12.º I

Na década de 1920, Portugal alinhou-se com com os vários países europeus que adotaram regimes autoritários de direita. De facto, muitos portugueses viram a Ditadura Militar, instaurada em 1926, como a única solução possível para salvar o país. Contudo, a ausência de consensos entre os militares impediu a tão desejada estabilidade. Isto abriu caminho para que António de Oliveira Salazar integrasse o governo. A partir de 1928, já como Ministro das Finanças, Salazar focou-se no equilíbrio das contas públicas, enquanto estabelecia as bases do seu projeto político. Já sob a aura de “Salvador da Pátria”, Salazar ascendeu ao cargo de chefe do Governo em 1932. A ditadura estava prestes a entrar numa nova fase: o Estado Novo. Instituído pela Constituição de 1933, o Estado Novo foi um regime conservador, nacionalista e autoritário. Embora Salazar se distanciasse da violência dos regimes totalitários, manteve sempre um controlo rigoroso sobre a sociedade portuguesa, através da propaganda, da censura e da polícia política.

Do Golpe Militar à instauração da Ditadura

O Golpe de Estado de 28 de Maio de 1926 foi um movimento liderado por militares e civis antiliberais que derrubou a 1ª República em Portugal e instaurou a 2ª República. A ditadura que se seguiu manteve-se no poder até á revolução de 25 de abril de 1974. O golpe iniciou-se em Braga comandado pelo General Gomes da Costa e espalhou-se por outras cidades como Porto e Lisboa. Em junho de 1926, Gomes da Costa desfilou à frente de um exército de 13 mil homens em Lisboa e foi aclamado pelo povo. Nos anos seguintes, o golpe militar levou António de Oliveira Salazar ao poder, que implementou o Estado Novo, um regime ditatorial que durou até 1975.  O golpe teve antecedentes, destacando-se o movimento ocorrido a 18 de abril de 1925.

Beatriz Ferreira

Salazar

-António de Oliveira Salazar nasceu em Vimieiro, Santa Comba, no dia 28 de abril de 1889;

-Em 1914 seguiu Direito pela Universidade de Coimbra. É em Coimbra, que Salazar exerce atividades políticas no Centro Académico de Democracia Cristã;

-Concluiu o doutoramento em Ciências Económicas, tornou-se professor da mesma instituição, em 1918, ocupando a disciplina de Economia Política e Finanças;

- Constituiu o partido "União Nacional";

- O seu percurso no Estado português iniciou-se quando foi escolhido pelos militares para Ministro das Finanças durante um curto período de duas semanas, na sequência da revolução de 28 de maio de 1926 executada pelo general Gomes da Costa;

- Ficou também para a história como o estadista que mais tempo governou Portugal, desempenhando funções em ditadura entre 1932 e 1933, e de forma autoritária, desde o início da Segunda República até ser destituído, e como Presidente do Conselho de Ministros entre 1933 e 1968;

Gonçalo Rodrigues

Marcello Caetano

-Nasceu a 17 de agosto de 1906 na Travessa das Mónicas, na freguesia de Santo André e Santa Marinha, em Lisboa;

-A sua infância foi marcada pela morte da mãe aos dez anos e, depois, pelos anos conturbados da Primeira República;

-Influenciado pelo pai, desejou tornar-se padre e, mais tarde, médico, acabando por cursar Letras no Liceu Camões e seguir para a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa;

-Licenciou-se em Direito em 1927, e doutorou-se em Ciências Político-Económicas;

-Foi um jovem intelectual ligado a movimentos políticos conservadores radicais, com destaque para o Integralismo Lusitano;

-Participou na fundação da Ordem Nova (1926-1927), um movimento que se considerou de antiliberal e antidemocrático;

Gonçalo Rodrigues

Ideologias

Lema do Estado Novo: "Deus, pátria e família"- refletia os valores tradicionais de muitos movimentos sociais e políticos conservadores de origem cristã:

Inês Teixeira

Culto ao chefe

  O culto ao chefe, frequentemente associado a regimes autoritários, pode desenvolver e mostrar uma imagem idealizada do líder e, com Salazar não foi diferente. Este utilizou os métodos comuns:

Inês Teixeira

Enquadramento das massas

O Estado Novo, tal como qualquer regime totalitário, utilizava organizações e processos com o objetivo de controlar e obter a adesão de toda a população ao regime. Destacaram-se os seguintes:


Margarida Santos

Organizações paramilitares

Mocidade portuguesa

Criada em 1936 através de um decreto, a Mocidade Portuguesa era uma organização de carácter militar e obrigatória dirigida às camadas mais jovens da população (rapazes entre os 7 e os 14 anos), com o objetivo de ideologizar a juventude, incutindo-lhes os valores nacionalistas e patrióticos do Estado Novo. Estes eram incutidos através de diversos mecanismos como a farda,  paradas e acampamentos, prémios e sanções e a disciplina rigorosa baseada na autoridade e na hierarquia. Para a classe etária seguinte, foi ainda criada uma espécie de braço armado da organização. Nesta, os jovens do sexo masculino entre os 17 e os 20 anos viam se deslumbrados pelos beneficios a que estavam sujeitos. A direção da organização estava entregue às Forças Armadas devido ao carácter paramilitar de muitas das atividades desenvolvidas. 

O sexo feminino não ficou de fora deste instrumento criado pelo Estado. Contudo, este ramo feminino da Mocidade Portuguesa transmitia uma educação e possuía uma direção diferente, neste caso estava nas mãos de docentes do ensino secundário ou reitoras de liceu, naturalmente apoiantes do regime. Aqui, as raparigas eram ensinadas a serem donas de casa e boas mães, visto que este era o papel destinado à mulher, era ainda ministrada uma educação religiosa católica. Os exercícios de carácter militar não entravam na sua formação, pois consideravam que a participação na guerra era exclusiva para o homem. 

