12.º J

Portugal: O Estado Novo

Da Crise da República à Ditadura Militar



O triunfo do republicanismo em 5 de outubro de 1910, criou esperanças de resolução dos graves problemas económico-financeiros e sociais do país. Todavia, tal não se viria a confirmar, muito pelo contrário, esses problemas agravaram-se.





     Deste modo, a dívida pública não parava de aumentar.

2.  A instabilidade política: 


Logo no início da República vieram ao de cima as divergências dentro do Partido Republicano, provocadas pelas ambições pessoais de chegar ao poder e pelas diferenças ideológicas que existiam dentro do mesmo, representando desde cedo sinais de instabilidade.

A Constituição de 1911, tinha instaurado um regime parlamentar, atribuindo ao Congresso da República elevados poderes, o que contribui para uma forte instabilidade governativa. 

De facto, o Congresso era o órgão político com maior preponderância: a ausência de maiorias fazia com que os governos caíssem rapidamente. 

Em 16 anos houve 7 eleições gerais para o Parlamento, 8 Presidentes da República e 45 governos! Os Presidentes da República também eram derrubados (até 1926 só por uma vez um Presidente cumpriu todo o mandato). Deste modo,  as lutas político- partidárias acentuaram-se com a fragmentação do Partido republicano.


Nesta conjuntura, os governos republicanos deixavam transparecer uma cada vez maior inoperância em resolver os problemas do país.  Deste modo, ocorrem diversos golpes na tentativa de pôr fim à I República.

Em 1917, deu-se um golpe apoiado pelas forças conservadoras lideradas por Sidónio Pais, que derrubou o governo de Afonso Costa e instaurou a "República Nova".

Este vai destituir o presidente da República, Bernardino Machado, dissolver o Congresso e suspende e altera por decreto algumas normas da Constituição de 1911.

Contudo um ano após subir ao poder é assasinado.

Os monárquicos quiseram aproveitar-se da desagregação dos partidos republicanos durante o governo sidonista e instituíram a “Monarquia do Norte” que vigorou por  25 dias, proclamada no Porto, em 1919, levada a cabo por Paiva Couceiro.

3.  A instabilidade social


As dificuldades económicas, financeiras e a instabilidade política criaram condições para um quadro social de agitação e protesto


Desde o início da República que vários setores da sociedade se mostravam descontentes – principalmente os adeptos da monarquia e os membros do clero, dado que o laicismo da República, assente na separação do Estado e da Igreja, gera o anticlericalismo. No entanto, mesmo os setores sociais que haviam depositado esperanças na República, mostravam-se profundamente desiludidos com a evolução do país e com a incapacidade dos republicanos para resolver os problemas: o desemprego, a inflação e a desvalorização monetária que faziam aumentar o custo de vida, agravando as condições de vida das classes médias e do proletariado.


A agitação social estava patente nas manifestações e greves que se sucediam a ritmo elevado, adquirindo também contornos violentos nomeadamente atos de violência, como por exemplo, os assaltos e os atentados bombistas.

Perante o grave cenário político, económico e social do país durante a I República levantaram-se vozes a pedir um governo forte, autoritário, capaz de repor a ordem, o que desponta greves e outras manifestações de insatisfação, porém nem o movimento levado a cabo por Sidónio Pais, e, posteriormente Paiva Couceiro resolvem a conjuntura do país.

Deste modo, em 28 de Maio de 1926, através de um golpe militar, chefiado pelo general Gomes da Costa, dá-se o fim da Primeira República e instaura-se um regime de ditadura militar.

O Golpe militar de 1926 contou com o apoio de amplos setores da sociedade, nomeadamente dos monárquicos, católicos, tradicionalistas, nacionalistas e alguns republicanos. 

Da Ditadura Militar ao Estado Novo

O golpe militar de 28 de maio de 1926, que colocara os militares no poder, instaurando uma ditadura militar que se manteve até 1933, não acabou com a instabilidade política, social e económica do país. 

Politicamente impreparados e com acentuadas divergências (ocorreu uma sucessiva mudança de chefes do executivo, desde o comandante Mendes Cabeçadas aos generais Gomes da Costa e Óscar Carmona), os militares davam sinais de que não cumpririam com a promessa de “regenerar a pátria” (Portugal) e lhe devolver estabilidade, resultando, por conseguinte, no agravamento do défice financeiro.


Neste contexto, o Presidente da República, Óscar Carmona, convidou o professor de economia da Universidade de Coimbra António de Oliveira Salazar, em 1928, para o cargo de Ministro das Finanças


Com poderes para superintender (agir e dirigir) nos orçamentos  dos vários ministérios, Salazar implantou uma política de forte austeridade e controlo da despesa pública.


Gradualmente, aumentaram os impostos, para subir as receitas. Desta forma, equilibrou-se o orçamento e eliminou-se o défice público. Deste modo, Salazar é considerado o autor de um verdadeiro “milagre”, dado que pela primeira vez após um período de 15 anos, Portugal apresenta um saldo orçamental positivo, ganhando, por isso, grande prestígio. Não admira, por isso, que em 1932, seja nomeado chefe do governo ou presidente do conselho

Documento:  Discurso proferido na sala do Conselho de Estado, em 27 de Abril de 1928, no ato da posse de Ministro das Finanças. 

“Agradeço a V. Exª. o convite que me fez para ocupar a pasta das Finanças (…). Não tomaria (…) sobre mim esta pesada tarefa, se não tivesse a certeza de que ao menos poderia ser útil à minha nação, e de que estavam asseguradas as condições dum trabalho eficiente (…). Sei muito bem o que quero e para onde vou, mas não me exija que chegue ao fim em poucos meses. No mais, que o País estude, represente, reclame, discuta, mas que obedeça quando se chegar à altura de mandar. [...] ” 

(Discurso adaptado)

Deste modo, Salazar não escondeu o seu intuito de instaurar uma nova ordem política, pelo que criou entre 1930 e 1933 um conjunto de estruturas institucionais e diplomas, que irão constituir os alicerces do novo regime:

Ato Colonial (1930)

Este documento reafirmava a missão civilizadora de Portugal nos territórios ultramarinos e a dependência das colónias face à metrópole 

União Nacional (1930)

A União Nacional viria a transformar-se no único partido autorizado. 

Estatuto do Trabalhado Nacional (1933)

O Estatuto do Trabalho Nacional é inspirado na Carta do Trabalho italiana, este abriu caminho para a organização corporativista. Este diploma estipulava que, nas várias profissões da indústria, do comércio e dos serviços, os trabalhadores se deveriam reunir em sindicatos nacionais e os patrões em grémios. 

Constituição de 1933 

A Constituição de 1933 foi submetida a plesbicito nacional.  Esta  foi um veículo fundamental para a instauração da ditadura do Estado Novo. 

Secretariado da Propaganda Nacional (S.P.N)- 1936 (liderado por António Ferro)

Documento:  Os pilares do Estado Novo 


“O movimento imposto pela opinião pública e realizado pelo Exército e pela Armada em 28 de maio de 1926 tendia a proscrever definitivamente o liberalismo, o individualismo e as lutas partidárias e sociais. Mas a transformação da vida dum país, tão desorganizado como estava o nosso, embora dependa, em alto grau, de se conseguirem melhores condições económicas e financeiras, tinha de ser dominada por nova ideologia política, jurídica e social que tivesse a eficácia de destruir ou corrigir as anteriores [...]. Essa doutrina foi criada no período ditatorial, e está consubstanciada na constituição, no Ato Colonial, [...] no estatuto do trabalho nacional e no programa da União [Nacional].”


Discurso de Salazar (adaptado) na sessão inaugural do I Congresso da União Nacional,

Sala Portugal da Sociedade de Geografia de Lisboa,

28 de maio de 1934

Era, por isso, o início de um novo sistema governativo, dando-se, por conseguinte, a adoção do modelo fascista- o Estado Novo, regime de forte cariz fascista, do qual sobressaíram o forte autoritarismo do Estado e o condicionamento das liberdades individuais aos interesses da nação.


Salazar repetindo persistentemente os slogans de um “Estado forte” e de “Tudo pela Nação, nada contra a nação” (semelhante ao slogan de Mussolini "Tudo no Estado, nada contra o Estado e nada fora do Estado") este repudia o liberalismo, a democracia e o parlamentarismo proclamando o carácter autoritário, corporativo, conservador e nacionalista do Estado Novo.  A concretização do seu ideário político efetuou-se por meio de estruturas político- institucionais inspiradas nos modelos fascistas, particularmente do italiano.

O Estado Novo: Princípios Ideológicos

Conservadorismo e Tradição: 


O Estado Novo, diverge entre os demais fascismo, pelo seu carácter profundamente conservador e tradicionalista, voltando costas à modernidade.





