No seu primeiro dia de aula, provavelmente na segunda fase do ensino fundamental, um professor de História entrou em sala para discutir a importância do estudo dessa matéria. Tal discussão, sem dúvida, é importante. Afinal, as questões e modos de se investigar o passado nessa nova fase do ensino passam a ser mais complexas e você, enquanto indivíduo em formação, já se mostra tentado a levantar algumas questões mais profundas sobre o que aconteceu no passado.
Sabemos que muitos por aí aprenderam que a História é importante para que não cometamos os mesmos erros do passado, para que tenhamos a oportunidade de organizar o agora e o porvir de modo mais seguro. Sob tal perspectiva, o estudo dos fatos consumados teria um valor estratégico. Em outras palavras, essa ideia sugere que a análise e a crítica do passado determinam o alcance de um futuro livre das mazelas que um dia nos afligiu.
De fato, ao observar esse tipo de uso para o passado, somos tentados a romantizar a História como ferramenta indispensável ao progresso. Contudo, seria mesmo correto dizer que a compreensão do passado garante verdadeiramente uma sociedade ou uma civilização mais aprimorada? Se assim fosse, toda a mazela que a Primeira Guerra Mundial trouxe para a Europa incutiria a “lição” de que uma Segunda Guerra Mundial não deveria acontecer. Mas não foi bem assim que as coisas se deram, não é?
Percebendo esse tipo de incoerência é que temos a chance de intuir que a História não tem essa missão salvadora de alertar ao homem sobre os erros que ele não pode cometer novamente. Na verdade, antes de acreditar que as sociedades e civilizações já cometeram um mesmo equívoco duas vezes, devemos entender que esses homens que são objetos de estudo do passado não pensam, sentem, acreditam ou sonham da mesma forma através dos dias, anos, décadas, séculos e milênios.
Sendo assim, a noção de progresso atribuída à História deve ser abandonada em favor de uma investigação dos valores, das relações sociais, conflitos e outros vestígios que nos mostram a transitoriedade e a mutação dos contextos em que os fatos históricos são consumados. É desse justo modo que passamos a entender que o homem e as sociedades que lutaram e sofreram na Primeira Guerra Mundial não são exatamente os mesmos que surgiram no cenário da Segunda Guerra Mundial.
Feita essa reflexão, não devemos chegar ao ponto de pensar que os contextos e períodos em que a História decorre são radicalmente distintos entre si. De uma época para outra, podemos notar que as sociedades não abandonam seu antigo modo de agir para incorporar uma postura completamente inovadora. Em cada período é necessário reconhecer as continuidades e descontinuidades que mostram a força que o passado possuiu enquanto referencial importante na formação dos indivíduos e das coletividades.
Ao realizar esses apontamentos, não devemos acreditar que o passado não passa de um jogo caótico controlado por jogadores (no caso, os homens) que não sabem definir suas próprias regras. Antes disso, é muito mais interessante notar que esse jogo tem feições múltiplas e que as formas de reconhecer a natureza de suas regras podem se transformar de acordo com a forma que olhamos para o passado.
Sendo assim, a investigação do passado se transforma em um grande debate em que cada interessado tem a oportunidade de mostrar uma riqueza inédita sobre um mesmo tema. Na medida em que isso acontece, não só temos a chance de pensar sobre aquilo que o homem já fez, mas também temos uma maneira curiosa, mesmo que seja pela completa diferença, de debater os nossos valores e questionar o agora com os “olhos” de nossos antepassados.
Por Rainer Sousa
Mestre em História
SOUSA, Rainer Gonçalves. "Afinal, para que serve a História?"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historia/afinal-para-que-serve-historia.htm. Acesso em 07 de fevereiro de 2021.
Revolução Industrial
HISTÓRIA GERAL
A Revolução Industrial teve início de maneira pioneira na Inglaterra, no século XVIII, e causou grandes transformações nas relações de trabalho e no sistema de produção.
A Revolução Industrial foi o período de grande desenvolvimento tecnológico que teve início na Inglaterra a partir da segunda metade do século XVIII e que se espalhou pelo mundo causando grandes transformações. A Revolução Industrial garantiu o surgimento da indústria e consolidou o processo de formação do capitalismo.
O nascimento da indústria causou grandes transformações na economia mundial, assim como no estilo de vida da humanidade, uma vez que acelerou a produção de mercadorias e a exploração dos recursos da natureza. Além disso, a Revolução Industrial foi responsável por grandes transformações no processo produtivo e nas relações de trabalho.
A Revolução Industrial foi iniciada de maneira pioneira na Inglaterra, a partir da segunda metade do século XVIII, e atribui-se esse pioneirismo à Inglaterra pelo fato de que foi lá que surgiu a primeira máquina a vapor, em 1698, construída por Thomas Newcomen e aperfeiçoada por James Watt, em 1765. O historiador Eric Hobsbawm, inclusive, acredita que a Revolução Industrial só foi iniciada de fato na década de 1780|1|.
O avanço tecnológico característico da Revolução Industrial permitiu um grande desenvolvimento de maquinário voltado para a produção têxtil, isto é, de roupas. Com isso, uma série de máquinas, como a “spinning Jenny”, “spinning frame”, “water frame” e a “spinning mule”, foram criadas para tecer fios. Com essas máquinas, era possível tecer uma quantidade de fios que manualmente seria necessária a utilização de várias pessoas.
Posteriormente, no começo do século XIX, o desenvolvimento tecnológico foi utilizado na criação da locomotiva e das estradas de ferro que, a partir da década de 1830, foram construídas por toda a Inglaterra. A construção das estradas de ferro contribuiu para ampliar o crescimento industrial, uma vez que diminuiu as distâncias ao tornar as viagens mais curtas e ampliou a capacidade de locomoção de mercadorias.
O desenvolvimento das estradas de ferro foi algo que aproveitou da prosperidade da indústria inglesa, uma vez que os financiadores de sua construção foram exatamente os capitalistas que prosperaram na Revolução Industrial. Isso porque a indústria inglesa não conseguia absorver todo o excedente de capital, fazendo com que os investimentos nas estradas de ferro acontecessem.
O trabalhador na Revolução Industrial
A Revolução Industrial também gerou grandes transformações no modo de produção de mercadorias. Antes do surgimento da indústria, a produção acontecia pelo modo de produção manufatureiro, isto é, um modo de produção manual que utilizava a capacidade artesanal daquele que produzia. Assim, a manufatura foi substituída pela maquinofatura.
Com a maquinofatura não era mais necessária a utilização de vários trabalhadores especializados para produzir uma mercadoria, pois uma pessoa manuseando as máquinas conseguiria fazer todo o processo sozinha. Com isso, o salário do trabalhador despencou, uma vez que não eram mais necessários funcionários com habilidades manuais.
Isso é evidenciado pela estatística trazida por Eric Hobsbawm que mostra como o salário do trabalhador inglês caiu com o surgimento da indústria. O exemplo levantado foi Bolton, cidade no oeste da Inglaterra. Lá, em 1795, um artesão ganhava 33 shillings, mas em 1815, o valor pago havia caído para 14 shillings e, entre 1829 e 1834, esse salário havia despencado para quase 6 shillings|2|. Percebemos aqui uma queda brusca no salário e esse processo deu-se em toda a Inglaterra.
Além do baixo salário, os trabalhadores eram obrigados a lidar com uma carga de trabalho extenuante. Nas indústrias inglesas do período da Revolução Industrial, a jornada diária de trabalho costumava ser de até 16 horas com apenas 30 minutos de pausa para o almoço. Os trabalhadores que não aguentassem a jornada eram sumariamente substituídos por outros.
Não havia nenhum tipo de segurança para os trabalhadores e constantemente acidentes aconteciam. O acidente mais comum era quando os trabalhadores tinham seus dedos presos na máquina e muitos os perdiam. Os trabalhadores que se afastavam por problemas de saúde poderiam ser demitidos e não recebiam seu salário. Só eram pagos os funcionários que trabalhavam efetivamente.
Essa situação degradante fez com que os trabalhadores mobilizassem-se pouco a pouco contra seus patrões. Isso levou à criação das organizações de trabalhadores (mais conhecidas no Brasil como sindicatos) e chamadas na Inglaterra de trade union. Os trabalhadores exigiam melhorias salariais e redução na jornada de trabalho.