Hino- https://www.youtube.com/watch?v=Dx_8Vzuyayg


Legião Portuguesa

A Legião Portuguesa foi uma organização miliciana criada em 1936 sob a dependência dos ministérios do Interior e da Guerra. Tinha como objetivo principal a subordinação do Exército ao Estado Novo. A organização tinha uma estrutura que se estendia por diversos distritos, com um comandante distrital no comando. Além disso, contava com diferentes serviços, como o Serviço de Informações, a Brigada Naval e a Força Automóvel de Choque. Inspirada pelos regimes ditatoriais alemão e italiano, bem como pela disseminação do autoritarismo e pela Guerra Civil Espanhola, a criação da Legião Portuguesa foi impulsionada pela mobilização da direita radical. A partir de 1944, a Legião tornou-se um serviço auxiliar do regime, especialmente no que diz respeito ao Serviço de Informações. Nas décadas de 1950 e 1960, a Legião foi responsável pela repressão de manifestantes e instituições oposicionistas, principalmente através do seu Serviço de Informações e da polícia de choque.


Margarida Santos

Propaganda Política

A propaganda política salazarista foi uma ferramenta de extrema importância utilizada por António de Oliveira Salazar com o objetivo de manipular a opinião pública e fortalecer a sua imagem, consolidando assim o seu poder. Em todas as ilustrações estavam presentes os valores tradicionais e mais conservadores da nação portuguesa, promovendo a ideia de um estado forte. Eram então utilizados símbolos patrióticos, como a bandeira nacional. A propaganda era feita de diversas formas, entre elas retratos, discursos e notícias. No entanto, todos estes eram cuidadosamente selecionados, uma vez que tinham como intuito transmitir a ideia de que Salazar era imprescindível para a estabilidade e prosperidade do país. Através deste, Salazar conseguia não só exaltar a sua imagem e a sua grandiosidade, mas também disfarçar o autoritarismo do seu regime, dando à população uma sensação falsa de segurança e prosperiedade, quando na verdade o país revelava uma grave estagnação.

Margarida Santos

Salazar como Salvador da Pátria

Partido Único

A economia de Salazar

Política 

-Existia censura, a atividade política, associativa e sindical era quase nula e controlada pela polícia política, havia presos políticos, a Constituição não garantia os direitos dos cidadãos, Portugal mantinha uma guerra colonial e encontrava-se praticamente isolado na comunidade internacional. 

- A actividade política estava condicionada, não existiam eleições livres e a única organização política aceite era a União Nacional. A oposição ao regime  autoritário de Salazar e depois de Marcelo Caetano, era perseguida pela polícia política (PIDE/DGS) e tinha de agir na clandestinidade ou refugiar-se no exílio.
- Os oposicionistas, sob a acusação de pensarem e agirem contra a ideologia e prática do Estado Novo, eram presos em cadeias e centros especiais de detenção (Caxias, Aljube ou Tarrafal). Não havia Liberdade nem Democracia.
- A Constituição não garantia o direito dos cidadãos à educação, à saúde, ao trabalho, à habitação. Não existia o direito de reunião e de livre associação e as manifestações eram proíbidas.

Gonçalo Rodrigues

Punições

O Estado Novo de Salazar era um regime autoritário e repressivo, e as punições eram usadas para manter o controlo sobre a sociedade e evitar qualquer tipo de oposição política. Destacam-se:

-Censura: A imprensa e a liberdade de expressão eram fortemente controladas. Qualquer forma de crítica ao regime ou às autoridades era censurada e os jornalistas podiam ser presos por reportar notícias que não estivessem alinhadas com a visão oficial.

-Prisões políticas: Muitos opositores políticos foram presos e encarcerados em prisões especiais para dissidentes. O regime usou a prisão como uma forma de suprimir a oposição.

-Exílio: Algumas pessoas que eram vistas como ameaças ao regime foram forçadas a deixar o país e viver no exílio como Álvaro Cunhal e Mário Soares. 

Álvaro Cunhal

Mário Soares

-Tortura: Existem diversos relatos de tortura sendo usada contra opositores políticos nas prisões do Estado Novo. (falta os métodos)

-Intimidação e perseguição: Muitos cidadãos eram vigiados de perto pelo regime e poderiam ser sujeitos a assédio e perseguição se fossem considerados suspeitos de atividades subversivas.

-Restrições à liberdade de associação e reunião: O regime impôs restrições à formação de organizações políticas e à realização de reuniões públicas.

Mariana Ferreira

Métodos de tortura

Durante o Estado Novo de Salazar em Portugal (1933-1974), houve relatos de práticas repressivas, incluindo a utilização de métodos de tortura. Alguns dos métodos mencionados incluíam espancamentos, choques elétricos, simulação de afogamento (submarino) e detenção em condições precárias. Essas práticas eram frequentemente empregadas contra opositores políticos e ativistas. Vale ressaltar que a repressão política durante esse período foi uma realidade, mas os detalhes específicos podem variar em diferentes fontes históricas.

Mariana Ferreira

Exilados Políticos

Antes do 25 de abril de 1974, durante o regime de Salazar em Portugal, muitos exilados políticos deixaram o país devido à repressão política. Eles procuravam refúgio em países como a França, o Brasil e outros, fugindo da censura e perseguição do Estado Novo. O exílio foi uma realidade para opositores do regime, intelectuais e ativistas que desafiavam as políticas autoritárias de Salazar.

Durante o regime de Salazar, que durou de 1932 a 1968, e continuou com Marcelo Caetano até 1974, Portugal enfrentou um período de repressão política. O Estado Novo controlava rigorosamente as liberdades civis e políticas.


- Álvaro Cunhal: Foi líder do Partido Comunista Português e desempenhou um papel ativo na resistência antifascista, sendo preso em 1961. Após fugir da prisão, viveu no exílio, organizando a oposição ao regime.