Regime Autoritário: a recusa do liberalismo, da democracia e do parlamentarismo


O Estado Novo afirmou-se antiliberal, antidemocrático e antiparlamentar, caracterizando-se pela supressão das liberdades individuais e recusa da soberania popular enquanto fundamentos da sua legitimidade

Contrariamente ao liberalismo e à democracia que se afirmam defensores dos direitos dos indivíduos, Salazar considera que a Nação representa um todo e não um conjunto de indivíduos isolados/singulares, ou seja, acima do indivíduo está a coletividade, a grandeza da Nação. 


Deste pressuposto resultaram duas consequências fundamentais:


Tendo presente a instabilidade política da Primeira República, provocada pelas divisões partidárias e pela supremacia do poder legislativo, Salazar declarou-se opositor da democracia parlamentar.



Pelo que, a Constituição de 1933 reconheceu:




Salazar encarna na perfeição a figura de Chefe Providencial (chefe por direito divino que não deve ser questionado), intérprete supremo do interesse nacional. 


« (...) Autoridade e liberdade são dois conceitos incompatíveis… Onde existe uma não pode existir a outra …

[…] Autoridade absoluta pode existir, liberdade absoluta não existe nunca. […]

Entreguemos, pois, a liberdade à autoridade, porque só ela a sabe administrar (...) e defender.»


Legenda: Citação do livro “Salazar: O Homem e a Sua Obra", da autoria de António Ferro, 1982, pp. 96 e 97.

Culto ao Chefe

Tal como em Itália, a consolidação e o fortalecimento do Estado Novo passa-se pelo culto do chefe, que fez de Salazar o “salvador da pátria”

Porém, Salazar contrariamente a Mussolini, transmite uma imagem caracterizada pela discrição, a austeridade e a moralidade, vejamos que Salazar:

Além disso Salazar era apresentado pela propaganda do regime como o “Guia da Nação”, sendo que a sua imagem estava presente em todos os lugares públicos.

Legenda: Salazar, “Salvador da Pátria”, 

postal de autoria anónima, 1935. 

Nacionalismo


O Estado Novo caracterizou-se também pelo nacionalismo exacerbado, este procurou exaltar  os valores nacionais, os heróis do passado (época dos descobrimentos, formação da nação…), e a cultura nacional


Salazar fez dos portugueses um povo de heróis,  dotado de qualidades civilizacionais ímpares.  Estes valores eram transmitidos na escola, para formar consciências identificadas com a tradição, a obediência, o respeito pela autoridade e o patriotismo.

«Não discutimos a Pátria, quer dizer, a Nação na sua integridade territorial e moral, na sua independência, na sua vocação histórica… Sem receio colocámos o nacionalismo português na base indestrutível do Estado Novo; primeiro, porque é o mais claro imperativo da nossa História; segundo, porque é inestimável factor de progresso e elevação social; terceiro, porque somos exemplo vivo de como o sentimento pátrio, pela acção exercida em todos os continentes, serviu o interesse da Humanidade.»


Legenda: Discursos, Vol. II, 1937, p. 130. (1936)

Corporativismo


O Estado Novo negou o divisionismo fomentado pela luta de classes à luz da ideologia marxista, propondo, por conseguinte, o corporativismo como modelo de organização social, económica e política. 


O Corporativismo consiste numa forma de organização socioeconómica que defende a constituição de corporações de trabalhadores, patrões e serviços, que procuram conciliar os seus interesses de modo a promover a ordem, a paz e a prosperidade, o bem-estar geral, sendo que estas organizações estavam subordinadas às diretrizes do Estado. 


Objetivos das corporações:


As corporações incluíam:


A Lição de Salazar: " Com o Estado Novo Corporativo inicia-se uma era de dignificação e de trabalho e de justiça social "

O corporativismo promovia, assim, a harmonia social, aspecto que se opunha ao clima de confrontação social da 1ª República, permitindo uma nova ordem, a justiça social e o progresso de todas as camadas da população. 

O enquadramento das massas: o Estado Novo enquanto um estado doutrinador

A longevidade do Estado Novo pode-se explicar-se pelo conjunto de instituições e organizações repressivas que conseguiram enquadrar as massas e obter a sua adesão ao projeto do regime. No geral estas organizações anulam e silenciam os opositores ao regime, retirando-lhes os direitos e as liberdades individuais.

Organizações criadas: 



Deste modo, Salazar, com o intuito de perseguir sobretudo os comunistas e anarquistas, criou organizações milicianas, nomeadamente a Mocidade Portuguesa (de modo a formar os jovens a nível ideológico) e a Legião Portuguesa (milícia armada).

No que consiste a Mocidade Portuguesa? 

É uma Organização de carácter milicial dirigida às camadas mais jovens da população, sendo criada por decreto em 1936, tendo a sua secção feminina sido criada um ano mais tarde sob a direção da Obra das Mães pela Educação Nacional.

A Mocidade Portuguesa é de inscrição obrigatória, e destinava-se a crianças entre os 7 e os 14 anos de idade, escolarizadas ou não, e a frequência das suas atividades tinha carácter, também, obrigatório. 

Esta organização tinha como intuito ideologizar a juventude, incutindo-lhes valores nacionalistas e patrióticos do Estado Novo. 

A partir dos 7 anos, os rapazes entravam para os Lusitos, aos 10 para os Infantes a que se seguiam os Vanguardistas, dos 14 aos 17, e finalmente os cadetes. 

No que consiste a Legião Portuguesa

É uma Organização miliciana portuguesa criada em 1936 e que perdurou até ao 25 de abril de 1974.

A Legião Portuguesa, era destinada a defender o património espiritual da nação, o estado corporativo e a conter a ameaça bolchevista, esta dependia dos ministérios do Interior e da Guerra. A sua criação favoreceu a subordinação do Exército ao Estado Novo. A Legião estendeu a sua organização aos diversos distritos, onde era chefiada por um comandante distrital.

  4.  A escola portuguesa ao serviço do Estado Novo: 



Taxa de analfabetismo em Portugal, Espanha, Itália e França

  5Fundação para a Alegria no Trabalho (FNAT)


Em 1935, surgiu a Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho (FNAT) que tinha como função controlar os tempos livres dos trabalhadores providenciando:


Documento: Decreto-lei n.º25 495, 13 de junho de 1935


A organização corporativa da Nação não deve limitar os seus objetivos ao campo das preocupações de ordem meramente material. [...] Sem um intenso movimento de espiritualização da vida e sem um forte apelo aos valores morais, a obra do Estado Novo poderia renovar materialmente a face da terra portuguesa mas não seria conseguida a sua vitória mais alta: a transformação profunda da nossa mentalidade [...]. 

Tudo, por consequência, que possa concorrer para acarinhar a existência das camadas mais modestas da população e diretamente fortalecer, educar e distrair o corpo e o espírito dos que trabalham deve ser olhado com o cuidado especial que a preparação do futuro nos impõe. [...] 

O decreto que ora se publica tem por fim aprovar os estatutos da Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho, cujos objetivos consistem essencialmente em "aproveitar o tempo livre dos trabalhadores portugueses de forma a assegurar-lhes o maior desenvolvimento físico e a elevação do seu nível intelectual e moral".


Artigo completo: https://files.diariodarepublica.pt/1s/1935/06/13400/08570859.pdf 

  6Foi também criada, em 1936, uma organização de enquadramento das mulheres – a Obra das Mães pela Educação Nacional (OMEN).


Esta era destinada à formação das “futuras mulheres e mães” – de modo a difundir o papel da mulher como mãe, zelosa da família e das tarefas domésticas e esposa obediente ao marido (chefe na família).

O Aparelho Repressivo do Estado Novo: 

A autoridade do regime do Estado Novo era mantida por um poderoso aparelho repressivo subordinando, consequentemente, os interesses dos indivíduos aos interesses do Estado. 

A Censura Prévia

"O lápis azul":

A expressão "lápis azul" simboliza a censura durante a época em que vigorava o regime ditatorial em Portugal. 

Os censores do Estado Novo usavam um lápis azul nos cortes de qualquer texto, imagem ou desenho a publicar na imprensa. 

O "lápis azul" servia para os censores decidirem o que devia ser noticiado ou divulgado. 

Os cortes eram justificados como um meio de impedir e limitar tentativas de subversão e difamação.


Deste modo, a Censura Prévia, exercia uma rigorosa vigilância sobre todas as produções intelectuais, escritas ou audiovisuais, eliminando palavras, imagens ou ideias consideradas contrárias à ideologia do regime, deste modo a censura atuou sobre todos os meios de comunicação, nomeadamente a imprensa, o teatro, o cinema, a rádio e, posteriormente a televisão.