Dois grandes movimentos de trabalhadores surgiram dessas organizações foram o ludismo e o cartismo. O ludismo teve atuação destacada no período entre 1811 e1816 e sua estratégia consistia em invadir as fábricas e destruir as máquinas. Isso acontecia porque os adeptos do ludismo afirmavam que as máquinas estavam roubando os empregos dos homens e, portanto, deveriam ser destruídas.
O movimento cartista, por sua vez, surgiu na década de 1830 e lutava por direitos trabalhistas e políticos para a classe de trabalhadores da Inglaterra. Uma das principais exigências dos cartistas era o sufrágio universal masculino, isto é, o direito de que todos os homens pudessem votar. Os cartistas também exigiam que sua classe tivesse representatividade no Parlamento inglês.
A mobilização de trabalhadores resultou em algumas melhorias ao longo do século XIX. A pressão exercida pelos trabalhadores dava-se, principalmente, por meio de greve. Uma das melhorias mais sensíveis conquistadas pelos trabalhadores foi a redução da jornada de trabalho para 10 horas diárias, por exemplo.
A mobilização de trabalhadores enquanto classe, isto é, pobres (proletários), não foi um fenômeno que surgiu especificamente por causa da Revolução Industrial. Nas palavras de Eric Hobsbawm, o enfrentamento dos patrões pelos trabalhadores aconteceu, porque a Revolução Francesa deu-lhes confiança para isso, enquanto que “a Revolução Industrial trouxe a necessidade de mobilização permanente”|3|.
Por que a Revolução Industrial aconteceu primeiro na Inglaterra?
A Revolução Industrial despontou pioneiramente, na segunda metade do século XVIII, na Inglaterra e gradativamente foi espalhando-se pela Europa e, em seguida para todo o mundo. Mas por que necessariamente isso ocorreu na Inglaterra? A resposta para isso é encontrada um pouco no acaso e um pouco na própria história inglesa.
Primeiramente, é importante estabelecer que o desenvolvimento tecnológico e industrial na Inglaterra foi possível, porque a burguesia estabeleceu-se como classe e garantiu o desenvolvimento da economia inglesa na direção do capitalismo. Isso aconteceu no século XVII, com a Revolução Gloriosa.
A Revolução Gloriosa aconteceu em 1688 e consolidou o fim da monarquia absolutista na Inglaterra (que já vinha enfraquecida desde a Revolução Puritana na década de 1640). Com isso, a Inglaterra transformou-se em uma monarquia constitucional parlamentarista, na qual o poder do rei não estava acima do Parlamento e nem da Constituição, no caso da Inglaterra da Declaração de Direitos – Bill of Rights.
Assim, a burguesia conseguiu consolidar-se enquanto classe e governar de maneira a atender aos seus interesses econômicos. Um acontecimento fundamental para o desenvolvimento do comércio inglês deu-se no meio das duas revoluções do século XVII, citadas acima. Em 1651, Oliver Cromwell decretou os Atos de Navegação, lei que decretava que mercadorias compradas ou vendidas pela Inglaterra somente seriam transportadas por embarcações inglesas.
Essa lei foi fundamental, pois protegeu o comércio, enfraqueceu a concorrência dos ingleses e garantiu que os navios ingleses controlassem as rotas comerciais marítimas. Isso enriqueceu a burguesia inglesa e permitiu-lhes acumular capital. Esse capital foi utilizado no desenvolvimento de máquinas e na instalação das indústrias.
Mas não bastava somente excedente de capital para garantir o desenvolvimento industrial. Eram necessários trabalhadores, e a Inglaterra do século XVIII tinha mão de obra excedente. Isso está relacionado com os cercamentos que aconteciam na Inglaterra e que se intensificaram a partir do século XVII.
Os cercamentos aconteciam por força da Lei dos Cercamentos (Enclosure Acts), lei inglesa que permitia que as terras comuns fossem cercadas e transformadas em pasto. As terras comuns eram parte do sistema feudal que estipulava determinadas áreas para serem ocupadas e cultivadas pelos camponeses.
Com os cercamentos, os camponeses que habitavam essas terras foram expulsos e as terras foram transformadas em pasto para a criação de ovelhas. A criação de ovelhas era o que fornecia a lã utilizada em larga escala na produção têxtil do país. Os camponeses expulsos de suas terras e sem ter para onde ir mudaram-se para as grandes cidades.
Sem nenhum tipo de qualificação, esses camponeses viram-se obrigados a trabalhar nos únicos locais que forneciam empregos – as indústrias. Assim, as indústrias que se desenvolviam na Inglaterra tinham mão de obra excedente. Isso garantia aos patrões poder de barganha, pois poderiam forçar os trabalhadores a aceitarem salários de fome por uma jornada diária exaustiva.
A adesão dos trabalhadores às indústrias ocorreu de maneira massiva também por uma lei inglesa que proibia as pessoas de “vadiagem”. Assim, pessoas que foram pegas vagando pelas ruas sem emprego poderiam ser punidas com castigos físicos e até mesmo com a morte, caso fossem reincidentes.
Por último, destaca-se que o acaso e o fortuito também contribuíram para que a Inglaterra despontasse pioneiramente. O desenvolvimento das máquinas e das indústrias apenas ocorreu, porque a Inglaterra tinha grandes reservas dos dois materiais essenciais para isso: o carvão e o ferro. Com reservas de carvão e ferro abundantes, a Inglaterra pôde desenvolver sua indústria desenfreadamente.
→ Primeira Revolução Industrial
Uma das principais invenções da Primeira Revolução Industrial foi a locomotiva a vapor.
A Primeira Revolução Industrial refere-se ao processo de evolução tecnológica vivido a partir do século XVIII na Europa Ocidental, entre 1760 e 1850, estabelecendo uma nova relação entre a sociedade e o meio, bem como possibilitou a existência de novas formas de produção que transformaram o setor industrial, dando início a um novo padrão de consumo.
Essa fase é marcada especialmente pela substituição da energia produzida pelo homem por energias como a vapor, eólica e hidráulica; a substituição da produção artesanal (manufatura) pela indústria (maquinofatura) e também pela existência de novas relações de trabalho.
As principais invenções dessa fase que modificaram todo o cenário vivido na época foram: a utilização do carvão como fonte de energia; o consequente desenvolvimento da máquina a vapor e da locomotiva. Nessa fase foi, também, desenvolvido o telégrafo, um dos primeiros meios de comunicação quase instantânea.
A produção modificou-se, diminuindo o tempo e aumentando a produtividade; as invenções possibilitaram o melhor escoamento de matérias-primas, bem como de consumidores e também favoreceram a distribuição dos bens produzidos.
Consequências
De um modo geral, a Revolução Industrial transformou não só o setor econômico e industrial, como também as relações sociais, as relações entre o homem e a natureza, provocando alterações no modo de vida das pessoas, nos padrões de consumo e no meio ambiente. Cada fase da revolução representou diferentes transformações e consequências mediante os avanços obtidos em cada período.
A Primeira Revolução Industrial representou uma nova organização no modo capitalista. Nesse período houve um aumento significativo de indústrias bem como o aumento significativo da produtividade (produção em menor tempo). O homem ao ser substituído pela máquina, saiu da zona rural para ir para as cidades em busca de novas oportunidades, dando início ao processo de urbanização.
Esse processo culminou no crescimento desenfreado das cidades, na marginalização de boa parte da população, bem como em problemas de ordem social como miséria, violência, fome. Nessa fase, também, a sociedade organizou-se em dois polos: de um lado a burguesia e do outro o proletariado.
E não menos importante, todas essas transformações possibilitadas pela Revolução Industrial como um todo, transformou o modo como o homem relaciona-se com o meio. A apropriação dos recursos naturais para viabilizar as produções e os avanços tecnocientíficos têm causado grande impacto ambiental.
Atualmente, as alterações provocadas no meio ambiente têm sido amplamente discutidas pelas comunidades internacionais, órgãos e entidades, que expressam a importância de mudar o modelo de desenvolvimento econômico que explora os recursos naturais sem pensar nas gerações futuras.
|1| HOBSBAWM, Eric J. A Era das Revoluções 1789-1848. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014, p. 59.|2| Idem, p. 79.|3| Idem, p. 326-327.
Por Daniel Neves, Graduado em História e Rafaela Sousa, Graduada em Geografia
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/revolucao-industrial.htm
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Imperialismo e Neocolonialismo
HISTÓRIA GERAL
O imperialismo é caracterizado por uma política de expansão de uma nação sobre outra, e sua manifestação no século XIX é chamada também de neocolonialismo.