- Mário Soares: Fundador do Partido Socialista, Soares desempenhou um papel crucial na transição para a democracia em Portugal. Esteve no exílio e, após o 25 de Abril de 1974, regressou, desempenhando vários cargos políticos, incluindo a Presidência.


- Humberto Delgado: Militar e opositor político, Delgado concorreu às eleições presidenciais em 1958, desafiando abertamente Salazar. Após a derrota, viveu no exílio e continuou a resistência ao regime.


- Otelo Saraiva de Carvalho: Militar envolvido na Revolução dos Cravos (25 de Abril de 1974), tornou-se uma figura importante na construção do novo Portugal democrático, mas enfrentou controvérsias posteriores.


- Ary dos Santos: Poeta e letrista, Ary dos Santos foi conhecido pelas suas obras críticas ao regime. No exílio, continuou a escrever e a contribuir para a cultura portuguesa.


- Sophia de Mello Breyner Andresen: Poetisa, também criticou o regime através da sua obra. No exílio, continuou a ser uma voz proeminente na literatura portuguesa, eventualmente regressando a Portugal após a Revolução dos Cravos.

Vasco Freitas

Voto

Antes do 25 de abril de 1974, Portugal vivia uma ditadura conhecida como o Estado Novo. O sistema de voto era altamente restrito e controlado pelo regime liderado por António de Oliveira Salazar e, posteriormente, Marcelo Caetano .A participação política era limitada, com eleições controladas para garantir a continuidade do regime. O voto era obrigatório para os homens com mais de 21 anos, mas o processo era pouco transparente, sem partidos políticos significativos e com uma única lista de candidatos apoiada pelo Estado. Esse sistema contribuiu para a falta de democracia e liberdade política em Portugal durante esse período. 

Vasco Freitas

Liberdades, proibições e a PIDE 

Liberdades

As mulheres tinham mão nos assuntos da casa, estas eram educadas para garantir um bom casamento, estimarem os maridos e os filhos. Existia um concurso a nível europeu que avaliava as perícias culinárias, bordados e costura. 

A nível da alimentação, o povo português era livre para comer comida tradicional portuguesa, mas e as comidas dos outros países? Calma lá que aqui estamos a falar das liberdades existentes na época. Comia-se batata, arroz, alface, salada, leguminosas, peixe, especialmente o bacalhau.  Já a carne, fazia parte dos menus de festas, uma vez que era cara. À mesa não podia faltar o pão nosso de cada dia, os legumes e uma boa sopa.

Era possível para os homens sair de casa, trabalhar, e até reunir-se com os amigos. Todavia, não se podiam juntar grupos de muitas pessoas, já que era visto como atividade suspeita pela PIDE. Os assuntos eram também limitados.

Luana Oliveira

Proibições 

Antes da Revolução dos Cravos, em 1974, a vida era muito diferente. Atividades que hoje em dia consideramos “banais” eram proibidas na época. 

As crianças tinham de usar fardas e eram separadas por género. Não havia turmas mistas. E por vezes, as raparigas iam à escola na parte da manhã e os rapazes da parte da tarde.

Não se podia dizer mal do governo, nem dar a entender alguma opinião contrária, sob risco de ser preso pela PIDE.

Para além disso, tudo passava pelo rigoroso ‘lápis azul’ da censura e era comum livros, músicas, desenhos e notícias serem apreendidos por porem em causa a ordem pública.

Mais ainda, as mulheres só podiam votar se tivessem o ensino secundário.

Também as professoras tinham de ter uma autorização especial. Já para saírem sozinhas do país, todas as mulheres casadas precisavam da autorização do marido.

Obviamente, também eram proibidas as associações ou reuniões de grupos de pessoas. Na sua génese, qualquer movimento que pudesse originar oposição ao governo não era permitido.

No ano de 1974, já depois da Revolução houve várias celebrações populares por todo o País. Só em Lisboa mais de um milhão de pessoas saíram à rua. O 1º de maio ganhou ainda mais importância, precisamente, porque não eram permitidas as celebrações durante a ditadura.


Relatos do jornalista António Costa Santos

António Costa Santos redigiu um livro apelidado de "era proibido" para manter vivas as memórias do antes de 25 de Abril

No verão de 1973, na praia de Santa Cruz. Um jovem de 16 anos foi detido pela Guarda Nacional Republicana 14 vezes num único mês. O crime? Beijar a namorada na boca em plena rua.

Considerado um atentado à moral, o beijo em público estava na lista das atividades proibidas antes do 25 de Abril. “Em frente à praça, havia uma pastelaria cheia de velhotes e os velhotes, pá, eram uma classe muito repressiva, que contava tudo àpolícia”, recorda, entre risos, o jornalista e escritor António Costa Santos, hoje com 65 anos. “Na primeira detenção, raparam-me o cabelo na esquadra, de acordo com o que dizia a lei. Então, continuei a beijar só para chateá-los.”

A memória do verão de 73 e de outros verões, primaveras, outonos e invernos nos tempos da “outra senhora” rendeu o livro Era Proibido, a fim de manter vivas as memórias dos anos de “proibições caricatas, mas que não tinham a menor graça” reforça o autor.

Caricatas como não ser permitido jogar cartas em comboios ou a obrigatoriedade de se ter uma licença emitida pelas autoridades para andar de bicicleta, usar isqueiro e até casar com uma professora. Ou ainda a excêntrica proibição de “sacudir pó para a rua”, um delito em que incorreu a mãe do jornalista, nos anos 1960, punido com uma coima.  O jornalista, hoje apresentador na rádio Antena 2, lembra não se tratar de despejar o lixo pela janela ou o medieval água vai, que fazia às vezes de rede de esgotos.

“Era só pó devolvido ao pó”, conta. Para reprimir o delito, havia polícias especializados que, à paisana, rondavam as ruas entre às dez e o meio-dia, a fim de pegar as donas de casa em flagrante.

