável a medida que acirravam os choques de interesse econômico e político entre as potências industrializadas.
Estopim da Primeira Guerra Mundial
A rede de alianças era uma bomba armada pronta para explodir.
Em 1908, a Áustria anunciou a anexação da Bósnia-Herzegóvina, contrariando os interesses sérvios e russos.
A fim de mostrar uma boa relação entre os novos súditos, o herdeiro do trono Austríaco, o arquiduque Francisco Ferdinando, fez uma visita à região junto com sua esposa, em 28 de junho de 1914. Neste dia, um estudante bósnio assassinou Francisco Ferdinando e sua esposa, em Sarajevo, capital da Bósnia.
Esse duplo assassinato foi o pretexto para a explosão da Primeira Guerra Mundial que durou até 11 de novembro de 1918.
Fases da Primeira Guerra Mundial
No começo do conflito, as forças se equilibravam, em número de soldados, mas se diferenciavam em equipamentos e recursos.
A Tríplice Entente, por exemplo, não tinha canhão de longo alcance, mas dominava os mares, graças ao poderio inglês.
Os tanques de guerra, os encouraçados, os submarinos, os obuses de grosso calibre e a aviação, entre outras inovações tecnológicas da época, constituíram artefatos bélicos de grande poder de destruição.
Com artilharia pesada e 78 divisões, os alemães passaram pela Bélgica, violando a neutralidade deste país. Venceram os franceses na fronteira e rumaram para Paris.
O governo francês transferiu-se para Bordeaux e na Batalha de Marne, conteve os alemães, que recuaram.
Depois, franceses e alemães firmaram posições cavando trincheiras ao longo de toda a frente ocidental. Protegidos por arame farpado, os exércitos se enterravam nos buracos, onde a lama, o frio, os ratos e o tifo mataram tanto quanto as metralhadoras e canhões. Este momento do conflito é chamado de Guerra de Trincheiras.
Em 1917, os Estados Unidos, que se mantivera fora da guerra, apesar de emprestar capitais e vender armas aos países da Entente, principalmente à Inglaterra, declaram guerra à Alemanha.
Nesse mesmo ano, a Rússia saiu do conflito, por conta da Revolução de 1917, que derrubou o czar e implantou o regime socialista.
Consequências da Primeira Guerra Mundial
Embora a Alemanha continuasse sofrendo sucessivas derrotas e seus aliados tivessem se rendido, o governo alemão continuava na guerra. Esfomeado e cansado, o povo alemão se revoltou e os soldados e operários forçaram o kaiser (imperador) a abdicar.
Formou-se um governo provisório e foi proclamada a República de Weimar. No dia 11 de novembro de 1918, o novo governo assinou a rendição alemã. A Primeira Guerra chegava ao fim, mas a paz geral só foi firmada em 1919, com a assinatura do Tratado de Versalhes.
Entre os termos do tratado, estava a cessão de regiões do território alemão para as nações fronteiriças.
A Alemanha também perdeu suas colônias africanas e a República de Weimar foi obrigada a aceitar a independência da Áustria. Igualmente, teve que pagar uma indenização de 33 milhões de dólares pelos prejuízos causados pelo conflito.
Os termos foram considerados humilhantes e foram usados para provocar a queda da República de Weimar em 1933, e a posterior consolidação no poder de Adolf Hitler e do nazismo. Sendo assim, em 1939, pouco mais de 20 anos depois, provocaram a Segunda Guerra Mundial.
As reações aos efeitos do tratado estão entre as principais consequências da Primeira Guerra Mundial.
A Grande Guerra deixou profundas consequências para todo o mundo. Podemos destacar:
Redesenhou o mapa político da Europa e do Oriente Médio; marcou a queda do capitalismo liberal; motivou a criação da Liga das Nações; permitiu a ascensão econômica e política dos Estados Unidos.
Brasil na Primeira Guerra Mundial
Em abril de 1917, os alemães afundaram no canal da Mancha o navio mercante brasileiro Paraná. Em represália, o Brasil rompe relações com os agressores.
Por Juliana Bezerra:
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.
https://www.todamateria.com.br/primeira-guerra-mundial/
ENTENDA A QUESTÃO PALESTINA E SEUS DESDOBRAMENTOS
HISTÓRIA GERAL
No século 20, os confrontos entre palestinos e israelenses têm início com a fundação do Estado de Israel, em 1948.
Petróleo. Motivo que faz da Palestina alvo de tanta cobiça de outros povos. A região compreende a Faixa de Gaza e Cisjordânia. A área é administrada pela Autoridade Nacional Palestina (ANP). O chefe de governo é ocupado por Mahmoud Abbas, sucessor de Iasser Arafat, morto em 2004. Na antiguidade, hebreus e romanos ocuparam-na.
No século 20, os confrontos entre palestinos e israelenses têm início com a fundação do Estado de Israel, em 1948. A Organização das Nações Unidas (ONU) dividiu a Palestina em dois Estados: judeu e palestino. Com a partilha, os israelenses ficam com as melhores terras e com um território maior que o palestino. O embaixador brasileiro, Osvaldo Aranha teve um papel decisivo na criação do Estado judaico.
Depois dos conflitos de 1967, Israel amplia o seu território ao derrotar a Liga Árabe, formada por palestinos, egípcios, árabes, sírios e líbios. Inconformados com a perda de Cisjordânia e Faixa de Gaza, os palestinos rebelam-se e passam a lutar com pedaços de paus e pedras -intifada- e utilizam o terrorismo para pressionar a saída dos invasores israelenses.
Abbas negocia a paz com Israel, cujo representante é Ariel Sharon. Durante o período que foi ministro da Habitação, Sharon incentivou a colonização dos territórios ocupados pelos seus compatriotas. No momento, diante das pressões [dos EUA, da opinião pública internacional e resistência palestina: intifada], o primeiro-ministro vem desalojando os colonos que ocupam a Faixa de Gaza para entregá-la aos palestinos. Isso é parte do projeto conhecido como 'Mapa da Estrada para a Paz'. O conjunto de ações prevê a retirada dos colonos das áreas ocupadas.
Afinal, existe uma solução para acabar com o conflito na Palestina? Sim. Para que isso ocorra é preciso que os EUA, as Nações Unidas e a Comunidade Internacional criem um Estado palestino livre. Ou seja, os palestinos têm o direito de autodeterminarem o seu destino. Por sua vez, os israelenses devem desocupar imediatamente todos os territórios tomados à força. Cisjordânia e Faixa de Gaza. Os palestinos devem renunciar ao terrorismo.
Nessa batalha insana e sanguinária, milhares de vítimas, inocentes, de ambos os lados, perderam suas vidas. Se cada um dos lados envolvidos cederem, possivelmente, haverá paz permanente na região. É preciso, também, que as nações do Oriente Médio sentem à mesa e negociem suas diferenças. Assim é possível que a violência acabe. (Ricardo Santos é jornalista)
Publicado por: RICARDO SANTOS
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REVOLUÇÃO RUSSA
O Império Russo passava por uma grande crise no início do século XX:
– o imenso território era governado por um imperador absolutista (o czar) a partir de São Petersburgo. O ultimo czar foi Nicolau II (1894-1917)
– a economia russa era basicamente agrícola e a propriedade da terra estava concentrada nas mãos da nobreza russa e do clero, submetidos ao czar. Eram somente essas classes sociais que possuíam direitos na Rússia
– 80% da população eram formados por camponeses vivendo em condições miseráveis
– em torno de 40% da população eram de outra nacionalidade (não russa) e vivia em condições piores que a dos russos
– no final do século XIX a Rússia passou por um processo de industrialização dependente do capital estrangeiro (inglês e francês). Nas cidades industriais as condições de vida dos trabalhadores eram, muitas vezes, piores que a dos camponeses
A derrota russa na Guerra Russo-Japonesa (1904) aumentou o endividamento do Estado. Várias revoltas populares estouraram e foram duramente massacradas. Dentre elas, o episódio mais conhecido foi o “Domingo Sangrento” (1905): centenas de trabalhadores pretendiam levar ao czar um abaixo-assinado reivindicando melhores condições de vida e reforma política. Apesar desse movimento ter sido pacifico, os trabalhadores foram recebidos a tiros e mais de mil pessoas foram mortas.
Ao mesmo tempo intelectuais, profissionais liberais e capitalistas também passaram a criticar o czarismo. O czar Nicolau II tentou amenizar a situação prometendo a convocação da Assembléia Nacional (Duma). Várias Dumas foram convocadas e fechadas, o que aumentou ainda mais as criticas ao czar.
Os partidos políticos eram proibidos, mas vários existiam na clandestinidade, sendo alguns deles inspirados pelos ideais marxistas e outros pelo modelo liberal europeu. Muitos dos líderes desses partidos tinham sido exilados, mas continuavam atuando, a partir do exterior, para derrubar o czarismo.
Quanto mais a insatisfação das massas populares aumentava, mais esses partidos ganhavam força. Os bolcheviques (“maioria”) do Partido Operário Social-Democrático Russo (marxista) foi o grupo que mais conseguiu destaque nesse cenário de crise. Além disso, em diversas regiões, os próprios trabalhadores passaram a se organizar em conselhos, chamados de sovietes.