O termo imperialismo é utilizado para referir-se às práticas da política em que uma nação buscava promover uma expansão territorial, econômica e/ou cultural sobre outra nação. A utilização da palavra imperialismo pode ocorrer em contextos atuais como, por exemplo, quando um país resolver intervir militarmente em outro.
O termo “imperialismo” também é muito utilizado para fazer referência ao processo de colonização da África, Ásia e Oceania, que se iniciou na segunda metade do século XIX. Esse processo também é conhecido entre os historiadores como neocolonialismo. Durante o neocolonialismo, segundo o historiador Eric Hobsbawm, cerca de 25% das terras do planeta foram ocupadas por alguma potência imperialista|1|.
Eric Hobsbawm também exemplifica por meio de dados estatísticos a dimensão da expansão imperialista na época. As seguintes potências imperialistas tiveram um aumento significativo no tamanho de seus territórios e isso foi motivado pela dominação e a criação de colônias na Ásia, África e Oceania. Segue os dados abaixo|2|:
Inglaterra: teve um aumento de 10 milhões de km2 em seu território.
França: teve um aumento de 9 milhões de km2 em seu território.
Alemanha: teve um aumento de 2,5 milhões de km2 em seu território.
Bélgica e Itália: teve um aumento de 2 milhões de km2 em seu território.
Além dessas, outras nações como Portugal, Espanha, Rússia, Estados Unidos, Japão etc. foram enxergadas como praticantes de políticas imperialistas. A influência do imperialismo sobre o planeta foi tamanho, e continentes como a África, até hoje, colhem as consequências desse processo de dominação colonial.
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Causas do Imperialismo
O imperialismo, na definição dada acima, surgiu como consequência das transformações causadas pela Revolução Industrial. Essa revolução foi iniciada pioneiramente na Inglaterra, na segunda metade do século XVIII, e causou transformações profundas. A partir dela, houve o surgimento da indústria, e mudanças nos modos de produção e nas relações patronais aconteceram.
A Revolução Industrial resultou no surgimento de novas máquinas, novos meios de comunicação, novos meios de transporte e foi responsável pela utilização de combustíveis fósseis. Com o desenvolvimento da indústria, o comércio transformou-se, não somente em nível local, mas também em escala global.
Essa expansão do comércio por meio da Revolução Industrial aconteceu, porque o processo de produção de mercadorias cresceu consideravelmente. Com o crescimento na produção de mercadorias, as nações industrializadas precisaram ampliar seu acesso às matérias-primas utilizadas na produção e também de ampliar a sua capacidade de venda, isto é, eram necessários novos mercados consumidores.
Uma causa que explica, em grande parte, a expansão colonial da segunda metade do século XIX é a busca por novos mercados consumidores, segundo aponta Eric Hobsbawm|3|. Isso porque acreditava-se que a grande quantidade de mercadorias produzidas seria absorvida com a expansão dos mercados consumidores.
Hobsbawm também fala que “o ‘novo imperialismo’” foi o subproduto natural de uma economia internacional baseada na rivalidade entre várias economias industriais concorrentes, intensificada pela pressão econômica dos anos 1888”|4|. Motivadas pela expansão econômica, as nações europeias, principalmente, iniciaram o processo de expansão territorial.
Imperialismo na África
Dentro do processo neocolonialista que aconteceu no século XIX, a ocupação do continente africano teve grande destaque. Isso porque o continente africano foi amplamente impactado pelo imperialismo, uma vez que, no auge do ciclo imperialista (entre 1884 e 1914), o continente teve apenas dois territórios que não foram ocupados: Libéria e Etiópia.
O historiador Valter Roberto Silvério aponta que três acontecimentos entre 1876 e 1880 foram cruciais para iniciar a corrida de ocupação do continente africano.
A Conferência Geográfica de Bruxelas, encontro promovido por Leopoldo II, rei da Bélgica, com o objetivo de desenvolver os interesses dos belgas na região do Congo;
As ações de Portugal para expandir seu domínio sobre as regiões do interior de Moçambique;
A política francesa para promover sua expansão colonial em regiões da África como Egito, Tunísia e Madagascar.
Esses acontecimentos deram início a uma corrida pela ocupação do continente africano que resultou em uma série de atritos entre as nações europeias. Em decorrência disso, Otto von Bismarck, chanceler alemão, buscando defender os interesses da Alemanha e pôr fim a essas disputas, organizou a Conferência de Berlim, entre 1884 e 1885.
Algumas das pautas debatidas na conferência foram as questões relativas à navegação dos rios Congo e Níger, a questão do mapa cor-de-rosa proposto por Portugal, e também foi organizada a divisão do continente africano, isto é, estabelecidas as fronteiras entre as regiões e estipulado quais nações teriam direitos sobre os territórios.
A ocupação do continente africano ocorreu sob a justificativa de ser uma “missão civilizatória”, na qual as nações europeias levaram a civilização para os povos “atrasados” da África. A exploração do continente para fins econômicos também utilizava-se de missionários. Todas essas justificativas utilizadas partiam de ideais racistas, como o darwinismo social, que estipulava que o homem branco era “superior”.
Hoje, sabemos que as justificativas utilizadas não passavam de disfarce para os reais interesses que eram de promover a exploração econômica do continente africano. A ocupação do continente africano, por sua vez, não aconteceu de maneira pacífica, pois os povos africanos lançaram dura resistência contra a presença europeia.
Consequências
O imperialismo foi muito forte no mundo, durante o período citado (entre 1884 e 1914), mas a presença de europeus como colonizadores na África e na Ásia ocorreu até a segunda metade do século XX. O imperialismo deixou graves consequências nesses locais, como:
A demarcação de fronteiras artificiais gerou impactos negativos até hoje na África e causou inúmeras tensões entre as nações africanas.
Durante o neocolonialismo, surgiu uma série de disputas étnicas influenciadas por ação europeia. Um dos casos mais notáveis aconteceu em Ruanda, região que havia feito parte do Congo Belga. Em 1994, um massacre de grandes proporções aconteceu no país, e hutus foram responsáveis pela morte de aproximadamente 1 milhão de tutsis.
A exploração econômica deixou marcas profundas e, até hoje, a maioria absoluta dos países africanos sofre com economias instáveis.
Os nativos foram sujeitos a uma violência escabrosa. Um caso notável foi no Congo Belga, quando 10 milhões de pessoas morreram fruto da violência colonial dos belgas.
|1| HOBSBAWM, Eric. A Era dos Impérios 1875-1914. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014, p. 97.
SILVÉRIO, Valter Roberto. Síntese da coleção História Geral da África: século XVI ao século XX. Brasília: UNESCO, MEC, UFSCar, 2013, p. 341.
Por Daniel Neves
Graduado em História
SILVA, Daniel Neves. "Imperialismo"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/a-ideologia-imperialista.htm. Acesso em 06 de agosto de 2020.
darwinismo social.
A principal hipótese para a legitimação do domínio imperialista europeu sobre a África e a Ásia foi a utilização ideológica de teorias raciais europeias provenientes do século XIX. As que mais se destacaram foram o evolucionismo social e o darwinismo social.
Um dos discursos ideológicos que “legitimariam” o processo de domínio e exploração dos europeus sobre asiáticos e africanos seria o evolucionismo social. Tal teoria classificava as sociedades em três etapas evolutivas: 1ª) bárbara; 2ª) primitiva; 3ª) civilizada. Os europeus se consideravam integrantes da 3ª etapa (civilizada) e classificavam os asiáticos como primitivos e os africanos como bárbaros. Portanto, restaria ao colonizador europeu a “missão civilizatória”, através da qual asiáticos e africanos tinham de ser dominados. Sendo assim, estariam estes assimilando a cultura europeia, podendo ascender nas etapas de evolução da sociedade e alcançar o estágio de civilizados.
O domínio colonial, a conquista e a submissão de continentes inteiros foram legal e moralmente aceitos. Desse modo, os europeus tinham o dever de fazer tais sociedades evoluírem.
O darwinismo social se caracterizou como outra teoria que legitimou o discurso ideológico europeu para dominar outros continentes. O darwinismo social compactuava com a ideia de que a teoria da evolução das espécies (Darwin) poderia ser aplicada à sociedade. Tal teoria difundia o propósito de que na luta pela vida somente as nações e as raças mais fortes e capazes sobreviveriam.