- Dentro do período eleitoral, que, mais tarde ou mais cedo, há de naturalmente seguir-se à promulgação da Constituição, será permitida a propaganda livre das ideias? Não terá chegado o momento, por exemplo, de acabar com a censura? 

- Eu compreendo que a censura os irrite - responde-me o Dr. Salazar - porque não há nada que o homem considere mais sagrado do que o seu pensamento e do que a expressão do seu pensamento. Vou mais longe: chego a concordar que a censura é uma instituição defeituosa, injusta, por vezes, sujeita ao livre arbítrio dos censores [...].

- Porque não a revoga, nesse caso?

- Não o fazemos pelas razões que lhe direi [...]. Não é legítimo, por exemplo, que se deturpem os factos, por ignorância ou por má-fé, para fundamentar ataques injustificados à obra de um Governo, com prejuízo para os interesses do País. [...] A nossa imprensa [...] oferecia-nos, por vezes, nalguns dos seus órgãos [...]: intrigas, insultos, insinuações, pessoalismos, provincianismo, baixa intelectualidade. Ora, o jornal é o alimento espiritual do povo e deve ser fiscalizado como todos os alimentos. (....)”


Legenda: Entrevista de António Ferro a Salazar, Diário de Notícias, 

20 de dezembro de 1932.

Polícia Política: 

PVDE:  Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (1933-1945)

Embora a polícia política já tivesse sido criada anteriormente em Portugal a quando da Ditadura Militar (1926-1933) e a violência já fosse uma das características da atuação desta e de outras forças policiais, foi a partir do regime de Salazar, chegado à chefia do governo em 1932, e em particular desde 1933, com a criação da Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE), que a Ditadura portuguesa - Estado Novo- se muniu verdadeiramente desse instrumento para vigiar, reprimir e neutralizar os seus principais adversários políticos. 

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À PVDE, polícia política com competência nacional, competia-lhe investigar atividades de carácter político e social, deste modo esta tinha como funções:

Entre os seus principais métodos de atuação, contaram-se desde sempre a detenção política preventiva, para “investigar” através da tortura os presos políticos portugueses. 

A PVDE utilizou sobretudo as torturas físicas e os espancamentos, acompanhados da tortura da “estátua”, em que o detido era obrigado a estar de pé ou voltado para a parede, sem a tocar e de braços estendidos – a posição de “Cristo” – durante longas horas. Quando o preso se deixava cair, os pontapés atingiam-no em todas as partes do corpo. 

Contudo, a polícia assim constituída, apresentava diversas fragilidades, tais como impreparação técnica dos seus quadros, insuficiente cobertura do território e ausência de meios técnicos de comunicação

A PVDE- a história de Álvaro Cunhal: 

Álvaro Cunhal  foi um político e escritor português, conhecido por ser um opositor ao Estado Novo, e ter dedicado a vida ao ideal comunista e ao Partido Comunista Português (PCP) .

Este contou que, na primeira vez em que foi preso pela PVDE, foi colocado, algemado, no meio de uma roda de agentes, que o espancaram a "murro e pontapé". Depois, descalçaram lhe os sapatos e deram-lhe violentas pancadas nas plantas dos pés. Quando o levantaram, obrigaram-no a marchar sobre os pés feridos e inchados, ao mesmo tempo que voltaram a espancá-lo. Isto repetiu-se por numerosas vezes, durante largo tempo, até que perdeu os sentidos, ficando cinco dias sem praticamente dar acordo de si. 

https://visao.pt/atualidade/politica/2013-11-08-alvaro-cunhal-ohomem-que-recusou-ser-comumf756581/#&gid=0&pid=1 

PIDE:  Polícia Internacional e de Defesa do Estado

Em 1945, terminada a Segunda Guerra Mundial, inicia-se a Guerra Fria e Salazar substitui a PVDE por um organismo centralizado, de âmbito nacional, dotado de amplos poderes e meios técnicos, humanos e financeiros. 

A nova polícia política, chamada PIDE, continuou a missão de defender o regime contra as diversas oposições que lhe pudessem fazer frente.

A função desta polícia era perseguir, prender e interrogar qualquer individuo que fosse visto como inimigo à ditadura salazarista.

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Que métodos utilizava a PIDE?

DGSDireção Geral de Segurança

Com a subida ao poder de Marcelo Caetano, em 1968, a imagem deste organismo policial tinha uma reputação amarga perante o povo português, levando o recente ditador a dissolver a PIDE.  Mais tarde, a 24 de Novembro de 1969, foi oficialmente criada a DGS (Direção-Geral de Segurança) que manteve as mesmas funções da antiga PIDE.

As Prisões políticas: 

Os opositores ao regime, quanto detidos, sem culpa formada e sem mandato, eram levados para prisões políticas tristemente célebres em Portugal como a de Caxias e de Peniche, ou o campo de concentração do Tarrafal, na ilha de Santiago, no arquipélago de Cabo Verde. Nestes locais eram muitas vezes vítimas de tortura física e psicológica, privação de sono, isolamento, más condições alimentares, higiénicas e de saúde, o que levava muitas vezes à sua morte. 

Prisão política do Forte de Caxias 

Prisão política de Peniche

Campo de concentração do Tarrafal/ Cabo Verde

A “frigideira”, campo de concentração do Tarrafal: 

Pedro Martins, um preso político caboverdiano, descreve a frigideira como:

"Um pequeno bloco de forma retangular feito de betão com seis metros de comprimentos por três de largura e três de altura dividida em duas partes de forma a obter duas celas. A única porta que possuía era forma de porta de navios com uma dimensão de 1,70 X 0,60 metros, com duas ordens de buracos de meia polegada e uma fresta divisória de 50 centímetros de comprimentos por cima da porta. Este espaço foi construído de uma forma estratégica longe de qualquer ponto de sombra. A temperatura variava entre 50 a 60 graus de tal modo, que a transpiração dos presos saia do corpo como uma gordura de toucinho na brasa".

Em síntese, o Estado Novo assentava em vários princípios ideológicos:










O Estado Novo: uma economia submetida aos imperativos políticos

O autoritarismo do estado novo e a conjuntura depressiva dos anos 30 convergiram no abandono das políticas económicas liberais. Deste modo, o país enveredou por um modelo económico fortemente intervencionista e autárcico

Para Salazar o fomento da economia deveria ser orientado e levado a cabo pelo estado sujeitando todas as atividades económicas aos interesses da nação, o que foi consagrado no artigo 31.º da Constituição de 1933: “ O estado tem o direito e obrigação de coordenar e regular superiormente a vida económica e social”, por isso, o Estado submeteu a produção e a gestão da riqueza nacional aos interesses do mesmo. 

Assim, foi abandonado totalmente o liberalismo económico, adotando-se um modelo económico dirigido totalmente pelo Estado – protecionismo e intervencionismo, tendo em vista a autossuficiência (autarcia) e a afirmação do nacionalismo económico

A estabilidade financeira

Salazar deu principal enfoque à estabilidade financeira. Aquando do cargo assumido por Salazar como ministro da pasta das finanças políticas foi criado um conjunto de medidas rigorosas No que diz respeito aos gastos públicos, os diversos ministérios foram submetidos a um controlo por parte do mesmo. 

Sob o lema de diminuir as despesas e aumentar as receitas orçamentais, Salazar conseguiu nos anos seguintes, o tão desejado equilíbrio orçamental, através da criação de novos impostos para aumentar as receitas.

Novos impostos: 


Além disso, aumentaram-se as tarifas alfandegárias sobre as importações, o que se relacionou com a redução das dependências externas, ditada pelo regime de autarcia, de modo a atingir a autossuficiência do Estado.

Durante a 2ª Guerra Mundial, Salazar optou pela neutralidade: evitava despesas com a guerra (tão prejudiciais à República a quando da Primeira Guerra Mundial) e podia aproveitar para acorrer às necessidades dos países envolvidos no conflito (aumentando as exportações) – do volfrâmio, dos têxteis, das conserva. As reservas de ouro atingiram números significativos, permitindo a estabilidade monetária.

A estabilidade financeira, apelidada de “milagre”, exalta o êxito do Estado Novo, conferindo-lhe uma imagem de credibilidade e de competência governativa.

"A Lição de Salazar" relativa às finanças:

 

"Graças à restauração financeira, iniciada em 1928, os títulos do estado e a moeda portuguesa fortes pela modelar administração e pelas reservas de ouro , são hoje dos mais acreditados no mundo"

À desorganização económica e financeira da 1ª República sucede a organização financeira imposta pelo Regime Salazarista. 

A defesa da ruralidade

O Portugal dos anos 30 viveu um exacerbado ruralismo. Sabemos que o ideário conservador do Estado Novo repudiava o mundo urbano, em oposição este regime era um acérrimo defensor do mundo rural, porque nele se preservava o que de melhor tinha o bom povo português. 