Revolução Branca e Revolução Vermelha
A entrada do Império Russo na I Guerra Mundial levou a uma grave crise socioeconômica. Em fevereiro de 1917 o czar abdicou, pondo fim ao czarismo. Em seu lugar assumiu um Governo Provisório, inspirado no modelo liberal europeu (Revolução Branca). Mas esse novo governo não atendeu a principal reivindicação popular: a retirada da Rússia da guerra.
Poucas semanas depois, Lênin (líder dos bolcheviques) chegou do exílio à Rússia, e iniciou uma campanha a favor da saída da Rússia da guerra e da reforma agrária, defendendo uma aliança do partido aos sovietes. Os slogans de seus discursos eram: “Paz, pão e terra” e “Todo poder aos sovietes!”.
Em São Petersburgo, Leon Trotsky (líder do soviete local) passou a organizar a Guarda Vermelha em apoio à revolução que Lênin propunha.
Em outubro de 1917 a Guarda Vermelha, com apoio de operários, camponeses e soldados, depôs o Governo Provisório, aclamando Lênin como líder do primeiro Estado socialista da História (Revolução Vermelha ou Bolchevique)
Rússia Bolchevique
As primeiras medidas de Lênin, apesar de serem coerentes as suas propostas de campanha, não agradaram:
– ao retirar a Rússia da I Guerra, Lênin aceitou pagar indenização e ceder territórios à Tríplice Aliança;
– ao confiscar bens da antiga elite russa, o novo Estado bolchevique gerou uma grande saída de capitais do país.
A miséria da população aumentou e uma Guerra Civil se iniciou em 1918. De um lado estava o Exército Vermelho (antiga Guarda Vermelha e força militar dos bolcheviques) e de outro o Exército Branco (antiga elite e descontentes com o novo governo, que tinham apoio internacional).
No meio dessa guerra, várias minorias étnicas aproveitaram da extrema crise para se rebelarem em busca de autonomia política.
Os bolcheviques foram implacáveis: implantaram uma política econômica chamada de “comunismo de guerra”, e assim confiscaram tudo que era produzido pela população para sustentar a Guerra Civil. A polícia política perseguia todos os que fossem considerados “anti-revolucionários”, ou seja, os inimigos dos bolcheviques. Em 1920 o Exército Vermelho venceu a Guerra Civil e o Estado Bolchevique foi implantado na Rússia.
Em 1921, Lênin buscou reorganizar a economia russa, implantando a NEP (em português: Nova Política Econômica), dando algumas liberdades econômicas à população, mas sempre com a orientação do Estado.
No ano seguinte os bolcheviques fundaram o Partido Comunista Russo e a cidade de Moscou se tornou oficialmente a capital de um novo país: União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Apesar do nome, esse enorme país nada tinha de “união”, na realidade significou a expansão russa e bolchevique sobre os países vizinhos.
Mas foi no governo de Stálin, sucessor de Lênin, que a URSS se tornou uma grande potência mundial. Uma ditadura totalitária foi imposta, a partir de uma economia controlada pelo Estado e de uma política de extremo controle sobre a população
https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/revolucao-russa-1917/
Crise de 1929 (Grande Depressão)
A Crise de 1929, também conhecida como “A Grande Depressão”, foi a maior crise do capitalismo financeiro.
O colapso econômico teve início em meados de 1929, nos Estados Unidos, e se espalhou por todo o mundo capitalista.
Seus efeitos duraram por uma década, com desdobramentos sociais e políticos.
Causas da Crise de 29
As principais causas da Crise de 1929 estão ligadas à falta de regulamentação da economia e à oferta de créditos baratos.
Igualmente, a produção industrial seguia um ritmo acelerado, mas a capacidade de consumo da população não absorvia esse crescimento, gerando grandes estoques de produtos a fim de esperar melhores preços.
A Europa, que tinha se recuperado da destruição da Primeira Guerra, não precisava mais dos créditos e produtos americanos.
Com os juros baixos, os investidores passaram a colocar seu dinheiro na Bolsa de Valores e não nos setores produtivos.
Ao perceber a diminuição do consumo, o setor produtivo passou a investir e produzir menos, compensando seus déficits com a demissão de funcionários.
Crash da Bolsa de Nova York
Com tanta especulação, as ações começam a se desvalorizar, o que gera o "crash" ou o "crack" da Bolsa de Nova York, no dia 24 de outubro de 1929. Este dia seria conhecido como a "Quinta-feira Negra".
O resultado óbvio foi o desemprego (generalizado) ou a redução salarial. O ciclo vicioso se completou quando, devido à falta de renda, o consumo caiu ainda mais, forçando uma diminuição nos preços.
Muitos bancos que emprestaram dinheiro faliram por não serem pagos, diminuindo assim a oferta de crédito. Com isso, muitos empresários fecharam as portas agravando ainda mais o desemprego.
Os países mais atingidos pela Quebra da Bolsa de Nova York foram as economias capitalistas mais desenvolvidas, dentre elas os Estados Unidos, Canadá, Alemanha, França, Itália e o Reino Unido. Em alguns destes países, os efeitos da crise econômica fomentaram a ascensão de regimes totalitários.
Na União Soviética, onde a economia em vigor era socialista, pouco foi afetada.
Crise de 1929 na América Latina
O crack da Bolsa de Valores de Nova York repercutiu em todo mundo.
Nos países em processo de industrialização, como os da América Latina, a economia agroexportadora foi a mais prejudicada pela redução das exportações de matérias-primas.
Ao longo da década de 30, contudo, estas nações puderam assistir um incremento em suas indústrias, devido à diversificação de investimentos neste setor.
Crise de 1929 no Brasil
A crise econômica nos Estados Unidos atingiu em cheio o Brasil.
Neste momento, o país exportava praticamente apenas um produto, o café, e as boas colheitas já tinham feito que o preço do produto tivesse uma queda.
Além do mais, como não era um produto de primeira necessidade, vários importadores diminuíram as compras significativamente.
Para se ter uma ideia da dimensão do problema econômico, a saca de café era cotada a 200 mil réis, em janeiro de 1929. Um ano depois, seu preço era 21 mil réis.
A Crise de 1929, no Brasil, enfraqueceu as oligarquias rurais que dominavam o cenário político e abriu caminho para a chegada de Getúlio Vargas ao poder, em 1930.
Contexto Histórico da Crise de 1929
Após a Primeira Guerra, o mundo viveu um momento de euforia, conhecido como os "Loucos Anos Vinte" (também chamado de Era do Jazz).
No Estados Unidos, principalmente, o otimismo é palpável e se consolida o chamado American Way of Life, onde o consumo é o principal fator de felicidade.
Terminada a Primeira Guerra Mundial, em 1918, os parques industriais e a agricultura na Europa estavam destruídos, permitindo aos EUA exportarem em larga escala para o mercado europeu.
Os Estados Unidos também se transformaram no principal credor dos países europeus. Essa relação gerou interdependência comercial, que foi se alterando na medida em que a economia europeia se recuperava e passava a importar menos.
Somado a isso, o Banco Central americano autoriza aos bancos a emprestarem dinheiro a juros baixos. O objetivo era fomentar ainda mais o consumo, mas este dinheiro acabou indo parar na Bolsa de Valores.
Desta maneira, em meados da década de 1920, os investimentos em ações da bolsa de valores também aumentam, uma vez que estas ações eram artificialmente valorizadas para parecerem vantajosas. Contudo, como se tratava de especulação, as ações não possuíam cobertura financeira.
Como agravante, o governo dos EUA inicia uma política monetária para reduzir a inflação (aumento de preços), quando deveria combater uma crise econômica provocada pela deflação econômica (queda nos preços).
Primeiramente, a economia norte-americana, principal credora internacional, passa a reivindicar a repatriação de seus bens, emprestados às economias europeias durante a guerra e reconstrução.
Este fator, somado à retração nas importações dos EUA (principalmente de produtos europeus), torna difícil o pagamento das dívidas, levando assim a crise aos outros continentes.
Esta crise já era perceptível em 1928 quando houve uma queda brusca e generalizada nos preços dos produtos agrícolas no mercado internacional.
Quebra da Bolsa de Nova York
Em 24 outubro de 1929, uma quinta-feira, havia mais ações que compradores e o preço baixou vertiginosamente. Por isso, milhões de investidores norte-americanos que puseram seu dinheiro na Bolsa de Valores de Nova York faliram quando a “bolha de crédito” estourou.
Isso provocou um efeito em cadeia, derrubando as bolsas de Tóquio, Londres e Berlim na sequência. O prejuízo foi milionário e sem precedentes históricos.
Na sequência, estoura a crise financeira, visto que as pessoas, em pânico, sacaram todos seus valores depositados nos bancos, o que provocou seu colapso imediato. Assim, de 1929 até 1933, a crise só se agravou.
