Após a Revolução dos Cravos, a 25 de abril de 1974, Portugal passou por uma série de mudanças sociais, políticas e econômicas que impactaram diretamente a vida dos cidadãos portugueses. A queda da ditadura e a instauração de uma democracia trouxeram consigo uma série de avanços legais e sociais, incluindo direitos adquiridos em áreas como trabalho, educação, saúde e habitação.
Yaiza
Depois do 25 de abril surgiram as grandes superfícies e, portanto, as pequenas lojas de bairro sofreram grandes perdas de dinheiro. Além disso, o fiado foi substituído pelos cartões e pelas promoções e os supermercados trouxeram maior quantidade e variedade de produtos.
Com a adesão de Portugal à CEE em 1986 e a adopção do Euro como moeda oficial em 1999, deu-se um novo e importante desenvolvimento económico no país. O Reino Unido, a Alemanha, a França e os outros países da UE tornaram-se desde então os principais "parceiros" comerciais de Portugal, o qual se tornou novamente dependente do comércio internacional.
Atualmente a balança comercial permanece algo desequilibrada, com o valor das importações (sobretudo alimentação e bebidas, trigo, petróleo, maquinaria, automóveis e matérias-primas) superando o das exportações (sendo as mais importantes os têxteis, vestuário e calçado, a pasta de celulose, o vinho, a cortiça e a polpa de tomate).
Yaiza
A Revolução do 25 de abril decorreu numa situação de um escudo forte, com reservas de ouro em quantidade apreciável e numa situação de expansão económica e uma economia que aguentou o embate do choque petrolífero de 1973.
Contudo, a rutura provocada pela Revolução alterou esta situação. A economia portuguesa sustentou-se ainda durante cerca de um ano, mas a crise acabou por se abater sobre os portugueses.
A subida de salários e a situação de indisciplina que se vivia contribuíram para uma quebra acentuada da taxa de crescimento.
A isto juntou-se a chegada de centenas de milhares de portugueses vindos das ex-colónias, que o Estado teve que alimentar, vestir, alojar e integrar na sociedade; e a nacionalização das primeiras empresas feitas nas consequências do golpe abortado do 11 de março.
Yaiza e Victória
Quando o Estado ficou debilitado pela descolonização e pela revolução foi forçado a intervir nos campos financeiro, económico e empresarial. As nacionalizações foram uma medida política ditada pelas circunstâncias, mas que correspondia em traços gerais às posições defendidas pelo Partido Comunista Português durante a "revolução democrática e nacional".
Nesta fase pré-constitucional, as nacionalizações facilitaram as consequências da descolonização, colocando como interlocutor dos novos Estados africanos o Estado português. A perda de poder no domínio económico e político dos grandes banqueiros nacionais correspondia a uma reivindicação dos sindicatos dos trabalhadores e contava com a expectativa de muitos industriais e comerciantes dependentes do capital financeiro.
As nacionalizações das principais empresas feitas como consequência do golpe abortado do 11 de março tiveram dois efeitos perniciosos. Por um lado, provocaram a desconfiança dos financiadores internacionais quanto à política portuguesa. Por outro lado, numerosas empresas nacionalizadas começaram a dar prejuízos em vez de lucro, fruto de uma má gestão e de uma diferente relação entre os gestores e as empresas, prejuízos que o Estado cobria.
Yaiza
Antes da revolução, Portugal dependia de instituições privadas ou da beneficência para tratar os seus doentes. Com o 25 de abril de 1974 instaurou-se o direito à saúde para todos, independentemente da sua condição económica e social, através da criação do SNS.
O SNS, fundado em 1979 por António Arnaut, foi um sistema quase gratuito, apenas com o pagamento de taxas moderadoras. Trouxe progressos significativos na saúde preventiva e curativa, constituindo um factor de combate à exclusão social e de grande influência na qualidade de vida da população.
Os cuidados hospitalares também sofreram uma verdadeira revolução com aumento dos serviços, valências, inovação tecnológica, formação dos técnicos de saúde e investigação.
Yaiza
A revolução foi uma libertação para as mulheres, uma vez que antes do 25 de abril tinham um papel reduzido, insignificante, eram sempre as mais analfabetas e não tinham direitos.
A sua participação no mercado de trabalho aumentou, assim como a conscientização sobre a violência machista e os abusos sexuais. Por outro lado, os progressos na educação foram especialmente significativos para as mulheres, acentuando-se desta maneira a sua presença nas escolas e nas universidades.
Yaiza
População empregada, total e por sexo, entre 1974 e 1983.
O 25 de abril provocou uma quebra na publicidade. Durante o regime salazarista, várias empresas foram nacionalizadas e os anúncios ficaram associados à ideia de capitalismo, mas depois da revolução, a publicidade renasceu com maior liberdade e com novas cores, mensagens e imagens.
