Time Crystal: Google’s quantum computer creates a new state of matter (Google Sycamore | Floquet | Frank Wilczek - Nobel)
https://quantumai.google/hardware
https://www.nature.com/articles/s41586-019-1666-5
O que é o tempo – e por que ele avança?
Expandindo o acesso à pesquisa de computação quântica
https://journals.aps.org/prx/abstract/10.1103/PhysRevX.8.011044
https://quantumai.google/learn/map
https://www.nature.com/articles/s41534-019-0199-y
Só existe o presente
Duas interpretações alucinantes do gato de Schrödinger
Mineração de hélio-3 na lua
http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252016000400007
The arrow of time is a concept that describes the asymmetry or directionality of time. It means that time flows from the past to the future, and not the other way around. It also implies that some processes in nature are irreversible, such as the increase of entropy, the decay of unstable particles, and the expansion of the universe. The arrow of time is not a physical law, but a consequence of the initial conditions and the statistical behavior of large systems. The origin of the arrow of time is related to the Big Bang, the event that created the universe. According to the standard cosmological model, the Big Bang was a state of very high density, temperature, and entropy. As the universe expanded and cooled down, it became more ordered and structured, forming stars, galaxies, planets, and life. This decrease of entropy in some regions of the universe was possible because the total entropy of the universe increased, as predicted by the second law of thermodynamics. The Big Bang also created a difference between past and future, because it was a singular event that cannot be reversed or repeated. The fate of the arrow of time is uncertain, but it depends on the ultimate fate of the universe. If the universe continues to expand forever, it will eventually reach a state of maximum entropy, where all forms of energy and matter are evenly distributed and no change can occur. This is known as the heat death scenario, and it implies that the arrow of time will vanish, as there will be no distinction between past and future. If the universe stops expanding and starts to contract, it will eventually collapse into a singularity, known as the Big Crunch. This scenario implies that the arrow of time will reverse, as entropy will decrease and order will increase. However, both scenarios are hypothetical and depend on many assumptions and uncertainties. The arrow of time is one of the most fascinating and mysterious aspects of physics. It affects our everyday experience of reality, our perception of causality, and our understanding of free will. It also raises many philosophical questions about the nature and meaning of time itself.
A flecha do tempo é um conceito que descreve a assimetria ou direcionalidade do tempo. Significa que o tempo flui do passado para o futuro, e não o contrário. Implica também que alguns processos na natureza são irreversíveis, como o aumento da entropia, o decaimento de partículas instáveis e a expansão do universo. A flecha do tempo não é uma lei física, mas uma consequência das condições iniciais e do comportamento estatístico de grandes sistemas. A origem da flecha do tempo está relacionada ao Big Bang, evento que criou o universo. De acordo com o modelo cosmológico padrão, o Big Bang foi um estado de densidade, temperatura e entropia muito altas. À medida que o universo se expandiu e esfriou, tornou-se mais ordenado e estruturado, formando estrelas, galáxias, planetas e vida. Esta diminuição da entropia em algumas regiões do universo foi possível porque a entropia total do universo aumentou, conforme previsto pela segunda lei da termodinâmica. O Big Bang também criou uma diferença entre o passado e o futuro, porque foi um evento singular que não pode ser revertido ou repetido. O destino da flecha do tempo é incerto, mas depende do destino final do universo. Se o universo continuar a expandir-se para sempre, acabará por atingir um estado de entropia máxima, onde todas as formas de energia e matéria são distribuídas uniformemente e nenhuma mudança pode ocorrer. Isto é conhecido como cenário de morte por calor e implica que a flecha do tempo desaparecerá, pois não haverá distinção entre passado e futuro. Se o Universo parar de se expandir e começar a contrair-se, acabará por colapsar numa singularidade, conhecida como Big Crunch. Este cenário implica que a seta do tempo se inverterá, à medida que a entropia diminuirá e a ordem aumentará. No entanto, ambos os cenários são hipotéticos e dependem de muitas suposições e incertezas. A flecha do tempo é um dos aspectos mais fascinantes e misteriosos da física. Afecta a nossa experiência quotidiana da realidade, a nossa percepção da causalidade e a nossa compreensão do livre arbítrio. Também levanta muitas questões filosóficas sobre a natureza e o significado do próprio tempo.