No livro, António recorda-se o mais temido entre os fiscais, um agente conhecido como Três Dedos, chamado assim por causa de uma acidente com uma arma de fogo, “o terror das vizinhas de certo bairro lisboeta”.

Estes são apenas alguns exemplos. O que hoje tomamos como garantido e um direito, há uns anos não era sequer tema aberto a discussão. Daí a importância deste dia e o motivo pelo qual o devemos celebrar.

Ir a Espanha para beber uma coca-cola 

Uma das memórias mais marcantes da infância de António Costa Santos sob os anos do “homem de Santa Comba” era ir até a fronteira com a Espanha para… beber uma Coca-Cola, cuja proibição remonta ainda a 1927, quando Fernando Pessoa viu o seu famoso slogan “primeiro estranha-se, depois entranha-se” não ser usado devido ao lobby da indústria local.

O jornalista explica que a proibição manteve-se em seguida por decisão do ditador, com a desculpa de proteger a indústria do vinho, e vigorou até 1977. A libertação, porém, não foi ponto pacífico mesmo com a chegada da democracia em Portugal e foi criticada pelos partidos de esquerda, que consideravam o refrigerante a “beberragem suja do imperialismo”.

Ter licença das Finanças para usar isqueiro

A proteção da indústria nacional, mas a de fósforos, foi a justificação para outra determinação despropositada da ditadura: por meio século, só se podia utilizar um isqueiro em via pública quem tivesse uma licença anual emitida pelas Finanças.

Uma autorização intransferível, ou seja, o dono da licença não podia emprestar o isqueiro a um amigo, por exemplo.

António Costa Santos lembra que um pormenor no texto do decreto de lei 28 219 que, em vez de forma clara dizer que a utilização do isqueiro era permitida no interior das casas preferiu o eufemismo “debaixo de telha”, o que levou os jovens à época a andarem com um pedaço de telha no bolso das calças para sacá-lo e cobrir o cigarro ao acendê-lo com um isqueiro na rua.

Luana Oliveira

PVDE- Polícia de Vigilância da Defesa do Estado

 Esta seria uma polícia política de caráter secreto. Criada para ajudar na manutenção da Ditadura Militar. A grande novidade desta Polícia era o seu carácter nacional, uma vez que as polícias anteriores só funcionavam na cidade do Porto e em Lisboa. A criação de uma polícia com competência nacional, com autoridade para investigar atividades de carácter político e social dos interesses do regime, controlar o movimento de fronteiras e a presença de estrangeiros em território nacional, foi uma decisão política de Salazar. A polícia assim constituída, no entanto, revelava ter diversas fragilidades, quer pela preparação técnica deficiente dos seus quadros, quer pela insuficiente e mal organizada cobertura do território ou ainda pela ausência de meios técnicos de comunicação, entre outros.


PIDE→ Polícia Internacional e de Defesa do Estado

Esta polícia política foi fundada em 1945 e a sua extinção ocorreu em 1969. Designada para ser responsável pela repressão de todas as formas de oposição ao regime político do Estado Novo. Com o fim da Segunda Guerra Mundial e o início da Guerra Fria, Salazar empreende a modernização do aparelho policial secreto, atribuindo-lhe a missão de defender o regime contra as atividades das organizações ilegais, principalmente, do Partido Comunista Português, para tal, usa métodos, dos mais variados, que iam da vigilância de suspeitos à prisão sem culpa formada, até à captação de correspondência e de comunicações telefónicas e pela criação e manutenção de uma rede de informadores, culminando com a apresentação dos detidos a Tribunais Plenários, que constituíam a forma jurídica das prisões e investigações, às vezes acusada de prender para investigar em lugar de investigar para prender, foi a executora da política seletiva de repressão preconizada por Salazar, a política dos safanões a tempo (tortura).

DGS—> Direção Geral de Segurança

Com a primavera marcelista houve uma mudança no nome, passando a PIDE a denominar-se DGS, numa mudança de procedimentos mais aparente do que real, vista pelas oposições legais e clandestinas com grande desconfiança. Depois do 25 de abril de 1974, após um momento de hesitação do novo poder, que, através do General António de Spínola foi transformada em polícia de informações militar em zona de guerra que acabou por ser extinta, sendo alguns dos seus responsáveis levados a tribunal, nomeadamente os mandantes e executores do assassinato do General Delgado, tendo o seu julgamento suscitado grande controvérsia.

Gonçalo Rodrigues

Censura

O lápis azul

O "lápis azul" foi o símbolo da censura e da época da ditadura portuguesa do século XX. Os censores do Estado Novo usavam um lápis de cor azul nos cortes de qualquer texto, imagem ou desenho a publicar na imprensa. Para proteger a ditadura, os cortes eram justificados como meio de impedir e limitar as tentativas de subversão e difamação. 

Além disso, a propaganda salazarista também fazia uso da censura, controlando os meios de comunicação para influenciar e manipular a informação. Jornais, rádios e outros eram constantemente monitorados e muitas vezes submetidos à censura prévia, garantindo assim que apenas informações favoráveis ao regime fossem divulgadas. Através desse controlo, a propaganda salazarista buscava criar uma narrativa única, reforçando o discurso oficial e desencorajando qualquer forma de questionamento ou oposição.

Luana Oliveira 

Luta contra a oposição

Durante o período que antecedeu a revolução de 25 de abril houve uma crescente oposição ao regime que se manifestou de várias formas, incluindo protestos estudantis, greves operárias e atividades de grupos políticos. A oposição ao Estado Novo em Portugal foi marcada por diversas fases com participação de figuras que se destacaram, como:

 Numa primeira fase (1926-1943):

- Oposição fraca;

- Desorganizada;

- Violenta;

- Princípios anarquistas;

- Destaque do Partido Comunista.