Yaiza
Diário de Lisboa a 25 de abril de 1974.
Diário de Lisboa a 1 de maio de 1975.
Diário de Lisboa a 21 de fevereiro de 1990.
Diário de Notícias a 16 de maio de 2023.
A 1 de maio de 1975, ocorreram comemorações do Dia do Trabalhador em Lisboa. Centenas de milhares de manifestantes desfilaram pelas ruas e concentraram-se num dos maiores comícios jamais realizados.
Os trabalhadores, festejando a sua jornada internacional, vitoriaram o 25 de Abril e as conquistas revolucionárias alcançadas desde então, designadamente as nacionalizações e a reforma agrária, e expressaram a sua determinação em defenderem as liberdades e em participarem ativamente na construção de um Portugal democrático, a caminho do socialismo.
Yaiza
A igualdade de género é um conceito que define a busca da igualdade entre os membros dos dois gêneros humanos, homens e mulheres, tendo isto em conta, Portugal hoje pode ser considerado um dos países mais igualitários do mundo. A Revolução de Abril de 1974 teve um papel preponderante neste resultado, uma vez que constituiu numa rutura com o passado, também no que se refere à situação das mulheres, inscrevendo na Constituição de 1976, o princípio da igualdade entre mulheres e homens. Logo em 1974 pela primeira vez as mulheres puderam votar e ser eleitas de forma universal e livre, de seguida em 1976 foi abolido o direito do homem de abrir a correspondência da mulher. Já em 1978 a mulher casada deixou de ter estatuto de dependência do marido, desapareceu a figura do “chefe de família”, o trabalho doméstico deixou de pertencer propriamente à mulher, a residência do casal passou a ser decisão de ambos e não apenas do homem, relativamente ao poder paternal, a mulher passou a participar de forma mais ativa nas decisões tomadas para com os filhos.
Leonor
Leonor
A adesão de Portugal à CEE é uma das consequências do 25 de abril de 1974 e das subsequentes alterações que esta resolução provocou nos aspectos económicos, político e social.
Portugal pediu formalmente a sua adesão às comunidades europeias em 1977. No dia 12 de junho de 1985 é assinado o Tratado de Adesão, em Lisboa, no Mosteiro dos Jerónimos tornando se membro da Comunidade Económica Europeia (CEE), no dia 1 de janeiro do ano seguinte (1986), e este foi resultado de vários anos de difíceis negociações com os restantes parceiros, este projeto foi liderado pelo Primeiro- Ministro Mário Soares. A adesão de Portugal à CEE foi um passo significativo para o país, proporcionando benefícios econômicos, acesso a mercados europeus e cooperação em diversos setores. Essa entrada contribuiu para a estabilidade e o desenvolvimento de Portugal após períodos de instabilidade política e econômica.
Após o 25 de Abril algumas propriedades devolutas ou seja imóveis abandonados ou sem proprietário reconhecido foram ocupadas por movimentos sociais e grupos, como parte das mudanças sociais e políticas ocorridas na época. Essas ocupações buscavam redistribuir a propriedade da terra e promover uma maior equidade social.
Leonor
Mafalda
"[O 25 de Novembro de 1975] é uma data tão importante, para a afirmação da democracia pluralista, pluripartidária e civilista que hoje temos, como a Revolução dos Cravos." (Mário Soares num artigo de opinião na revista Visão, a 1 de Dezembro de 2010)
O Presidente da República vigente, general Costa Gomes, utiliza a expressão "dramática aventura" para se referir aos acontecimentos do dia 25 de Novembro do ano de 1975.
Costa Gomes negocia com todas as barricadas e manifestações de rua do Palácio de Belém de modo a evitar que o país caia numa guerra civil, visto que Portugal estava ideológica e politicamente dividido. De um lado, encontravam-se as forças armadas de esquerda militar que se dividia entre os "gonçalvistas" - aqueles que eram próximos ao primeiro-ministro Vasco Gonçalves e do Partido Comunista Português (PCP) e apoiantes de Otelo Saraiva de Carvalho, aqueles que apoiam a "via revolucionária e adeptos do estratego do 25 de abril e chefe do Comando Operacional do Continente (COPCORN). Do outro lado, estavam os "moderados", ao qual incluía militares e as forças à direita do PCP, onde fazia parte o PS (Partido Socialista) de Mário Soares e o PSD (Partido Social Democrata) de Mário de Sá Carneiro.
Durante o Verão Quente de 1975, bombas destruíram sedes do PCP do Norte e do Centro do país. Além disso, as manifestações eram espontâneas e realizadas nas ruas (por isso difíceis de controlar) nas quais se gritava pelo poder popular, à revolução e "abaixo os comunistas".
