Olá, aluno(a)! Nesta lição, aprofundaremos nossos conhecimentos sobre a Bubalinocultura, área da zootecnia que estuda a criação de bubalinos, conhecidos popularmente como búfalos, tanto para a produção de carne como para a produção de leite.
Os búfalos são animais resistentes, podendo ser criados em diversos biomas, e sua produção vem crescendo, a cada dia mais, no Brasil. Aprenderemos um pouco mais sobre esse interessante ramo da Produção Animal!
Você, como Técnico(a) em Agronegócio(a), saberia auxiliar um produtor da área de bubalinocultura? Ou, então, saberia auxiliá-lo a implantar uma criação de búfalos em sua propriedade? Saberia dizer as raças de búfalos existentes no Brasil? Os principais objetivos de sua produção e o sistema de produção mais utilizado? Como futuro(a) Técnico(a) em Agronegócio(a), ao final desta lição, você estará apto(a) a responder a todas essas questões e, assim, auxiliar os produtores a ter uma produção mais eficiente, econômica e lucrativa!
No case desta lição, trago a história de um produtor rural, chamado Rodrigo, que contratou Ana, uma Técnica em Agronegócio, para que ela pudesse o auxiliar em sua criação de búfalos para produção de carne e leite, de modo que fosse mais econômica e lucrativa.
Os animais eram criados em sistema extensivo e, portanto, não possuíam nenhum suplemento alimentar ou manejo sanitário; portanto, a sua produtividade era considerada baixa. Sabendo disso, a primeira ação de Ana foi indicar a mudança do sistema, migrando, então, para um sistema de produção semi-intensivo baseado no manejo rotacionado, além da suplementação dos animais com concentrado no cocho.
Os piquetes, ainda, foram divididos de forma que, em todos eles, houvesse sombra o suficiente para os animais, além de deixar um lago acessível para que pudessem entrar na água e se refrescarem — algo muito importante para os bubalinos. Com o tempo, a criação tornou-se, cada dia mais, eficiente e lucrativa!
Esse case é um exemplo de que mesmo alterações consideradas simples na produção podem levar a grandes benefícios e demonstra o quão importante é a atuação do profissional da área, para auxiliar o produtor em detalhes que fazem toda a diferença na criação dos animais!
Bubalinocultura é o nome atribuído à criação de búfalos para fins de comercialização de seus produtos e derivados, como a carne e o leite. Uma de suas vantagens é que esses animais podem ser criados tanto em áreas de terra firme como em áreas alagadas. De acordo com Castro e Vasconcellos (2019, p. 106),
O búfalo tem espaço garantido como opção pecuária. Possui adaptabilidade e rusticidade para transformar gramíneas em derivados de alto valor agregado e servindo como componente em sistemas agrossilvipastoris. Quando praticada em pequenas propriedades, a bubalinocultura gera ganhos substanciais às famílias agrícolas e, por isso, tem-se mostrado um relevante instrumento de progresso social.
Marques e Cardoso (1997) apontam que, devido às suas características de produção de leite e carne, os búfalos podem ser classificados como animais de dupla aptidão, entretanto algumas raças são mais utilizadas para a produção de leite, e outras para a produção de carne. Além disso, eles podem ser utilizados como animais de tração — puxando carroças, por exemplo. Esses animais são uma ótima alternativa para a produção de carne a pasto devido à sua adaptabilidade e por consumir grande variedade de forragens, o que está atraindo, a cada dia mais, produtores para a sua criação (CASTRO; VASCONCELLOS, 2019). As raças existentes no Brasil são: Murrah, Mediterrâneo, Jafarabadi e Carabao.
De origem italiana, apresenta dupla-aptidão. É um animal dócil e de fácil manejo. Os machos podem chegar a 800 kg na vida adulta, e as fêmeas até 600 kg. Apesar da dupla-aptidão, são animais bem desenvolvidos para a produção leiteira.
Animal de dupla-aptidão e de origem indiana. Quando estão em bom pasto, produzem uma excelente quantidade de carne (desenvolvimento muscular). Os machos podem pesar de 700 a 1500 kg, e as fêmeas podem chegar aos 900 kg.
De origem indiana, sua principal aptidão é a produção de leite. Os machos chegam a 800 kg e as fêmeas de 650 a 600 kg.
Originário da Ásia, é conhecido como “Trator do Oriente” por ser um animal com alta resistência. Os machos podem chegar a 700 kg, e as fêmeas, a 500 kg. Podem ser utilizados para tração animal por serem animais extremamente fortes.
Grande parte da criação de búfalos no Brasil ocorre de forma extensiva, com pouco controle e manejo dos animais, especialmente, na região Norte. Entretanto, como característico do sistema extensivo, o retorno econômico é baixo. A criação de búfalos para a produção leiteira, também, é muito utilizada ainda em sistema extensivo, pois os bubalinos possuem pouca quantidade de leite comparado aos bovinos, o que dificulta o retorno financeiro de grandes investimentos, como o que ocorre no caso do sistema intensivo.
Castro e Vasconcellos (2019) atentam a dois sistemas de produção a serem levados em consideração na produção de bubalinos: o pastejo rotacionado e em consórcios com outras espécies de animais e plantas (sistemas agropastoril, silvipastoril e agrossilvipastoril), como visto na lição sobre bovinocultura de corte.
