33 Estratégias de Guerra (Notas do Livro)

33 Estratégias de Guerra

Aprenda com as Batalhas da História e Vença os Desafios Cotidianos 

Robert Greene

projeto de JOOST ELFFERS

Tradução de Talita M. Rodrigues 

GREENE, Robert. 33 Estratégias de Guerra: Aprenda com as batalhas da História e Vença os Desafios Cotidianos. Tradução de Talita M. Rodrigues. Rio de Janeiro: Rocco, 2022.




Prefácio

O termo “estratégia” vem do grego strategos, significando literalmente “o líder do Exército”. Nesse sentido, era a arte de ser general, de comandar. Para tanto, as pessoas nesse grau de hierarquia, devem estar constantemente verificando os rumores de guerra, os possíveis ataques dos inimigos, e como se defenderem diante de um confronto real. 

Embora a origem seja grega, muitos povos se valeram da “estratégia” em seus próprios países, pois a invasão por um outro país pode ocorrer a qualquer momento. Dentre todos os povos e culturas, o maior estrategista foi Sun Tzu, cujas lições estão registradas em seu livro A Arte da Guerra, e nos ensinam a vencer o inimigo, mas com uma condição: sem derramamento de sangue. A técnica proposta é: estudar os pontos fracos do oponente.

Tópicos de destaque: veja as coisas como elas são, e não com o colorido que suas emoções lhe dão; julgue as pessoas por suas ações; dependa das próprias armas; adore Atenas, não Ares; eleve-se acima do campo de batalha; espiritualize sua guerra. No caso da emoção, ela deve ser tratada como uma doença que precisa ser erradica. Quer dizer, entre razão e emoção, penda mais para a razão.

Robert Greene, o autor das 33 estratégias, convida-nos a olhar o mundo de forma diferente, não somente em relação aos outros como a nós mesmos, no sentido de melhor conhecer as nossas limitações e as nossas potencialidades. Tomando consciência de nosso medo e de nossa coragem, teremos mais êxito em nossos empreendimentos, sejam de que natureza forem.

Depreende-se deste prefácio que o ensinamento antigo “conhece-te a ti mesmo” ainda precisa ser atualizado em cada um de nós. Nosso esforço deveria ser: tornar a nossa causa racional, pois todo efeito inteligente, provém de uma causa inteligente.

Parte 1 — Guerra Autodirigida

1 — Declare Guerra aos seus Inimigos: A estratégia da polaridade)

Neste capítulo, há referência ao inimigo interior, ao inimigo externo e às chaves para a guerra.

Começa citando Xenofonte, filósofo grego que, depois de consultar o oráculo de Delfos, aceita o convite de ser um soldado de Ciro na guerra contra os persas. Ciro morre durante a batalha e os gregos ficam nas mãos dos persas.

Numa determinada noite, Xenofonte teve um sonho: um raio de Zeus incendiou a casa de seu pai. Ele acordou suando. De repente percebeu: a morte estava olhando na cara dos gregos, mas eles estavam ali choramingando, desesperados e discutindo. Achava que se os gregos se concentrassem nos inimigos que queriam matá-los ficariam alertas e criativos. Depois disso, passou a despertar os gregos e iluminando seu caminho.

Interpretação: a vida é de batalha e de lutas. Estamos constantemente diante de situações difíceis, relacionamentos destrutivos, compromissos perigosos. Dica: concentre-se no inimigo. Pode ser alguém que bloqueie o seu caminho, ou sabote você. O importante é sair vitorioso.

Ser atacado é um sinal de que você é importante o suficiente para ser um alvo. Aproveite a ocasião para robustecer a fraqueza de querer eliminar aquele que não pensa como você.

2 — Não Combata a Guerra que já Passou: A estratégia da guerrilha mental

Aquilo que com mais frequência o desanima e o deixa infeliz é o passado, na forma de apegos desnecessários, repetições de fórmulas desgastadas e a lembrança de antigas vitórias e derrotas.