Segunda fase (1943- década de 60):

- Oposição organizada;

- Pacífica; 

- Participação nas eleições;

- Surge o MUNAF e o MUD.

Terceira e última fase (década de 60 até fim do regime): 

- Oposição radical;

- Atos terroristas e resistência violência;  

- Vários setores sociais unem-se contra a opressão;

- Surge o Movimentos das Forças Armadas.

 Em 1973 o III Congresso da Oposição Democrática unifica várias correntes democráticas e por último o MFA é organizado por oficiais intermédios do exército com os objetivos de democratizar, descolonizar e desenvolver, conhecidos como “Os três D”.

                                    Inês Teixeira

A economia da I República

A 9 de março de 1916 Portugal entra na Primeira Guerra Mundial, acontecimento que viria a agravar a situação socioeconómica do país.

Após a sua entrada neste conflito, Portugal viu-se obrigado a mudar o foco da sua produção, passando de uma economia civil para uma economia de guerra. O novo foco passou a ser a produção de armas, e não a produção de bens para consumo da população, o que gerou escassez e aumento dos preços dos bens de necessidade primária.

Esta escassez preocupou os portugueses, em especial as classes mais desfavorecidas. Isto, juntamente com uma produção industrial em declínio fizeram com que o défice da balança comercial crescesse assim como a dívida pública, que disparou. 

Na tentativa de dar resposta imediata à crise que se tinha instalado, os governos multiplicaram a quantia de moeda em circulação, o que a desvalorizou e deu origem a uma inflação galopante. O custo de vida aumentou drasticamente, fazendo-se os sentir seus efeitos sobretudo naqueles que pertenciam a classes mais baixas.

Para além disso, um dos maiores motivos para a ruína económica da 1ª República foi o seu fracasso político. A incapacidade dos governos em obter maiorias absolutas fez com que estes caíssem rapidamente, tornando impossível tomar decisões que garantissem o bom funcionamento da economia. As medidas tomadas por um governo eram rapidamente desfeitas pelo governo que a seguir tomasse posse e, por consequência, os problemas nunca eram resolvidos.

A economia Salazarista

O "Milagre financeiro"

Como consequência da instabilidade política da 1º República, o povo aclamava pela vinda de um governo forte e estável, capaz de tomar decisões duradouras e de garantir um bom desempenho económico.

Apesar de tudo, a Ditadura Militar não o conseguiu fazer. A verdade é que a crise até tinha piorado e, por isso, em março de 1928, o General Óscar Carmona convidou António de Oliveira Salazar para Ministro das Finanças. Este, com o objetivo de equilibrar as contas públicas, exigiu a supervisão das despesas de todos os ministérios, algo que os militares inicialmente não aceitaram, pois iria dar demasiado poder a Salazar, mas acabaram por ter que ceder.

Como consequência, logo em agosto, passados apenas 5 meses de ter sido convidado para Ministro das Finanças, Salazar faz algo milagroso: publica o primeiro Orçamento de Estado sem défice.

General Óscar Carmona

General Óscar Carmona (esquerda) e Salazar (direita)

Este "Milagre Financeiro" na verdade não passou de uma série de medidas de austeridade: aumento dos impostos e redução das despesas públicas, medidas controversas e que não beneficiam a população e, portanto, medidas que seriam muito contestadas num governo democrático, mas não no governo ditatorial em que Portugal se encontrava.

No entanto, a sua rapidez em resolver a crise fez com que Salazar se tornasse um político prestigiado não só dentro do Governo, mas também entre o povo, que o começou a ver como alguém com a capacidade de "salvar" Portugal. 

Foi este prestígio que permitiu a Salazar ir acumulando cada vez mais poder de forma incontestada, conseguindo, com a publicação da Constituição de 1933, solidificar a sua posição enquanto líder incontestável da Nação, surgindo então o Estado Novo.

Um Estado autossuficiente

A forma como Salazar conseguiu fazer  o "milagre financeiro" revela muito sobre a sua personalidade: Salazar era um líder austero, que priorizava o bem da Nação ao bem do indivíduo. 

Como é natural a um regime ditatorial, o Estado Novo procurava a autarcia, ou, por outras palavras, a autossuficiência  económica, de forma a não depender de  ninguém, e por isso, não estar sujeito aos interesses de outros países. De forma a chegar a esta autarcia, Salazar promoveu um modo de vida rural, com o objetivo de aumentar a produção do setor primário, chegando  mesmo a imitar as "batalhas da produção" feitas por Mussolini na Itália, criando as suas "campanhas da produção".

Para além disto, ao manter as pessoas longe da cidade (no campo), Salazar mantinha-as longe da informação, sendo mais fácil controlá-las .

No entanto estas iniciativas de desenvolvimento agrícola falharam por vários  motivos:

Para além disso, é possível surgir agora uma pergunta: "Porque é que Portugal dá prioridade ao setor primário numa altura em que a Europa se estava a industrializar a níveis nunca antes vistos?"

O Condicionamento Industrial

A resposta à pergunta anterior é bastante direta: A indústria apresentava-se como uma ameaça social e económica ao regime de Salazar.

O Estado Novo, ao ser um Estado ultraconservador, apresentava o comunismo como uma das maiores ameaças à sua existência , e é principalmente num ambiente industrial e urbano que a ideologia comunista se propaga. Por consequência, Salazar percebeu que a sua oposição seria maior se o país fosse muito industrializado e urbano e, portanto,  ao condicionar o desenvolvimento industrial, estaria a impedir um aumento da sua oposição e a propagação de ideais comunistas.

Para além disto, com a Grande Depressão de 1929, Salazar aprendeu que era necessário evitar a superprodução e as suas consequências, levando à criação de regras que regulavam a atividade produtiva e a concorrência. 