Salazar via na agricultura uma das atividades mais poderosas para alcançar a autossuficiência, lançando um conjunto de medidas para fomentar o setor

Esta última medida foi a que teve mais impacto, permitindo a autossuficiência do país, forneceu a produção de adubos e de maquinaria agrícola criando, por conseguinte, postos de trabalho a milhares de portugueses. O Estado protegia os proprietários, ficando com a produção e protegendo a produção nacional dos produtos estrangeiros (aumento das taxas alfandegárias para esses produtos- protecionismo).

Legenda: A Propaganda- Através dos ministérios da Agricultura e da Economia, o Estado Novo lança, nos anos 30, sucessivas campanhas agrícolas e pecuárias para incrementar a produção e fazer diminuir a dependência alimentar externa.

O condicionamento industrial:  a indústria não era uma prioridade !

Os primeiros anos do regime foram marcados por uma fraca aposta na indústria, não constituindo prioridade para o Estado. O débil crescimento industrial pode-se explicar pela política de condicionamento industrial (1931-1937): todas as iniciativas industriais deveriam enquadrar-se num modelo definido pelo Estado.

No I Congresso da Indústria Portuguesa, realizado em 1933, Salazar, lembrava aos empresários que as suas iniciativas se devem enquadrar num modelo cujas linhas de força competia ao Estado definir. 

Deste modo, qualquer indústria necessitava da autorização prévia do Estado para se instalar, reabrir, efetuar ampliações, mudar de local ou até para comprar máquinas…! 

O condicionalismo industrial, reflete o dirigismo económico do Estado Novo, tratava-se de um política conjuntural anticrise, destinada a garantir o:

Todavia, não nos podemos esquecer que este condicionamento industrial se enquadra no caráter ruralista, anti-urbano e anti-industrial do Estado Novo. 

Consequências do condicionamento industrial:

O programa das obras públicas:

Levado a cabo pelo Estado Novo, recebeu um impulso notável com a Lei de Reconstituição Económica (1935). Salazar enveredou por uma política de grandes obras públicas, com o intuito de transmitir a imagem de um país moderno, impulsionar o desenvolvimento económico e reduzir o desemprego. 

Assim, o país começa a construção de obras públicas:

Criação de um conjunto de infraestruturas: 

Avenida João XXI 

Construção da Gare Marítima de Alcântara 

" Não havia portos que satisfizessem as exigências da economia nacional ou que ao menos servissem de apoio à rude faina dos nossos pescadores. Está a construí-los o Estado Novo, e já os maiores transtlânticos do mundo podem acostar aos cais de Portugal"

Esta Lição do professor Salazar destinava-se a glorificar a obra feita até então pelo mesmo, desde o campo económico-financeiro às obras públicas como os portos (mais uma manobra de propaganda). 

"Do abandono dos serviços públicos, e das ruínas, sinais de desordem e de miséria, o Estado Novo ao mesmo tempo que edifica faz renascer o património artístico e histórico da Nação! "

A obra do Estado Novo foi então glorificada neste cartaz, no qual se salienta a ação do ditador no sentido de desenvolver o país, ao mesmo tempo que o pacificava em termos sociais – comprovando a sua imagem de salvador da Pátria. 

Nascimento do bairro de Alvalade 

Construção do Hospital de Santa Maria, Lisboa 

Criação de Equipamentos Públicos

Deu-se um desenvolvimento dos meios de comunicação: 

Inauguração da rede telegráfica elétrica em Portugal 
Pavilhão das Telecomunicações na Exposição do Mundo Português

O telefone em Portugal

A Política Colonial:

As colónias desempenharam um duplo papel durante o Estado Novo: 

O Ato Colonial de 1933:


O Ato Colonial insistiu na fiscalização da metrópole sobre os governadores coloniais e no estabelecimento de  um regime económico de tipo “pacto colonial”, segundo o qual caberia às colónias o papel de mero fornecedor de matérias-primas e de compradoras dos produtos nacionais permitindo o escoamento dos stocks. 

Capa de revista Portugal Colonial, nº15,  maio de 1932  

As populações locais, tidas como inferiores, deveriam contar com a missão civilizadora dos portugueses. Muito embora o Estado tomasse medidas para defender as populações nativas tomasse medidas para as defender de uma exploração esclavagista (escravos), a verdade é que o número de “assimilados” sempre foi diminuto. 

O Estado Novo procurou:

Para isso, promoveu congressos, conferências e exposições que servem de propaganda. Entre as quais: 

Boletim Ultramar órgão oficial da I Exposição Colonial. Porto. 10, 15 de Junho de 1934. 

Exposição do mundo português a 1940 em Lisboa

Documento: O Ato Colonial

TÍTULO I, art. 2. - É da essência orgânica da Nação Portuguesa desempenhar a função histórica de possuir e colonizar domínios ultramarinos e de civilizar as populações indígenas que neles se compreendam, exercendo também a influência moral que lhe é adstrita pelo Padroado do Oriente". (...] 

art. 3. - Os domínios ultramarinos de Portugal denominam-se colónias e constituem o Império Colonial.[...] 

TÍTULO II, art. 22.° - Nas colónias atender-se-á ao estado de evolução dos povos nativos, havendo estatutos especiais dos indígenas, que estabeleçam para estes, sob a influência do direito público e privado português, regimes jurídicos de contemporização com os seus usos e costumes individuais, domésticos e sociais, que não sejam incompatíveis com a moral e com os ditames de humanidade. I...] 

TÍTULO IV, art. 35.° - Os regimes económicos das colónias são estabelecidos em harmonia com as necessidades do seu desenvolvimento, com a justa reciprocidade entre elas e os países vizinhos e com os direitos e legítimas conveniências da metrópole e do Império Colonial Português.”

O projeto cultural do regime – a “Política do Espírito” 

A criação artística e literária estava fortemente condicionada pelos interesses do regime. Por isso, Salazar preocupou-se em impedir que eventuais excessos culturais colocassem em causa a coesão nacional e em dinamizar uma produção cultural que fizesse a propaganda dos ideais do regime.

Para isto, foi criado, logo em 1933, o Secretariado de Propaganda Nacional (dirigido por António Ferro), que tinha a função de incentivar as ações de propaganda do regime e definir os padrões a seguir na cultura e nas artes.

Deste modo, instituiu-se a censura sobre a produção cultural e concebeu-se a chamada “política do espírito”, um programa cultural, que foi instaurado pelo SPN, este visava elevar a mente dos portugueses e alimentar a sua alma, incutindo-lhes todos os ideias do regime. 

António Ferro e Salazar possuíam uma ideia muito precisa de cultura. Pretendiam-na arredada de preocupações decadentistas e dissolventes da unidade nacional. Pelo contrário, as artes e as letras deveriam propiciar uma "atmosfera saudável", inculcando no povo o amor à pátria, o culto dos heróis, as virtudes familiares, a confiança no progresso, ou seja, o ideário do Estado Novo.

O SPN desenvolveu um amplo programa de manifestações culturais, vigiadas pela censura, tendo em vista a regeneração do espírito português:

Destaque para a Exposição do Mundo Português, em 1940, a propósito da celebração da fundação da nacionalidade e da restauração da independência de 1640, manifestação imponente da grandeza do Império Português, para incentivar o orgulho nacional e para a Europa se deslumbrar.

Contudo, todo o investimento do Estado Novo e todo o empenho entusiástico de António Ferro sofreram um duro golpe com a derrota dos fascismos, em 1945 (com o fim da II Guerra Mundial). Perante a dificuldade de enquadrar as novas gerações de modernistas na ideologia do regime e agastado com as críticas à sua ação no SPN, Ferro abandonou aquele organismo em 1949. Para trás ficava o projeto grandioso de um português novo, o português "estado-novista".

Documento: A “Política do espírito”


“A Política do Espírito [...] não é apenas necessária, se bem que indispensável em tal aspeto, ao prestígio exterior da nação. Ela é também necessária ao seu prestígio interior, à sua razão de existir. Um povo que não vê, que não lê, que não ouve, que não vibra, que não sai da sua vida material, do Deve e Haver, torna-se um povo inútil e mal-humorado. A Beleza - desde a Beleza moral à Beleza plástica - deve constituir a aspiração suprema dos homens e das raças. A literatura e a arte são os dois grandes órgãos que precisam de uma afinação constante, que contêm, nos seus tubos, a essência e a finalidade da Criação. [..] Uma conclusão se tira: na França, na Itália, na Rússia, na Alemanha, na Inglaterra, nos próprios Balcãs, o Estado compreende a Política do Espírito e realiza-a, com largueza, protegendo, moral e materialmente, todas as iniciativas literárias e todas as iniciativas de Arte. E no nosso País? Que se tem feito? Que se faz? Que se espera fazer?”