Para muitos, Napoleão foi um gênio, um deus da guerra. Ele não se baseava no passado. A sua estratégia era não ter nenhuma.

Miyamoto Musachi, autor de O livro dos cinco anéis, venceu todos os seus duelos por uma razão: em cada caso ele adaptava a sua estratégia a seu adversário e às circunstâncias do moimento. O que pode nos desviar do caminho certo é não estarmos sintonizados o momento presente. Quanto melhor adaptarmos os nossos pensamentos às situações que não são mais as mesmas, mais realistas serão nossas respostas a elas.

Assim sendo: Reexamine todas as suas crenças e princípios prediletos. Apague da memória a última guerra. Mantenha a mente em movimento. Absorva o espírito dos tempos. 

3 — Em meio ao Turbilhão de Acontecimentos, não Perca a presença de Espírito: A estratégia do contrapeso

Neste capítulo fornece-nos informações sobre o vice-almirante Lorde Horatio Nelson (1758-1805) que, mesmo passando por diversas tribulações [perda de um olho e o braço direito em batalhas], isso de nada adiantou para enfrentar os problemas futuros. Ao observar Alfred Hitchcock (1899-1980) em seu set de filmagem, aprende a tática do Buda desapegado.

Detalhes: Exponha-se ao conflito. Tenha confiança em si mesmo. Tenha paciência e boa vontade para com os tolos. Exclua todos os sentimentos de pânico concentrando em tarefas simples. Não se deixe intimidar. Desenvolva o seu Fingerspitzegefühl (tato na ponta dos dedos)

Finalmente, não pense na presença de espírito como uma qualidade útil apenas nos períodos de adversidade, algo para ligar e desligar conforme você precise. Cultive-a como uma condição diária.

4 — Crie um Senso de Urgência e Desespero: A estratégia da zona de morte

Cita o espanhol Hernán Cortés, que desistiu de estudar Direito e embarcou para as colônias de seu país no Novo Mundo. Fala de Feodor Dostoievski, na época 24 anos, que abalou o mundo literário com seu romance Gente pobre.

A zona de morte é um fenômeno psicológico que transcende o campo de batalha; é qualquer conjunto de circunstancias no qual você se sente preso e sem opções. Existe uma pressão muito real em suas costas, e você pode recuar. O tempo está se esgotando. O fracasso — uma forma de morte psíquica — está encarando você. Você precisa agir e sofrer as consequências.

Detalhes: Aja antes de estar pronto. Entre em novas águas. Converta isso em “você contra o mundo”. Mantenha-se inquieto e insatisfeito.


Parte 2 — Guerra Organizacional (de Equipe)

Você pode ter ideias brilhantes, pode ser capaz de inventar estratégias invencíveis, mas se o grupo que você lidera, e de que você depende para executar seus planos, é indiferente ou pouco criativo, e se seus membros sempre colocam as prioridades deles em primeiro lugar, suas ideias não significarão nada.

5 — Evite as Armadilhas do Pensamento em Grupo: A estratégia do comando e controle

O problema da liderança de qualquer grupo é que as pessoas inevitavelmente têm as próprias prioridades. Se você for autoritário demais, elas se ressentirão e se rebelarão silenciosamente.

Evoca a primeira guerra mundial e cita o general Sir Ian Hamilton, hábil estrategista e experiente comandante inglês. Depois, o brigadeiro George C. Marshall (1880-1958) que pregava uma grande reforma militar.

Agora, mais do que nunca, a boa liderança requer um toque hábil e sutil. A razão é simples; estamos desconfiando mais da autoridade. Ao mesmo tempo, quase todos nós nos imaginamos como autoridades por nossa própria conta — oficiais e não soldados rasos. Sentindo necessidade de autoafirmação, as pessoas colocam os próprios interesses antes dos da equipe. A unidade do grupo é frágil e pode facilmente se romper.

Nada de bom pode vir de uma liderança compartilhada. Se um dia lhe oferecerem uma posição na qual você terá de dividir o comando, recuse, pois o empreendimento vai fracassar e você será considerado responsável. Melhor aceitar um posto inferior e deixar outra pessoa fazer o trabalho.