Ainda, desde 1974 realizaram-se golpes e contragolpes, tanto à esquerda quanto à direita, que eram diariamente noticiados. Mas o auge destes golpes foi ao longo do mês de Novembro de 1975, quando Vasco Lourenço - membro do Grupo dos Nove, os "moderados" - escolhe Pinheiro de Azevedo para o cargo de Comandante da Região Militar de Lisboa para substituir Otelo Saraiva de Carvalho, uma vez que este era visto como chefe da revolução.
Deste modo, verifica-se uma sublevação dos paraquedistas, o último golpe militar que ocuparam as bases de Tancos, Montijo e o comando da Região Aérea de Monsanto, em Lisboa. Como resultado, a esquerda revolucionária fica no poder, por pouco o país não entra numa guerra civil, mas abre-se caminho para a implementação de uma democracia liberal.
A 25 de abril de 1976 entra em vigor uma nova constituição elaborada na primeira Assembleia Constituinte desde a primeira constituição republicana de 1911. Este novo documento tem como inovação a autonomia das regiões autónomas portuguesas (Açores e Madeira), na atribuição de poder local (ou seja, sem centralização do poder) e reconhece o pluralismo partidário. Deste modo, este documento torna-se a base da democracia portuguesa.
Contudo, a Constituição de 1976 era alvo de grandes críticas, uma vez que era considerada demasiado socialista e pouco democrática, pelo que se sucedeu a primeira revisão constitucional.
Revisão constitucional de 1982:
Conselho da Revolução (antigo órgão de soberania) abolido
Limitação dos poderes do Presidente da República
Aumento do poder da instituição parlamentar.
Mafalda
16º Presidente de Portugal, Ramalho Eanes, primeiro eleito após o 25 de Abril
Eleito por sufrágio direto e maioria absoluta
Mandato de 5 anos
Não é permitido a nenhum Presidente mais do que dois mandatos consecutivos
Funções de salvaguarda constitucional e moderação de poder político
Legislatura de 4 anos (exceto em caso de dissolução)
Os deputados são organizados pelo seu grupo parlamentar como os partidos foram eleitos
Poder legistlativo
Poder executivo
Competência legislativa através de decretos-leis e propostas de leia apresentadas na Assembleia
O primeiro-ministro é designado pelo Presidente da República
Assembleia Legislativa da Madeira
Existência de uma Assembleia Legislativa (eleita tal como a Assembleia da República, por sufrágio universal)
Existência de um Governo Regional e ministro da República que é designado pelo Chefe de Estado
Distribuição do poder local:
-Órgão deliberativo - Assembleia Municipal e Assembleia de Freguesia9
-Órgão executivo - Câmara Municipal e Junta de Freguesia
Mafalda
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O Grupo dos Nove era um grupo composto pela Forças Armadas de Portuguesas cujo líder era Melo Antunes. O grupo foi de grande importância durante o pós-25 de abril, visto que foi o grupo triunfante do golpe de 25 de Novembro de 1975.
No início da sua atividade, publicaram no Jornal Novo o "Documento dos Nove" clarificava as posições ideológicas e políticas entre os militares. Nele expressava-se a força revolucionária da MFA que criticava o modelo social-democrata e pretendia um modelo socialista pluripartidário
Na imagem do documento que se segue, é possível verificar os nove representantes deste grupo:
A PIDE era a polícia do Estado durante o regime do Estado Novo, cuja função era vigiar os "inimigos do estado", isto é, os opositores à ditadura implantada.
Esta polícia do Estado foi criada em 1933 (ano da Constituição do regime Salazarista) com o nome de Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE) e, após o fim da II Guerra Mundial no ano de 1945, altera-se para a famosa PIDE, a Polícia Internacional de Defesa de Estado, e por fim, é renomeada como Direção Geral de Segurança. Embora tenha sofrido mudanças em relação ao seu nome, a PIDE manteve o seu objetivo de garantir a continuidade do poder ditatorial, interceptando os opositores e punindo-os.
Esta organização viu o seu fim do dia 25 de Abril de 1974 durante a revolução, sendo os seus agentes as únicas mortes da revolta. Tudo aconteceu quando a população cercou a sua sede de Lisboa na rua de António Maria Cardoso 22. De seguida, os seus agentes foram presos. Ao lado, acompanha-se o vídeo desta ocupação que não estava prevista no plano geral do golpe militar.
Atualmente, os seus documentos encontra-se no Arquivo Nacional- Torre do Tombo.
Mafalda
"No dia 25, bem cedo, Luís da Costa Correia dirigiu-se à sua unidade, na Base Naval do Alfeite, depois de ouvir o primeiro comunicado do Movimento das Forças Armadas (MFA). O que não sabia, nem poderia saber, por não constar de nenhuma ordem de operações, é que lhe caberia a tomada de uma das instituições mais odiadas do Estado Novo. «Foi uma situação que veio ter comigo, um acaso que não recusei», diz, e explica que a ocupação da PIDE/DGS não estava prevista no plano geral das operações para o golpe militar de 25 de Abril. Estas foram afirmações suas no colóquio «Vozes da Revolução», que decorreu de 6 a 8 de Maio de 2009, no ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa."