A partir de então, os europeus difundiram a ideia de que o imperialismo, ou neocolonialismo, seria uma missão civilizatória de uma raça superior branca europeia que levaria a civilização (tecnologia, formas de governo, religião cristã, ciência) para outros lugares. Segundo o discurso ideológico dessas teorias raciais, o europeu era o modelo ideal/ padrão de sociedade, no qual as outras sociedades deveriam se espelhar. Para a África e a Ásia conseguirem evoluir suas sociedades para a etapa civilizatória, seria imprescindível ter o contato com a civilização europeia.
Hoje sabemos que o evolucionismo social e o darwinismo social não possuem nenhum embasamento ou legitimidade científica, mas no contexto histórico do século XIX foram ativamente utilizados para legitimar o imperialismo, ou seja, a submissão, o domínio e a exploração de continentes inteiros.
O imperialismo (XIX) é a principal causa da miséria econômica de países africanos e asiáticos atualmente
Publicado por: Leandro Carvalho
https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/darwinismo-social-imperialismo-no-seculo-xix.htm
Imperialismo, Gobineau e o racismo.
as diferenças entre os colonialismos do século XVI e os do século XIX.
as justificativas e formas do imperialismo do século XIX; o darwinismo social, o desenvolvimento capitalista e o imperialismo direto e indireto;
os principais impérios do século XIX: Inglaterra, França, Estados Unidos e Alemanha;
a Conferencia de Berlim e suas consequências: aumento dos conflitos nas regiões dominadas e entre as potências européias.
Gobineau – “Ensaio sobre as desigualdades das raças humanas”
Está obra procurou sustentar as superioridades raciais europeia durante a expansão imperialista no século XIX.
“L’ Emigration au Brésil”.
Incentivava os franceses a vir para cá; diminuição gradual da população brasileira miscigenada em 270 anos.
Gobineau, não era o único a defender a superioridade dos europeus brancos, trata-se de um conceito de evolução linear. Os europeus eram o ápice, desprezando as culturas dos povos dominados, provando sua inferioridade, com argumentos biológicos influenciados por Darwin e econômico de Adam Smith.
Os povos dominados pelos europeus ou que viviam à sua margem estariam, segundo essas ideias, em etapas anteriores da evolução.
Há alguma relação entre a constituição étnica dos brasileiros e o subdesenvolvimento do país?
Quais os argumentos para justificar, positivamente, a pergunta anterior?
Quais os argumentos para justificar, negativamente, a primeira pergunta?
Qual a relação entre o texto de Gobineau e a imigração europeia no Brasil?
Estas teorias racistas do século XIX vieram para justificar o domínio de áreas “menos desenvolvidas” e influenciar a imigração europeia para o Brasil.
Temos de ter uma postura de tolerância, pois como vemos hoje no Brasil a diversidade étnica não segue a Teoria de Gobineau, e sim uma diversidade cada vez maior, tanto cultural como artístico.
https://estudossobrehistoriapress.wordpress.com/2012/11/07/imperialismos-gobineau-e-o-racismo/
Antecedentes da Primeira Guerra Mundial
O capitalismo concorrencial do século XIX motivou o conflito entre diversas potências europeias. O interesse em ampliar mercados e o domínio sobre regiões de interesse imperialista fez com que a Europa se transformasse em um verdadeiro barril de pólvora. A França desejava reconquistar a região da Alsácia-Lorena perdida para a Alemanha. Os grupos nacionalistas balcânicos indispunham-se com a dominação exercida pela Áustria e a Rússia. Ao mesmo tempo, as tensões diplomáticas entre Alemanha e Inglaterra pelo domínio de regiões afro-asiáticas pioravam essa situação.
A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) foi um conflito iniciado por países europeus que atingiu uma proporção até então inédita: uma guerra global. Além de países de vários continentes – incluindo o Brasil – terem se envolvido na disputa, as batalhas também se espalharam para além do continente europeu. É sobre a Grande Guerra, suas causas e consequências, que o Politize! vai falar neste texto. Vamos lá?
A Primeira Guerra Mundial foi fruto de numerosas tensões europeias herdadas do século XIX. Para compreender o conflito, algumas dessas disputas devem ser destacadas:
Revolução Industrial e Imperialismo
A Segunda Revolução industrial, iniciada em 1870, elevou a competição entre empresas – e também entre os Estados – a um novo nível. Pequenas indústrias faliam ou eram compradas por empresas muito maiores do mesmo ramo, formando os trustes. Os trustes buscavam monopolizar a produção, o preço e o mercado de determinado produto. Contudo, para uma indústria crescer tanto, algumas coisas eram necessárias: mercado consumidor, mão de obra e matéria-prima.
Eventualmente, esgotaram-se esses fatores na Europa, o que levou os países do Velho Mundo a ter que buscar por novas colônias a fim de ter mercado consumidor, mão-de-obra e matéria-prima, gerando uma corrida imperialista. Além disso, essa corrida conferiu uma nova importância aos antigos territórios europeus na África e na Ásia, já ocupados séculos antes. A partir de então, ter colônias era essencial para alimentar a Segunda Revolução Industrial.
Com as colônias se tornando mais essenciais aos europeus no fim século XIX, alguns países passaram a questionar a forma que esses territórios foram divididos entre as potências. Aqui destaca-se a Alemanha, que havia se unificado tardiamente (1871) e ficado de fora da partilha das colônias. Como forma de “acalmar os ânimos”, os países europeus reuniram-se no encontro conhecido como Conferência de Berlim (1884-85). Assim, estabeleceram-se as regras para a colonização do continente africano e foram distribuídas as terras entre os participantes da conferência.
Corrida armamentista e paz armada
A disputa entre os países não ficou apenas no setor econômico. Como o crescimento de um Estado gerava desconfiança em seus vizinhos, que temiam perder seus territórios para a expansão imperialista do outro, os países passaram a fortalecer seu estoque de armas. Foi a Segunda Revolução Industrial, com suas máquinas elétricas e motores a combustão, que permitiu o crescimento da produção bélica em uma escala inédita.
Isso culminou em um fenômeno conhecido como “paz armada”, que durou de 1871 até o início da Primeira Guerra Mundial, em 1914. Ou seja, conforme a Alemanha crescia, por exemplo, a desconfiança por parte da Inglaterra aumentava. Buscando garantir sua segurança, os ingleses fortaleciam suas Forças Armadas para estarem preparados caso os alemães agissem de forma prejudicial a seus interesses. Consequentemente, a Alemanha também se sentia ameaçada e acabava fortalecendo seu arsenal bélico. A lógica da paz armada é bem representada pela frase “se queres a paz, prepare-se para a guerra”.
Assim, com os Estados cada vez mais armados, as relações internacionais na Europa mantiveram-se consideravelmente estáveis. Contudo, mesmo sem esses países entrarem em guerra, diversos ressentimentos foram acumulados e, eventualmente, culminaram na Primeira Guerra Mundial.
Alemanha colecionava inimigos
O período que antecedeu a Primeira Guerra Mundial também foi marcado por um antigermanismo generalizado. Em outras palavras, muita gente não estava gostando da ascensão política e econômica que a Alemanha vinha conquistando desde sua unificação.
A França, que perdeu a Guerra Franco-Prussiana (1870-71) e teve que entregar a região da Alsácia-Lorena – rica em minério de ferro – aos alemães, cultivava um sentimento de revanche.
Por sua vez, os russos não reagiram bem à tentativa alemã de construir uma estrada de ferro ligando Berlim a Bagdá, capital do Iraque. A insatisfação era justificada pelo fato de a estrada cortar regiões ricas em petróleo, sobre as quais a Rússia pretendia estender sua influência.
Já os ingleses não estavam contentes com a concorrência industrial alemã, que ameaçava o monopólio da Inglaterra em diversos mercados. Os Estados Unidos também compartilhavam dessa visão, pois viam a influência política e econômica da Alemanha se espalhar por importantes países da América, como o Brasil.
Tensões no Império Austro-Húngaro
A Áustria-Hungria, fundada em 1867, era um império multinacional que sofria para manter-se unificado. Por ser composto por muitas nações, o Império Austro-Húngaro lidava constantemente com movimentos separatistas. Mesmo já passando sufoco com nacionalismos exaltados, os austro-húngaros não deixavam de anexar novos territórios.