6 — Segmente suas Forças: A estratégia do caos controlado

Situa Karl Mack, oficial intendente austríaco e membro mais velho e influente do exército da Áustria, defendia um ataque preventivo contra a França, com um exército grande o bastante para garantir a vitória. Ele disse: “Na guerra, o objetivo é derrotar o inimigo, não apenas evitar ser derrotado.

O mundo está cheio de gente procurando uma fórmula secreta para o sucesso e o poder. Elas não querem pensar sozinhas; querem apenas uma receita para seguir.

Visto que a estrutura de seu exército tem de estar adequada às pessoas que o compõem, a regra da descentralização é flexível.

7 — Transforme sua Guerra em uma Cruzada: As estratégias morais

Exemplos históricos: Oliver Cromwell, Lyndon Johnson, Aníbal, Green Bay Packers, Napoleão Bonaparte.

O segredo de motivar as pessoas e manter seu bom astral é fazer com que pensem menos neles e mais no grupo.

Passos na arte do gerenciamento humano: 1) uma suas tropas em torno de uma causa; 2) mantenha-os de barriga cheia; 3) lidere da linha de frente; 4) concentre seu ch’i; 5) brinque com as emoções deles; 6) misture rapidez com bondade; 7) crie o mito de grupo; 8) seja implacável com os resmungões.

Se o moral é contagiante, o mesmo acontece com seu oposto: medo e descontentamento podem se espalhar por suas tropas como fogo selvagem. A única maneira de lidar com eles é eliminá-los antes que se transformem em pânico e rebelião.

Parte 3 — Guerra Defensiva

Lutar na defensiva não é um sinal de fraqueza; é o auge da sabedoria estratégica, um poderoso estilo de travar uma guerra.

8 — Escolha suas Batalhas com Cuidado: A estratégia da economia perfeita

Todos nós temos limitações — nossas energias e habilidades nos levam somente até certo ponto. O perigo está em tentar ultrapassar nossos limites  

História: Piro de Épiro, Rainha Elizabeth, Vo Nguyen Giap

A economia perfeita significa encontrar um meio-termo justo, um nível no qual seus golpes contem, mas não o deixam esgotado.   

Não pode haver nenhuma valor em lutar sem economia, mas é sempre sensato fazer com que seu adversário desperdice ao máximo os próprios recursos.

9 — Vire a Mesa: A estratégia do contra-ataque

Fazer o primeiro movimento — iniciando o ataque — com frequência o colocará em desvantagem: você está expondo sua estratégia e limitando suas opções.

História: Napoleão Bonaparte, Roosevelt, Ted Williams, general Wei.

Sempre que você se encontrar na defensiva ou em dificuldade, o maior perigo é o impulso de exagerar a reação.

A estratégia do contra-ataque não pode ser aplicada a todas as situações: sempre haverá momentos em que é melhor você mesmo iniciar o ataque, ganhando o controle ao colocar seus adversários na defensiva antes que tenham tempo para pensar.   

10 — Crie uma Presença Ameaçadora: As estratégias de dissuasão

A melhor maneira de combater agressores é impedi-los de atacar você primeiro. Para fazer isso você precisa criar a impressão de ser mais poderoso do que é.

“Machucar todos os dedos de um homem não é tão eficaz quanto cortar um deles.” —Mao Tsé-Tung (1893-1976)

Cinco métodos básicos de dissuasão e intimidação reversa: 1) surpreender com uma manobra ousada; 2) reverter a ameaça; 3) parecer imprevisível e irracional; 4) tirar proveito da paranoia natural das pessoas; 5) criar uma reputação assustadora.

"Quando adversários não estão dispostos a lutar com você, é porque pensam que não é do interesse deles, ou porque você os iludiu fazendo-os pensar assim." — Sun Tzu (século IV a.C.)