Apresentação de Lorenz em 1972 Onde ELE EUA o bater de asas da borboleta no Brasil [pdf]
Gravada na placa funerária do túmulo do físico austríaco Ludwig Boltzmann (1844-1906), está uma equação matemática que representa um dos seus mais importantes contributos e constitui uma das mais notáveis formulações da Ciência: S = k. log W
A letra k representa uma constante fundamental na Natureza, conhecida precisamente por constante de Boltzmann mas, como não tem interesse directo na apresentação que segue, ser-lhe-á atribuído o valor 1. W representa o número de modos diferentes de dispor microscopicamente um conjunto de partículas (sejam iões, átomos ou moléculas) sem que um observador externo (averiguando de um ponto de vista macroscópico) consiga diferenciá-las. W é também conhecido como uma medida do caos do sistema, entendendo-se por caos exactamente o que acabámos de referir. S tem o nome de ENTROPIA e representa uma propriedade macroscópica extensiva do sistema de partículas. Extensiva significa que é tanto maior quanto maior for a massa do sistema. A fórmula de Boltzmann estabelece, portanto, uma relação entre uma grandeza macroscópica e uma grandeza microscópica, permitindo concluir que a ENTROPIA é uma propriedade que permite quantificar o caos.
Exemplifiquemos de modo a tornar mais clara esta definição. Suponhamos que temos um conjunto de mil átomos magnéticos, fixos em certas posições de uma matriz e com os seus momentos magnéticos 1 alinhados numa determinada e única direcção (figura 1). Macroscopicamente diremos que temos um íman com uma força magnética de 1000 unidades. Microscopicamente só existe uma maneira de dispor os 1000 átomos nas 1000 posições (não há graus de liberdade), pelo que W = 1 e, como o logaritmo 2 de 1 é zero, S = 0. Ou seja, num sistema organizado e sem nenhum grau de liberdade, a ENTROPIA é nula. Agora, admitamos que um dos 1000 átomos não é magnético. Então, o íman macroscópico passa a ter uma força magnética de 999 unidades. Onde se situa o átomo não-magnético na matriz de 1000 posições? Há 1000 maneiras diferentes de colocar o átomo não-magnético em 1000 posições possíveis. Então, W = 1000 e S = 6,9. A ENTROPIA aumentou. Consideremos agora que 2 dos 1000 átomos não são magnéticos, o que confere ao nosso íman a força magnética de 998 unidades. Teremos então 1000 possibilidades para colocarmos o primeiro átomo e, uma vez definida a sua posição, já só restam 999 possibilidades para posicionarmos o segundo; ou seja, no total teríamos W = 1000 x 999 = 999000 possibilidades de distribuir os 2 átomos não-magnéticos naqueles 1000 lugares, obtendo-se um íman de 998 unidades de força magnética. Agora, S = 13,8. (Repare-se na utilidade do logaritmo: permite transformar grandes números em números ao nosso alcance!) Vemos assim que quanto maior o número de possibilidades microscópicas para obter um determinado estado macroscópico maior a ENTROPIA do sistema.
O equilíbrio e a perturbação
Podemos caracterizar o estado macroscópico de um sistema de muitas partículas por uma dada probabilidade, tanto maior quanto maior for o número de micromaneiras de o atingir (microestados). Quando dizemos que um dado sistema está num estado (macroscópico) de equilíbrio isso significa que esse estado corresponde ao estado mais provável de todos os macroestados que lhe estavam acessíveis, ou seja, àquele que possuía maior número de microestados, maior ENTROPIA, portanto.
Em geral, os sistemas estão sempre sujeitos a alguns constrangimentos que não lhes permitem variar certas características, mas possuem também uns quantos graus de liberdade que possibilitam a variação de outras propriedades. Por exemplo, um sistema pode ter paredes rígidas obrigando-o a ter um volume constante mas essas mesmas paredes podem ser boas condutoras térmicas, permitindo que o sistema possa trocar energia térmica com o meio que o envolve até se igualarem as suas temperaturas.
Um sistema sai do estado de equilíbrio em que se encontra quando passa a dispor de graus de liberdade que não tinha antes 3 ou quando, dentro dos graus de liberdade que possui, sofre uma qualquer perturbação que lhe provoque instabilidade. Inicia então um processo de transformação que só termina quando o sistema atinge um novo estado de equilíbrio. Esse novo estado será aquele que, segundo os constrangimentos a que o sistema está sujeito, corresponder ao maior número de microestados possíveis, ou seja, à maior ENTROPIA. O novo estado de equilíbrio do sistema será, portanto, aquele ao qual corresponder a máxima ENTROPIA.
Resumindo, um sistema sai de um estado de equilíbrio quando é perturbado e o seu estado se torna instável. Evolui, então, até um novo estado de equilíbrio escolhendo, de entre todos os que lhe estão acessíveis, o estado de maior número de possibilidades microscópicas, ou seja, de maior ENTROPIA.