Todavia, em 1932, o democrata Franklin Delano Roosevelt foi eleito presidente dos EUA. Imediatamente, Roosevelt incia um plano econômico denominado (propositalmente) "New Deal" ou seja, o “Novo Acordo”, caracterizado pela intervenção do Estado na economia.
Como legado, a Crise de 1929 deixou-nos a lição da necessidade do intervencionismo e do planejamento estatal da economia. Da mesma forma, a obrigação do Estado em prover assistência social e econômica aos mais afetados pelo decrescimento do capitalismo.
Consequências da Crise de 1929: New Deal
O plano econômico do New Deal foi o principal responsável pela recuperação econômica dos EUA, sendo adotado como modelo por outras economias em crise.
Na prática, este programa do governo previa a intervenção do Estado na economia, controlando a produção industrial e agrícola.
Concomitantemente, projetos federais de obras públicas foram realizados com foco na construção de estradas, ferrovias, praças, escolas, aeroportos, portos, hidroelétricas, casas populares. Assim, foram criados milhões de empregos, fomentando a economia pelo consumo.
Mesmo assim, em 1940 a taxa de desempregados estadunidenses era de 15%. Esta situação foi finalmente resolvida com a Segunda Guerra Mundial, quando a economia capitalista mundial se recupera.
Ao fim da guerra, apenas 1% dos norte-americanos produtivos estavam desempregados e a economia estava a pleno vapor.
Juliana Bezerra
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.
https://www.todamateria.com.br/crise-de-1929/
Totalitarismo
Otávio Spinace
Publicado por Otávio Spinace – Última atualização: 20/8/2018
Introdução
Os governos autoritários que se estabeleceram na Europa após a Primeira Guerra Mundial ficaram conhecidos pelo conceito de totalitarismo. Apesar das diferenças entre eles, algumas características em comum definem os regimes totalitários.
Entre os pesquisadores que utilizaram e desenvolveram o conceito de totalitarismo, podemos destacar a filósofa alemã Hannah Arendt, em especial no seu livro “Origens do Totalitarismo”, de 1951, em que desenvolve uma teoria do que seria um Estado Totalitário.
O termo totalitarismo, contudo, já era usado durante a luta política dos anos 1920 e 1930, com diferentes conotações, para se referir a regimes como a Itália fascista de Mussolini.
Contexto histórico
As consequências da Primeira Guerra Mundial afetaram de muitas maneiras os países que participaram do conflito. No caso da Alemanha, a derrota na guerra e a imposição do Tratado de Versalhes causaram grandes prejuízos materiais e impediram a reconstrução do país após a instituição da República de Weimer.
A crise de 1929, iniciada nos Estados Unidos, atingiu todo o continente europeu e piorou ainda mais as condições de vida de boa parte da população.
Já no caso da Itália, apesar de ter sido uma das nações vencedoras, o clima político também era de dificuldades. Muitos jovens que haviam participado dos combates acreditavam que os ganhos obtidos pela Itália no conflito não eram suficientes em vista dos sacrifícios e das perdas que haviam sido impostos.
Esse ambiente de instabilidade social que surgiu no período entreguerras (1918-1939) favoreceu o crescimento de movimentos autoritários e nacionalistas, que buscavam justificar os problemas vividos por seus países na ação de grupos minoritários, como comunistas, judeus, estrangeiros etc.
Com seu fortalecimento, esses movimentos chegaram ao poder de diversas formas, mas uma vez no controle do Estado, demonstraram seu caráter autoritário, o desrespeito às liberdades individuais e promoveram o fechamento político do regime.
Esse processo ocorreu em países como Itália, Alemanha, Espanha, Portugal, Bulgária, Polônia e Hungria, entre outros, mas também teve repercussões fora da Europa. Dessa forma, vemos que não é possível compreender o surgimento dos primeiros regimes totalitários dissociado do contexto histórico que atravessava a Europa do pós-guerra.
Características do totalitarismo
Em linhas gerais, podemos identificar o totalitarismo como um tipo de doutrina que rejeita os preceitos fundamentais do liberalismo, em relação às liberdades individuais e de organização política.
Os regimes totalitários são marcados pela centralização do poder de Estado nas mãos de poucos indivíduos e não possuem independência efetiva entre os poderes. Em relação às liberdades individuais e políticas, há restrições severas à liberdade de manifestação e repressão de movimentos oposicionistas.
Dessa forma, podemos classificar os regimes totalitários a partir de algumas características gerais:
Estabelecimento de uma ideologia oficial do Estado;
Existência de partido único e perseguição a movimentos oposicionistas;
Construção de um ambiente de terrorismo policial e constante medo de ameaça à ordem;
Investimento maciço em propaganda e promoção da imagem do líder;
Política armamentista e de militarização para combate de inimigos externos e internos;
As principais referências de regimes totalitários são o nazismo, na Alemanha (1933-1945), e o fascismo, na Itália (1922-1943). Alguns autores também classificam o stalinismo, período em que Josef Stalin governou a União Soviética (1922-1953), como um regime totalitário.
Sob esse ponto de vista, há algumas diferenças importantes em relação aos regimes fascistas. Por exemplo, não há oposição à revolução social, mas à tentativa de manter movimentos sociais sob o controle do Partido Comunista. E, ao contrário dos regimes fascistas, também não há incentivo ao nacionalismo.
Problemas do conceito
Embora a ideia de totalitarismo seja amplamente utilizada para se referir a uma série de governos - não apenas na Europa do período entreguerras, mas também de outras ditaduras iniciadas após a Segunda Guerra Mundial -, alguns pesquisadores são críticos do conceito.
Entre as críticas mais comuns, estão a de que o conceito se refere a governos muito diferentes entre si, sendo mais viável, portanto, estudar cada um desses regimes a partir de suas especificidades.
Além disso, a partir da segunda metade do século XX, o termo totalitarismo passou a ser utilizado de maneira pejorativa para atacar adversários políticos, esvaziando seu conteúdo teórico. Dessa forma, devemos procurar entender historicamente a construção desse conceito para poder interpretá-lo nos diferentes contextos em que é utilizado.
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Revolução Industrial e início do capitalismo
Iniciada no século XVIII na Inglaterra, a Revolução Industrial transformou a sociedade mundial ao tornar o capitalismo uma realidade em todo o planeta.
A Revolução Industrial foi um processo histórico iniciado na Inglaterra no século XVIII, principalmente, sendo comumente associado ao início do modo de produção capitalista. Essa revolução consistiu primordialmente no desenvolvimento de novas técnicas de produção de mercadorias, com uma nova tecnologia, e em uma nova forma de divisão social do trabalho.
As bases da Revolução Industrial estão na passagem das corporações de ofício da Idade Média para a produção em manufaturas. Nas corporações de ofícios, os artesãos tinham individualmente suas ferramentas e matérias-primas, trabalhando sob a supervisão de um mestre-artesão. Na manufatura, esses mestres-artesãos passaram a deter a propriedade dos meios de produção, transformando os demais artesãos em trabalhadores assalariados.
A relação colonial, mantida com a Índia e a América do Norte, possibilitou um grande acúmulo de recursos financeiros. As colônias garantiram à Inglaterra matéria-prima e mercado consumidor para seus produtos.
Houve ainda outros fatores que contribuíram para a Revolução Industrial, como a produção rural doméstica, onde um comerciante levava matérias-primas para as famílias transformarem-nas em mercadorias, sendo que se pagava um montante de dinheiro por essa transformação. Ao longo do tempo, esse processo foi se expandindo, gerando acumulação de capital e fortalecendo a classe social dos burgueses, detentores dos meios de produção e controladores do tempo de trabalho alheio – o que antes era detido pelos artesãos –, constituindo a classe dos trabalhadores, que não controlava seu tempo de trabalho e recebia por esse mesmo tempo de trabalho um salário.
Outra consequência dessa transformação foi o fato do conhecimento detido pelo artesão sobre todo o processo de produção de uma mercadoria, do trabalho da matéria-prima até sua venda ter sido parcelado, gerando o que se convencionou denominar de divisão social do trabalho. Cada trabalhador executava apenas uma parte do processo de produção, cabendo ao burguês o controle global de todo o processo.
A consequência dessa divisão do trabalho foi a possibilidade de acumulação de capital pelo burguês, decorrente da exploração da mais-valia produzida pelo trabalhador, que consistia no pagamento de um valor pelo tempo de trabalho menor do que ele produziu durante toda sua jornada.
A produção de mais-valia e a acumulação de capital permitiram investimentos em pesquisas científicas voltadas a aprimorar as técnicas de produção. O principal resultado desses investimentos foi o surgimento de uma nova maquinaria, movida inicialmente a vapor, e a utilização de novas matérias-primas, principalmente carvão e ferro. Essa nova tecnologia de maquinário aprofundou a divisão social do trabalho e ampliou a exploração do trabalhador, pois houve o aumento da produtividade, criando uma grande indústria.
O desenvolvimento industrial na Inglaterra ainda foi fomentado com a expulsão de um grande contingente de camponeses da zona rural, em um fenômeno ocorrido em meados do século XVIII e conhecido como cercamentos. Com os cercamentos, os camponeses foram expulsos de suas terras para a produção agropecuária, sendo obrigados a se deslocarem para as cidades.
