A importância da criança saber quem ela é (a criança precoce ou sobredotada)

Data de publicação: Apr 10, 2013 3:20:44 PM

Para que a diferença, esta diferença, se torna numa riqueza algumas coisas devemos fazer. Uma delas é ajudar estas crianças e depois adolescentes, a descobrir quem são, a definir o seu projecto de vida.

Caso contrário, as muitas expectativas geradas na infância acerca do futuro promissor destes indivíduos não se cumprem. E muitos deles mais tarde, quando adolescentes, não serão muito diferentes dos seus pares, com um grau de insucesso igual ou maior do que os outros, na escola ou no trabalho.

E isto acontece porque algures a sociedade está a falhar. A escola, a quem compete um papel fundamental e estruturante no desenvolvimento destas crianças e jovens, precisa de fazer mais e diferente com os mais pequenos e com os mais velhos, não os abandonar. Seremos melhores enquanto comunidade se aceitarmos a diversidade e se potenciarmos as capacidades de cada um, em prol da felicidade individual e colectiva. Doutra forma é criar condições para o insucesso e a frustração.

Uma das formas de evitar isto é detectar o mais cedo possível estas crianças, sem medos. Independentemente da idade em que a sobredotação é identificada torna-se necessária uma avaliação psicológica por um profissional qualificado. A avaliação permite que as crianças e os pais compreendam melhor as dificuldades que possam estar a passar e aquelas que podem vir a encontrar no futuro; permite identificar os recursos e competências da criança; permite, também, equacionar, se necessário, uma ajuda eficaz e adaptada. Em momento algum esta avaliação deve servir para etiquetar a criança e enclausurá-la num perfil.

É com base nos recursos e competências identificadas que se pode intervir, seja para a promoção do desenvolvimento da criança, seja para, nalguns casos, reencontrar a estima de si e a confiança, perdidas por vezes em anos de sucessivo insucesso escolar.

E a avaliação psicológica normalmente realiza-se em pouco tempo. Entre 3 a 4 sessões (dependendo do ritmo da criança) são suficientes para o fazer. Ela inclui a entrevista com os pais, a entrevista livre com a criança, a aplicação de provas de avaliação do desenvolvimento cognitivo e provas de avaliação do desenvolvimento sócio-afectivo. Feito o diagnóstico e identificadas as áreas fortes e fracas, o técnico poderá, em função das dificuldades apresentadas, propor pistas de trabalho: fortalecer a imagem de si, intervir ao nível do implícito da escola, encontrar soluções para as dificuldades escolares conexas (dislexia, hiperactividade…). Pode, inclusivamente, propor apoio psicológico e, se necessário, aconselhar a família a procurar outro tipo de ajuda (pedopsiquiatra, neurologista, por exemplo).

Com o apoio devido, um bom número de crianças aprende a viver com a sua diferença e a fazer dela uma riqueza, para si e para os outros. E esse apoio assenta em 3 pilares fundamentais: um meio sócio-afectivo estável (a começar pelo meio familiar), encontros que fazem a diferença (um professor ou algum outro educador) e a compreensão e reconhecimento do meio envolvente.