O mundo da termodinâmica
Todos os corpos que existem na Natureza são constituídos por um n.º muito grande de partículas. Quando consideramos uma partícula isolada e lhe atribuímos uma dada localização e velocidade no espaço, dizemos que ela possui uma certa energia potencial e cinética, respectivamente. Na ausência de outras forças aplicadas à partícula, a soma dessas duas energias deve manter-se constante e, portanto, a variação de um dos termos deve ser compensada pelo outro. É o importante princípio da conservação da energia total, que passou a ter um lugar de destaque a partir do século XIX, como um conceito unificador em Ciência.
Quando consideramos sistemas de muitas partículas, a energia total passa a ser a soma das energias cinética e potencial de todas as suas partículas. Contudo, há agora a ponderar um novo aspecto. É que os movimentos das partículas podem estar ou não correlacionados, sendo então classificados como coerentes ou incoerentes. O movimento não-correlacionado e incoerente das partículas é conhecido por movimento térmico, e a temperatura (propriedade macroscópica dos sistemas) está relacionada com este tipo de energia, a energia térmica. Quando passamos da partícula individual para o conjunto de partículas e a questão da coerência do movimento se torna relevante estamos a passar da simples dinâmica para um nova área da física, o mundo da termodinâmica.
A vida no planeta Terra desenvolve-se a temperaturas que rondam os 300 K (23 ºC) e a sobrevivência dos seres depende de processos físicos, químicos e bioquímicos que só se dão a temperaturas dessa ordem. Se descermos uma ordem de grandeza e passarmos a 30 K (- 243 ºC), as partículas estão congeladas nos seus arranjos materiais e já não existe actividade química ou biológica. Contudo, o mundo dos processos físicos não foi grandemente afectado. Uma ordem de grandeza abaixo, a 3 K (-270 ºC), até se revelam novos fenómenos físicos, como a supercondutividade eléctrica 4 e a superfluidez 5. Esta é também a temperatura característica da radiação cósmica de fundo, que permeia o espaço universal. 6 Pareceria difícil descer ainda mais. Porém, fazendo uso das propriedades magnéticas das partículas atómicas e nucleares, foi possível descer a 0,3 K, a 0,03 K, a 0,003 K… A física começa então a tornar-se silenciosa. O recorde mundial (não será galáctico ou até mesmo universal?) da baixa temperatura foi atingido em 1999 e é de 1 x 10 10 K. Inimaginável! A esta temperatura, a física está praticamente moribunda. No outro sentido, se considerarmos temperaturas da ordem dos 3000 K, já praticamente não existem moléculas, muito dos átomos encontram-se dissociados, formando plasma, um gás de núcleos e electrões. A energia é trocada livremente entre matéria e radiação. Acima dessa temperatura, os núcleos dividem-se nas suas partículas constituintes; mais acima, os próprios nucleões separam-se nos quarks e noutras partículas elementares; continuando a subir em temperatura, tudo se vai transformando num mar de radiação…
Ao ocupar-se das propriedades e evolução dos sistemas de muitas partículas cujo comportamento depende explicitamente da temperatura, sejam esses sistemas físicos, químicos ou biológicos, a Termodinâmica tornou-se uma área de estudo transversal a todos os domínios científicos.
Calor e trabalho
Calor e trabalho são dois termos corriqueiros da nossa vida diária, sobretudo para nos queixarmos quando os julgamos excessivos! Contudo, em ciência e, nomeadamente, em termodinâmica, eles são muito importantes pois correspondem aos dois modos possíveis de troca de energia entre e dentro de sistemas. O que está em causa não é o modo como a energia é “transportada” do sistema A para o sistema B, como se, para nos deslocarmos do lugar A para o lugar B pudéssemos optar por ir a pé ou de autocarro. Não. O que distingue calor e trabalho é antes o modo como a energia é recebida (ou cedida) pelos sistemas. Se um sistema recebe (ou cede) energia sob a forma de trabalho (diz-se que “recebe (ou realiza) trabalho”) tal significa que a energia lhe foi fornecida (ou ele a forneceu) de forma “organizada”, coerente. Pelo contrário, se o sistema recebe (ou cede) energia sob a forma de calor (diz-se que “recebe (ou cede) calor”), isso significa que recebeu (ou cedeu) energia de uma forma desorganizada, incoerente, caótica. 7
Exemplifiquemos. Quando colocamos dois corpos a temperaturas diferentes em contacto directo um com o outro, a energia térmica vai fluir do corpo mais quente para o mais frio até que as temperaturas se igualem. O que está em causa é uma transferência de calor. Quando levantamos um peso do chão ou quando aproveitamos a energia eólica ou mecânica e a convertemos em eléctrica, etc, estamos a trocar trabalho. Quando um corpo está exposto à radiação solar, se apenas a sua temperatura aumentar houve transferência de calor; contudo, se a absorção de radiação também der origem, por exemplo, a uma reacção química, então também se tratou de um processo com transferência de trabalho. Em todos os fenómenos, a variação total da energia (?U) pode ser avaliada como , onde Q representa o calor trocado e W o trabalho realizado ou sofrido. Esta fórmula, que constitui uma aplicação do princípio da conservação da energia, traduz a 1a lei da Termodinâmica: num sistema isolado, a energia total mantém-se constante. (Um sistema isolado é aquele cujas fronteiras não permitem que o sistema interaja com o que lhe é exterior. É claro que o sistema isolado pode ser tão grande e complexo como o próprio Universo, basta definir apropriadamente as suas fronteiras.)
