TABAGISMO
TABAGISMO
Em 2019, 17,0% da população com 15 ou mais anos era fumadora, menos 3,0 p.p. que em 2014; 1,3 milhões de pessoas (14,2%) fumavam diariamente e 248 mil (2,8%) faziam-no ocasionalmente. O consumo regular de tabaco registava um rácio de 2,0 homens por cada mulher.
O risco de muitas das doenças associadas ao tabaco aumenta com os anos de consumo. Assim, para evitar essas doenças é necessário parar de fumar o mais cedo possível.
Diversos estudos mostram que as pessoas fumadoras morrem cerca de 10 anos mais cedo do que as pessoas que nunca fumaram. Contudo, os fumadores que param antes dos 30/34 anos recuperam os anos de vida potencialmente perdidos devido ao tabaco, diminuindo significativamente o risco de morte prematura. Mesmo quando se para de fumar aos 60 anos de idade, ainda se podem recuperar 3 anos de esperança de vida.
Parar de fumar - Anos de esperança de vida recuperados:
Parar aos 30 anos = ganho de 10 anos de esperança de vida
Parar aos 40 anos = ganho de 9 anos de esperança de vida
Parar aos 50 anos = ganho de 6 anos de esperança de vida
Parar aos 60 anos = ganho de 3 anos de esperança de vida
Parar de fumar tem benefícios imediatos e a médio e longo prazo, não só para a pessoa, como para quem convive com ela, como por exemplo:
Redução do risco de cancro do pulmão e de muitos outros tipos de cancro;
Redução do risco de doença cardíaca, acidente vascular cerebral e de doença vascular periférica;
Redução dos sintomas respiratórios, tais como tosse, pieira e falta de ar. Embora estes sintomas possam não desaparecer totalmente, eles não continuarão a progredir com a mesma intensidade como acontece com quem continua a fumar;
Redução do risco de desenvolvimento de algumas doenças pulmonares (como a doença pulmonar obstrutiva crónica, também conhecida por DPOC);
Redução do risco de infertilidade.
Benefícios de parar de fumar
Após 20 minutos:
A pressão arterial e a frequência cardíaca voltam ao normal.
Após 12 horas:
Os níveis de monóxido carbono no sangue voltam ao normal.
Após 2 semanas a 3 meses:
Começa a respirar melhor e a sentir mais energia. A circulação sanguínea melhora. O risco de enfarte do miocárdio diminui;
O olfato e o paladar melhoram;
Os doentes diabéticos passam a controlar melhor a sua doença.
Após 1 a 9 meses:
Sente um aumento gradual do bem-estar geral, acompanhado de mais vitalidade. A tosse e a falta de ar diminuem e a respiração torna-se mais fácil.
Após 1 ano:
O risco de ataque cardíaco diminui para cerca de metade do observado nas pessoas que continuam a fumar.
Após 2 a 5 anos:
O risco de acidente vascular cerebral diminui, ficando semelhante ao das pessoas que não fumam;
O risco de cancro da boca, da garganta, do esófago e da bexiga reduz-se para metade, decorridos 5 anos.
Após 10 anos:
Corre 50 % menos risco de ter um cancro do pulmão do que as pessoas que continuam a fumar. O risco de cancro do pâncreas e do rim diminuem.
Após 15 anos:
O risco de doença coronária é semelhante ao de uma pessoa não fumadora, do seu sexo e idade.
Algumas pessoas param de fumar sem grande dificuldade, nunca desenvolvendo sintomas de dependência. Porém, parar de fumar não é uma tarefa fácil para a maioria dos fumadores. O fumador dependente terá de lidar com os sintomas de privação que a ausência do tabaco provoca. Como se não bastasse, terá ainda de aprender a lidar com o desejo de fumar desencadeado por múltiplos contextos ou situações sociais do dia-a-dia.