Objetivos do condicionamento industrial

Os objetivos do condicionamento industrial eram:

Consequências do condicionamento industrial

O condicionamento industrial:

O corporativismo

O corporativismo salazarista foi um modelo político-económico adotado em Portugal durante o regime ditatorial de António de Oliveira Salazar. O corporativismo salazarista era uma forma de organização da sociedade em “corporações” subordinadas ao Estado, onde trabalhadores e empregados eram organizados em corporações industriais e profissionais, representando diferentes interesses políticos e económicos . O objetivo do corporativismo era enfraquecer os sindicatos e os conflitos entre classes em Portugal, e o Estado colocou-se como mediador das relações entre o empregador e os empregados.

O papel das colónias

Em 1930 foi publicado o Ato Colonial, um conjunto de leis que define e organiza as formas de relacionamento entre a metrópole e as colónias.

Estas desempenhavam um papel essencial para a economia do Estado Novo, uma vez que eram mercados abastecedores de matérias-primas e mercados de escoamento de produtos da metrópole (Portugal).

O programa de obras públicas

As infraestruturas eram outro aspeto no qual Portugal ficava bastante atrás do resto da Europa, então, o Estado Novo, com o objetivo de promover o desenvolvimento do país e melhoria da qualidade de vida da população, começa a construção de obras públicas.

Este programa passou pela construção de:

Para além disso, deu-se também um grande desenvolvimento dos meios de comunicação, sendo exemplos:

O surto industrial: os Planos de Fomento

Após a 2º Guerra Mundial, Portugal permanecia um país essencialmente agrícola, com a política do condicionamento industrial ainda em vigor e com o Estado preocupado apenas com a estabilidade das contas públicas.

No entanto, apesar da sua política de contenção e isolamento, o Estado Novo apercebe-se que é relançar a economia e apostar na indústria e, por isso, adere à OECE e mais tarde à EFTA, aproximando-nos das economias da Europa Ocidental. Começa então uma liberalização gradual da economia portuguesa.

Com o objetivo de industrializar Portugal é lançado, em 1953, o primeiro de uma série de Planos de Fomento que viriam a transformar radicalmente a economia portuguesa e aproximá-la, embora muito pouco, das restantes economias europeias. Veja o seguinte Genially para obter mais informações sobre estes Planos de Fomento.

                        Margarida Santos

Emigração

A História portuguesa foi marcada desde sempre pela emigração, no entanto esta reduziu drásticamente nas décadas de 30 e 40 em consequência da Grande Depressão e do eclodir da Segunda Guerra Mundial. Estes cerca de 20 anos corresponderam a um período de um crescimento demográfico intenso que sobrepovoou o país, originando um excesso de mão de obra. Perante este cenário, os portugueses viram-se obrigados a escolher entre o êxodo rural e a emigração. Entre 1946 e 1973 emigraram cerca de 2 milhões de portugueses, metade dos quais na década de 60. Os portugueses tinham como destino predileto a França devido aos seus altos salários. A Guerra Colonial e o clima de repressão política vivido em Portugal eram dois fatores que em muito impulsionaram esta decisão de muitos lusitanos. Grande parte desta emigração fez-se clandestinamente. A legislação portuguesa restringia o direito de emigrar, pelo que sair "a salto", como então se dizia, tornou-se a opção de muitos portugueses.

A emigração desfalcou o país de trabalhadores, envelhecendo-o. Contudo, para o Estado Novo, a emigração foi um fator de pacificação social e de equilíbrio económico, que permitiu ajustar o mercado de trabalho e fez entrar as divisas necessárias ao equilíbrio da economia.

      Margarida Santos

Educação

A escola até à década de 70 era muito diferente da de hoje. Não havia turmas mistas: os rapazes e as raparigas tinham aulas em salas e até edifícios diferentes. Os professores davam aulas aos meninos e as professoras às meninas. 

Nas aldeias as escolas eram pequenas: havia escolas que só tinham duas salas, uma para rapazes e outra para raparigas. Tinham aulas por turnos: de manhã ou à tarde. Os alunos iam e vinham a pé, porque não havia autocarros. Nas zonas mais isoladas andavam grandes distâncias. As salas de aula tinham carteiras de madeira, aparafusadas ao chão, com um tampo que levantava. Em cada carteira sentavam-se dois alunos. Para escrever e fazer contas utilizavam lousas com ponteiros, que se apagavam. Havia poucos cadernos e neles escreviam com lápis e, de início, com penas com bicos, depois substituídos por canetas de tinta permanente. Nas carteiras havia um tinteiro para molharem o bico da pena ou a caneta chupar a tinta desenroscando-a e enroscando-a. Para secar a tinta punham em cima da escrita um papel cor-de-rosa chamado mata-borrão. Os livros, por classes, eram iguais em todas as escolas e duravam muitos anos. Assim serviam também para os irmãos, até porque havia famílias com muito pouco dinheiro e era difícil comprar o material escolar .

Quando os alunos não aprendiam ou se portavam mal eram castigados. Na sala de aula havia uma palmatória ou réguas grossas de madeira e uma cana de bambu com que o professor(a) batia. Havia também as “orelhas de burro”, que eram colocadas na cabeça do aluno, estando este, muitas vezes, virado para a janela, para ser visto por quem passava.