Legenda: António Ferro, Diário de Notícias, 1932.

Salazar vai ao cinema - A “Política do Espírito” no Jornal Português 

O programa cultural do Estado Novo

A Exposição dos 14 anos de Política do Espírito, Lisboa, 1948

Pesquisas elaboradas por: Lara Abreu e Diana Monteiro.

Década de 50


Nível político:


A política nos anos de 1950 ficou marcada pelos conflitos entre os blocos capitalista e socialista. São exemplos: a Guerra Fria (1947-1991), a Guerra do Vietnã (1955-1975) e, no final da década, a Revolução Cubana (1959).


Os conflitos entre os Estados Unidos e a União Soviética (Guerra Fria), onde os Estados Unidos lutavam por um sistema capitalista e a União Soviética  que defendia o socialismo ganhava cada vez mais forças. Estas duas superpotências encontravam-se num conflito de ordem política, militar, tecnológica, econômica, social e ideológica. Foi também no decorrer dos anos 50 que foi assinado o Pacto de Varsóvia, isto é, em 1955 os países socialistas de leste aliam-se à União Soviética formando o bloco socialista.


Foi durante esta década que Portugal é admitido pela ONU, esta adesão só se concretizou em 1955 pois até então, a adesão tinha sido recusada dado o veto da União Soviética. Este veto inseriu-se no confronto político entre Moscovo e Washington do pós-guerra.  Foi durante os anos 50 que se criou a CEE (1957), Comunidade Económica Europeia que tem como finalidade a criação de um mercado europeu comum.

A Guerra Fria tentava mostrar ao mundo qual o melhor estilo de vida: o capitalista ou o socialista. Nesse aspecto, o ideal de conforto que o capitalismo e a sociedade de consumo esbanjaram era potencializado ao máximo. A própria vestimenta é influenciada por esse novo ideário de vida.

Além disto, e marcando fortemente a década de 50 deu-se a guerra colonial, também conhecida como Guerra de Libertação ou Guerra da Independência.

A Guerra Colonial Portuguesa é o nome que leva o conjunto de conflitos travados por Portugal contra as suas colônias asiáticas e africanas, em especial Angola, Guiné-Bissau e Moçambique. Esse conflito se deu porque as colônias africanas lutavam pela sua independência contra o domínio colonial europeu.

No caso de Portugal, esse conflito estendeu-se de 1961 até 1974, quando acabou a ditadura que vigorava no país desde a década de 1930. O encerramento do conflito resultou na conquista da independência de todas as colônias que os portugueses possuíam no continente africano.

Estima-se que nesses conflitos tenham morrido cerca de 10 mil militares portugueses, além de 45 mil pessoas entre civis e soldados dos países africanos envolvidos. Esse conflito também pode ser chamado de Guerra de Libertação (no viés africano) e Guerra do Ultramar (termo utilizado para velar a questão colonial).

Por fim, outro grande acontecimento foi o marcelismo. Marcelismo é um projeto político de Marcello Caetano, que substituiu Salazar na Presidência do Conselho de Ministros.  A sua tomada de posse ocorreu em 27 de setembro de 1968, prometeu aos mais liberais, reformas políticas, económicas e sociais e, aos mais conservadores, a manutenção da guerra colonial. Assim, Marcelo Caetano mostrou-se persistente na «defesa dos interesses das populações brancas» residentes nas colónias, denunciando os interesses internacionais da URSS, da China e de Cuba e mobilizando cada vez mais efetivos militares e armamentos, chegando a gastar quase metade das receitas do Estado. Apesar de reforçar a censura sobre as notícias da guerra, a reação interna contra esta aumentava entre os estudantes, os católicos progressistas e o PCP, cujo braço armado, a ARA, chegou a sabotar material bélico.

No plano económico-social , Caetano concretizou políticas de modernização liberalizando o sistema corporativo e os sindicatos, e adotando medidas de assistência social, como a criação de centros de saúde, da Caixa de Previdência Rural e da ADSE.


Cultura e Sociedade nos Anos 50

A Guerra Fria trouxe várias consequências aos valores desta década, nomeadamente no âmbito da juventude. A este nível percebemos a “reconstrução” do “American Dream”, ou seja, neste período assiste-se a um retorno às formas tradicionais de vida, abaladas pela Grande Guerra. O antigo sonho americano passa a ser apresentado ao mundo como o “American way of life”, dessa vez suportado pelos avanços tecnológicos que o capitalismo podia oferecer. A guerra tentava mostrar ao mundo qual o melhor estilo de vida: o capitalista ou o socialista.

Padrões de beleza e moda:

Sobre o padrão de beleza, a década de 50 é marcada pelos corpos esquálidos, diferentemente daquele corpo da década anterior - marcado pelas curvas de Marilyn Monroe.


Agora, o padrão de beleza a ser alcançado é o de Brigitte Bardot, até 1957. 


Podemos observar  que a mulher está cada vez mais independente, mas além de bela e bem cuidada, ela ainda acumula a função de dona de casa, esposa e mãe. Com o fim da escassez do pós-guerra, a beleza pode ser considerada um tema importante pela indústria. Assim, era tempo de cuidar da aparência de modo sofisticado. Sem espanto, será durante os anos 50, a alta-costura e a indústria de cosmética se irão desenvolver sem precedentes. Daí, surge a moda colegial, inspirada no visual sportswear.


A TV e o cinema

Contudo, o ponto alto dessa década é a popularização da televisão. No Brasil, em setembro de 1950 é inaugurada a TV Tupi, o primeiro canal de televisão da América Latina. Já o cinema, seguindo o modelo norte-americano, difunde a moda do garoto rebelde, representada por James Dean. Os filmes mais populares são Cinderela (1950) e Peter Pan (1953).



Todos os temas da época decorrem da ficção científica e das viagens espaciais. Até mesmo os carros americanos serão inspirados na tecnologia espacial (grandes, baixos e compridos, luxuosos e confortáveis). Inclusive os diversos aparelhos eletrodomésticos criados, como a máquina de lavar roupas e o aspirador de pó, também seguem essa ideia.

Quanto aos avanços científicos, podemos destacar o primeiro transplante de órgão, em 1954; o desenvolvimento da primeira vacina de poliomielite, em 1955.

Em 1957 acontece o lançamento da nave Sputnik I, bem como o primeiro ser vivo em órbita da Terra (a cadela Laika) a bordo da Sputinik II.


Finalmente, é nessa década que surge o rock'n'roll nos Estados Unidos. A repercussão mundial esteve nas vozes de cantores como Elvis Presley, que começa a fazer sucesso em 1956 e outros, como Chuck Berry, Chubby Cheker e Bill Haley.

A nível económico:

Nos anos do pós-guerra, Portugal desenvolveu-se vigorosamente e transformou a sua economia numa moderna economia industrial. O país foi condecorado pelas organizações internacionais como um dos melhores exemplos do crescimento da "idade de ouro" das décadas de 1950 e 1960. O facto de os principais índices da estrutura institucional portuguesa do pós-guerra terem sido determinantes pelo regime que surgiu da revolução de 1926, é um dado necessário para compreender a experiência portuguesa e os seus contornos. Em Portugal, as turbulentas décadas europeias dos anos 1930 e 1940 administraram a mesma estrutura institucional da “idade de ouro” dos anos 1950 e 1960. Este facto trouxe à economia portuguesa uma grande coesão e harmonia de orientação. Mas, simultaneamente, eliminou muita flexibilidade e inovação. 



Década de 60:

A politica:

A política em Portugal durante a década de 1960 foi caracterizada pelo regime autoritário do Estado Novo, liderado então pelo presidente do Conselho de Ministros, António de Oliveira Salazar.

Durante essa época, Portugal passou por um período de estabilidade política e económica relativa, mas também caracterizado por um forte controlo estatal sobre a sociedade e um sistema repressivo contra as vozes dissidentes.

O Estado Novo era um regime de partido único, controlado pelo Partido Nacional do Bloco de Direita, que garantia o monopólio do poder político e a censura à imprensa e outras formas de expressão. As eleições realizadas sob esse regime eram consideradas pouco democráticas e altamente restritas, permitindo uma aparência de participação popular, mas sem garantir uma verdadeira oposição política ou uma escolha livre dos eleitores.

O Estado Novo também promoveu uma política colonialista, mantendo as antigas colónias portuguesas em África e reprimindo movimentos independentes nesses territórios, como o caso de Angola, Moçambique e Guiné-Bissau. Essa política colonial contribuiu para um prolongado conflito armado e para a instabilidade política naquelas regiões.