O propósito de estratégias de dissuasão é desencorajar o ataque, e uma presença ou ação ameaçadora em geral faz o serviço. Em algumas circunstâncias, entretanto, você pode conseguir a mesma coisa com mais segurança fazendo o contrário: fingindo-se de bobo e despretensioso.

11 — Troque Espaço por Tempo: A estratégia do não-compromisso

Recuar diante de um inimigo forte não é sinal de fraqueza, mas de força. Ao resistir à tentação de reagir a um agressor, você arruma um tempo precioso para si mesmo — tempo para se recuperar, pensar e ganhar perspectiva.

“Espaço eu posso recuperar, tempo nunca.” — Napoleão Bonaparte (1769-1821)

“Permanecer disciplinado e calmo enquanto espera que a desordem surja entre o inimigo é a arte do autocontrole.” — Sun Tzu (século IV a.C.)

Quando inimigos o atacam em uma força esmagadora, em vez de recuar você pode às vezes decidir enfrenta-los diretamente.

Parte 4 — Guerra ofensiva

Os maiores perigos na guerra, e na vida, vêm do inesperado: as pessoas não reagem como você pensou, acontecimentos atrapalham seus planos e causam confusão, circunstâncias são devastadoras. Na estratégia, esta discrepância entre o que você quer que aconteça e o que acontece chama-se “atrito”.

12 — Perca as Batalhas, mas Vença a Guerra: A grande estratégia

Todos à sua volta são estrategistas procurando conquistar o poder, todos tentando promover seus próprios interesses, muitas vezes a suas custas.

As manobras de Alexandre, o Grande, desnortearam a sua equipe; elas pareciam não ter nenhuma lógica, nenhuma coerência. Só mais tarde puderam os gregos olhar para trás e ver realmente a sua magnífica façanha.

Alexandre devia seu novo estilo de estratégia a sua mãe e a Aristóteles. A mãe lhe havia dado uma noção de destino e de meta: governar o mundo conhecido. Com Aristóteles, ele aprendeu o poder de controlar suas emoções, ver as coisas desapaixonadamente, pensar antes nas consequências de seus atos.

Ignore a sabedoria convencional do que você deveria ou não estar fazendo.

A grande estratégia tem quatro postulados principais, extraídos de casos reais dos praticantes mais bem-sucedidos na arte: 1) concentre-se em seu objetivo maior, seu destino; 2) amplie sua perspectiva; 3) corte as raízes; 4) tome o caminho indireto para sua meta.

Fábula: O Javali e a Raposa.

13 — Conheça seu Inimigo: A estratégia da inteligência

O alvo de sua estratégia deve ser não tanto o inimigo que você enfrenta, mas a mente da pessoa que a comanda. Se você compreende como essa mente funciona, você tem a chave para iludi-la e controla-la.

O maior poder a seu alcance na vida não vem de recursos ilimitados nem mesmo de uma consumada habilidade em estratégias. Vem de um claro conhecimento daqueles que estão ao seu redor — da habilidade de ler as pessoas como se fossem livros.

Mas espiões não são confiáveis; eles filtram a informação através de seus próprios preconceitos e discriminações, e como o ofício deles os coloca exatamente entre um lado e outro e os obriga a serem operadores independentes, eles são notoriamente difíceis de controlar e podem se virar contra você.

A informação é inútil se você não sabe como interpretá-la, como usá-la para distinguir aparência da realidade. Você precisa aprender a reconhecer os diversos tipos psicológicos.

Mesmo esforçando-se para reconhecer seus inimigos, você deve se fazer amorfo e difícil de compreender tanto quanto for possível. Visto que as pessoas na realidade só têm a aparência em que se basear, é fácil enganá-las.

14 — Vença a Resistência com Movimentos Velozes e Imprevisíveis: A estratégia Blitzkrieg

Em um mundo onde muitas pessoas são indecisas e cautelosas em excesso, o uso da velocidade vai lhe dar um poder extraordinário.