Com isso, houve um crescimento urbano vertiginoso no Reino Unido, aliado ao processo de industrialização. Mas as condições de vida e trabalho eram péssimas. Os trabalhadores laboravam e habitavam locais insalubres e recebiam baixos salários. Dessa situação resultaram greves e lutas por melhores condições de vida, em casa e nas empresas. Os burgueses foram obrigados a aceitar algumas reivindicações e a reprimir duramente outras. Dessa experiência, os trabalhadores puderam desenvolver uma consciência econômica e política de sua situação social, formando-se enquanto uma classe social específica, o operariado. A partir desse confronto cotidiano entre burguesia e operariado foi se desenvolvendo a sociedade capitalista, dando fôlego à Revolução Industrial.
Durante o século XIX, novos mercados consumidores e de fornecimento de matérias-primas foram conquistados no que se convencionou chamar de imperialismo. Por outro lado, novos países investiram na industrialização, principalmente na Europa Ocidental e nos EUA, ampliando o espaço geográfico da Revolução Industrial. Com as descobertas do petróleo e outros produtos na área química, bem como a eletricidade e o aço, um novo surto industrial se verificou no final do século XIX, conhecido como Segunda Revolução Industrial.
Esse avanço tecnológico foi também uma resposta às lutas dos trabalhadores no século XIX, que pretenderam melhores salários e participação política, sendo que as lutas por esses objetivos foram vencidas também com melhorias salariais, que tornavam necessário o aumento da produtividade para serem recuperadas, em novo nível de acumulação de capital.
O capitalismo continua se desenvolvendo até os dias atuais, como consequência da primeira Revolução Industrial. Uma Terceira Revolução Industrial é apontada com o aprimoramento da tecnologia informacional, principalmente depois da década de 1970.
Publicado por: Tales dos Santos Pinto
https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/revolucao-industrial.htm
O trabalhador
A Revolução Industrial causou profundas transformações no mundo, e uma dessas transformações deu-se no processo produtivo e no estilo de vida dos trabalhadores. Para que possamos entender como a vida do trabalhador mudou, precisamos visualizar, antes, as mudanças no processo de produção de mercadorias utilizando o contexto da produção têxtil.
Antes da Revolução Industrial, o processo de produção era manufatureiro, ou seja, a produção acontecia em uma manufatura, na qual a produção era manual e o trabalhador realizava seu trabalho por meio de sua capacidade artesanal. Com o desenvolvimento das máquinas, a produção passou a ser parte da maquinofatura, isto é, a máquina era a grande responsável pela produção.
Assim, se, antes da máquina, a produção necessitava da habilidade artesanal do trabalhador, agora, isso não era mais necessário porque qualquer trabalhador poderia manejar a máquina e realizar todo o processo sozinho. Na prática, isso significa que não era mais necessário um trabalhador com habilidades manuais, e o resultado disso foi que seu salário diminuiu.
O historiador Eric Hobsbawm traz um dado interessante que comprova essa observação. Utilizando como base o salário de um artesão que trabalhava na cidade de Bolton (cidade inglesa próxima à Manchester), ele aponta que, em 1795 (no começo da Revolução Industrial), o salário médio era de 33 shillings. Em 1815, esse salário já havia caído para 14 shillings, e, entre 1829-1834, ele já era inferior a 6 shillings.|1| Esse processo de quedas salariais aconteceu em toda Inglaterra e espalhou-se pela Europa na medida em que ela industrializou-se.
Além do salário extremamente baixo, os trabalhadores eram obrigados a aceitar uma carga de trabalho excessivamente elevada que, em alguns casos, chegava a 16 horas diárias de trabalho, das quais o trabalhador só tinha 30 minutos para almoçar. Essa jornada era particularmente cruel porque todos aqueles que não a aguentassem eram prontamente substituídos por outros trabalhadores.
O trabalho, além de cansativo, era perigoso, pois não havia nada que protegesse os trabalhadores, e eram comuns os acidentes que os faziam perder os dedos ou mesmo a mão em casos mais graves. Os afastados por problema de saúde não recebiam, pois o salário só era pago para aqueles que trabalhavam. Os que ficavam fisicamente incapacitados de exercer o serviço eram demitidos e outros trabalhadores contratados.
Na questão salarial, mulheres e crianças também trabalhavam e seus salários eram, pelo menos, 50% menores do que os dos homens adultos. Muitos patrões preferiam contratar somente mulheres e crianças porque o salário era menor (e, por conseguinte, seu lucro maior) e essas eram mais sujeitas a obedecerem às ordens, sem se rebelarem.
Esse quadro de extrema exploração dos trabalhadores fez com que esses se mobilizassem em prol de melhorias de sua situação. Assim, foram criadas as organizações de trabalhadores, conhecidas no Brasil como sindicatos e na Inglaterra como trade union. As maiores reivindicações dos trabalhadores eram melhorias no salário e redução da carga de trabalho.
A mobilização dos trabalhadores deu surgimento a dois grandes movimentos, na primeira metade do século XIX, na Inglaterra, que são o ludismo e o cartismo.
O primeiro atuou no período entre os anos de 1811 e 1816 e ficou marcado pela mobilização de trabalhadores para invadir as fábricas e destruir as máquinas. Os adeptos do ludismo acreditavam que as máquinas estavam roubando os empregos dos homens e, assim, era necessário destruí-las. A repressão das autoridades inglesas sobre o ludismo foi duríssima, e o movimento teve atuação muito curta.
O segundo surgiu na década de 1830 e mobilizou trabalhadores para lutar por direitos trabalhistas e também por direitos políticos. Os cartistas tinham como uma de suas principais exigências o sufrágio universal masculino, isto é, exigiam que todos os homens tivessem direito ao voto. Além disso, reivindicavam que a classe trabalhadora tivesse representação no Parlamento.
Os protestos de trabalhadores na Inglaterra resultaram em algumas melhorias para essa classe, e essas melhorias foram obtidas, principalmente, por meio da greve. Um dos grandes ganhos dos movimentos de trabalhadores na Inglaterra foi conquistar a redução da jornada de trabalho para 10 horas por dia.
Importante mencionar que a mobilização de trabalhadores não foi resultado apenas da Revolução Industrial, uma vez que, na história recente da Europa, as populações mais pobres revoltavam-se contra as autoridades. Um exemplo na própria história inglesa foram os diggers, que se mobilizaram durante os anos da Revolução Puritana.
Consequências
A Revolução Industrial representou um marco na história da humanidade — transformando as relações sociais, as relações de trabalho, o sistema produtivo — e estabeleceu novos padrões de consumo e uso dos recursos naturais. As consequências foram muitas e estão relacionadas à cada fase vivida no processo evolutivo das tecnologias que proporcionou a industrialização dos países.
Durante a Primeira Revolução Industrial, o modo capitalista de produção reorganizou-se. As principais consequências desse período foram:
substituição do trabalho humano por máquinas, o que ampliou o êxodo rural e intensificou o crescimento urbano;
Segunda Revolução Industrial e o imperialismo
O imperialismo do século XIX esteve intrinsecamente ligado ao avanço da Segunda Revolução Industrial e à multiplicação das grandes empresas nos países industrializados, bem como à acumulação de capitais decorrentes desse processo.
Inicialmente, as nações industrializadas voltaram-se para o exterior em busca da ampliação do mercado consumidor e de novas fontes de matérias-primas para o suprimento da indústria doméstica. Sendo assim, voltaram-se para os países da Ásia, da Oceania e principalmente da África.
Os interesses econômicos rapidamente adquiriram caráter político e ideológico, razão pela qual o imperialismo é também denominado neocolonialismo. Destaca-se a realização da Conferência de Berlim entre 1884 e 1885, quando houve a partilha do continente africano entre os países industrializados da Europa, constituindo-se as colônias.
Consequências da Segunda Revolução Industrial
A Segunda Revolução Industrial acarretou uma série de consequências que abrangem desde a organização territorial até a vida cotidiana da população dos países industrializados.
O processo contínuo de acumulação do capital e de transformação da indústria, que condicionou a formação dos monopólios e oligopólios, deu origem ao capitalismo financeiro.
Em se tratando da produção, a maior eficácia derivada da automatização dos processos elevou a produtividade das indústrias e proporcionou um maior volume de mercadorias que chegavam ao público. Esse, por sua vez, teve a sua disposição uma grande variedade de produtos.
A agricultura também se beneficiou das inovações tecnológicas do período, com fertilizantes e adubos que proporcionaram ganhos produtivos.
Houve, também, o avanço da urbanização, caracterizada tanto pelo êxodo rural quanto pela construção de novas estruturas essencialmente urbanas no espaço. Exemplos são as ferrovias e as redes de transmissão de energia elétrica. O início da automação da produção, por outro lado, trouxe o desemprego e, por conseguinte, aumento da pobreza urbana.