No final da década de 1960, surgiram alguns sinais de descontentamento e protesto contra o regime, principalmente entre estudantes e intelectuais. Esses movimentos de oposição começaram a ganhar força e serem mais ativos a partir dos anos 70, culminando na Revolução dos Cravos em 1974, que pôs fim ao regime autoritário e levou à democratização do país.


Cultura e sociedade:

Na cultura, houve um forte desejo de romper com o conservadorismo e a censura que caracterizavam o Estado Novo. Houve um grande interesse pela música e pela literatura estrangeira, e um maior acesso às produções culturais internacionais. A entrada na União Europeia, em 1986, abriu caminho para uma maior exposição à cultura estrangeira, incluindo o cinema, o teatro e a moda.

A nível musical, surgiram novos géneros e estilos, tais como o rock, o pop e a música folk. Artistas internacionais, como os Beatles e os Rolling Stones, começaram a ser ouvidos em Portugal e tiveram um grande impacto na juventude da época. Por outro lado, surgiram também várias bandas portuguesas, como os GNR e os Xutos & Pontapés, que ganharam popularidade ao longo da década.

Na literatura, houve um aumento da produção de obras mais críticas e contestatárias. O neorealismo, que já tinha tido um papel importante nas décadas anteriores, continuou a influenciar os escritores portugueses, que começaram a abordar temas mais polémicos, como a guerra ou a luta pela liberdade de expressão.

A nível social, a década de 60 foi marcada pelo aumento da emigração, devido à instabilidade política e económica em Portugal. Milhões de portugueses emigraram para países como a França, a Alemanha e o Brasil, em busca de melhores condições de vida.

A luta pela independência das colónias africanas, que conduziu à Revolução dos Cravos em 1974, também teve um impacto significativo na sociedade portuguesa. A guerra colonial, que foi vivida de forma intensa durante a década de 60, levou a uma inconformidade da sociedade, com muitos jovens a oporem-se à guerra e a exigirem a retirada das tropas portuguesas.

Em resumo, na década de 60, Portugal passou por profundas mudanças sociais e culturais, marcadas pela luta pela liberdade e pela contestação ao regime ditatorial. A abertura ao mundo e a influência de movimentos internacionais fizeram com que surgissem novas formas de expressão artística e uma maior consciencialização política.


A economia:

A Década de 60 foi, certamente, das mais importantes na história económica portuguesa, nos últimos duzentos anos. Corresponde ao período em que a economia portuguesa cresceu mais rapidamente.

Identificamos, nos Anos 60, fundamentalmente, três grandes acontecimentos económicos em Portugal:


O primeiro consiste na assinatura do acordo EFTA (Associação Europeia de Livre Comércio), o Tratado de Estocolmo, em 1959. Portugal era um país pluricontinental, pluriétnico e plurilinguístico, embora predominasse uma língua, o português, logo, defendia-se que Portugal deveria voltar, no final da sua evolução de cinco séculos, para o espaço atlântico e africano. A existência de um grupo de tecnocratas, que convencem Salazar a assinar um tratado de integração europeia (que era, ao fim e ao cabo, o que se tratava) é paradoxal. É uma contradição do país pois, estando este constitucionalmente orientado para o Ultramar, acaba por assinar o Tratado, pelo qual Portugal fazia parte da EFTA

Portugal entrou sem ser um país industrial. Por isso foi preciso um acordo especial, mediante o qual produtos como o vinho do Porto engarrafado, o vinho verde e algumas conservas foram considerados como produtos industriais. Concederam-se grandes facilidades aduaneiras a Portugal consentindo, também, a autorização de impor algumas restrições a produtos e até a investimentos estrangeiros, devido ao nosso atraso em relação aos outros países como a Áustria e a Suíça.


Portugal, em termos de nível de vida, estava extraordinariamente longe, quando em comparação com outros países, explicando as referidas protecções especiais.


 Portugal fica inserido numa rede de relações políticas que lhe é extremamente favorável. Contudo, essencialmente, o que Portugal beneficia são novos mercados onde o país ainda não tinha entrado, nomeadamente o mercado austríaco e os três mercados escandinavos. Simplesmente eram mercados ricos e, consequentemente, exigentes, o que foi vantajoso para Portugal, uma vez que a maior parte das nossas indústrias têxteis, por exemplo, estavam mais acostumadas a exportar para África, onde o grau de exigência da qualidade era relativamente pequeno, não sabendo exportar para países mais ricos.


Quando, confrontado com preços, Portugal sentiu a tentação de exportar para os países escandinavos e outros países da EFTA, onde lhes foram exigidas grandes modificações ao nível, principalmente, da qualidade do produto e do cumprimento de prazos. Como consequência foi introduzido em Portugal um mercado exigente, sendo este o ponto de partida para a maior disciplina dos produtores portugueses na época.


Por outro lado, a EFTA trouxe importantes investimentos a Portugal: investimentos beduínos, como eram conhecidos os suecos, para a indústria têxtil e de calçado, eram investimentos que exigiam capital fixo relativamente modesto, aproveitamento da mão-de-obra barata.


Existiram, ainda, investimentos mais sérios de médio e longo prazo, não só de escandinavos (finlandeses, noruegueses e suecos), como também de ingleses e de outros participantes, em indústrias mecânicas e químicas.


Portanto, Portugal saiu favorecido através de Investimentos (Directos) Estrangeiros que, de outra forma não beneficiaria. Beneficiou, igualmente, de auxílios directos. Tomemos como exemplo destas ajudas, o fundo de desenvolvimento EFTA. Esta organização teve um papel fundamental para Portugal no sentido político, no contexto da internacionalização da economia do país e no apoio ao desenvolvimento.


Como segundo grande acontecimento, de igual ou maior importância, aparece a Guerra Colonial, bastante poderosa na formação da história económica e social portuguesa. Expondo uma visão do que acontecia com o Ultramar, Portugal chegou a atingir, em determinadas épocas da Década de 60, 250 000 homens de guarnição ultramarina, sendo que a população estava, naquela altura contabilizada em cerca de 9 milhões de habitantes, o que representou um enorme esforço. Atualmente o país possui um exército de 38 000 homens.


Em primeiro lugar foi um esforço financeiro muito grande, 40% do orçamento. Ou seja, representava 40% das despesas que eram dedicados a defesa Nacional (tendo já sido aumentados os impostos), isto é, com o exército, a marinha e a aviação, com os transportes e os abastecimentos, para suportar as operações militares. É por esta altura que se nota que, as despesas de infra-estruturas em Portugal, nomeadamente na rede rodoviária, na rede de comunicações e no alojamento social, começam a ter uma proporção orçamental cada vez menor. Igualmente neste período, a economia portuguesa começa a ter um ritmo de crescimento, embora formidável, menor que o da economia espanhola devido, essencialmente, a construção de infra-estruturas físicas e de comunicação que, entretanto, acelerava em Espanha, ao contrário de Portugal. Nos anos 50 as estradas portuguesas eram consideradas as mais bonitas da Europa. Nos Anos 60, dez anos depois, o país afastou-se deste estatuto, principalmente em relação a Espanha.


Existiam constantes atrasos no cumprimento de prazos na construção das diversas infra-estruturas, um défice orçamental que, curiosamente, nunca surgia a público porque, segundo a definição “Salazarista”, no défice da estrutura orçamental, os empréstimos feitos por emissão de títulos públicos eram contados como receitas, e não como despesa. Não havia, então, défice por emissão de dívida, como é tecnicamente correto e considerado atualmente. O défice estava um pouco disfarçado, mas existia e, sem dúvida, formava pressões inflacionistas, até porque uma parte dos pagamentos aos militares ficava em Portugal. Para se obter uma melhor noção dos acontecimentos, expomos aqui um facto que consiste na aceleração da inflação de 2,5% em 1960, até 12,5% em 1973.


Ocorreu, assim, um grande aumento, particularmente, a partir de 1965-1966, quando acumularam as tensões inflacionistas.       


Outro elemento importante na Guerra Colonial foi a mobilização da mão-de-obra, nomeadamente, jovens em idade de casar tendo, consequentemente como resultado, o adiamento de casamentos e da taxa de natalidade.


 A guerra colonial teve, então, efeitos demográficos, económicos, financeiros, comerciais, externos, diplomáticos e políticos, todos considerados importantes na Década de 60.


A emigração contudo, reteve efeitos maiores, como a desaceleração da taxa de crescimento demográfico natural da população portuguesa. O aumento deste movimento da população portuguesa teve como consequências, a nível económico, o atraso do investimento público e, em último lugar, o isolamento diplomático.