Foi o caso da Bósnia, ocupada desde 1878 e definitivamente anexada ao Império em 1908. Essa anexação, no entanto, desagradou aos sérvios e russos, que também tinham interesses na região. Assim, a inimizade entre a Áustria-Hungria e a Sérvia aprofundou-se significativamente. A partir daí, diversas guerras internas esquentaram os ânimos na região. Será que já dava para sentir o cheiro de Primeira Guerra Mundial no ar?
[] Alianças militares
Em meio a tantas tensões, as potências europeias firmaram alianças políticas e militares para buscar garantir sua segurança mútua. Em 1882, Itália, Império Austro-Húngaro e Alemanha formaram a Tríplice Aliança. Posteriormente, em 1907, foi a vez de França, Rússia e Reino Unido juntarem-se na Tríplice Entente. Ambas as coalizões comprometiam-se a apoiar seus aliados em caso de ataque, tendo assim caráter de tratados de defesa.
Estoura a Primeira Guerra Mundial
Lembra da Bósnia? Então, os bósnios não gostaram muito de serem anexados ao Império Austro-Húngaro e, buscando apaziguar a situação, o herdeiro do trono austríaco – Francisco Ferdinando – e sua esposa fizeram uma visita à região. Nessa visita, em 28 de junho de 1914, houve um passeio em carro aberto que não acabou bem: Ferdinando e sua esposa, Sofia, foram assassinados.
O culpado? Um estudante bósnio conectado com a Mão Negra – uma organização nacionalista sérvia adepta ao terrorismo. Aí as coisas pioraram de vez. Após o atentado, a Áustria-Hungria enviou uma carta à Sérvia demandando que representantes do Império participassem do tribunal que julgaria Gavrilo Princip, autor do ataque. Outra exigência feita era de que os ministros suspeitos de participarem no crime fossem demitidos. Como a Sérvia não atendeu às exigências, os austro-húngaros declaram guerra ao país.
O que poderia ter sido apenas mais uma das muitas guerras europeias toma proporções gigantescas. A Rússia, que tinha tratados de amizade e defesa com a Sérvia e cultivava inimizades com o Império Austro-Húngaro, partiu em socorro de seu aliado. Assim, iniciou-se um efeito dominó que acionou as principais alianças militares do continente: Tríplice Entente e Tríplice Aliança.
Portanto, o assassinato de Francisco Ferdinando é considerado a “gota d’água” que fez as inúmeras tensões acumuladas entre as potências europeias transbordarem na Primeira Guerra Mundial.
https://www.politize.com.br/primeira-guerra-mundial-entenda/
REFERÊNCIAS DO TEXTO:
[Revista] Guia do Estudante – I Guerra Mundial
[Revista] Guia do Estudante – Revolução Industrial
Descomplica – Como aconteceu a Primeira Guerra Mundial?
https://forms.gle/zUC2KanTXtLMhvz97
Não esqueçam das questões no aplicativo do Centro de Mídias ( para validar a presença )
https://forms.gle/9t7k1D92y9g1fQPk7
A luta por direitos sociais no século XIX
• Liberalismo, Socialismo, comunismo e anarquismo
A Revolução Industrial promoveu profundas transformações socioeconômicas: a rápida urbanização e o nascimento de uma nova categoria social, o proletariado. Essa classe se encontrava em permanente antagonismo com a burguesia – a categoria econômica e socialmente dominante. O proletariado era um grupo oriundo da área rural, que se modernizava. Expropriados de suas terras, esses camponeses se dirigiram para os núcleos urbanos em busca de ocupação, oferecendo sua força de trabalho em troca de uma remuneração em dinheiro (trabalho assalariado). Assim, pode-se afirmar que o antagonismo entre a burguesia e o proletariado é o antagonismo entre o capital e o trabalho. A burguesia, detentora dos meios de produção, utilizava a mão de obra assalariada, que colocava sua força de trabalho à disposição do mercado. O trabalho passou, portanto, a ser uma mercadoria comercializável.
Ainda na primeira metade do século XIX, surgiram doutrinas econômicas e sociais que procuravam explicar as origens da burguesia e do proletariado e do antagonismo social entre essas duas classes. O liberalismo, herdeiro do pensamento iluminista do século XVIII, expressava o ponto de vista da burguesia, defendendo o capitalismo. Já o socialismo, em suas versões utópica e científica, expressava o ponto de vista do proletariado e propunha a abolição do capitalismo. Os intelectuais socialistas acreditavam que o capitalismo era a fonte de todos os males que assolavam o proletariado.
O LIBERALISMO
Nascido na Inglaterra durante a Revolução Industrial, tendo sido fundado pelo economista Adam Smith (A Riqueza das Nações, 1776), o liberalismo defende o ponto de vista da burguesia e, obviamente, do capitalismo. Sua ideia central é a da não intervenção do Estado nos assuntos econômicos. O liberalismo ensina que a intervenção do Estado em assuntos econômicos é não apenas desnecessária, mas até prejudicial, pois a economia, como as demais ciências, é regida por leis naturais e imutáveis.
Os princípios básicos do liberalismo são:
individualismo econômico: o bem-estar social é resultado da prosperidade individual.
liberdade econômica: a economia, como as demais ciências, é sujeita às leis naturais e, portanto, deve funcionar livre de intervenções. Trata-se de uma reelaboração da ideia fisiocrata do laissez-faire, laissez-passer – condenação clara aos entraves mercantilistas do Antigo Regime.
obediência às leis naturais, como explicitado acima;
liberdade de contrato entre as partes: a relação entre empregado e empregador deve ser feita com base no livre acordo entre ambos, sem intermediação do Estado ou dos sindicatos.
livre-concorrência e livre-cambismo: eliminação do protecionismo praticado pelas nações europeias entre os séculos XV e XVIII. A livre-concorrência estimula a produtividade e a melhoria técnica, beneficiando os consumidores.
Alguns dos principais representantes do liberalismo foram Adam Smith, Thomas Malthus e David Ricardo.
Adam Smith, autor da obra A Riqueza das Nações (1776), acreditava que a divisão do trabalho era o elemento essencial para o crescimento da produção e do mercado, e que sua aplicação eficaz dependia da livre concorrência, que forçaria o empresário a ampliar a produção, buscar novas técnicas, aumentar a qualidade do produto e reduzir ao máximo os custos de produção. O natural decréscimo do preço final favoreceria a lei da oferta e da procura, determinando o sucesso econômico. Smith defendia a não intervenção do Estado nos assuntos econômicos, que deveria apenas harmonizar interesses individuais objetivando o bem-estar coletivo.
Adam Smith
Seguindo a trilha aberta por Smith, Thomas Malthus, em seu livro Ensaio sobre o Princípio de População, também se opunha à intervenção estatal na economia. Seu pessimismo em relação ao futuro da humanidade era evidenciado em suas observações de que a população tende a crescer em progressão geométrica enquanto os recursos naturais em progressão aritmética. Portanto, de acordo com Malthus, a pobreza e o sofrimento devem ser encarados com naturalidade e guerras e epidemias servem para equilibrar temporariamente a produção e a população. Malthus ainda defendia o controle da natalidade e da assistência social, com o objetivo de reduzir a miséria.
Thomas Malthus
Já David Ricardo, no livro Princípios de Economia Política e Tributação, desenvolveu a teoria do valor do trabalho e defendeu a Lei Férrea dos Salários, segundo a qual o preço da força de trabalho seria sempre equivalente ao mínimo necessário à sobrevivência do trabalhador, garantindo elevados lucros para os empresários.
O SOCIALISMO
Em oposição às ideias defendidas pelo liberalismo, surgiu o socialismo, cujo princípio fundamental é a crítica à propriedade privada e às classes sociais – em suma, ao capitalismo. Todavia, entre os socialistas havia divergências a respeito de qual estratégia deveria ser empregada na luta contra o capitalismo. Nasceram, portanto, duas tendências dentro da doutrina: o socialismo utópico e o socialismo científico.
O socialismo utópico
Doutrina que expressa o ponto de vista do proletariado, apesar de seu comprometimento com o liberalismo. Nasceu na França, mas atingiu partes da Europa oitocentista. Tecia severas críticas à ordem capitalista-burguesa, mas não oferecia alternativas viáveis na prática. Tratava-se de uma visão até romântica sobre a maneira de se atingir o socialismo.