Invenções da Segunda Revolução Industrial
A Segunda Revolução Industrial resultou em uma série de invenções, dentre as quais se destacam:
Motor à combustão e elétrico;
Lâmpada incandescente;
Trens a vapor e ferrovias; Navios de aço; Automóvel; Telégrafo, telefone, televisão;
Dínamo elétrico; Plásticos, lubrificantes, e outros produtos sintéticos derivados do petróleo;
Fertilizantes e adubos.
https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/segunda-revolucao-industrial.htm
crescimento desenfreado das cidades, acarretando favelização, marginalização de pessoas, aumento da miséria, fome e violência;
aumento significativo de indústrias e, consequentemente, da produção;
organização da sociedade em dois grupos: a burguesia versus o proletariado.
A terceira fase da Revolução Industrial — que integrou a ciência, a tecnologia e a produção — transformou ainda mais a relação do homem com o meio. A apropriação dos recursos naturais era cada vez mais intensa, visto que, a cada dia, tornou-se mais necessário viabilizar as produções em massa.
As principais consequências da Terceira Revolução Industrial foram:
muitos avanços no campo da medicina;
criação de robôs capazes de fazer trabalhos minuciosos e mais precisos;
técnicas na área da genética que melhoraram a qualidade de vida da população;
consolidou-se o capitalismo financeiro;
aumento do número de empresas multinacionais;
maior difusão de informações e notícias, integrando o mundo todo instantaneamente;
aumento dos impactos ambientais negativos e esgotamento de recursos naturais;
preocupação com o desenvolvimento econômico que explora os recursos naturais sem se preocupar com as gerações futuras, gerando a necessidade de buscar um modelo de desenvolvimento sustentável.
|1| HOBSBAWM, Eric J. A Era das Revoluções 1789-1848. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014, p. 79.
Por Daniel Neves, g raduado em História e Rafaela Sousa graduada em Geografia
https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/revolucao-industrial-2.htm
Revolução Mexicana (1910)
Juliana Bezerra Juliana Bezerra Professora de História
A Revolução Mexicana (1910) foi uma insurreição armada ocorrida no México, de caráter liberal e popular, formada por dissidentes do governo, camponeses e indígenas.
Também reuniu lideranças socialistas, liberais e anarquistas na luta pela reforma agrária, nacionalização das multinacionais norte-americanas e por reformas eleitorais.
Contexto Histórico da Revolução Mexicana
Revolução Mexicana e o Plano de Ayala
Entre 1876 e 1911, o presidente Porfirio Díaz (1830 - 1915) manteve uma ditadura militar no México, graças ao clientelismo e uma série de fraudes eleitorais.
A última delas foi realizada em 1910, quando Díaz se reelegeu pela derradeira vez e causou uma dissidência entre as elites políticas nacionais.
Por outro lado, as mazelas populares foram agravadas pela crise econômica de 1907. Igualmente, a "Lei dos Baldios", de 1893-1902, favoreceu a concentração de terras, pois tornou possível tomar propriedades indígenas e repassá-las aos latifundiários e investidores estrangeiros.
Assim, em 1910, Francisco Ignácio Madero González (1873-1913), presidenciável derrotado nas eleições fraudadas, se subleva contra o governo.
Para ganhar o apoio popular, Madero promete realizar a Reforma Agrária. Com o apoio dos exércitos revolucionários de Emiliano Zapata e Pancho Villa, Madero foi eleito presidente em outubro de 1911.
Contudo, como não cumpre a promessa de fazer a Reforma Agrária, Zapata rompe com ele. Posteriormente, Zapata volta ao sul e dá início ao “Plano de Ayala”, para dividir 1/3 das terras entre os camponeses.
Sem outra saída, a não ser continuar a Revolução, Emiliano Zapata e Pancho Villa iniciam uma nova ofensiva militar contra Madero.
Da mesma maneira, os conservadores, liderados pelo general Victoriano Huerta, estão contra o presidente. Huerta aplica um golpe de estado em 1913, subindo ao poder após assassinar o então presidente Francisco I. Madero e seu vice.
No entanto, Huerta também sofreu com levantes armados contra seu governo. O governador do norte, Carranza, juntou-se a Emiliano Zapata, do sul, para derrotá-lo. Igualmente, contaram com o apoio dos fuzileiros navais dos Estados Unidos, que tomaram o porto de Vera Cruz.
Huerta é derrotado e deposto em junho de 1914, quando Pancho Villa e Zapata tomaram o Palácio do Governo e elegeram Carranza como novo Presidente. Em 1917 é promulgada a nova Constituição que está vigente até hoje no México.
Por fim, Zapata é assassinado numa emboscada em 1919, e Pancho Villa é morto em 1923. Com a morte dos líderes populares da Revolução, esta se enfraquece e o poder retorna às mãos da burguesia mexicana.
Causas da Revolução Mexicana
As principais causas da Revolução Mexicana estão ligadas à exploração capitalista e às injustiças sociais que dela decorreram.
Com efeito, a aristocracia rural detinha o controle da produção agrícola (3% da população possuíam as melhores terras do México). Por sua parte, o capital estrangeiro explorava as minas, os portos e a extração de petróleo.
Essa situação foi agravada com Porfirio Díaz, pois seu governo intensificou a exploração sobre a população menos favorecida. Do mesmo modo, abriu o país para o capital estrangeiro, provocando o descontentamento de parte das elites nacionalistas que o apoiavam.
A questão central era solucionar o problema da terra, tomada pelos latifundiários das comunidades indígenas e camponesas.
Consequências da Revolução Mexicana
A principal consequência da Revolução Mexicana foi a promulgação da Constituição de 1917, onde está previsto:
o direito de expropriação de terras pelo Estado, para fins de Reforma Agrária;
o reconhecimento do direito indígena sobre as terras ancestrais;
a criação do salário mínimo e da jornada de trabalho de oito horas diárias;
a separação definitiva entre Estado e Igreja.
Outra consequência indireta desse movimento foi o enfraquecimento do caudilhismo no México.
Apesar de todas as conquistas, muitos camponeses perderam suas terras após a Revolução. Sem condições de concorrer com a produção feita nos latifúndios, vários tiveram que vendê-las aos grandes proprietários.
Emiliano Zapata Salazar (1879-1919) nasceu no vilarejo de San Miguel Anenecuilco e foi o principal líder do Exército Libertador do Sul, com mais de trinta mil soldados. É considerado o grande herói da Revolução.
Não obstante, Zapata, foi uma das figuras mais radicais do movimento revolucionário, pelo desejo de fazer a reforma agrária e falta de ambição pelo poder. Prova disso é que não quis ser o presidente em 1914, mesmo quando teve esta possibilidade.
As ideias de Zapata sobreviveram e inspiraram o zapatismo, e a criação do Exército Zapatista de Libertação Nacional, que luta para reformar o sistema político mexicano.
Curiosidades sobre a Revolução Mexicana
A Revolução Mexicana foi um dos principais temas do movimento artístico chamado "Muralismo Mexicano".
A partir da década de 30, as elites políticas cristalizam os ideais revolucionários no Partido Revolucionário Institucional.
Até hoje, Emiliano Zapata é um dos mexicanos mais conhecidos dentro e fora do país.
Referências Bibliográficas
Revolución Mexicana, una revolución popular. Documentário. Consultado em 29.05.2020.
Revolução Mexicana; há 109 anos começava uma das maiores revoluções do século 20. Aventuras na História. Publicado em 19/11/2019.
Comment la révolution mexicaine a-t-elle répondu aux désirs de changement?. Documentário. Consultado em 29.05.2019.
Juliana Bezerra
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.
A conquista da democracia política parece ser o movimento histórico mais extraordinário que as sociedades latino-americanas realizaram nas últimas décadas do século XX e nos primeiros anos que abriram o novo milênio. Mesmo com todas as inseguranças e incertezas, o reconhecimento dessa conquista é quase consensual. A corroborar tal fato, o cientista político norte-americano, Peter H. Smith, concluiu, no final da primeira década do século XXI, que as massas latino-americanas não mais estavam pegando em armas e fugindo para as montanhas para iniciarem guerrilhas ou colocando bombas contra alvos militares ou civis. O que havia mudado é que elas, ao contrário, estavam votando e, mesmo com todo o ceticismo, não rechaçaram a política democrática. O voto passaria a coincidir com a expectativa de melhorar a vida por meio de reformas de amplo alcance. Tratava-se, sem dúvida, de uma transformação significativa que demonstrava querer ir além e buscar unir a luta contra antigas mazelas, como a pobreza e a iniquidade que ainda assolam as sociedades latino-americanas, com novos objetivos voltados para a manutenção da estabilidade econômica e outros mais ambiciosos que apontam para um desenvolvimento sustentável.
Foi uma longa e árdua travessia, certamente ainda inconclusa, demarcada pela superação dos regimes autoritários e o estabelecimento de diversas situações democráticas, algumas mais consolidadas do que outras. Hoje, como todos nós sentimos e às vezes nos angustiamos, estamos imersos em novos problemas que afrontam o amadurecimento da jovem democracia latino-americana.