Fonte: https://journals.openedition.org/lerhistoria/1894
A EXPO'98, Exposição Internacional de Lisboa de 1998, cujo tema foi "Os oceanos: um património para o futuro", realizou-se em Lisboa, de 22 de maio a 30 de setembro de 1998, com o propósito de comemorar os 500 anos dos Descobrimentos Portugueses.
A zona escolhida para albergar o recinto foi o limite oriental da cidade junto ao rio Tejo. Foram construídos diversos pavilhões, alguns dos quais ainda permanecem ao serviço dos habitantes e visitantes, integrados no agora designado Parque das Nações, destacando-se o Oceanário (o maior aquário do Mundo com a reprodução de 5 oceanos distintos e numerosas espécies de mamíferos e peixes), um pavilhão de múltiplas utilizações (o Pavilhão Atlântico, posteriormente renomeado para Altice Arena) e um complexo de transportes com metropolitano e ligações ferroviárias (Estação do Oriente, do arquiteto Santiago Calatrava).
A EXPO'98 atraiu cerca de 11 milhões de visitantes. Parte do seu sucesso ficou a dever-se à vitalidade cultural que demonstrou, por exemplo, os seus cerca de 5000 eventos musicais constituíram um dos maiores festivais musicais da história da humanidade.
Yaiza
Oceanário de Lisboa
Pavilhão Atlântico (Altice Arena)
Estação do Oriente
Após o 25 de abril de 1974 tudo sofreu alterações em prol do fim do regime autoritário,as ligações externas não foram excessão.O país buscou laços maioritariamente com os membros da CEE porém tentou fortalecer as ligações com os Países Africanos de Lingua Oficial Portuguesa (PALOP).Esta abertura política e diplomática permitiram a expansão económica e cultural com diversas nações ao redor de todo o mundo. (Ana Guimarães)
Os transportes públicos já existiam antes da revolução porém limitavam-se à grande área de Lisboa,as autoestradas tinham poucos quilômetros após as saídas de Porto e Lisboa.Foi após a revolução que os transportes evoluíram e estão em constante evolução,na redução da poluição,aumento do conforto e também da oferta de horários e destinos,as grandes áreas metropolitanas começaram a receber pessoas de variadas localidades devido ao aumento da facilidade de chegada às mesmas impulsionando o conhecer do país e a liberdade de o explorar quando efetivamente a população já era livre.Também a criação de semáforos que controlam o trânsito excluindo assim os polícias sinaleiros cuja sua função era manter as estradas organizadas e seguras.
https://ensina.rtp.pt/artigo/quarenta-anos-de-transportes/
(Ana Guimarães)
Após a Revolução dos Cravos em 25 de abril de 1974, Portugal passou por um período de transformação política e social, conhecido como o Processo Revolucionário em Curso (PREC). Nesse contexto, uma das principais medidas foi a nacionalização de várias infraestruturas e setores-chave da economia.A nacionalização em Portugal após o 25 de abril abrangeu setores como a banca, seguros, energia, transportes, telecomunicações e indústrias de base. O objetivo era reduzir a concentração de poder económico nas mãos de alguns grupos privilegiados e redistribuir os recursos de maneira mais justa.Medidas essas que geraram opiniões distintas,já ao longo dos anos seguintes, Portugal passou por processos de desnacionalização e privatização, especialmente a partir da década de 1980, quando o país adotou políticas mais orientadas para o mercado. Essa transição para uma economia mais liberal teve impactos significativos no panorama económico e social de Portugal.
(Ana Guimarães)
As relações interpessoais eram idealizadas através do que passava nas telenovelas ,não existia de facto liberdade para as pessoas se relacionarem com quem desejavam,uma denuncia de algum comportamento incorreto à PIDE como um casal homossexual,uma interrupção da gravidez eram atos impensáveis pois poderiam até levar à detenção.Com uma mentalidade fechada e sem informação o pós revolução trouxe novos ideais como a aceitação e percepção do que seriam os métodos contraceptivos que permitiam as mulheres regularizar a quantidade de filhos que queriam ter e não apenas aceitar o que se pensava que a divindade atribuia.
(Ana Guimarães)
Mário Soares regressou a Lisboa após estar exilado em França e parte para o Palácio Cova da Moura onde se encontraria com o General Spínola,com a sua chegada na estação via-se uma multidão que o esperava,nas ruas do Palácio também se encontrava o povo e que após a sua partida grita “O povo unido jamais será vencido”.
(Ana Guimarães)