Uma desigualdade fundamental na Natureza
Quando, por exemplo, esfregamos as mãos uma na outra, estamos a realizar um processo mecânico de fricção (trabalho, portanto) para converter a energia mecânica do movimento em energia térmica que vai aquecer as nossas mãos, ou seja, aumentar a sua temperatura. Podemos abreviar dizendo que estamos a converter trabalho em calor. Por outro lado, quando queimamos madeira ou gasóleo, por exemplo, podemos aproveitar o calor criado para pôr máquinas em movimento (lembremos as antigas locomotivas e tantos motores que funcionam com produtos derivados do petróleo). Neste caso, estamos a converter calor em trabalho. Será possível com uma dada quantidade de trabalho gerar uma certa quantidade de calor e com essa quantidade de calor voltar a gerar a quantidade inicial de trabalho? Ou, dito de outra forma, serão estes processos equivalentes? A 1ª lei não deixa antever quaisquer restrições à sua mútua conversão.
Carnot (1796-1832), Joule (1818-1889), Kelvin (1824-1907) e Clausius (1822-1888), pais da termodinâmica, exploraram a conversão de trabalho em calor e de calor em trabalho em inúmeras experiências reais e conceptuais, e o conjunto dos seus esforços permitiu perceber uma assimetria fundamental no modo como a Natureza lida com as transformações de energia sob estas duas formas. Verifica-se, de facto, que, embora seja sempre possível converter trabalho em calor, quando se pretende o inverso, converter calor em trabalho, há sempre alguma quantidade de energia que se dissipa sob a forma de calor, como se isso correspondesse a uma espécie de imposto de transacção de energia que fosse obrigatório pagar. Em experiências cuidadosamente realizadas pode-se minorar esta quantidade de energia dissipada mas não se consegue eliminar totalmente 8. Consoante as situações concretas, esta energia dissipada é conhecida por fricção, atrito, dispersão, aquecimento, corrosão, deterioração, etc.
Há, portanto, um outro princípio fundamental na Natureza, para além do da conservação de energia: a energia tende a dispersar. Ora a dissipação de energia pode corresponder a uma dispersão espacial da energia (sob a forma de energia térmica) pelos átomos do sistema ou do meio envolvente, e/ou à perda de coerência da sua organização e movimento. Como vimos no exemplo do íman, a fórmula de Boltzmann dá-nos indicações precisas sobre a relação entre coerência e ENTROPIA. Os sistemas onde o grau de organização e de coerência é maior têm ENTROPIA menor. Quando são estimulados no sentido de perda dessa coerência, a sua ENTROPIA aumenta. O novo princípio enunciado é então equivalente a afirmar “a ENTROPIA tende a aumentar” e constitui uma das formulações possíveis da 2ª lei da Termodinâmica.
A espontaneidade na Natureza
Podemos dividir os processos desenvolvidos pelos sistemas quando variam entre estados de equilíbrio como sendo do tipo reversível – em qualquer ponto do percurso é possível alterar o seu sentido (o passado e o futuro são equivalentes) –, ou do tipo irreversível – é impossível voltar ao estado anterior (existe uma flecha do tempo). Os processos ditos NATURAIS, aqueles que ocorrem espontaneamente na Natureza, são todos do tipo irreversível. Apenas processos preparados, realizados em condições laboratoriais muito controladas, geralmente lentas para evitar grande dissipação, podem ser considerados como reversíveis. A reversibilidade é, por conseguinte, uma idealização, como quando admitimos o movimento sem atrito.