Quando Genghis Khan tornou-se líder da nação mongol, herdou talvez o exército mais veloz do planeta, mas a rapidez deles havia se traduzido em limitado sucesso militar.

Velocidade, portanto, não é só uma poderosa ferramenta para usar contra um inimigo, ela pode também ter uma influência positiva estimulante sobre aqueles que estão ao seu lado.  

A falta de pressa pode ser muito conveniente, principalmente como encenação. Parecer lento e descansado, até um pouco bobo, acalmará seus inimigos, contagiando-os com sua atitude sonolenta.

15 — Controle a Dinâmica: Forçando estratégias

As pessoas estão constantemente lutando para controlar você — fazer você agir segundo o que interessa a elas, mantendo a dinâmica nos termos delas.

Controle é um problema em todos os relacionamentos. É da natureza humana abominar os sentimentos de impotência e lutar pelo poder.

Quatro princípios básicos da arte: 1) mantê-los na expectativa; 2) transferir o campo de batalha; 3) forçar erros; 4) assumir o controle passivo.

Esta estratégia não tem inverso. Qualquer esforço para parecer não estar no controle de uma situação, para parecer que está se recusando a influenciar o relacionamento, é de fato uma forma de controle.

16 — Atinja-os onde Dói: A estratégia do centro de gravidade

Todo mundo tem uma fonte de poder. Ao olhar para seus rivais, procure sob a superfície essa fonte, o centro de gravidade que mantém unida toda a estrutura.

A maioria das pessoas tem o problema de ver a guerra como uma atividade distinta sem relação com outas esferas da vida humana. Mas, na verdade, a guerra é uma forma de poder — Carl von Clausewitz chamou de “política por outros meios” —, e todas as formas de poder têm em comum as mesmas estruturas essenciais.

Atacar este centro de gravidade, neutralizá-lo ou destruí-lo é a estratégia fundamental na guerra, pois sem ela toda a estrutura entrará em colapso.

Todas as criaturas vivas têm um centro de gravidade. Até o grupo mais descentralizado precisa se comunicar e depende de uma rede que é vulnerável ao ataque. Não há inverso para este princípio

17 — Derrote-os em Detalhes: A estratégia do dividir-e-conquistar

Nunca se intimide com a aparência de seu inimigo. Em vez disso, examine as partes que compõem o todo.

Milhares de anos atrás, nossos antepassados mais antigos tendiam a se sentir muito frágeis e vulneráveis. Para sobreviverem nos ambientes hostis de nosso mundo primitivo, os animais tinham velocidade, dentes e garras, pelos contra o frio do inverno e outras vantagens de força de proteção. Os humanos não tinham nada disso e devem ter se sentido assustadoramente expostos e sozinhos. A única maneira de compensar essa fragilidade era formando grupos.

18 — Exponha e Ataque o Lado Frágil de seus Adversários: A estratégia crucial

Quando você ataca as pessoas diretamente, enrijece a resistência delas e dificulta muito a tarefa. Há um jeito melhor: distrair a atenção de seus adversários para a frente de batalha, em seguida atacá-los pela lateral, por onde menos esperam.

Os conflitos e as lutas pelos quais passamos hoje em dia são estarrecedores — muito maiores do que aqueles enfrentados por nossos ancestrais.

Imagem: A Lagosta. A criatura parece intimidante e impenetrável, com suas presas afiadas, sua casca dura protetora, sua poderosa cauda afastando-a do perigo. Mas vire-a ao contrário com uma vareta para revelar seu lado inferior macio e a criatura se torna impotente.

19 — Cerque o Inimigo:  A estratégia de aniquilação

As pessoas usarão qualquer tipo de brecha em suas defesas para atacar você. Então não as ofereça. O segredo é cercar seus adversários — criar implacável pressão sobre eles de todos os lados, dominar sua atenção e fechar o acesso ao mundo exterior.

“Coloque um macaco em uma gaiola e ele é igual a um porco, não por ser menos inteligente e rápido, mas porque não tem lugar para exercitar livremente suas capacidades.” (Huainanzi (século II a.C.)