A maioria dos emigrantes saiu de áreas rurais, para países do centro europeu ou para outros centros urbanos, onde existiam estruturas sociais e económicas desvantajosas o que derivava de várias coisas tais como: do sistema de propriedade em que Portugal era, ate há poucos anos, o único país da Europa que, entre as profissões aceites para bilhete de identidade ou efeitos legais tinha a de proprietário. Proprietário não é profissão mas sim um estado financeiro. No entanto em Portugal havia, e normalmente proprietário não se referia a bens em título, mas a bens imóveis.


A partir de 1962, Portugal ficou isolado na acção política, principalmente nas Nações Unidas (ONU). A maioria dos países do “Terceiro Mundo” cortou relações diplomáticas com Portugal conservando este país, apenas relações diplomáticas em alguns países de África. As relações diplomáticas com os países do Médio Oriente, para onde Portugal exportava, desapareceram igualmente e, consequentemente, as relações comerciais. Só o Paquistão, porque era uma mera forma de este “irritar” a Índia, recebia algumas exportações portuguesas, sobretudo militares: equipamento militar, balas, entre outros produtos que se fabricavam em Portugal. De resto, Portugal perdeu mercados no Oriente para onde exportava e, perdeu mercados africanos, sendo imediatamente substituído pela Espanha e pelo Brasil.

Na década de 60,  a economia portuguesa era caracterizada por um modelo bastante centralizado e protecionista, refletindo o regime político ditatorial que vigorava na época, conhecido como Estado Novo.

Nesse período, Portugal vivia um período de isolamento econômico, com uma dependência relativamente alta das colónias africanas, especialmente Angola e Moçambique, para garantir matérias-primas e mão de obra. A agricultura, principalmente a produção de vinho e azeite, era uma atividade econômica importante.

A industrialização também começava a ganhar destaque, embora estivesse concentrada em setores específicos, como têxtil, cortiça e cerâmica. A produção para exportação era limitada, e a maioria dos bens de consumo eram importados.

O sistema financeiro também era bastante controlado pelo Estado, e a moeda utilizada era o escudo português . O turismo já começava a se desenvolver como uma importante atividade econômica, sobretudo nas regiões do Algarve e da Madeira.

No entanto, apesar de alguns avanços na industrialização e no turismo, a economia portuguesa na década de 60 estava estagnada e enfrentava dificuldades estruturais. Isso levou a um crescimento econômico lento e a um aumento da emigração de portugueses para países como França, Alemanha e Brasil, em busca de melhores oportunidades de emprego.


Eleições do Estado Novo 

Legenda: Ambiente politico anterior as eleições de 1928

Eleições de 1928

A primeira eleição presidencial da ditadura do general Carmona para presidente da República e Salazar para ministro das finanças.

A Eleição do Presidente da República Portuguesa, General Óscar Carmona, realizou-se em 25 de Março de 1928, sendo ele o único candidato, eleito por sufrágio direto, com mais de 760 mil votos para um mandato de 5 anos, tendo o mesmo formalizado a sua candidatura por apresentação da mesma ao Supremo Tribunal de Justiça. A Tomada de Posse do Presidente da República realizou-se em 15 de Abril de 1928. Esta eleição veio oficializar a situação em que se encontrava o General Óscar Carmona, que já exercia funções de Chefe de Estado desde Novembro de 1926, tendo tomado posse em 29 de Novembro de 1926, a título interino, ficando com poderes para nomear os ministros, declarar o estado de sítio, negociar tratados, indultar e comutar penas. Óscar Carmona é reeleito sucessivamente em 1935, 1942 e 1949. Este último mandato é só concretizado até 18 de Abril de 1951, dia em que faleceu já com 81 anos de idade.


Link: https://restosdecoleccao.blogspot.com/2014/01/eleicoes-presidenciais-em-1928.html 

Legenda: Diário de Lisboa em 14 de Abril de 1928 

Legenda:  General António Óscar de Fragoso Carmona (1869-1951) 

Legenda: General António Óscar de Fragoso Carmona (1869-1951) e campanha 

Legenda: Resultado das eleições de 1928 

Legenda: António de Oliveira Salazar 

Nomeação de 1932

Em maio de 1932 o exército oferece a Salazar as insígnias da Grã-Cruz de Torre e Espada - nunca antes atribuídas a um civil.

António de Oliveira Salazar 28 de abril de 1889, Vimieiro foi um ditador nacionalista português. Além de chefiar diversos ministérios, foi Presidente do Conselho de Ministros do governo ditatorial do Estado Novo e professor catedrático de Economia Política, Ciência das Finanças e Economia Social da Universidade de Coimbra, e morreu a 27 de julho de 1970, em Lisboa.

Insígnias da Grã-Cruz de Torre e Espada- condecorações nacionais das Ordens Honoríficas Portuguesas.

Finalmente, Salazar é nomeado como chefe de Governo a 5 de julho de 1932.

A sua ação política confunde-se, a partir de agora, com o próprio regime. Em novembro nomeia o Ministério e a Comissão Central da União Nacional constituídas pelas várias direitas que inspira. Uma nova Constituição é aprovada em 1933 e nos cinco meses seguintes Salazar controla as principais instituições do Estado Novo. 


Link: https://operamundi.uol.com.br/hoje-na-historia/4912/hoje-na-historia-1932-salazar-e-nomeado-primeiro-ministro-de-portugal 

Guerra civil Espanhola e Início da segunda guerra mundial (1939-1945)

1936-1939- Guerra civil Espanhola e Início da segunda guerra mundial (1939-1945)A Guerra Civil Espanhola, também denominada A Cruzada pelos Nacionalistas, Quarta Guerra Carlista pelos carlistas e A Rebelião ou Sublevação pelos republicanos, foi um conflito armado ocorrido na Espanha entre 1936 e 1939. A memória da Guerra de Espanha ocupa um lugar especialmente simbólico nas sociedades europeias. Portugal não é excepção. O conflito desempenhou um papel central na definição política e consolidação do regime salazarista, no seu posicionamento internacional numa fase particularmente tensa das relações internacionais. Representa a fase de maior repressão exercida pelo regime sobre a oposição e, de forma muito cruel, sobre as populações da raia espanhola, divididas entre o temor da repressão e a solidariedade humana para com refugiados republicanos que procuraram refúgio em Portugal das represálias brutais dos franquistas. Ainda hoje, a memória da Guerra de Espanha tem um papel instrumental no debate político e ideológico português e internacional. 

Legenda: Guerra Civil Espanhola 1936 e 1939 

Eleições de 1949

As terceiras eleições presidenciais portuguesas do Estado Novo, tiveram lugar a 13 de Fevereiro de 1949. Apesar da reeleição de Óscar Carmona ser um dado adquirido, pela primeira vez a oposição democrática apresentou uma candidatura em torno do general José Norton de Matos, político da Primeira República, que, durante a campanha, denunciou as repressões e a falta de liberdade e transparência do Estado Novo. Apesar do apoio de uma oposição unida, desistiu da sua candidatura no dia 12 de Fevereiro, por considerar que não havia garantias de uma eleição isenta. Com isso, Óscar Carmona foi reeleito para um quarto mandato, que contou não só com o apoio da União Nacional, mas, também, da Causa Monárquica, presidida por Domingos Fezas Vital. No entanto, só cumpriu o mandato até 1951, quando faleceu. 

Legenda: Óscar Carmona (União Nacional) 

Legenda: Óscar Carmona (União Nacional) e campanha 

Legenda: José Norton de Matos (Movimento de Unidade Democrática) 

Legenda: José Norton de Matos (Movimento de Unidade Democrática) e as suas campanhas 

Legenda: José Norton de Matos (Movimento de Unidade Democrática) e as suas campanhas 

Legenda: José Norton de Matos (Movimento de Unidade Democrática) e as suas campanhas 

Eleições de 1958

Eleições presidenciais portuguesas, o regime de Salazar oscilou em 1958 quando o general Humberto Delgado assumiu a candidatura à presidência da república pela oposição. A candidatura de Humberto Delgado reuniu à sua volta toda a oposição ao regime de Salazar, desde os republicanos aos comunistas. Humberto Delgado nasceu em 1906. Era por isso um jovem oficial quando se dá o golpe de estado de 28 de Maio de 1926, no qual participa. Torna-se logo a seguir um entusiástico apoiante do Estado Novo. Delgado tinha sido dos primeiros dirigentes da Legião Portuguesa e comissário-adjunto da Mocidade Portuguesa. A frase célebre foi proferida a 10 de Maio de 1958, numa conferência de imprensa. A uma pergunta do jornalista Lindorfe Pinto Basto, da agência France-Press – “Sr. General, se for eleito Presidente da República, que fará do Sr. Presidente do Conselho?” – Humberto Delgado respondeu: “Obviamente demito-o!” A convicção de muitos opositores dessa época de que, sem fraude, Delgado teria vencido as presidenciais de 1958 baseia-se provavelmente na dimensão das manifestações de apoio durante a campanha eleitoral. É provável por isso que muitos portugueses que manifestaram nas ruas o seu apoio ao “General sem medo” nem sequer estivessem em condições de votar. Note-se, além disso, que destes 1,4 milhões de recenseados só terão votado 999 mil cidadãos. A fraude terá passado não tanto por tirar votos a Delgado mas sim por atribuir a Américo Thomaz os votos dos abstencionistas, pelo que provavelmente o número real de votantes ficou abaixo dos 999 mil. 