É do conhecimento de todos que o calor nunca flui naturalmente de um sistema a temperatura mais baixa para outro que tenha uma temperatura mais alta. Contudo, nada há no enunciado da 1ª lei da Termodinâmica que impeça que o fluxo de energia se dê nesse sentido. Na verdade, com a ajuda de uma maquinaria adequada, é possível conseguir o que espontaneamente a Natureza não nos faculta. Um bom exemplo é o frigorífico. Trata-se de um sistema que arrefece um volume mantendo-o a uma temperatura mais baixa que a do resto da casa. Mas esse arrefecimento não é espontâneo. Para que se dê, precisamos de gastar energia eléctrica, facto bem notório quando chega a factura da EDP!
A variação da ENTROPIA (?S) que, em termos de grandezas macroscópicas, pode ser relacionada com a razão entre a quantidade de calor trocada pelo sistema e a sua temperatura, ?, caracteriza a reversibilidade do processo desenvolvido pelo sistema. Nos processos naturais, espontâneos, ou seja, irreversíveis, a ENTROPIA aumenta sempre (?S > 0).
Uma aparente contradição
Vejamos agora um exemplo simples. Se tivermos uma chávena de água e nela dissolvermos uma colher de café, a entropia do conjunto aumenta, uma vez que o n.º de maneiras de distribuir as moléculas dos intervenientes passa a ser maior. Se deixarmos a mistura ao ar, a água acaba por se evaporar e o café fica no fundo da taça, ou seja, a sua entropia diminui. Isso viola a 2ª lei da Termodinâmica? Na verdade não, porque embora a entropia do café tenha diminuído, a entropia da água aumentou muito ao sair da mistura com café e espalhar-se pelo ar da sala como vapor de água. Podemos ainda argumentar: e se tivéssemos uma maneira de condensar a água que se evaporou da chávena de modo a obtê-la de novo no estado líquido numa 2ª chávena? Neste caso, vamos conseguir diminuir tanto a entropia do café como a da água! De facto assim é, mas estamos a introduzir um novo elemento no sistema, o condensador de água. Para aplicarmos correctamente a 2ª lei temos agora que considerar o sistema água+café+condensador. Neste novo sistema, a operação da máquina de condensação cria entropia adicional, e assim estaremos sempre nas condições de aumento da entropia total de acordo com a 2ª lei da Termodinâmica, apesar das diminuições da entropia da água e do café.
É relativamente frequente depararmo-nos com o argumento de que a 2ª lei da Termodinâmica é inconsistente com a existência de seres vivos uma vez que a sua evolução, desde a ameba até ao ser humano, é um processo contínuo de desenvolvimento em níveis de complexidade cada vez mais elevada e, portanto, de entropia sucessivamente menor. Trata-se, contudo, de um argumento falacioso. Avaliar se a evolução é um processo que viola a 2ª lei requer, como vimos, a ponderação de todos os intervenientes e de todos os processos parciais envolvidos. A Terra não é um sistema fechado. Aquilo que a mantém do ponto de vista químico é a recepção contínua da energia do Sol e a dispersão do calor que permite que ela não sobreaqueça. Todos os seus elementos realizam permanentemente trocas energéticas. A energia do Sol possibilita a existência de sistemas e de processos onde, localmente, decresce a entropia. Porém, quando incluímos todos os elementos, desde o próprio Sol, passando pelos produtos da cadeia alimentar até à energia dissipada pelos seres, a entropia total aumenta sempre, continuamente…
A 2ª lei da Termodinâmica aplica-se, portanto, ao conjunto sistema + universo complementar. Tendo em conta todos os intervenientes, a ENTROPIA aumenta sempre, desde que o processo seja irreversível.
A qualidade da energia
Finalmente, vejamos um último aspecto da ENTROPIA. Coloquemos uma bola a certa altura do chão conferindo-lhe, portanto, uma dada energia potencial gravítica, e deixemo-la cair. Ela vai bater no chão, subir novamente, descer, bater no chão, voltar a subir… e repete o ciclo subindo a alturas cada vez menores até que, por fim, ficará novamente no chão. Enquanto subia e descia a bola trocava a sua energia cinética em potencial e a potencial em cinética, realizando trabalho. Mas também aquecia as moléculas do ar, por atrito, transferindo calor, e, cada vez que batia no chão, cedia-lhe parte da sua energia cinética, também sob a forma de calor. A energia da bola foi-se assim dispersando pelas moléculas do ar e do chão. O movimento coerente dos átomos da bola deu lugar a um movimento incoerente dos átomos do ar e do chão.
Se agora aquecermos a bola de modo a ela ter o mesmo valor de energia total que tinha quando a deixámos cair, ela não se mexe nem começa a saltar. Ter energia, portanto, não é suficiente para vencer a força da gravidade e subir. A energia tem que ser capaz de gerar movimento coerente. E aquecer é gerar movimento incoerente. O mesmo valor de energia está na bola mas a sua ENTROPIA é muito maior e ela não se consegue deslocar.