Os socialistas utópicos acreditavam na capacidade transformadora do homem, cujas vontades e paixões eram o combustível necessário à transformação social. Defendiam a abolição da propriedade privada e a instauração de sociedades igualitárias, em que vigorasse a justiça. Entre seus principais representantes, destacaram-se:
Saint-Simon: adepto das ideias iluministas, escreveu Cartas de um Habitante de Genebra a seus Contemporâneos, em que propõe a formação de uma sociedade em que não haveria ociosos nem a exploração do homem pelo homem. O trabalho, fraternalmente repartido e igualmente apropriado, seria realizado por todos com prazer e naturalidade. Defendia também a divisão da sociedade em três categorias: os sábios – que deveriam, juntamente com os artistas, conduzi-la –, os proprietários e os despossuídos.
Charles Fourier, também inspirado pelo pensamento iluminista, sobretudo pelos ensinamentos de Rousseau, acreditava que era possível reorganizar a sociedade com base nos falanstérios – fazendas coletivistas agroindustriais e autossuficientes.
Robert Owen, tornou-se famoso mais por seu pragmatismo do que por seu intelecto. Procurou melhorar a qualidade de vida dos operários por meio da instrução. Acreditava que só uma pessoa bem preparada poderia trabalhar com dedicação e qualidade. Chegou a aplicar parte de suas ideias em empresas da Escócia e, instalado nos Estados Unidos, criou a comunidade New Harmony, em que aplicou suas ideias de formação integral do indivíduo.
O socialismo científico
O socialismo científico foi fundado por Karl Marx – cuja obra mais conhecida é O Capital – e Friedrich Engels. Em 1848, Marx e Engels publicaram o Manifesto Comunista – obra que sintetiza os mais importantes postulados dessa doutrina.
O socialismo científico distancia-se do socialismo utópico, pois, em vez de confiar na capacidade transformadora dos homens, parte para uma análise dos mecanismos econômicos e sociais do capitalismo, a fim de conhecê-lo a fundo e propor modos de eliminá-lo. Trata-se, portanto, de uma proposta revolucionária do proletariado.
Para formular sua ideologia, Marx, o maior representante do socialismo científico, inspirou-se em outras doutrinas que se manifestavam na época. Assim, buscou elementos para sua análise no pensamento liberal de Adam Smith, no socialismo utópico dos franceses e na filosofia idealista alemã, representada por Kant e Hegel.
Os conceitos e princípios mais utilizados pelo socialismo científico são:
o materialismo histórico, ou seja, a interpretação econômica da história: implica na noção de modo de produção. Segundo essa ideia, a economia (infraestrutura) é a base sobre a qual se apoia a estrutura social e que determina suas características políticas e culturais (superestrutura). As alterações econômicas, portanto, determinam as mudanças históricas, ou seja, cada período histórico apresenta um conjunto de características socioeconômicas, políticas e culturais (modo de produção), que só se altera quando ocorre alguma transformação econômica;
o materialismo dialético: o conceito de que a crise e a superação de um determinado modo de produção – ou seja, a transformação histórica – devem-se às suas contradições internas, isto é, aos antagonismos que se desenvolvem no interior do próprio modo de produção quando este se estrutura;
a luta de classes: conceito chave dentro do pensamento marxista, segundo o qual a luta de classes – o antagonismo social entre exploradores e explorados, sempre presente nas sociedades humanas – é responsável pelas transformações históricas; ou seja, a luta de classes, segundo o socialismo científico, é o motor da história.
a mais-valia: outro conceito chave do ideário marxista. Para Marx, o capital acumulado pelos detentores dos meios de produção advém da não remuneração integral do trabalho do proletariado. Isto é, o capitalista não paga integralmente o valor da força de trabalho usada na produção das mercadorias.
Em pouco tempo, o pensamento marxista foi adotado por todos os insatisfeitos com o capitalismo, pois preconizava a luta proletária pela instauração do socialismo, igualitarista e justo. As lideranças operárias aderiram ao socialismo científico, adotando o lema “Proletários, uni-vos!”.
A economia socialista é um sistema econômico caracterizado pela propriedade coletiva dos principais meios de produção. Refere-se à teorias econômicas, práticas e normas hipotéticos ou existentes em uma população moderna.
As principais características deste sistema são:
propriedade colectiva dos principais meios de produção, todos os setores da economia são coletivizados;
planificação ostensiva de toda a de produção econômica.
Um sistema econômico socialista baseia-se em alguma forma de propriedade social dos meios de produção, o que pode significar cooperativas autônomas ou a propriedade pública direta; onde a produção é voltada diretamente para o seu uso. Quando os mercados são utilizados para a atribuição de insumos e bens de capital entre as unidades econômicas, a designação socialismo de mercado é usada. Quando o planejamento é utilizado, o sistema econômico é designada por economia socialista planificada. Formas de socialismo não mercantis geralmente incluem um sistema de contabilidade baseado no cálculo em espécie ou uma medida direta do tempo de trabalho como um meio para distribuir recursos e bens.[1][2]
O termo economia socialista também pode ser aplicado à análise de antigos e atuais sistemas econômicos que se auto-intitulam "socialistas", como nas obras do economista húngaro János Kornai.[3]
Economistas socialistas tem sido associados à diferentes escolas do pensamento econômico. A economia marxista forneceu uma estrutura para o socialismo baseado na análise do capitalismo, enquanto a economia neoclássica e a economia evolucionária forneceu modelos completos do socialismo. Durante o século XX, várias propostas e modelos para ambas economia planificada e socialismo de mercado foram fortemente baseados na economia neoclássica ou numa síntese da economia neoclássica com a economia marxista ou institucional.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_socialista#:
O COMUNISMO
O Comunismo, ideologia baseada nas ideias de Karl Marx, tinha por objetivo a criação de uma sociedade sem classes sociais. No Comunismo não deveria haver Estado, os trabalhadores deveriam tomar o poder estatal para si. O proletariado tomaria o poder por meio da força e desenvolvendo uma economia planejada em que não houvesse desigualdade entre as pessoas.
As ideias básicas de Karl Marx estão expressas principalmente no livro O Capital e no Manifesto Comunista, obra que escreveu com Friedrich Engels, economista alemão. Marx acreditava que a única forma de alcançar uma sociedade feliz e harmoniosa seria com os trabalhadores no poder. Em parte, suas ideias eram uma reação às duras condições de vida dos trabalhadores no século XIX, na França, na Inglaterra e na Alemanha. Os trabalhadores das fábricas e das minas eram mal pagos e tinham de trabalhar muitas horas sob condições desumanas.
Marx estava convencido que a vitória do comunismo era inevitável. Afirmava que a história segue certas leis imutáveis, à medida que avança de um estágio a outro. Cada estágio caracteriza-se por lutas que conduzem a um estágio superior de desenvolvimento. O comunismo, segundo Marx, é o último e mais alto estágio de desenvolvimento.
O anarquismo
Fundada pelo francês Pierre-Joseph Proudhon, o anarquismo foi outra doutrina surgida em meados do século XIX. Segundo essa corrente ideológica, toda forma de governo deve ser suprimida, enfatizando-se a liberdade geral. O anarquismo se inspirou nos pressupostos do socialismo utópico para criticar os abusos do capitalismo. Defendia a pequena propriedade ao mesmo tempo em que propunha a criação de cooperativas.
https://www.anarquista.net/resumo-conceitual-de-capitalismo-socialismo-comunismo-e-anarquismo/
Nazismo
Juliana Bezerra
Professora de História
O Nazismo foi um movimento ideológico nacionalista, imperialista e belicista.
Nos moldes do fascismo, que se desenvolveu na Itália, o nazismo esteve sob a liderança de Adolf Hitler, entre os anos de 1933 a 1945.
O símbolo do nazismo era a bandeira vermelha com uma cruz gamada, conhecido como suástica.
Esse movimento consistia numa mistura de dogmas e preconceitos a respeito da pretensa superioridade da raça ariana. Os alemães acreditam ser superiores aos outros grupos, sobretudo de judeus.
O nazismo não era um movimento completamente novo na sociedade alemã. Outros movimentos compartilharam de seu nacionalismo extremado, de seu racismo sob a tentativa de criar uma sociedade militarista e reacionária.
Grupos antissemitas (aversão aos judeus) já existiam na Alemanha e na Áustria desde o século XIX.
Além disso, muitos regimes totalitários se desenvolveram no período chamado “entre guerras”, ou seja, entre a primeira (1914-1918) e a segunda guerra mundial (1939-1945).
