Gastronomia Ovar

Vinho Tinto Mouchão

O Mouchão é uma das vinícolas mais emblemáticas de Portugal e continua em posse da mesma família há mais de 150 anos. Em 1825, o britânico Thomas Reynolds estabeleceu-se na cidade do Porto como negociante de vinhos para a Inglaterra. Algumas décadas depois, um dos seus filhos, Robert Hunter Reynolds, envolveu-se no negócio e adquiriu um número razoável de propriedades alentejanas, dentre elas a Herdade do Mouchão.

Os anos se passaram e, em 1870, as primeiras vinhas foram fincadas na propriedade. Pouco tempo depois, os Reynolds plantaram as primeiras mudas da casta Alicante Bouschet em Portugal, uva de origem francesa, mas que encontrou seu terroir ideal no Alentejo.

O Mouchão, até os dias atuais, produz os melhores frutos de Alicante Bouschet em todo o mundo. Na década de 1890, a família Reynolds iniciou a construção de edifícios dedicados à viticultura, com a finalização do espaço dedicado à Adega ocorrendo entre 1901 e 1904.

Caldeirada de peixe e enguias

O hábito de aproveitar os peixes dos rios e valas foi sendo perpetrado pelas gentes do concelho da Figueira da Foz. As redes para pescar as enguias eram deixadas nas valas e depois recolhidas. Com o proveito da pescaria, em casa preparavam-se as enguias essencialmente de quatro formas: em caldeiradas, em ensopados, fritas e ainda grelhadas, servidas com salsa picada e vinagre.

Em armazéns de Lavos, as mulheres vendiam os cambos de enguias. Um conjunto delas era enfiado em arames e colocados em cestos de junco. Na década de cinquenta do século passado, Maurício Pinto e Raimundo Esteves descreviam as pescarias no Mondego: “arranja-se um bom barqueiro destes que já têm brancas na cabeça e sabem do seu ofício a valer.

Aluga-se por preço módico uma bateira por um dia (…). Larga-se cedo da doca. Sobe-se o Mondego, até à confluência do Rio Pranto. Quando o barqueiro determinar, para-se e fazem-se uns cercos ao peixe. As senhoras e cavalheiros aprendem a pescar à linha (…).

Arranjam-se uns robaletes, solhas, tainhas, o que vier à rede ou ao anzol – tudo é peixe (…) Ou então, enfia-se a gente num carro, e vai-se até aos Armazéns de Lavos, um pouco além da Gala, do outro lado do rio. Ali se encomenda uma caldeirada de enguias. Só eles a sabem fazer!” (Pinto, Esteves, 1951).

Pão de Ló de Ovar

O fabrico, até ao final daquele século, era artesanal. A massa era batida à mão durante duas horas, em alguidares de barro vermelho com uma pá de madeira, e cozido em formas forradas com papel de linho branco, em fornos de lenha aquecidos com pinhas ou ramos secos.

Para testar a temperatura do forno, era utilizada uma vara comprida, levando na extremidade uma tira de papel de linho branco, devendo permanecer no interior do forno durante o tempo de orar um pai-nosso, ocasião em que se invocava uma boa cozedura. Uma forma de tamanho médio consumia um arrátel de açúcar. Era tradição ainda que as pessoas da vila fornecessem ovos, açúcar e farinha de trigo, levando para si as claras restantes e pagando o chamado "feitio de fabrico".

Para o transporte dos pães de ló, eram utilizados cestos ou tabuleiros utilizados exclusivamente para esse fim, guarnecidos por panos de linho bordados.

O Pão de Ló de Ovar ganhou nome no contexto da doçaria tradicional do País, graças à qualidade do produto e à sua progressiva comercialização, em tempos e mercados mais amplos.