Este exemplo simples chama a atenção para o facto de atribuirmos qualidade à energia, no sentido de “capacidade de realizar trabalho”, de gerar coerência. Sempre que há dissipação de energia perde-se coerência e capacidade de trabalho. Diz-se que a qualidade da energia diminuiu, que ela se degradou. Podemos dizer, portanto, que a ENTROPIA qualifica a energia e que quando a ENTROPIA do sistema aumenta isso significa que o sistema diminuiu a sua capacidade para realizar trabalho e movimento ou organização coerente.
Quando arde uma floresta não estamos a diminuir a quantidade de energia do Universo porque ela se mantém constante, passando apenas a outra forma de conservação. O que acontece é um aumento da ENTROPIA do Universo, ou seja, uma diminuição da qualidade da energia. Como adverte o químico Peter Atkins, “À medida que a sociedade tecnológica queima os seus recursos naturais de modo cada vez mais vigoroso, a entropia do Universo cresce inexoravelmente, e a qualidade da sua energia declina concomitantemente. Não estamos no meio de uma crise de energia mas sim no limiar de uma crise de entropia. O que precisamos de fazer não é conservar a energia, pois a Natureza faz isso automaticamente, mas sim gerir bem a sua qualidade”. 10
Liliana Ferreira
Licenciada em Física; Doutorada em Física da Radiação; Professora no Departamento de Física da Universidade de Coimbra; Investigadora na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa
Notas:
1 Momento magnético é uma propriedade microscópica associada ao movimento dos electrões que gravitam em torno do núcleo e que confere magnetismo ao átomo ou ião.
2 Usa-se aqui não o logaritmo decimal mas o logaritmo natural ou neperiano, que é o logaritmo calculado na base e (e = 2,71828182…) e que se representa geralmente por ln.
3 Por exemplo, suponhamos que uma das paredes rígidas que limitava o sistema referido no parágrafo anterior se tornava móvel. Nesse caso, o sistema iria aproveitar este novo grau de liberdade para movimentar a parede até que a grandeza macroscópica pressão dentro e fora do sistema se igualasse.
4 Supercondutividade – descoberta em 1911 pelo físico alemão Onnes, é uma característica intrínseca de certos materiais que quando são arrefecidos a temperaturas muito baixas conduzem corrente eléctrica sem resistência nem perdas.
5 Superfluidez – fenómeno semelhante à supercondutividade quando se dão fluxos de partículas sem envolver resistência mecânica (atrito). A superfluidez do 4He foi descoberta nos anos 30 por Pyotr Kapitza (prémio Nobel em 1978), entre outros.
6 Sobre radiação cósmica de fundo pode obter-se mais informação no artigo “No mundo do imensamente grande…”, Biosofia nº 3, Outubro 1999.
7 Sobre o significado de calor e trabalho, chama-se a atenção para uma alteração introduzida no ensino da física do 10º ano de escolaridade. O novo programa considera, a nosso ver incorrectamente, que, para além de calor e trabalho, a energia também se pode transferir por radiação electromagnética. Sobre este assunto, repare-se como a radiação pode ser recebida tanto por troca de calor como de trabalho no exemplo dado no parágrafo seguinte desta secção e consulte-se um esclarecedor artigo de M. M. Cruz e J. Alves Maia, publicado na Gazeta de Física, Vol. 27, Nº 3, 2004.
8 Deixaremos para outro artigo a consideração de fenómenos ao nível microscópico onde parece não haver dissipação de energia.
9 A igualdade verifica-se quando os processos são reversíveis.
10 Peter W. Atkins, “The Second Law”, Scientific American Books Inc., 2nd Ed, 1994
http://biosofia.net/2005/09/21/caos-e-complexidadea-flecha-do-tempoparte-i/
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A sincronização espontânea é um notável efeito coletivo observado na natureza, pelo qual uma população de unidades oscilantes, que possuem diversas frequências naturais e estão em fraca interação umas com as outras, evolui para exibir espontaneamente oscilações coletivas em uma frequência comum. O modelo de Kuramoto fornece a estrutura analítica básica para estudar a sincronização espontânea.
Cornell University
https://www.youtube.com/watch?v=T58lGKREubo
Richard Feynman era um físico teórico americano. É conhecido pelo seu trabalho na formulação por meio das integrais de linha da mecânica quântica, a teoria da eletrodinâmica quântica e a física da superfluidez do hélio líquido sub-resfriado, assim como pelo modelo Parton na física de partículas.