Nazismo e fascismo.
Nazismo e fascismo são doutrinas baseadas no nacionalismo e no totalitarismo, cuja política intervencionista buscava a estabilidade do Estado.
Embora sejam regimes políticos totalitários de inspirações semelhantes e utilizados muitas vezes como sinônimos, o fascismo e o nazismo representam diferenças. Tratam-se de movimentos que ocorreram em épocas distintas.
O fascismo foi um movimento ideológico anterior ao nazismo. Ele surgiu na Itália no período denominado entre guerras (1919-1939) sendo implantado por Benito Mussolini, que vigorou de 1919 a 1943.
Por sua vez, o nazismo foi um movimento ideológico totalitário desenvolvido na Alemanha por Adolf Hitler, durante a segunda guerra mundial (1939-1945).
Origem do Nazismo
Em 1919, em Munique, Hitler aderiu a um pequeno grupo chamado de "Partido Trabalhista Alemão", fundado por um mecânico ferroviário.
Seu programa falava em bem-estar da população, igualdade perante o Estado, anulação dos tratados de paz e exclusão dos judeus da comunidade.
Em 1920, Hitler, com sua capacidade oratória a serviço do grupo, já é a principal figura do partido. Isso contribuiu para mudança do nome para "Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães" – Nazi (abreviação do termo em alemão Nationalsozialist).
O capitão Ernest Roehm incorporou ao partido uma organização paramilitar, as SA (Seções de Assalto), encarregada de perturbar as reuniões dos adversários.
O programa do partido denunciava judeus, marxistas e estrangeiros, prometia trabalho e o fim das reparações de guerra. Em 1921, aos 33 anos de idade, Hitler torna-se chefe do partido, que tinha apenas três mil filiados.
Em 1923, os nazistas, liderados por Hitler, fracassaram na tentativa de golpe em Munique. Hitler foi condenado a cinco anos de prisão. Cumpriu oito meses, que aproveitou para escrever a primeira parte do livro "Mein Kampf" (Minha Luta).
Inspirado no fascismo e no bolchevismo, Hitler reorganizou seu partido. Dotou-o de estruturas administrativas e hierárquicas regionais, de um jornal e de grupos paramilitares: além da SA, criou as SS (Brigadas de Segurança), a força de elite.
Além disso, organizou a juventude hitlerista e deu apoio aos sindicatos e associações de juristas, médicos, professores, funcionários e outros profissionais.
Características do Nazismo
O programa do Partido Trabalhista (1920) e os textos de Hitler sintetizaram sua proposta ideológica do regime nazista:
Totalitarismo – O indivíduo pertenceria ao Estado não poderia ser liberal nem parlamentar, pois não deveria fragmentar-se em função de interesses particulares. Como o fascismo, o nazismo era antiparlamentar, antiliberal e antidemocrático. Deveria ter um único chefe, o Führer. Esses princípios podiam ser resumidos em: um povo (Volk), um império (Reich), um chefe (Führer).
Racismo – Segundo essa ideologia, os alemães pertenciam a uma raça superior, a raça ariana, que sem se misturar a outras raças, deveria comandar o mundo. Os judeus eram considerados seus principais inimigos. O combate a outras ideologias, como o marxismo, o liberalismo, a franco- maçonaria e a Igreja católica, era fundamental.
Antimarxismo e Anticapitalismo – Para Hitler, o marxismo era produto do pensamento judaico, uma vez que Marx era judeu e propunha a luta de classes; o capitalismo só iria agravar as desigualdades, ambos atentavam contra a unidade do Estado.
Nacionalismo – Para o nazismo, as humilhações surgidas com o Tratado de Versalhes deveriam ser destruídas. Deveria ser construída a Grande Alemanha, que constituía o agrupamento das comunidades germânicas da Europa, como a Áustria, os Sudetos e Dantzig.
O Nazismo no Poder
Com a crise de 1929, o descontentamento tomou conta da Alemanha. A classe média desempregada, e a burguesia, temerosa com o crescimento do "Partido Comunista Alemão", engrossaram as fileiras do "Partido Nazista".
Em 1932, empresas capitalistas passaram a dar-lhe apoio financeiro. Nesse mesmo ano, vários candidatos nazistas venceram as eleições.
Em 1933, o apoio da alta burguesia levou o presidente Hindenburg a convidar Hitler para ocupar o cargo de chanceler. Os nazistas chegaram ao poder, o que lhes dava mais força para combater os partidos de esquerda.
Em 1934, morreu o presidente Hindenburg, e o Parlamento deu poderes a Hitler, que passou a acumular os cargos de chanceler e de presidente.
Estava então instalada na Alemanha a sangrenta ditadura nazista, sustentada pela SS, pela AS e pela Gestapo (polícia política da ditadura).
Com o início do Terceiro Reich, Hitler supriu o estado federalista. A bandeira do Partido Nazista, com a suástica, passou a ser a da Alemanha.
O Führer começou a aplicar o programa nazista e os membros do partido ocuparam todos os cargos da administração. Começava assim, a escalada de ditadura e terror.
Segunda Guerra Mundial
O regime nazista, que vigorou na Alemanha entre 1933 a 1945, ocorreu no período da Segunda Guerra Mundial.
A Segunda Guerra representou um grande conflito entre diversos países que estavam diante de uma grande crise econômica, política e social. Essa crise foi adquirindo grande proporções após a primeira guerra mundial (1914-1918).
Os países envolvidos na segunda guerra mundial constituíam dois grandes grupos:
os Aliados, formado pela Inglaterra, França, Estados Unidos e União Soviética;
o Eixo, constituído por Alemanha, Itália e Japão.
Todos os países envolvidos possuíam pretensões imperialistas e, portanto, lutavam pelo poder e a conquista de territórios.
Com a ascensão de Hitler e do regime nazista na Alemanha, o principal objetivo era unir os povos germânicos. Nesse sentido, exterminar os judeus, marxistas, socialistas, ciganos, etc.
Assim, com o intuito de conquistar territórios e se tornar a grande potência mundial, a segunda guerra mundial começa no momento em que o exército de Hitler invade a Polônia no dia 1º de setembro de 1939. Esse território lhes pertencia antes da primeira guerra mundial.
O Nazismo e a Segunda Guerra Mundial terminaram em 1945, ano em que Hitler morreu. Nesse mesmo ano, os Estados Unidos lançaram bombas atômicas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e três dias depois de Nagasaki, respectivamente nos dias 6 e 9 de agosto de 1945.
Holocausto
O Holocausto representou o extermínio em massa que ocorreu durante o regime nazista na Alemanha, o qual matou cerca de seis milhões de judeus nos campos de concentração.
Os campos de concentração representavam os locais onde eram exterminadas as pessoas que para Hitler eram consideradas de “raça inferior”.
Esse horror cometido contra esses grupos minoritários e sobretudo de judeus, só terminou em 1945, com o fim da Segunda Guerra Mundial.
Neonazismo
O Neonazismo representa um movimento contemporâneo inspirado na ideologia nazista de Adolf Hitler.
Os grupos neonazistas, começaram a surgir na década de 70 e estão espalhados em diversos locais do mundo, sendo possível encontrá-los atualmente, pelos grupos na internet.
Esse movimento está pautado nas doutrinas radicais de intolerância e violência sob o ideal de superioridade da “raça pura ariana”.
Dessa forma, os neonazistas costumam ser racistas e xenófobos com grupos minoritários sejam negros, imigrantes, homossexuais, judeus, dentre outros.
Importante destacar que a apologia ao nazismo não é permitida em diversos países do mundo sendo considerada, portanto, uma prática criminosa.
Fascismo
O Fascismo foi um sistema político nacionalista, antiliberal e antissocialista surgido na Itália, em 1919, no fim da Primeira Guerra Mundial, e que durou até 1943.
Liderado por Benito Mussolini conquistou vários países da Europa como a Alemanha e a Espanha no período entre guerras.
Também influenciou movimentos políticos de direita no Brasil como o Integralismo.
Significado de Fascismo
A palavra fascismo vem do latim fascio (feixe), pois um dos símbolos fascistas era o fascio littorio.
Este consistia num machado envolvido num feixe de varas utilizado nas cerimônias do Império Romano como um símbolo de união.