Na disciplina de Português aprendia-se a ler e a escrever, começando pelas letras A,E,I,O,U. Para aperfeiçoar a caligrafia passavam muito tempo a escrever em cadernos de duas linhas, primeiro linhas largas, depois mais estreitas e, por fim, ainda mais estreitas. Se a letra não estivesse bonita ou houvesse sujidade o exercício era repetido as vezes necessárias. Os alunos liam, faziam ditados, cópias, redações e estudavam gramática. Na disciplina de Geografia aprendiam tudo sobre Portugal Continental, as ilhas da Madeira e dos Açores e sobre as colónias em África, na Índia e em Timor. Por exemplo, aprendiam os rios, as serras, os caminhos-de-ferro e as produções agrícolas. Faziam muitos exercícios. Na disciplina Aritmética aprendiam muito bem a tabuada cantada. Faziam contas, resolviam problemas e calculavam áreas geométricas. Em História e Geografia aprendiam a História de Portugal sobre os reis e as rainhas, desde D. Afonso Henriques até D. Manuel II. Muitos textos, mesmo de Português, falavam de Salazar e das obras que fez. Também se aprendia a fazer desenhos. O ensino da Religião Católica era obrigatório. No início das aulas, além de cantarem o hino “ A Portuguesa”, em cada sala havia um crucifixo e rezavam. O amor a Deus, à Pátria e à Família era o princípio fundamental da sociedade portuguesa da altura. Quando chegavam ao fim da 4ª classe faziam exames fora da sua escola e se não soubessem o suficiente não passavam de ano: tinham de ficar a saber muito bem português, aritmética história e geografia. O ensino só era obrigatório até à 4ª classe. No entanto, muitas crianças com sete anos de idade iam trabalhar para ganhar dinheiro e ajudar a família.

Nas cidades, para os poucos que eram ricos e continuavam a estudar, havia os liceus, onde se aperfeiçoava as matérias que se tinha aprendido até à 4ª classe e se aprendia matérias novas, como línguas (francês e inglês), história universal, ciências, matemática, desenho. Eram estes alunos que depois iam para as universidades. Os mais “remediados” iam para as escolas industriais e comerciais, onde se aprendia profissões, tais como serralheiro, electricista, contabilista, costura, dactilografia, etecetera. Havia também escolas agrícolas. No fim de cada ano letivo havia exames nacionais muito rigorosos e quem reprovasse tinha que repetir. Concluindo, ler e escrever era privilégio de poucos e o abandono escolar era imenso.

Mariana ferreira

Quotidiano

  Antes da Revolução do 25 de Abril em Portugal, as formas de lazer eram influenciadas pelo regime autoritário do Estado Novo. As opções de lazer incluíam atividades culturais controladas, como eventos oficiais, cinema, teatro e desporto. No entanto, havia restrições à liberdade de expressão e associação, limitando algumas formas de entretenimento mais livres.

    Catarina Guimarães



  O trabalho, predominantemente, agrícola, era exercido desde muito cedo tendo em conta que a grande maioria não tinha condições para seguir com a educação, fazendo com que o número de analfabetos fosse enorme. Porém, aqueles que frequentavam a escola, apresentavam grandes dificuldades nas aprendizagens devido à falta de alimentação, esta originada pelo grande número de membros que apenas uma família possuía, podendo ter até 4 gerações numa casa só. No trabalho era comum o consumo de álcool logo de manhã, pois acreditavam ser uma fonte de energia muito útil para o sucesso dos trabalhadores, por esses motivos, os trabalhadores portugueses eram caracterizados como “obedientes, pobres, honestos e trabalhadores”. 


A política impactava de forma direta o dia a dia dos portugueses uma vez que não era permitida a existência de outros partidos e dessa forma o país era sujeito a uma ditadura, o que fez com que o quotidiano português dessa época fosse marcado pela repressão política, limitações à liberdade de expressão e existência da famosa polícia política. A imprensa, contudo, era também sujeita à censura, e a informação era controlada para servir aos interesses do regime.


   As condições de vida eram desiguais, e o país enfrentava problemas económicos com a maioria da população a viver na pobreza. A falta de transportes públicos dificultava a deslocação dos trabalhadores e até mesmo estudantes que viviam em vilas longe dos serviços de saúde, de educação e os seus postos de trabalho. Para evitar essa componente, eram organizadas muitas feiras locais que proporcionavam uma grande variedade de produtos e a preços mais acessíveis.


A religião católica era a única permitida a ser exercida e impunha vários regimes dessa forma a ajudar o governo. Sendo o Estado Novo um governo conservador, este não permitia a demonstração de afetos em público, o que originou os namoros às escondidas e prejudicou a natalidade no país. 

                      Inês Teixeira

Desporto

Antes de 25 de abril de 1974, durante o período salazarista em Portugal, o desporto era fortemente influenciado pelo Estado Novo. O regime de Salazar via o desporto como uma ferramenta de propaganda e controlo social. Houve uma ênfase na promoção de eventos desportivos que refletissem especificamente a imagem do regime. O Estado apoiava modalidades como o futebol, criando infraestruturas e incentivando clubes alinhados com os princípios do regime. No entanto, havia uma certa restrição à liberdade de expressão no desporto, e nas atletas eram muitas vezes controladas em suas atividades e declarações públicas para evitar críticas ao governo.

                Vasco Freitas

Guerra Colonial

A Guerra Colonial Portuguesa foi um conflito entre as Forças Armadas Portuguesas e os movimentos de libertação ou independência nas províncias de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Moçambique, que ocorreu entre 1961 e 1974. O regime português chamava o conflito de Guerra do Ultramar, enquanto os movimentos independentistas o chamavam de Guerra de Libertação ou Guerra da Independência. A guerra era referida em Portugal como Guerra de África. Esta causou cerca de 10 mil mortos e 20 mil inválidos entre os soldados e mais de 100 mil vítimas entre os civis que viviam nas colónias.

A questão colonial

O Ato Colonial foi uma lei promulgada em 1930 durante o período da ditadura em Portugal, que garantia que o país não abriria mão de suas colónias. Em 1951, esse ato foi revogado e os territórios passaram a ser considerados Províncias Ultramarinas, com igualdade jurídica às províncias do continente. Essas mudanças foram feitas pelo Estado Novo na esperança de manter seus territórios ultramarinos intactos.