Por suas contribuições para o desenvolvimento da eletrodinâmica quântica, Feynman, junto com Julian Schwinger e Sin-Itiro Tomonaga, recebeu o Prêmio Nobel de Física em 1965. Além disso, de acordo com uma pesquisa de 1999 da revista britânica Physics World, dos 130 principais físicos citados de todo o mundo, Feynman foi classificado como um dos dez maiores físicos de todos os tempos.
“Eu não sei o que acontece com as pessoas: elas não aprendem pela compreensão; aprendem de alguma outra forma, pela rotina ou de algum outro modo. Quão frágil é o seu conhecimento!”
-Richard Feynman-
"Ele abriu um caderno de anotações novo, na página do título ele escreveu: Caderno de coisas que eu não sei sobre.
Pela primeira, mas não última vez, ele reorganizou seu conhecimento. Ele trabalhou por semanas desmontando cada
ramo da física, lubrificando as partes, e colocando-as de volta juntas, olhando o tempo todo para as bordas brutas e
inconsistentes. Ele tentou encontrar os núcleos essenciais de cada assunto.”
Os 4 passos da técnica de Feynman
A técnica de aprendizagem de Feynman é composta de 4 simples etapas. Vamos ver em que consistem.
Primeiro passo
Para começar, devemos pegar uma folha de papel e escrever na parte superior o nome do conceito que estamos estudando. Por exemplo, se estamos estudando o teorema de Pitágoras, devemos escrevê-lo no topo da página ou papel.
Segundo passo
Uma vez escrito o conceito, ele deve ser descrito com nossas próprias palavras e usando uma linguagem simples, como se estivéssemos explicando para outra pessoa.
Terceiro passo
O terceiro passo consiste em revisar tudo o que escrevemos com o objetivo de identificar aquelas partes que não estão perfeitamente explicadas, que são confusas ou que não estão bem escritas. Para isso, podemos retornar às nossas anotações ou até procurar novas informações a respeito do assunto. Também é útil usar exemplos que reforcem o conhecimento.
Quarto passo
O último passo consiste em fazer uma revisão final do que foi escrito. Assim, se usamos uma linguagem muito complexa, podemos reescrever o texto para torná-lo mais simples e inteligível. Para isso, podemos usar metáforas ou analogias. O importante é nos certificarmos de que o discurso possa ser compreendido por qualquer pessoa.
Se depois de seguir esses quatro simples passos nossa explicação ainda não for compreendida, talvez não tenhamos entendido completamente o que estudamos. Nesse caso, devemos iniciar o processo novamente.
Física dos materiais granulares ( efeito castanha-do-pará / The Brazil nut effect / All the Brazil nuts are not on top)
Existem dois mecanismos primários no efeito castanha-do-pará. O primeiro é a percolação: ou seja, grãos pequenos migram para o fundo entre os grãos maiores. O segundo é a convecção: os grãos maiores tendem a subir para o topo.
Isso parece bastante simples, mas há diversos outros fatores que contribuem para a subida constante das castanhas-do-pará ao topo. É por isso que os físicos ainda estão estudando esses sistemas, para entender melhor como eles funcionam.
A gravidade está puxando para baixo todas as castanhas na mistura. Elas também interagem umas com as outras, se empurrando no recipiente e produzindo fricção e energia mecânica perdidas na forma de calor. A quantidade de atrito depende do tamanho e forma das castanhas.
Além disso, temos o fator densidade. Se as partículas grandes forem muito menos densas do que as partículas ao redor, eles sobem para o topo e lá ficam. Se elas forem muito mais densas do que as partículas ao redor, elas também sobem para topo e lá ficam. Quando a diferença na densidade em relação às outras partículas é pequena, elas tendem a permanecer misturadas.
E toda essa dependência da densidade acaba se as partículas estiverem no vácuo. Parece que o rumo que leva uma castanha-do-pará para o topo depende não só das castanhas vizinhas, e da densidade delas, como também da pressão do ar.
Granular convection footage courtesy of Matthias Möbius and the Jaeger and Nagel Research Groups, University of Chicago.
http://nagelgroup.uchicago.edu/
- J. Knight et al., "Vibration-induced size separation in granular media: the convection connection"
https://journals.aps.org/prl/abstract/10.1103/PhysRevLett.70.3728
- E. Ehrichs et al., "Granular convection observed by magnetic resonance imaging"
http://science.sciencemag.org/content/267/5204/1632
- J. Knight et al., "Experimental study of granular convection"
https://journals.aps.org/pre/abstract/10.1103/PhysRevE.54.5726
- A. Kudrolli, "Size separation in vibrated granular material"
http://iopscience.iop.org/article/10.1088/0034-4885/67/3/R01/meta
- M. Metzger et al., "All the Brazil nuts are not on top: vibration induced granular size segregation of binary, ternary, and multi-sized mixtures"
http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0032591010004547
http://gizmodo.uol.com.br/video-efeito-castanha-do-para/
4 passos para aprender tudo que você quiser, segundo um Nobel da Física
Estude > Explique > Revise > Simplifique
Mas Richard Feynman (1918-1988), ganhador do Prêmio Nobel de Física em 1965, garantia que existe uma tática simples que ajuda a entender qualquer tema.