20 — Manobre-os em Direção à Fraqueza: A estratégia da aniquilação

Por mais forte que você seja, travar batalhas intermináveis com as pessoas é exaustivo, caro e sem imaginação.

4 princípios mais importantes da guerra de manobras: 1) traçar um plano com ramificações; 2) dar a si mesmo espaço para manobrar; 3) dar dilemas a seu inimigo, não problemas; 4) criar o máximo de desordem.

Não há objetivo nem honra em buscar a batalha direta por ela mesma.


21 — Negocie enquanto Avança: A estratégia da guerra diplomática

As pessoas sempre tentarão obter de você por meio de negociações o que não puderam tirar em batalhas ou confrontos diretos.

Conflitos e confrontos em geral são coisas desagradáveis que despertam emoções desagradáveis. Desejando evitar esse aborrecimento, as pessoa muitas vezes tentam ser gentis e conciliadoras com quem está a sua volta, na crença de que isso evocará a mesma raçoa em troca.

22 — Saiba como Terminar as Coisas: A estratégia de saída

Neste mundo, você é julgado pelo modo como termina as coisas. Uma conclusão confusa ou incompleta pode reverberar por muitos anos no futuro, arruinando sua reputação.

Existem três tipos de pessoas no mundo. Primeiro, as sonhadoras e faladoras, que começam os seus projetos com uma explosão de entusiasmo. Diante da realidade dura e cruel, acabam desistindo de seus projetos. Há aquelas que concluem tudo o que fazem, seja porque são obrigadas ou porque dão conta do esforço.

Esses dois tipos, tanto um como o outro, iniciam um projeto sem uma ideia firme de como terminá-lo. E conforme o projeto progride, inevitavelmente divergindo de como eles tinham imaginado que seria, ficam inseguros sem saber como sair dele e desistem ou, então, simplesmente correm para terminar logo.

O terceiro grupo é o daqueles que compreendem uma lei básica de poder e estratégia: o fim de alguma coisa — um projeto, uma campanha, uma conversa — tem enorme importância para as pessoas. Ele fica ressoando na cabeça. Uma guerra pode começar com grandes fanfarras e ocasionar muitas vitórias, mas se terminar mal é disso que todo mundo vai se lembrar.

Imagem. O Sol. Quando ele termina seu curso e se põe no horizonte, deixa para trás um brilho intenso memorável. Sua volta é sempre desejada.

Parte 5 — Guerra (Suja) não Convencional

Um general em uma guerra deve buscar constantemente uma vantagem sobre o adversário. A maior delas vem do elemento surpresa, atingindo os inimigos com estratégias que sejam novidade, que eles não conheçam, totalmente não convencionais.

23 — Teça uma Mescla Imperceptível de Fato e Ficção: Estratégias de percepções erradas

Visto que nenhuma criatura sobrevive se não puder ver ou sentir o que está acontecendo ao redor, dificulte para seus inimigos saber o que está em volta deles, inclusive o que você está fazendo.

Chaves para a guerra. A falsa fachada: esta é a forma mais antiga de engodo militar. O ataque isca: este é outro ardil que data de épocas antigas, e continua sendo atual. Camuflagem: a habilidade para se misturar ao ambiente é uma das formas mais aterrorizantes de fraude militar. O modelo hipnótico: segundo Maquiavel, os seres humanos tendem naturalmente a pensar em termos de padrões. Informações plantadas: as pessoas tendem muito mais a acreditar no que veem os seus próprios olhos do que em algo que lhes dizem.

Imagem. Névoa. Ela torna impossível saber a forma e a cor dos objetos. Aprenda a criar bastante névoa e você se livra do olhar intrometido do inimigo; você sabe para onde está indo, enquanto o inimigo se perde cada vez mais na névoa.

24 — Adote a Linha do Mínimo de Expectativas: A estratégia do ordinário-extraordinário

As pessoas esperam que seu comportamento se encaixe em padrões e convenções conhecidos. Sua tarefa como estrategista é abalar as expectativas delas.