A maioria das pessoas que fumam está bem ciente do que sente quando está mais tempo que o habitual sem fumar. A nicotina, a principal substância indutora de dependência existente nos cigarros, afeta diversos órgãos e sistemas, em particular os recetores cerebrais associados ao sistema de recompensa. Quando se para de fumar, o cérebro e todo o organismo do fumador tem de se ajustar à ausência de nicotina. Os sintomas de abstinência são sinais de que o corpo se está a adaptar à falta do tabaco. Essa fase de adaptação à ausência do tabaco pode ser desagradável e difícil de suportar sem apoio. Nesta fase, muitos fumadores a tentar parar de fumar recaem.
Sintomas de abstinência:
Sentimento de tristeza;
Insónia;
Irritabilidade;
Dificuldade de concentração, inquietação, nervosismo;
Diminuição da frequência cardíaca;
Sensação de fome;
Desejo de fumar.
Para a maioria das pessoas, os piores sintomas duram apenas alguns dias ou algumas semanas, mas o desejo de um cigarro pode durar mais tempo. Este desejo é desencadeado por estímulos como a lembrança do tabaco, o ver embalagens de tabaco ou pessoas a fumar.
Embora estes sintomas possam ser desagradáveis, a falta de tabaco e os sintomas de abstinência não são perigosos para a saúde.
Apenas 3% a 5% dos fumadores que param sem ajuda continuam sem fumar passado um ano após terem parado.
Existem medicamentos de apoio à cessação tabágica que ajudam a diminuir o desconforto provocado pela carência de nicotina. O apoio comportamental e o uso de medicação permitem atenuar o desconforto e duplicar o sucesso da cessação tabágica.
Fale com o seu médico ou ligue para o SNS 24 - 808 24 24 24.
No ACeS PVVC existe consulta de cessação tabágica. Se quer deixar de fumar, fale com o seu médico de família ou procure mais informações junto da sua Unidade de Saúde Familiar.
Pode também consultar a Rede de Consultas de Apoio Intensivo à Cessação Tabágica – da ARS Norte.
O Programa Nacional para a Prevenção e Controlo do Tabagismo da DGS, preparou um breve guia para o ajudar a deixar de fumar.
A maioria das pessoas que para de fumar sem preparação ou qualquer apoio acaba por recair ao fim de algum tempo.
Pense nos benefícios que tem em deixar de fumar, comunique com quem o rodeia, defina o seu objetivo e fale com o seu médico ou marque uma consulta de cessação tabágica.
Os Produtos de Tabaco Aquecido (PTA) são dispositivos eletrónicos com um pequeno cigarro contendo tabaco, que produzem aerossóis com nicotina e outros químicos que são inalados pelo utilizador (em Portugal comercializados com a marca iQOS).
Os PTA contêm nicotina, substância altamente aditiva que existe no tabaco, causando dependência nos seus utilizadores, para além de estarem presentes outros produtos adicionados que não existem no tabaco e que são frequentemente aromatizados. Outro aspeto relevante é que o uso dos PTA permite imitar o comportamento dos fumadores de cigarro convencional, podendo haver o risco de os fumadores alterarem o seu consumo para estes novos produtos em vez de tentarem parar de fumar.
Por outro lado, neste contexto, constituem também uma tentação para não fumadores e menores de idade iniciarem os seus hábitos tabágicos. Atualmente, a experimentação e uso de cigarros eletrónicos e outros produtos de tabaco pelos adolescentes e jovens está a sofrer um crescimento exponencial e já se demonstrou que aumenta o risco de iniciação também no cigarro convencional e noutras drogas. Finalmente, estes novos produtos impõem o risco de re-normalização do tabagismo e de uso duplo com cigarros convencionais.
O cigarro eletrónico é um dispositivo operado por uma bateria que produz um aerossol (vapor), que normalmente contém nicotina, solventes, aromas e outros aditivos. Os cigarros eletrónicos não contêm tabaco, facto que os distingue dos cigarros convencionais ou dos cigarros de tabaco aquecido.