O modelo de sistema semi-intensivo de pastejo rotacionado é viável economicamente, além de aumentar a produtividade do animal e auxiliar na renovação da pastagem, o que mantém a qualidade tanto do solo como das plantas forrageiras. Nesse sistema, o pasto é dividido em piquetes, em que os animais permanecem em torno de três a cinco dias, alimentando da pastagem. Logo após, os animais são retirados, e o piquete fica em “descanso” por cerca de 30 dias, o que permite a recuperação da pastagem e o crescimento vegetal.
As búfalas apresentam cio em intervalos regulares de 21 em 21 dias, concentrados, especialmente, nas épocas com pastagens de qualidade e em boa quantidade. Por isso, são consideradas animais de reprodução sazonal. Sua gestação dura em média 310 dias (dez meses) e podem ser cobertas (entrar em reprodução) quando atingem um peso aproximado de 350 a 400 kg, o que ocorre entre 18 e 20 meses de vida, no caso das fêmeas bem nutridas, e em torno de 30 meses nas fêmeas criadas no sistema extensivo. A vida útil das reprodutoras é longa, podendo produzir filhotes até os 20 anos, sendo a sua vida útil maior se comparada às fêmeas bovinas (CASTRO; VASCONCELLOS, 2019).
Em relação à alimentação, o correto é não optar pela alimentação exclusivamente em pastagem, pois pode não ser o suficiente para suprir todas as necessidades do animal. Para auxiliar nesse quesito, a forragem pode ser cortada e picada e fornecida aos animais misturada em concentrados energéticos e ou protéicos (exemplos: grãos de milho, soja, torta de algodão etc.) (CASTRO; VASCONCELLOS, 2019).
Por fim, deve-se atentar ao bem-estar dos búfalos, que necessitam mergulhar na água ou na lama para molhar o corpo, hidratar a pele e se proteger do sol e de ectoparasitas. Por isso, devem ser criados em ambientes com água potável e sombra (CASTRO; VASCONCELLOS, 2019).
De acordo com Nascimento et al. (2023), a bubalinocultura possui grande potencial de mercado por oferecer uma variedade de produtos para o consumidor, como o leite de búfala, conhecido por possuir características como maior teor de proteína, lipídios (gordura) e minerais, o que é interessante tanto para a saúde humana como para a produção de produtos lácteos, como a mussarela de búfala.
A bubalinocultura, entretanto, ainda, possui desafios para consolidar a sua produção no Brasil, devido à sua baixa tecnificação, visto que a maioria das criações ainda ocorre no sistema extensivo. Ademais, a criação vem ganhando, a cada dia mais, espaço no agronegócio brasileiro (NASCIMENTO et al., 2023).
Castro e Vasconcellos (2019) destacam que os índices produtivos dos búfalos para produção de carne e leite e trabalho de tração são superiores aos dos bovinos, quando avaliados nas condições brasileiras. Sendo assim, a carne de búfalos possui uma posição importante economicamente, pois leva a geração de vários empregos diretos e indiretos. De acordo com Castro e Vasconcellos (2019, p.113),
A carne de búfalo, comparada à de bovinos, possui 40% menos colesterol, 12 vezes menos gordura, 55% menos calorias, 11% a mais de proteínas e 10% a mais de minerais, em 100 gramas de carne cozida, sendo, portanto, mais indicada para a saúde humana. Além disso, as características de odor, sabor e suculência da carne de bubalino são muito semelhantes às de bovinos. Quanto à cor, a carne bubalina é mais clara nos animais jovens e mais escura do que a de bovinos nos animais mais velhos.
Apesar desse aumento da produção, a bubalinocultura ainda não está entre as maiores criações animais do Brasil, sendo que a maior parte da produção se encontra na região Norte, mais especificamente, no estado do Pará. A produção ainda enfrenta desafios em relação à organização de sua cadeia produtiva, como falta de tecnificação em sua criação, adequação das estruturas, assistência técnica especializada, escolha das raças de acordo com a região e finalidade de criação, melhoramento genético e manejo de qualidade. Entretanto, com o avanço dos estudos na área, a expectativa é de que a produção se torne, cada dia mais, competitiva.
Querido(a) aluno(a), nesta lição, você aprendeu um pouco mais sobre a bubalinocultura, que é a criação de búfalos (bubalinos) para produção de carne e/ou leite e seus derivados, sendo ambos os produtos conhecidos por sua excelente qualidade.
A produção de búfalos pode ser muito lucrativa, pois são animais rústicos e adaptáveis a diversas regiões e pastagens. Entretanto muito ainda há de ser feito, especialmente, em relação à tecnificação da cadeia produtiva, para que essa produção se torne, cada dia mais, expressiva no Brasil.
Conhecer todos esses detalhes é importante, pois como a expectativa é de que a produção se torne mais competitiva, conforme isso venha ocorrer, será necessário auxílio de profissionais com conhecimento na área para auxiliar os criadores desses animais. Portanto, estude sobre o assunto e, principalmente, fique atento(a) às evoluções dessa área, pois, futuramente, pode ser seu local de trabalho.
MARQUES, J. R. F. I.; CARDOSO, L. S. A bubalinocultura no Brasil e no Mundo. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE BUBALININOCULTURA, 1., 1997, Cruz das Almas. Anais [...]. Cruz das Almas: Escola de Agronomia da Universidade Federal da Bahia, 1997.
NASCIMENTO, A. J. da S. et al. Bubalinocultura no Brasil: principais raças, características e importância ao agronegócio. Peer Review, v. 5, n. 3, p. 19-30, 2023.
VASCONCELOS, P. R.; CASTRO, F. S. Zootecnia e Produção de Ruminantes e Não Ruminantes. Porto alegre: Grupo A, 2019.