Após os estragos causados por essa ideologia na Segunda Guerra Mundial, a palavra fascismo foi ganhando novos significados. Agora, nas primeiras décadas do século XXI, é comum denominarmos "fascismo" ou "fascista" o indivíduo ou movimento que defende a repressão violenta para resolver problemas da sociedade.
No entanto, essa definição não tem relação com o que era o fascismo na Itália, na década de 20 e 30. Para eles, a violência era um meio para alcançar o poder e não um fim.
Ainda que tenham usado de métodos violentos em manifestações, não foram diferentes de outros grupos políticos na época.
Características do Fascismo
Com o fim da Primeira Guerra Mundial, o sistema liberal e democrático foi seriamente questionado. Assim surgem propostas políticas de esquerda como socialismo que assustavam a burguesia e cidadãos mais conservadores.
O fascismo se caracterizava por ser um sistema político oposto ao socialismo e também imperialista, antiburguês, autoritário, antiliberal e nacionalista.
O fascismo se caracteriza por defender:
Estado Totalitário: o Estado controlava todas as manifestações da vida individual e nacional.
Autoritarismo: a autoridade do líder era indiscutível, pois ele era o mais preparado e sabia exatamente o que a população necessitava.
Nacionalismo: a nação é um bem supremo, e em nome dela qualquer sacrifício deve ser exigido e feito pelos indivíduos.
Anti-liberalismo: o fascismo defendia algumas ideias capitalistas como a propriedade privada e a livre iniciativa das pequenas e médias empresas. Por outro lado, defendia a intervenção estatal na economia, o protecionismo e algumas correntes fascistas, a nacionalização de grandes empresas.
Expansionismo: visto como uma necessidade básica da nação onde as fronteiras devem ser alargadas, pois é preciso conquistar o "espaço vital" para que ela se desenvolva.
Militarismo: a salvação nacional vem por meio da organização militar, da luta, da guerra e do expansionismo.
Anti-comunismo: os fascistas rejeitavam a ideia da abolição da propriedade, da igualdade social absoluta, da luta de classes.
Corporativismo: ao invés de defender o conceito de "um homem, um voto", os fascistas acreditavam que as corporações profissionais deviam eleger os representantes políticos. Também sustentavam que somente a cooperação entre classes garantia a estabilidade da sociedade.
Hierarquização da sociedade: o fascismo preconiza uma visão do mundo segundo a qual cabem aos mais fortes, em nome da "vontade nacional", conduzir o povo à segurança e prosperidade.
O fascismo prometia restaurar aquelas sociedades destruídas pela guerra prometendo riqueza, uma Nação forte e sem partidos políticos que alimentassem visões antagônicas.
Fascismo na Itália
Um profundo sentimento de frustração dominou a Itália após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). O país saiu decepcionado por não ter suas reivindicações atendidas no Tratado de Versalhes e a situação econômica era mais difícil que antes da guerra.
Assim, a crise social ganhava aspectos revolucionários com o crescimento da esquerda e dos movimentos de direita.
Em março de 1919, em Milão, o jornalista Benito Mussolini cria os "Fasci di Combatimento" e os "Squadri" (grupos de combate e esquadrão respectivamente). Estes tinham como objetivo combater por meios violentos os adversários políticos, em especial os comunistas.
O Partido Nacional Fascista, fundado oficialmente em novembro de 1921, cresceu rapidamente: o número de filiados passou de 200 mil em 1919 para 300 mil em 1921. O movimento agrupava pessoas com tendências políticas de origens variadas: nacionalistas, anti-esquerdistas, contrarrevolucionários, ex-combatentes e desempregados.
Em 1919, um milhão de trabalhadores entraram em greve; no ano seguinte, já totalizavam 2 milhões. Mais de 600 mil metalúrgicos do norte ocuparam fábricas e tentaram dirigi-las seguindo as ideias socialistas.
Por seu lado, o governo parlamentar, composto pelo partido socialista e pelo partido popular, não chegava a um acordo nas grandes questões políticas. Isto facilitaria a chegada dos fascistas ao poder.
Marcha sobre Roma
Em outubro de 1922, durante o congresso do partido fascista realizado em Nápoles, Mussolini anunciou a "Marcha sobre Roma", onde, cinquenta mil camisas negras - o uniforme fascista - dirigiram-se à capital italiana. Impotente, o rei Vitor-Emanuel III convidou o líder dos fascistas, Benito Mussolini, para formar o Ministério.
Nas eleições fraudulentas de 1924, os fascistas obtiveram 65% dos votos e em 1925, Mussolini torna-se o Duce ("líder", em italiano).
Mussolini começou a implantar seu programa: acabou com as liberdades individuais, fechou e censurou jornais, anulou o poder do Senado e da Câmara dos Deputados, criou uma polícia política, responsável pela repressão, etc.
Aos poucos foi instalando o regime ditatorial. O governo manteve as aparências de monarquia parlamentarista, mas Mussolini detinha plenos poderes.
Após garantir para si grande autoridade política e se cercar das elites dominantes, Mussolini buscou o desenvolvimento econômico do país. No entanto, esse período de crescimento foi duramente afetado pela crise de 1929.
Totalitarismo e Fascismo
O Totalitarismo representa um sistema político autoritário e repressivo, onde o Estado controla todos os cidadãos, os quais não possuem liberdade de expressão bem como participação política.
O período entre guerras foi uma época de radicalização política. Foi assim que os regimes totalitários se instalaram em vários países europeus, como a Itália a partir de 1922, e o nazismo, na Alemanha, em 1933.
A expansão dos regimes totalitários estava relacionada aos problemas econômicos e sociais pelos quais passou a Europa depois da Primeira Guerra Mundial. Também existia o temor de que o socialismo, implantado na Rússia, viesse a se expandir.
Para muitos países, uma ditadura totalitária parecia solução, pois prometia uma reação forte, próspera e sem agitações sociais. Além da Itália e da Alemanha, países como a Polônia e a Iugoslávia foram dominados por regimes totalitaristas.
O fascismo se adaptava à cultura política dos países onde era adaptado. Assim ganhou o nome de "Franquismo" na Espanha e "Salazarismo", em Portugal.
Fascismo e Nazismo
É muito comum haver confusão entre os termos “fascismo” e “nazismo”. Afinal, ambos são regimes políticos de cunho totalitários e nacionalistas que se desenvolveram na Europa no século XX.
Entretanto, o fascismo foi implementado na Itália por Benito Mussolini durante o período entre guerras. Já o nazismo foi um movimento de inspiração fascista que ocorreu na Alemanha, liderado por Adolf Hitler e que se baseava, principalmente, no antissemitismo.
Símbolo do fascismo
O Movimento Fascismo e Liberdade utiliza o "fascio" como símbolo
Na Itália, os símbolos do fascismo eram:
Fascio (machado atado a um feixe de varas): o símbolo que deu origem ao vocábulo aparecia em vários monumentos, selos e documentos oficiais.
Camisa Negra. faziam parte do uniforme dos fascistas e por isso, seus membros eram chamados "camisas-negras".
Saudação: com o braço direito levantado
Lema: "Crer, Obedecer, Combater" era dito em discursos políticos e estava presente em medalhas, quadros, etc.
Fascismo no Brasil
Integralismo
Plínio Salgado discursa acompanhado de militantes integralistas
O fascismo no Brasil teve como representante Plínio Salgado (1895-1975) fundador da Ação Integralista Brasileira, em 1932. Salgado adotou um lema em tupi-guarani "Anauê", a letra grega "sigma" como símbolo e vestiu seus simpatizantes de camisas-verdes.
Defendia um Estado forte, mas rejeitou o racismo publicamente, por ser esta doutrina incompatível com a realidade brasileira. Anticomunista, se aproximou e apoiou Getúlio Vargas até o golpe de 1937, quando a AIB foi fechada, assim como os demais partidos brasileiros.
Desta maneira, alguns militantes integralistas promoveram o Levante Integralista de 1938, mas que foi rapidamente sufocado pela polícia. Plínio Salgado foi conduzido ao exílio em Portugal e muitos de seus companheiros, presos.
O Estado Novo e o Fascismo
O governo de Getúlio Vargas durante o Estado Novo (1937-1945) teve características fascistas como a censura, o unipartidarismo, a existência de uma polícia política e a perseguição aos comunistas.
No entanto, não foi expansionista e nem escolheu nenhum outro povo para ser alvo de ataques. Assim, podemos afirmar que o Estado Novo foi nacionalista e não fascista.
Juliana Bezerra
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.
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