Os desafios que o combate aos regimes autoritários colocou à sociedade acabaram por promover uma virada tanto intelectual quanto simbólica entre os setores de pensamento democrático e progressista da região. Do fato e da sedução pela revolução, tão poderosa nas décadas de 1960 e 1970, se passou, como demarcou Norbert Lechner, a uma reflexão mais sistemática a respeito da democracia, em suas diversas dimensões, ainda que de início esta fosse percebida mais como uma esperança difusa do que como uma realidade política complexa que, aos poucos foi se afirmando. Em termos histórico-estruturais, essa mudança de perspectiva calou fundo no ambiente intelectual e político e, a partir daí, se fortaleceu a convicção de que a democracia era um elemento intrínseco à modernização que a América Latina necessitava.
Pode-se dizer, em termos sintéticos, que foi o “movimento democrático” geral, de selo policlassista, que abriu a possibilidade para se avançar em direção a uma cidadania mais alargada, com “velhos” e novos direitos sendo consagrados no âmbito do Estado e da sociedade civil. No conjunto da América Latina, o caso brasileiro apresenta a mais expressiva e avançada conquista nessa direção em razão da luta, elaboração e promulgação da Constituição de 1988, considerada a mais democrática de toda a história do país. Em termos mais amplos, o “movimento democrático” que se generalizou pela América Latina também possibilitou que atores étnicos e culturais historicamente excluídos viessem à luz em alguns países e postularam, por meio de movimentos sociais vigorosos, outra organização estatal e civil, reconfigurando ou mesmo reinventando a Nação, como no recente caso boliviano. Inversamente, em países que não vivenciaram dinâmicas democratizantes de caráter similar, como a Venezuela, onde a mudança se impõe em função da falência de uma classe política afogada na corrupção, acabaria emergindo uma situação política na qual foi se instalando, pouco a pouco, um jogo de soma zero. O resultado, como sabemos, foi a instalação e expansão daquilo que alguns analistas passaram a qualificar como um retorno do populismo.
Ocorre que o mundo e a América Latina já não eram mais os mesmos de meados do século XX, período do auge da “era do populismo”. A luta política contra os regimes autoritários havia deslocado o populismo do centro da política latino-americana, recusando a centralidade do Estado como paradigma, ao mesmo tempo em que promovia a autonomia da sociedade civil em sua dinâmica de expansão da cidadania. No plano mundial, as mudanças no padrão produtivo das últimas décadas do século XX, com a internet à frente de uma verdadeira revolução organizacional e comunicacional, alteraram drasticamente as relações entre política e mercados, colocando em questão o antigo poderio dos Estados nacionais. Tudo isso reduziu o populismo a não mais do que um constructo ideológico, passível de ser mobilizável intelectual e politicamente apenas na “era dos Estados nacionais”, anacrônico no contexto da globalização.
Assim, a mesma quadra histórica que possibilitou os avanços das amplas liberdades, do pluralismo e da alternância de poder também produziu uma espécie de “revanche do populismo”, expresso na moldura do bolivarianismo. O mal denominado “populismo do século XXI”, diferentemente do anterior, radicalizou os termos de sua definição no sentido de buscar uma identidade integral entre a instituição do “povo-sujeito” e a política, anulando a ideia de representação. Nesta formulação, da qual E. Laclau parece ser o principal teórico, a razão populista e a razão política são concebidas como idênticas, o que desloca para um plano secundário a deliberação racional vigente nas democracias ocidentais. É essa radicalização, contraposta à modernidade e avessa ao indivíduo e à sua expressão autônoma, que dá sustentação às reformas constitucionais que se seguiram, nas quais o que se pretende estabelecer é a “eternização no poder” de forças que se autodefine como única e legítima expressão da vontade popular.
Trata-se efetivamente de “uma espécie de autoritarismo baseado no consenso”, como definiu Félix Patzi, ex-ministro da educação da Bolívia. Alguns analistas definem essa estratégia como “pós-democrática”, na qual predominaria o autoritarismo, a intolerância e o anti pluralismo, expressos na afronta aos direitos humanos, na supressão das liberdades e na repressão e perseguição aos opositores políticos, aos juízes e jornalistas. Sem duvida, um cenário de risco para a democracia que, combinado com a corrupção endêmica, largamente disseminada pelas instituições públicas, tornam o ambiente político extremamente carregado e incerto.
A América Latina das primeiras décadas do século XXI está frente a uma disjuntiva que opõe a chamada “pós-democracia” e os desafios da construção de uma democracia de maior qualidade, fundada em instituições representativas que deem suporte a uma conduta intransigente e de punição exemplar à corrupção, que apoiem concretamente projetos para minimizar os abismos sociais existentes e que favoreçam o estabelecimento de uma nova cultura politica estabelecida a partir do entendimento de que os problemas da democracia não são passiveis de serem realmente enfrentados de uma maneira simplista, retórica e ilusória. Difusamente, é isso que nos dizem as multidões que ganharam ruas e praças nos últimos anos, do Chile ao Equador, da Venezuela ao Brasil.
Referências
LACLAU, E. A razão populista. São Paulo: Três Estrelas, 2013.
LECHNER, N. “De la revolución a la democracia”. Opciones, Santiago, mayo-agosto, 1985.
SMITH, P. H. La democracia en América Latina. Madrid: Marcial Pons, 2009.
Alberto Aggio é professor titular da Unesp, campus de Franca, autor de Um lugar no mundo — estudos de história política latino-americana. Brasília/ Rio de Janeiro: FAP/Contraponto, 2015.
Formação das Monarquias Nacionais
As crises do fim da era Medieval (econômica, política e religiosa) provocaram a dissolução do sistema feudal. A terra deixou de ser a única fonte de riqueza.
O comércio se expandia a burguesia, que era a classe social ligada ao comércio, tornou-se cada vez mais rica e poderosa, com isso ela precisava de uma nova organização política que fosse capaz de acabar com as intermináveis guerras da nobreza feudal, que diminuísse a quantidade de impostos sobre as mercadorias cobrados pelos senhores feudais e que reduzisse o grande número de moedas que atrapalhavam seus negócios.
Por isso, a burguesia passou a contribuir para o fortalecimento da autoridade dos reis, contribuindo financeiramente na construção de monarquias nacionais capazes de formar governos estáveis e ordeiros.
O elemento cultural que mais influenciou o sentimento nacionalista foi o idioma. Falado pelo mesmo povo, o idioma servia para identificar as origens, tradições e costumes comuns de uma nação.
Cada estado foi definindo suas fronteiras políticas, estabelecendo os limites territoriais de cada governo nacional, surgindo a noção de soberania, pela qual o soberano (governante) tinha o direito de fazer valer as decisões do Estado perante os súditos.
Para garantir as decisões do governo soberano, foi preciso a formação de exércitos permanentes, controlados pelos reis (soberanos).
Com a formação moderna, diversos reis passaram a exercer autoridade nos mais variados setores: organizavam os exércitos, que ficavam sobre o seu comando, distribuíam a justiça entre seus súditos, decretavam leis e arrecadavam tributos. Toda essa concentração de poder passou a ser denominado Absolutismo Monárquico.
Estados Absolutistas europeus foram: Os principais
•Portugal: surgiu como um reino independente em 1139. Seu primeiro rei foi D. Afonso Henrique, da dinastia de Borgonha. Por muito tempo, os portugueses viveram envolvidos na luta pela expulsão dos mouros, que só aconteceu em 1249 com a conquista de Algarves (sul de Portugal);
•Inglaterra: o absolutismo inglês teve início após a Guerra das Duas Rosas entre as famílias York e Lancaster onde o Lancaster Henrique Tudor com o apoio da burguesia venceu e tomou o poder. Fundador da dinastia Tudor, Henrique VII (1485-1509) inaugurou a era dos reis absolutistas ingleses. Seu filho Henrique VIII foi o que exerceu o poder mais absoluto entre todos os monarcas ingleses. Já sua neta Elisabete I, foi a última rainha soberana incontestável;
•Espanha: em 1469 aconteceu o casamento da rainha Isabel de Castela com o rei Fernando de Aragão. Unificado, o reino espanhol reuniu forças para completar a expulsão dos mouros e, com a ajuda da burguesia, lançar-se às grandes navegações marítimas. O absolutismo espanhol atingiu seu apogeu com a dinastia Habsburgo e o rei Felipe II;
•França: o processo de centralização política francesa iniciou-se com o rei Felipe II no século XII. Usando os conflitos contra os ingleses pelo controle do norte da França, este monarca conseguiu formar um grande exército sustentado pelos impostos cobrados ao longo do território nacional. Durante o governo do rei Luís IX, o poderio real foi ampliado com a criação de instituições jurídicas subordinadas às leis nacionais e a economia comercial se fortaleceu com a instituição de uma única moeda nacional. No governo de Felipe IV o belo, foi criada a Assembleia dos Estados Gerais para reafirmar o poder político real. Mas a guerra dos Cem Anos com a Inglaterra enfraqueceu o poder real e somente a partir de 1453, o rei Carlos VII concluiu o processo de expulsão dos britânicos do território francês e passou a comandar com amplos poderes. Com o apoio dos grandes burgueses, centralizou o governo nacional, criou novos impostos e financiou a instituição de um exército permanente. A partir de então, a França tornou-se o exemplo máximo do absolutismo real europeu.