Em 27 de Dezembro de 1964, no Hotel Caumartin, em Paris, o general encontra-se com Mário de Carvalho e um representante civil da organização revolucionária existente em Portugal, Ernesto Castro Sousa, que lhe diz poder contar com 4600 homens. Marca-se o local e a data para um encontro com militares vindos do interior de Portugal. Castro e Sousa iria encontrar-se com o general em Badajoz. Mais tarde será marcada a data, dia 13 de fevereiro de 1965, foi assassinado por uma brigada da PIDE.

Legenda: Resultado das eleições de 1958

Legenda: Américo Thomaz (União Nacional) 

Legenda: Américo Thomaz (União Nacional) e campanha 

Legenda: Américo Thomaz (União Nacional) 

Legenda: Arlindo Vicente (Partido Comunista Português) 

Legenda: Américo Thomaz (União Nacional) e campanha 

Legenda: Arlindo Vicente (Partido Comunista Português) e campanha 

Legenda: Primeiro discurso de Marcelo Caetano como Presidente do Conselho 

Primavera Marcelista- período inicial do governo de Marcelo Caetano entre 1968-1970, no qual se operou uma certa modernização social e uma liberalização política criando a expectativa de uma verdadeira reforma do regime em Portugal, o que não chegou a acontecer.

Ano de 1968

Na sequência da queda de Salazar de uma cadeira que o deixava mentalmente instável, Marcelo Caetano é nomeado para a presidência de conselhos de ministros  a 27 de Setembro de 1968-  Salazar atribuiu o cargo (não é eleição).

Marcello José das Neves Alves Caetano nasceu a 17 de agosto de 1906 em Lisboa foi um jurisconsulto, professor de direito e político português. Proeminente figura durante o regime salazarista, foi o último Presidente do Conselho do Estado Novo e morreu em 26 de outubro de 1980 de ataque cardíaco.  

Marcelismo- Conjunto de princípios políticos defendidos por Marcelo Caetano que sob a divisa “evolução na continuidade” advogava uma certa modernização económica e uma moderada liberalização social e política do regime do estado novo. Período em que Marcelo Caetano ocupou o cargo de chefe do governo de 1968-1974.


Link: https://arquivos.rtp.pt/conteudos/primeiro-discurso-de-marcelo-caetano-como-presidente-do-conselho/ 

Eleições de 1969

Eleições legislativas para a Assembleia nacional a 26 de Outubro de 1969. Marcelo Caetano pretende revitalizar o partido único e ensaiar uma relativa mudança no regime permitindo a concorrência de comissões eleitorais da oposição sem autorizar a constituição de partidos nem atualizar os cadernos eleitorais e restringir a campanha eleitoral apenas a um mês antes das eleições. Na lista do partido único foram incluídas algumas personalidades independentes que viriam a enquadrar a chamada “ala liberal” da Assembleia Nacional que evidenciava a rigidez do regime e sua incapacidade de abertura e renovação. Muitos deputados da ala liberal renunciaram aos seus mandatos, após a revisão constitucional de 1971 onde foi fracassada qualquer possibilidade de introduzir alterações aos princípios constitucionais de concentração de poderes no presidente do conselho de ministros e no presidente da república. 

Link: https://arquivos.rtp.pt/conteudos/eleicoes-legislativas-2/ 

Legenda: resultado das eleições de 1969 

Ala liberal”- grupo de deputados que tinha aceitado integrar as listas da União Nacional, em 1969, com o objetivo de, contra os setores conservadores do regime, apoiar Caetano nas suas reformas, reservando, no entanto, um estatuto de independência e liberdade face ao Governo e fazendo depender o seu suporte da aprovação de medidas que fossem no sentido da desejada democratização.

Legenda: Marcelo Caetano 

Legenda: Campanha da União Nacional, liderado por Marcelo Caetano 

Legenda: Campanha da Comissão Eleitoral de Unidade Democrática. 

Legenda: Campanha da Comissão Eleitoral de Unidade Democrática. 

Legenda: Campanha da Comissão Democrática Eleitoral. 

Legenda: Campanha da Comissão Eleitoral Monárquica 

Eleições de 1975

Eleições para a Assembleia Constituinte. A 25 de Abril de 1975, um ano após o derrube da ditadura, realizam-se as primeiras eleições livres, por sufrágio direto e universal. São as mais concorridas e participadas eleições da história da democracia portuguesa, com uma afluência de 91% dos cidadãos recenseados. Momento central da história da Revolução portuguesa, o processo eleitoral foi minuciosamente preparado e debatido.. O ato eleitoral para a Assembleia Constituinte ficou marcado pela enorme percentagem de votos (91.6%) e pela vitória do PS com 37.9 %, (116 deputados eleitos em 250). Segue-se o PPD, com 26,4% e 81 deputados. Os grandes derrotados foram o PCP (12%, 30 deputados), o MDP/CDE (4,1% e 5 deputados) e, obviamente, os defensores do voto em branco. Apesar da difícil conjuntura que atravessa na sequência do 11 de Março, o CDS ocupa o 4.º lugar e elegeu 16 deputados. Finalmente, a UDP e ADIM, com apenas um deputado respetivamente. A Assembleia Constituinte teve a função de redigir e aprovar uma nova constituição, que entrou em vigor no ano seguinte. O ato eleitoral para a Assembleia Constituinte foi também um dos momentos chave durante o ano de 1975, uma vez que os partidos que defendiam um “processo democrático” legitimaram parte das suas ações através das eleições, ao invés dos partidos que defendiam um “processo revolucionário”. 


Link: https://media.rtp.pt/memoriasdarevolucao/acontecimento/eleicoes-para-a-assembleia-constituinte/ 



Legenda: Resultado das eleições de 1975 e seus respetivos cartazes 

Eleições de 1976

A 25 de abril de 1976, os portugueses votaram para eleger, pela primeira vez, os seus representantes na Assembleia da República, o novo órgão legislativo do regime democrático que então nascia. As eleições legislativas de 1976 “marcaram definitivamente a emergência do novo sistema político e partidário que tem caracterizado a democracia portuguesa”, ou seja, foi um dos eventos determinantes do cariz, da lógica e das dinâmicas de funcionamento do sistema político-partidário português, tal como, no essencial, ainda hoje existe, não obstante as várias mudanças entretanto verificadas. O PS saiu vencedor das eleições, com 34,88% dos votos, elegendo 107 deputados. O PPD ficou em segundo, com 24,35% dos votos (73 deputados), seguido do CDS com 15,97% (42 deputados), o qual passou a ser a terceira força parlamentar, ultrapassando o PCP, que ainda assim subiu (14,39%, 40 deputados) em relação à votação que tinha obtido para a Assembleia Constituinte. A UDP também aumentou a sua votação (1,68%) e manteve o seu único deputado, com Acácio Barreiros a substituir Américo Duarte. Os restantes partidos não conseguiram eleger qualquer deputado e, em conjunto, alcançaram uma votação de 4,03% dos votos. Comparada com a última eleição a abstenção duplicou, dos 8,34% para os 16,47% (16). 


Legenda: Resultado das eleições de  25 de abril de 1976 e as suas respetivas campanhas e noticias.


Link: https://www.parlamento.pt/Parlamento/Paginas/primeiras-eleicoes-ar-1976.aspx 

Legenda:  Resultado das eleições de 27 de junho de 1976 e as suas respetivas campanhas, notícias e imagens.

A 27 de junho de 1976 que se realizaram as primeiras eleições presidenciais da democracia. Apoiado pelo PS e pelo PPD, o vencedor foi o general Ramalho Eanes, seguido, de forma surpreendente, por Otelo Saraiva Carvalho. António Ramalho Eanes conquistou a maioria absoluta à primeira volta com 61 por cento dos votos. Trata-se de uma vitória esmagadora sobre os restantes três candidatos nomeadamente Otelo Saraiva de Carvalho (16,46%), José Pinheiro de Azevedo (14,37%) e Octávio Pato (7,59%). O vencedor, conhecido por ter comandado as forças que se opuseram ao movimento que tinha desencadeado o 25 de Novembro, seria o primeiro Presidente da República da nova democracia, sendo reeleito cinco anos depois.

Link:  https://www.parlamento.pt/Parlamento/Paginas/primeiras-eleicoes-ar-1976.aspx