Embora o aerossol (vapor) produzido pelos cigarros eletrónicos seja quimicamente menos complexo e potencialmente menos nocivo do que o fumo do tabaco ou do que o aerossol do tabaco aquecido, não é isento de riscos, quer para os consumidores, quer para os não consumidores expostos em locais fechados. Acresce que os seus efeitos na saúde não são ainda integralmente conhecidos, continuando em investigação.
Devido à presença de nicotina, solventes, aromatizantes e outros aditivos, o uso de cigarros eletrónicos provoca dependência e não é seguro para a saúde. O seu uso é desaconselhado, particularmente em crianças e adolescentes, adultos jovens, mulheres grávidas ou a amamentar, pessoas com asma, diabetes, doenças cardiovasculares ou outras doenças crónicas, ou pessoas que nunca fumaram. Os líquidos sem nicotina, devido à presença de aromatizantes, podem, também, ser nocivos para a árvore respiratória.
Muitos fumadores que substituíram os cigarros tradicionais por cigarros eletrónicos referem diminuição de alguns sintomas respiratórios e melhoria do seu estado geral. Outros podem referir ardor de garganta, náuseas e vómitos ou dores de cabeça. Contudo, dado que estes cigarros se encontram no mercado há poucos anos, ainda existe muita incerteza quanto aos seus possíveis efeitos na saúde, a curto ou a longo prazo.
O recente surto de casos de doença respiratória grave, observado nos EUA, eventualmente associado ao uso de cigarros eletrónicos, veio alertar para a necessidade de se encarar este consumo com alguma precaução e de se continuar a investigar os seus potenciais efeitos adversos não conhecidos na saúde humana.
Os cigarros eletrónicos podem ajudar algumas pessoas a deixar de fumar, mas a sua eficácia na cessação tabágica ainda é inconclusiva.
Alguns estudos revelaram que muitas pessoas que deixaram de fumar com recurso aos cigarros eletrónicos mantêm o seu consumo indefinidamente ou voltaram a consumir outros produtos do tabaco em simultâneo, não abandonando verdadeiramente o consumo de nicotina ou de tabaco.
A melhor opção é deixar de fumar produtos do tabaco, incluindo tabaco aquecido, e cigarros eletrónicos com recurso a apoio comportamental e medicamentos aprovados para esse efeito. Existem medicamentos, alguns comparticipados, para tratamento do tabagismo. O SNS disponibiliza consultas de apoio à cessação tabágica, isentas de taxa moderadora.
Para saber mais contacte o seu Centro de Saúde ou a Centro de Atendimento SNS24: 808 24 24 24.
Contacte o seu médico ou SNS 24: 808 24 24 24 se registar os seguintes sintomas: tosse, falta de ar, dor no peito, associada a náuseas, vómitos ou diarreia, fadiga, febre ou dor abdominal e tiver consumido cigarros eletrónicos nos últimos 90 dias.
Não consuma cigarros eletrónicos com nicotina que não estejam devidamente rotulados ou cuja embalagem não tenha uma estampilha especial, pois isso significa que não passaram pelo controlo das autoridades. Em caso de dúvida quanto à proveniência dos cigarros eletrónicos ou dos respetivos líquidos, contacte a ASAE, enquanto autoridade fiscalizadora.
Não utilize cigarros eletrónicos sem cumprir as normas de utilização do fabricante e evite os que têm adição de líquidos ou óleos com derivados de cannabis ou outras substâncias, pois podem ser particularmente perigosos.
Mantenha os cigarros eletrónicos fora do alcance das crianças.
Se está a usar cigarros eletrónicos para deixar de fumar, não retome o consumo de produtos do tabaco.
Deixe de consumir tabaco, tabaco aquecido ou cigarros eletrónicos. Peça ajuda ao seu médico ou a outro profissional de saúde.
https://cse.ine.pt/ngt_server/attachfileu.jsp?look_parentBoui=459375331&att_display=n&att_download=y
https://www.pmi.com/our-science/difference-between-heated-tobacco-products-and-ecigarettes