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A Formação das Monarquias Nacionais ocorreu durante o período da Baixa Idade Média, entre os séculos XII e XV, nos países da Europa Ocidental, com destaque para as monarquias portuguesa, espanhola, francesa e inglesa.
Note que esse processo ocorreu de maneira similar nos países europeus, entretanto, em tempos distintos. Em Portugal teve início no século XII, com a Dinastia de Borgonha (Dinastia Afonsina), sendo mais tarde consolidada pela Dinastia de Avis.
Na Espanha ocorreu a partir da União dos reinos de Aragão e Castela, apresentando seu apogeu com a Dinastia de Habsburgo. Ambos países (Portugal e Espanha) começaram o processo de formação dos estados nacionais após a expulsão dos Mouros (muçulmanos) que habitavam a península ibérica desde o século VIII.
Na França, considerada exemplo máximo do absolutismo europeu, esse processo foi consolidado com a Dinastia Capetíngia e a Dinastia Valois; e, por fim, na Inglaterra, com a Dinastia Plantageneta e a Dinastia Tudor. Observe que tanto na Espanha, quanto na França e na Inglaterra, a formação dos estados nacionais tiveram início no século XV.
Contexto Histórico: Resumo
Com a crise do sistema feudal na Baixa Idade Média (XI e XV), o crescimento demográfico, o surgimento da burguesia e o desenvolvimento do comércio, a partir da expansão das rotas marítimas, os países europeus foram criando seus próprios modelos de centralização política, donde o rei tornou-se uma das figuras mais importantes ao lado da Igreja e da nova classe que surgia: a burguesia.
Junto a isso, os ideais mercantilistas dos quais estavam imbuídos os novos mercadores, comerciantes e profissionais burgueses, aceleraram o nascimento de um novo sistema econômico: o capitalismo. Antes de mais nada, devemos ter em conta que esse sistema que surgiu, tratava-se de um capitalismo primitivo (um pouco diferente do conceito que temos hoje dele), pautados nos ideais do lucro, monopólio comercial, protecionismo alfandegário (proteção da economia pela entrada de produtos estrangeiros), metalismo (acúmulo de metais preciosos), os quais levaram à introdução da moeda como valor de troca.
Enfim, o sistema feudal e rural (administrado pelos senhores feudais), foi substituído pelo sistema capitalista, onde o crescimento das cidades (burgos) e a intensificação do comércio e das feiras livres pela classe burguesa marcou o período que ficou conhecido como Renascimento Comercial e Urbano.
Diante disso, os senhores feudais que possuíam grande poder na Idade Média, começam a perder sua posição, onde o Rei torna-se a figura responsável por administrar a política e a economia. Esse grande poder atribuído ao Monarca foi efetivado pelo apoio recebido da nobreza e sobretudo dos burgueses, a nova classe social que enriquecia cada vez mais, com o desenvolvimento do comércio.
Desde o surgimento e organização da classe burguesa, eles lutavam pela autonomia das cidades (dominadas ainda pelos senhores feudais), movimento que ficou conhecido como Movimento Comunal, referente às Comunas, ou cidades livres, libertadas das mãos dos senhores feudais.
Foi assim que a crise do sistema feudal e medieval teria sido solucionada, ou seja, por meio da centralização política nas mãos do Monarca (Rei), donde ele, como o poder soberano, decretava as leis, arrecadava impostos bem como organizava os exércitos nacionais. Todas essas características, mediante o poder centrado numa única figura soberana, o Rei, ficou conhecida como Absolutismo Monárquico.
A partir disso, foram criados os Estados Nacionais, os quais apresentavam suas fronteiras, limites dos territórios e o exército nacional (para segurança da nação). No âmbito econômico, as monarquias nacionais visavam a unificação dos padrões monetários e também um sistema de cobrança dos impostos.
Em suma, a união dos interesses políticos dos Reis e os interesses econômicos da burguesia, foram essenciais para formação das Monarquias ou Estados Nacionais, extinguindo o domínio dos senhores feudais do período medieval, dando início a Era Moderna.
Estado Absolutista
Estado absolutista é um regime político surgido no fim da Idade Média.
Também chamado de Absolutismo, se caracteriza por concentrar o poder e autoridade no rei e de poucos colaboradores.
Nesse tipo de governo, o rei está totalmente identificado com o Estado, ou seja, não há diferença entre a pessoa real e o Estado que governa.
Não há nenhuma Constituição ou lei escrita que limite o poder real e tampouco existe um parlamento regular que contrabalance o poder do monarca.
Origem do Estado Absolutista
Monarquia absoluta
O Estado Absolutista surgiu no processo de formação do Estado Moderno ao mesmo tempo que a burguesia se fortalecia.
Durante a Idade Média, os nobres detinham mais poder que o rei. O soberano era apenas mais um entre os nobres e deveria buscar o equilíbrio entre a nobreza e seu próprio espaço.
Durante a transição do feudalismo para o capitalismo houve a ascensão econômica da burguesia e do Mercantilismo. Era preciso outro regime político na Europa centro-ocidental que garantisse a paz e o cumprimento das leis.
Por isso, surge a necessidade de um governo que centralizasse a administração estatal.
Desta maneira, o rei era a figura ideal para concentrar o poder político e das armas, e garantir o funcionamento dos negócios.
Nesta época, começam a surgir os grandes exércitos nacionais e a proibição de forças armadas particulares.
Exemplos de Estados Absolutistas
Ao longo da história, com a centralização do Estado Moderno, várias nações passaram a formar Estados Absolutistas. Eis alguns exemplos:
França
Considera-se a formação do Estado francês sob reinado dos reis Luís XIII (1610-1643) e do rei Luís XIV (1643-1715) durando até a Revolução Francesa, em 1789.
Luís XIV limitou o poder da nobreza, concentrou as decisões econômicas e de guerra em si e seus colaboradores mais próximos.
Realizou uma política de alianças através de casamentos que garantiu sua influência em boa parte da Europa, fazendo a França ser o reino mais relevante no continente europeu.
Este rei acreditava que somente "um rei, uma lei e uma religião" fariam prosperar a nação. Deste modo, inicia uma perseguição aos protestantes.
Inglaterra
A Inglaterra passou um longo período de disputas internas devido às guerras religiosas, primeiro entre católicos e protestantes e, mais tarde, entre as várias correntes protestantes.
Este fato foi decisivo para que o monarca concentrasse mais poder, em detrimento da nobreza.
O grande exemplo de monarquia absolutista inglesa é o reinado de Henrique VIII (1509-1547) e o de sua filha, a rainha Elizabeth I (1558-1603) quando uma nova religião foi estabelecida e o Parlamento foi enfraquecido.
A fim de limitar o poder do soberano, o país entra em guerra e somente com a Revolução Gloriosa estabelece as bases da monarquia constitucional.
Espanha
Considera-se que a Espanha teve dois períodos de monarquia absoluta.
Primeiro, durante o reinado dos reis católicos, Isabel e Fernando, no final do século XIV, até o reinado de Carlos IV, que durou de 1788 a 1808. Isabel de Castela e Fernando de Aragão governaram sem nenhuma constituição.
De todas as formas, Isabel e Fernando, deviam estar sempre atentos aos pedidos da nobreza tanto de Castela como de Aragão, de onde procediam respectivamente.
O segundo período é o reinado de Fernando VII, de 1815 -1833, que aboliu a Constituição de 1812, restabeleceu a Inquisição e retirou alguns direitos da nobreza.
Portugal
O absolutismo em Portugal começou ao mesmo tempo que se iniciavam as Grandes Navegações. A prosperidade trazida com os novos produtos e os metais preciosos do Brasil foram fundamentais para enriquecer o rei.
O reinado de Dom João V (1706-1750) é considerado o auge do estado absolutista português, pois este monarca centralizou na coroa todas as decisões importantes como a justiça, o exército e a economia.
O absolutismo em Portugal duraria até a Revolução Liberal do Porto, em 1820, quando o rei Dom João VI (1816-1826) foi obrigado aceitar uma Constituição.
O Direito Divino e o Estado Absolutista
O absolutismo previa um soberano, governando para súditos da mesma religião, como fez Henrique VIII, na Inglaterra
A teoria que embasava o absolutismo era o "Direito Divino". Idealizada pelo francês Jacques Bossuet (1627-1704), sua origem estava na Bíblia.
Bossuet considera que o soberano é o próprio representante de Deus na Terra e por isso deve ser obedecido. Os súditos devem acatar suas ordens e não questioná-las.
Por sua vez, o monarca deveria ser o melhor dos homens, cultivar a justiça e o bom governo. Bossuet argumentava que se o rei fosse criado dentro dos princípios religiosos necessariamente ele seria um bom governante, porque suas ações seriam sempre em beneficio dos súditos.
Teóricos do Estados Absolutista
Além de Bossuet, outros pensadores desenvolveram suas teses a respeito do Absolutismo. Destacamos Jean Boudin, Thomas Hobbes e Nicolau Maquiavel.