O próprio Feynman sempre foi reconhecido por essa característica entre os colegas: ele tinha muito talento para transformar explicações de coisas muito complexas em algo simples e fácil de entender.
E seu entusiasmo para explicar os conceitos mais difíceis costumava contagiar quem estava por perto.
O que Feynman defende em sua técnica é que existem dois tipos de sabedoria: a que é focada em saber apenas o nome de algo e a que é focada em de fato saber algo.
A receita para a real aprendizagem, segundo ele, é a última - e pode ser aplicada observando os quatro passos a seguir:
1) Escolha um conceito
Qualquer um que preferir.
E anote o conceito - o mais importante aí é desenvolver o raciocínio.
2) Escreva-o como se estivesse ensinando uma criança
Redija, então, tudo o sabe sobre esse conceito.
Mas atenção: você precisa fazer isso da maneira mais simples possível. Escreva como se estivesse explicando para uma criança - ainda que isso pareça absurdo e desnecessário, é um passo muito importante.
Assegure-se de que, do início ao fim, você esteja usando uma linguagem bem simples. Além disso, evite jargões e expressões prontas que partam do pressuposto de que você já sabe o conceito delas.
Explique cada detalhe de tudo e não caia na tentação de omitir algo que, na sua visão, está subentendido.
3) Volte no tema e pesquise sobre ele
No passo anterior, provavelmente você encontrou lacunas no seu conhecimento. Coisas que você esqueceu e que não conseguiu explicar.
E esse é o momento em que você começa realmente a aprender. Volte à fonte de informações sobre esse tema e pesquise o que ainda falta entender.
E, quando você achar que cada subtema está claro, tente escrever no papel a explicação para ele de uma maneira que até uma criança entenderia.
Quando você se sentir satisfeito e estiver compreendendo tudo o que antes estava confuso, volte à redação original e continue escrevendo as explicações nela.
4) Revise e simplifique ainda mais
Depois de passar por todas essas etapas, revise o que escreveu e simplifique. Certifique-se novamente de que não usou nenhum jargão associado com o tema que está te intrigando.
Leia tudo em voz alta. Preste atenção para perceber se está tudo exposto da maneira mais clara possível.
Se a explicação não for simples ou se soar confusa, interprete isso como um sinal de que você não está entendendo algo.
Crie analogias para explicar o conceito, porque isso ajuda a esclarecer tudo na sua cabeça e é a prova de que você está realmente dominando aquele tema.
- as franjas claras correspondem a regiões de interferência construtiva.
- as franjas escuras correspondem a regiões de interferência destrutiva.
Thomas Young, em 1802, realizou um importante experimento para a teoria ondulatória, no qual foram usados três anteparos. No primeiro, havia um pequeno orifício em que ocorria a primeira difração da luz proveniente de uma fonte monocromática.
O orifício único no primeiro anteparo fazia a luz atingir os orifícios do segundo anteparo em fase, transformando-os em “fontes” coerentes, já que pertenciam a uma mesma fonte original de onda. No segundo anteparo havia dois orifícios colocados lado a lado, nos quais aconteciam novas difrações com a luz já difratada no primeiro orifício.
No último anteparo eram projetadas as manchas de interferência e podiam ser observados máximos (regiões mais bem iluminadas) e mínimos (regiões mal iluminadas) de intensidade (figura acima). Quando os orifícios eram substituídos por estreitas fendas, essas manchas tornavam-se franjas de interferência, que eram mais bem visualizadas.
Esse experimento permitiu que Young entendesse melhor a difração e a interferência, interpretando a simetria das franjas e a variação da intensidade da luz nelas obtida
https://www.youtube.com/watch?v=sffRo1-_D8E
View the complete course: http://ocw.mit.edu/8-01F16
By A. EINSTEIN
September 27, 1905
https://www.fourmilab.ch/etexts/einstein/E_mc2/e_mc2.pdf
Sirius, o maior e mais complexo laboratório brasileiro
https://www.youtube.com/watch?v=lbxOSSUkgv0