A independência das colónias 

O processo de independência na região central do continente africano começou nos anos 50, mas parou com a capitulação do Biafra. A descolonização no Sul da África também ficou atrasada. Moçambique e Angola tornaram-se independentes de Portugal em 1975 após um período de lutas de guerrilha. Isso aconteceu quando Portugal estava a passar por mudanças políticas após um Golpe de Estado que depôs o regime ditatorial e o substituiu por uma nova República, inicialmente de tipo socialista.

Os movimentos nacionalistas da Guerra Colonial 

Em 1964, começou a luta armada pela independência de Moçambique liderada pela FRELIMO, seguido pelo PAIGC na Guiné-Bissau e Cabo Verde, e a UPA, FNLA e UNITA em Angola. O Congresso Pan-Africano e a ONU também apoiaram os movimentos de independência. Em 1960, a ONU aprovou a Resolução 1514, que reconheceu o direito dos territórios colonizados à autodeterminação. Nesse ano, 18 novos países surgiram como resultado do processo de descolonização.

          Beatriz Ferreira

Bandeira da Exposição

Exposição do mundo Português

A Exposição do Mundo Português (23 de Junho de 1940 – 2 de Dezembro de 1940) foi uma exposição realizada em Lisboa em 1940.

Historicamente coincidente com o primeiro ano da Segunda Guerra Mundial, teve o propósito de comemorar a data da Fundação do Estado Português (1140) e da Restauração da Independência (1640), mas, também (e esse seria o objetivo primordial), de celebrar o Estado Novo, então em fase de consolidação. Foi o acontecimento político-cultural mais marcante do Regime e a maior exposição do seu género realizada no país até à Expo 98 (1998).

A exposição

Situado entre a margem direita do rio Tejo e o Mosteiro dos Jerónimos, o evento ocupou uma área de cerca de 560 mil metros quadrados e implicou a renovação urbana da zona ocidental de Lisboa. O local era particularmente favorável ao efeito teatral desejado, criando-se desde logo uma monumental Praça do Império (atual Jardim da Praça do Império), ladeada a nascente e poente por dois grandes pavilhões longitudinais perpendiculares ao mosteiro quinhentista: o Pavilhão de Honra e de Lisboa (de Luís Cristino da Silva) e, do outro lado, o Pavilhão dos Portugueses no Mundo (do próprio Cottinelli Telmo).                                                                                   

    Catarina Guimarães

Exposição do Mundo Português, 1940 – Jardim da Praça do Império; Mosteiro dos Jerónimos; Pavilhão de Honra e de Lisboa (de Luís Cristino da Silva)

Marcelismo

O termo “Marcelismo” ou “Primavera Marcelista” aborda um período da história de Portugal que ocorreu durante a presidência de Américo Tomás e o governo de Marcelo Caetano.

Este período foi caracterizado por um sistema político autoritário e corporativista, que se estendeu de 1968 a 1974, e também, foi, um momento aquando da chegada de Marcelo Caetano ao poder, em que tentou optar por medidas modernistas e liberais, porém eram medidas um quanto insuficientes.

Momentos marcantes como a Guerra Colonial em que Portugal estava envolvido. O decorrer de conflitos nas suas colónias africanas, que levou o governo a  ter dificuldades a controlar as mesmas, como consequência, existiu  uma queda das políticas internas, a censura e a repressão que mesmo com aposta nas políticas moderada continuou igual, ou seja, a liberdade continuou a ser retirada, e comandada pelo estado, a crise económica derivada da inflação e o desemprego que leva a uma crescente insatisfação social.

No final, Marcelo acabou politicamente isolado e o regime ruiu como um castelo de cartas com o golpe de libertação do 25 de Abril, que acabou com o regime autoritário e imperial do Estado Novo, e instaurou uma democracia.

              Gonçalo Rodrigues

Isolamento Internacional

Portugal, a partir da Conferência de Berlim (1884-1885), viu legitimado o domínio efetivo sobre as colónias, apesar de ter sido acusado de não praticar uma política de ocupação territorial que consolidasse a dita legitimidade de posse. Assim, foi o País obrigado a vergar-se às condições decretadas pelas restantes nações colonialistas, como foi o caso do Reino Unido e da Alemanha. Apesar de os povos indígenas serem considerados súbditos portugueses (se bem que não cidadãos) era ponto assente na política do Estado Novo que não deveria haver miscigenação e que era obrigatório o enquadramento dos mesmos em estruturas económicas, entre outras, europeias. Paralelamente, os restantes países colonizadores iam progressivamente abdicando das suas colónias, algo a que Portugal se recusou a reconhecer a legitimidade e secundar. Este facto causou reprovação e afastamento por parte das restantes nações europeias e sobretudo da NATO. Contudo, o facto de Portugal abdicar das suas colónias implicava grande perda de poder capitalista e de ingressos monetários ou de produtos a explorar. Esta vaga de anticolonialismo nasceu no final da Segunda Grande Guerra e preconizava o fim de indignidades, explorações e opressões de uns povos sobre os outros. A autodeterminação dos povos foi contudo apenas uma face da moeda, uma vez que se podia entender, como aconteceu, de certa forma, em Portugal, como uma consequência do alastrar do Comunismo. Assim, e sendo esta mais uma razão para a resistência ao abandono das colónias, adotou uma política externa caracterizada pela expressão "orgulhosamente sós", em que se pretendia sustentar esta posição, adjuvada pelos valores do Cristianismo e do Ocidente, contra a vaga generalizada de desistência colonial e propagação democrática. No entanto e infelizmente para Portugal, esta postura revelou-se obsoleta e extremamente prejudicial, tendo levado ao desastre da perdida guerra colonial. Este foi o grande agente que provocou a revolução do 25 de abril de 1974, uma vez que esta guerra contribuiu com o ingrediente da mágoa e frustração de quem perdia os seres próximos, assim como quem combatia, numa guerra sangrenta e de certa forma travada contra uma engrenagem mundial que nunca regrediria.

  Catarina Guimarães