Experimente: manobrar fora da expectativa do inimigo, tirar do ordinário o que é extraordinário, agir com a esperteza de uma raposa, manter as rodas em constante movimento

Imagem. O Arado. O solo precisa estar preparado. As lâminas do arado reviram a terra em constante movimento, arejando o solo. O processo deve continuar todos os anos ou as ervas mais daninhas tomarão conta e o solo cheio de grumos sufocará toda a vida. Da terra, arada e fertilizada, as plantas mais nutritivas e maravilhosas podem emergir.

25 — Ocupe o Terreno Elevado da Moral: A estratégia justa

Em um mundo político, a causa pela qual você está lutando deve parecer mais justa do que a do inimigo.

As Chaves da Guerra. Em quase todas as culturas, a moral — a definição de bom e mau — originou-se como um meio para diferenciar uma classe de pessoas de outras. Na Grécia antiga, por exemplo, a palavra para “bom” foi primeiro associada à nobreza, às classes mais altas que serviam ao Estado e provavelmente sua bravura no campo de batalha; os maus — a base, autocentrada e covarde — eram em geral as classes mais baixas.

Uma ofensiva moral tem um risco inerente: se as pessoas sabem o que você está fazendo, sua atitude honesta talvez as desagrade e afaste.

26 — Negue-lhes Alvos: A estratégia do vazio

A sensação de vazio ou vácuo   — silêncio, isolamento, não comprometimento com os outros — é intolerável para a maioria das pessoas. Como uma fraqueza humana,  esse medo oferece terreno fértil para uma poderosa estratégia ; não dêa seus inimigos um alvo para atacar, seja perigoso mas esquivo, em seguida observe como eles o caçam no vazio.

Chaves para a guerra. A lógica é a seguinte: um líder decide levar seu país à guerra e arma um exército com este propósito. O objetivo do exército é enfrentar e derrotar o inimigo em uma batalha decisiva que forçará uma rendição e termos favoráveis de paz.

Imagem. O Mosquito. A maioria dos mosquitos apresenta frente, costas e lados que podem ser atacados ou ameaçados. Os mosquitos, entretanto, não lhe dão nada a não ser um zumbido irritante no ouvido, de todos os lados e ângulos. Você não consegue acertá-lo, você não pode vê-lo. Sua carne, enquanto isso, lhes dá infinitos alvos. Um número suficiente de picadas e você percebe que a única solução é parar de lutar e sair dali o mais rápido possível .

  

27 — Faça de Conta que está Trabalhando pelos Interesses Alheios enquanto Promove os Seus: A estratégia da aliança.

A melhor maneira de promover a sua causa com o mínimo de esforço e derramamento de sangue é criando uma rede de alianças que mudem constantemente, conseguindo que os outros compensem suas deficiências, façam o trabalho sujo, combatam suas guerras, gastem energia fazendo você avançar.

Para sobreviver e progredir na vida, nos vemos constantemente tendo de usar as outras pessoas para algum propósito, algumas necessidades — para obter recursos que não conseguimos sozinhos, para nos dar algum tipo de proteção, para compensar uma habilidade ou talento que não possuímos.

Se você fizer o jogo de alianças, o mesmo farão as pessoas a sua volta, e você não pode levar para o lado pessoal, o comportamento delas — você precisa continuar lidando com elas.

28 — Dê aos seus Inimigos Corda para se Enforcarem: A estratégia de manobra para ganhar vantagem

O maior perigo na vida não costuma ser o inimigo externo, mas nossos supostos colegas e amigos que fingem trabalhar pela causa comum enquanto se esforçam para nos sabotar e roubar nossas ideias em benefício próprio.

Imagem. A Máscara. Todo ator no palco superlotado está usando uma máscara — um rosto agradável, atraente, para mostrar à plateia. Se um esbarrão à primeira vista inocente de um colega de palco a derruba, revela-se uma expressão bem menos agradável e de que poucos se esquecerão mesmo depois de restaurada.