Jean Boudin
A doutrina da soberania do Estado foi descrita pelo francês Jean Bodin (1530 - 1596). Essa teoria defende que o poder supremo era concedido por Deus ao soberano e os súditos devem somente obedecê-lo.
Por esse pensamento, o rei é considerado o representante de Deus e só deve obediência à Ele. A única restrição para o poder do rei seria sua própria consciência e a religião que deveria pautar suas ações.
Neste modelo de estado absolutista, segundo Bodin, não havia nada de mais sagrado que o rei.
Thomas Hobbes
Um dos principais defensores do absolutismo foi o inglês Thomas Hobbes (1588-1679). Hobbes defendeu, em sua obra "Leviatã", inicialmente, os seres humanos viviam no estado de natureza, onde havia a "guerra de todos contra todos".
A fim de viver em paz, os homens firmaram uma espécie de contrato social, renunciariam à sua liberdade e se submeteriam à uma autoridade.
Em troca, receberiam a segurança oferecida pelo Estado e a garantia que a propriedade privada seria respeitada.
Nicolau Maquiavel
O florentino Nicolau Maquiavel (1469-1527) resumiu na sua obra "O Príncipe" a separação da moral e da política.
Segundo Maquiavel, o líder de uma nação deveria usar de todos os meios para se manter no poder e governar. Por isso, descreve que monarca pode lançar meios como a violência a fim de assegurar sua permanência no trono.
https://www.todamateria.com.br/formacao-das-monarquias-nacionais/
https://www.todamateria.com.br/estado-absolutista/
Juliana Bezerra
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.
O que é Estado? Entenda a constituição da sociedade política
O entendimento de o que é Estado e sociedade política vem evoluindo desde a Antiguidade, mas já sabemos que ele possui poder de zelar e tomar decisões em nome da coletividade. Ao decorrer deste texto, abordaremos a definição, o contexto histórico, os três elementos básicos e a atuação do Estado, levando em conta o nosso dia a dia. Preparados? Então, vamos lá…
QUAL A DEFINIÇÃO DE ESTADO?
Para compreendermos a definição de Estado, basta observar que fazemos parte de instituições ou sociedades. Estas, por sua vez, são formadas por interesses materiais, níveis de parentescos ou objetivos espirituais, por exemplo. É na convivência entre essas sociedades que desenvolvemos nossos conceitos e aptidões físicas, morais e intelectuais.
Ao analisar esses aspectos, entende-se que o Estado nada mais é do que uma sociedade constituída por um grupo de indivíduos organizados, como: os grupos familiares, profissionais, educativos, políticos, religiosos, que buscam objetivos em comum. Esses objetivos podem ser caracterizados por ações realizadas pelas pessoas com finalidades em comum, um exemplo seria o desejo de alcançar metas ou desenvolver-se melhor no trabalho.
Além disso, o Estado se apresenta como uma organização denominada sociedade política. Nessa sociedade, existem normas jurídicas escritas (Constituição Federal, Código Civil, Código Penal, Código de Defesa do Consumidor, etc.). E também uma hierarquia entre os governantes e governados, todos sujeitos a buscar o bem público, sendo exemplos a saúde, educação, justiça e defesa nacional.
CONTEXTO HISTÓRICO: QUANDO SURGE O ESTADO?
O conceito de Estado vem evoluindo desde a Antiguidade, a partir da Polis Grega e das Civitas Romana. A Itália foi o primeiro país a empregar a palavra Stato, embora tenha um significado vago. Já a Inglaterra, no século XV, e posteriormente a França e a Alemanha, no século XVI, usaram o termo Estado como uma definição da ordem pública. Porém, quem introduziu efetivamente a expressão na literatura científica foi o filósofo Maquiavel, em seu livro “O príncipe”, escrito em 1513.
Não é uma tarefa fácil investigar com precisão o aparecimento do Estado, mas a análise das concepções antropológicas, jurídicas e filosóficas ajudam a desvendar paradigmas encontrados na Antiguidade e na Idade Média. Existem três posições sintetizadas pelo jurista brasileiro Dalmo de Abreu Dallari para a formação do Estado:
1º Posição: conceitua que o Estado sempre existiu, desde que o homem habita o planeta Terra. Encontra-se em um contexto de organização social.
2º Posição: a sociedade humana existia antes mesmo do Estado, assim ele foi criado para atender às necessidades do grupo social.
3º Posição: o Estado como uma sociedade política é dotado de certas características bem definidas. Assim, ele é concreto e histórico, não de caráter geral e universal. O Estado surgiu quando nasceu a ideia de “soberania”.
Após essa contextualização, torna-se essencial aprendermos os elementos básicos para a formação do Estado. Vamos entender quais são eles?
POVO TERRITÓRIO E SOBERANIA
A formação de um Estado consiste em três elementos: uma população, um território e um governo. Esses aspectos são essenciais, porque sem eles não poderia existir um Estado. Vamos entender cada um deles?
Povo
Diz respeito a todos que habitam o território, englobando todas as pessoas, mesmo que elas estejam temporariamente no território ou que não tenham qualquer vínculo com o Estado. Mas há uma diferença entre as referências de população, povo e cidadão. Para entender: a população refere-se brasileiros e estrangeiros (em território nacional), a palavra povo se caracteriza pelos natos e naturalizados, e os cidadãos são os nacionais que possuem direitos políticos.
Território
É o lugar onde há aplicação do ordenamento jurídico, a base física em que está fixado o elemento humano. É nele que o governo pode exercer a sua organização e validar suas normas jurídicas. Constitui-se do solo, subsolo, águas territoriais, ilhas, rios, lagos, portos, mar e espaço aéreo.
Soberania
Para o Jurista Miguel Reale, a soberania é o “[…] poder que tem uma nação de organizar-se juridicamente e de fazer valer dentro de seu território a universalidade de suas decisões nos limites e dos fins éticos de convivência”. Soberania é uma autoridade superior que não pode ser limitada por nenhum outro poder. Com isso em mente, sabemos que a soberania possui estas características:
Una: é sempre um poder superior. Não podem existir duas soberanias dentro de um mesmo Estado, por exemplo;
Indivisível: aplica-se a todos os fatos ocorridos no Estado;
Inalienável: quem a detém desaparece ao ficar sem ela, seja o povo, nação ou o Estado;
Imprescritível: não tem prazo de duração.
Como vimos anteriormente, o Estado é formado por grupos de pessoas convivendo em sociedade e que buscam metas em comum. Para a garantia da sociedade, o Estado reúne objetivos de caráter fundamental, que são efetivados pelos órgãos estatais, o Poder Legislativo, Poder Executivo, e um conjunto de políticas de Estado e de governo. A Constituição Federal de 1988 descreve em seu artigo 3º os objetivos fundamentais que constituem a República Federativa do Brasil:
I – construir uma sociedade livre, justa e solidária;
O Estado tem como objetivo propiciar o bem estar, harmonia social, qualidade de vida e garantir todos os meios para que a democracia seja exercida. Visa a um modelo de igualdade de oportunidades entre as pessoas. Também são expostos os direitos fundamentais da primeira e terceira geração, sendo a primeira “Liberdade”, enquanto a “Solidariedade” pertence à terceira geração. São exemplos disso o direito à vida, à liberdade, à propriedade, à liberdade de expressão, à participação política e religiosa, direitos do consumidor, entre outros.
II – garantir o desenvolvimento nacional;
A garantia do desenvolvimento nacional é a competência de prover e melhorar o bem estar social, sendo estendido pela política, economia e a vida social. O processo de desenvolvimento nacional, leva em conta diversos fatores, como o movimento popular. Disso se extrai a consciência de tornar-se parte da vida política e nas decisões de nossos governantes, com a posterior fiscalização de todas as iniciativas implantadas.
III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
A erradicação da pobreza e a marginalização foi desenvolvida com a finalidade de reduzir as desigualdades sociais e regionais. Com isso, busca-se condições mais apropriadas à dignidade. A essência da Constituição Federal está inteiramente ligada ao respeito e à dignidade da Pessoa Humana.
IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Todo Estado é composto por uma sociedade heterogênea, seja por meio de ideologias, política, diferenças religiosas, culturais e étnicas. A função desse fundamento é reconhecer, indistintamente, possíveis condições referentes à igualdade, evitando a discriminação e levando a harmonia entre os povos.
Referências do texto:
ARATANI, Danilo Fujinami. A análise da natureza e eficácia do art. 3º da Constituição Federal de 1988. Ribeirão Preto, 2014.
AZAMBUJA, Darcy. Teoria Geral do Estado. Globo.
BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. 10ª Edição.
BRASIL, Constituição (1988). Artigo 3º.
SOARES, Mário Lúcio Quintão. Teoria do Estado. 2ª Edição.
STRECK, Lenio Luiz; BOLZAN DE MORAIS, Jose Luis. Ciência Política & Teoria do Estado. 8ª Edição.
https://www.politize.com.br/estado-o-que-e/?https://www.politize.com.br