Às vezes, a guerra direta é melhor — quando, por exemplo, você pode destruir seus inimigos cercando-os.

29 — Morda aos Bocadinhos: A estratégia do fait accompli

Se você parece ambicioso demais, desperta ressentimentos nas outras pessoas; tomadas de poder excessivas ou ascensões aguda ao topo são perigosas, gerando inveja, desconfiança e suspeita.

“Multiplicar pequenos sucessos é exatamente construir um tesouro após outro. Com o tempo fica-se rico sem saber como.” Frederico, o Grande (1712-1786)

30 — Penetre em suas Mentes: Estratégias de comunicação

A comunicação é um tipo de guerra; seu campo de batalha, as mentes resistentes e defensivas das pessoas a quem você quer influenciar. O objetivo é avançar, penetrar em suas defesas e ocupar suas mentes.

Chaves para a guerra. Há séculos as pessoas buscam a fórmula mágica que lhes dê o poder de influenciar os outros com palavras. Esta busca tem sido muito difícil. As palavras têm qualidades paradoxais, estranhas: dê conselhos às pessoas, por exemplo, não importa se bons ou não, e estará sugerindo que sabe mais do que elas. Na medida em que isto atinge a insegurança delas, suas sábias palavras podem ter o mero efeito de entrincheirá-las exatamente naqueles hábitos que você quer mudar.

Imagem. O Estilete. Ele é longo e pontudo. Ele não precisa ser afiado. Em sua forma reside a perfeição como um instrumento para penetrar de um modo limpo e profundo. Seja em uma estocada pelo flanco, costas ou atravessando o coração, seu efeito é fatal.

31 — Destrua de Dentro para Fora: A estratégia do fronte-interior

Só se pode realmente travar uma guerra com um inimigo que se mostra. Ao se infiltrar nas fileiras de seus adversários, trabalhando de dentro para fora para derrubá-los, você lhes dá nada para ver ou a que reagir — a suprema vantagem.

Chaves para a guerra. A forma mais comum de defesa em uma guerra à moda antiga era a fortaleza ou cidade murada, e líderes militares planejavam estratégias durante séculos para tomar essas estruturas.

Imagem. O Cupim. Bem no fundo da estrutura da casa, o cupim silenciosamente devora a madeira, seus exércitos pacientemente furam vigas e suportes. O trabalho passa despercebido, mas não o resultado.

32 — Domine enquanto Parece se Submeter: A estratégia da agressão passiva

Qualquer tentativa para curvar as pessoas à sua vontade é uma forma de agressão. Em um mundo onde as considerações políticas são soberanas, a forma mais eficaz de agressão é a que melhor se oculta: agressão por trás de uma aparência complacente, até amorosa.

Chaves para a guerra. Nós humanos temos uma limitação em nossa capacidade de raciocínio que nos causa infinitos problemas: quando pensamos em alguém ou em alguma coisa que nos aconteceu, em geral optamos pela interpretação mais simples, mais fácil de digerir.

O inverso da agressão passiva é a passividade agressiva, apresentando um rosto aparentemente hostil enquanto por dentro permanece calmo sem tomar nenhuma atitude pouco amistosa.

33 — Semeie Incerteza e Pânico com Atos de Terror: A estratégia da reação em cadeia

O terror é a melhor maneira de paralisar a vontade de resistir e tornar a pessoa incapaz de planejar uma reação estratégica. Esse poder é obtido com atos esporádicos de violência que criam uma constante sensação de ameaça, incubando um medo que se espalha por toda a esfera pública.

Chaves para a guerra. No decorrer de nossas vidas diárias, estamos sujeitos a medos de vários tipos. Estes medos em geral estão relacionados com algo específico: alguém pode nos prejudicar, está surgindo um determinado problema, doenças nos ameaçam, até a própria morte. Na luta contra um medo terrível, nossa força de vontade fica momentaneamente paralisada enquanto contemplamos as coisas ruins que podem nos acontecer.