Livros
Biografia- Joaquim Sustelo
Joaquim Sustelo é natural de Alcantarilha/Silves, onde nasceu em 1948.
Em Silves tirou o Curso Comercial e em Faro a Secção Preparatória para o Instituto Comercial, para onde veio estudar (Lisboa) em 1967.
Depois, foi estudante de Economia, no então ISCEF, sem concluir o curso; e empregado bancário, profissão de que se retirou para a reforma como gerente de Agência, há já alguns anos.
Desde os seus 12 anos que faz poemas. Contudo, enquanto bancário, fez apenas algumas sátiras e um ou outro poema de amor. Já aposentado, ingressou em Grupos de Poesia na net. Aí sim, voltou a escrever com mais assiduidade, pelo que a maior parte dos seus poemas é depois do ano de 2000.
Em 2005 editou o seu primeiro livro de poemas, intitulado “No Silêncio do Tempo.” Depois foi uma série deles, sendo que hoje tem 30 livros seus editados.
Participa ainda, com outros poetas, em mais de 50 Coletâneas.
Foi fundador do site Horizontes da Poesia em 2007 e faz locução na rádio com o mesmo nome, há 11 anos, tendo divulgado até hoje mais de 3.800 poemas de poetas participantes do referido site, para além de outros dos ditos consagrados.
Escreve todo o género de poemas, rimados. Tem, contudo, uma certa paixão pelo soneto.
Gosta de dizer poesia.
O seu primeiro livro- «No Silêncio do Tempo»
Poemas
Na árvore não caiu uma folha
Frontalidades
Jesus por cá
Aquela estrela além
voz de Joaquim Sustelo
voz de Dália Micaelo
A chuva
A Noite, Terna, Linda, Louca, Escura
De Régua a Barca D'Alva
Era uma casa pequena
A lenda da fundação da cidade de Lisboa
Conversas com a minha mãe
Cidade de ouro preto. ode e dez sonetos
Outono e primavera- dueto de Cida Vasconcellos e Joaquim Sustelo
A criança que fui
Natal dos pobres
— O que queres tu, hoje, de presente?Eu vi mas era tudo muito caro!...— Ó mãe, basta sentir tão docernenteCarinho, aconchego... o teu amparo.
— Meu filho, coisa pouca só que fosseSeria para ti recordação;Vi uma tão bonita, não te trouxePois pouco me sobrou, paguei o pão...
— Mãe, deixa lá estar não te apoquentesTeu cérebro descansa, sê feliz!Conheço o grande amor que por mim sentesE tanta coisa linda aqui se diz...
— Mas eu posso tentar uma prendinhaQue o homem até fia por uns dias...— Não tragas nada, deixa lá mãezinha,Teremos sempre as nossas alegrias:
— Eu vou buscar a lenha ali ao matoE vamos acender uma fogueira;Trazemos cada um o nosso pratoFicamos no quentinho, ali à beira...
— A sopa está tão boa, tens razão,Vai lá então; mas olha, não demores,Que a mãe vai já cortando aqui o pãoE histórias contará, pra que as decores;
Assim foi; mãe e filho em harmoniaÀ beira da fogueira, o corpo quente,Ficaram na ternura até ser diaNum Natal tão bonito! E tão diferente...
Joaquim Sustelo
(em Florilégio de Natal 2007,
pelos escritores da Tertúlia Rio de Prata)
Aí está o outono!
Veste outras vestes a estação de outono,mais tristes, agrestes, do que o verão findo...Estamos mesmo prestes a entrar no sonoda mãe-natureza que é um sono lindo!
À volta os espaços tingem-se de coresdespidas a árvores suportando o vento...Ao longe ficaram do verão os amoresque já sucumbiram pelo fraco assento
Agora os socalcos, as vinhas expostas,exibindo o néctar em cachos dourados!E as gentes cantando, enchendo as encostasos cachos cortando... cestos carregados...
É a festa própria da entrada do outonocomo outras festas, cantos, romarias...Que linda estação que subiu ao tronoque doura o outono também dos meus dias!...
Numa manhã...
Numa manhã de um domingo qualquerQuando houver uma luz que acenda o caminho,Hei-de palmilhar veredas e estradasRasgando alvoradasContigo... ou sozinho!
Numa manhã de um domingo que é santoE em toda a parte é dia de prece,Vou mostrar que a reza às vezes não chega...Que muita até cegaE a guerra acontece
Relembrar que a força não está nos canhõesQue explodem e matam os homens de paz.Lançarei sorrisos em chuva de letras...Ideias profetas?Mas eu sou capaz!
Pretendo ir além, até do que entendo!Bem mais que quem mata e se orgulha depois!Irei como um louco correndo o caminhoContigo... ou sozinho!Mas vem, somos dois...
Traz mais um amigo, faremos um trio!E outro e mais outro hão-de vir sem custo!Lá no fim da estrada não há mais desvio:Veremos felizes na força do brioUm mundo mais justo!
É longo o caminho daqui até lá...Muitos pereceram, foi forte o sufoco!Não temas agruras nem distância grande!- Um pouco que se andeSerá sempre um pouco.
Quando voei de mim...
Quando voei de mim pra te encontraro tempo estava frioe nem sabia se era longe ou perto...
A chuva ela era densa, copiosaO vento sibilava nas janelasna sua voz tenebrosacomo um intenso gritodado em silêncio num deserto
Mas era ao mesmo tempo um desafioromper com velhas telase te acharquer fosse longe ou perto
Traçara o teu perfil... a tua imagem...Será que existirias... mesmo? assim?De quanto era a extensão dessa viagemquando voei de mim?
E atrás dos vários rostosque cruzaramcomigo na distância do caminho,por entre as várias almas que mostraramo muito da essência do carinho,achei-te sob a luz dum céu infindonum dia que foi lindoe que eternizo!
Ao pé de ti o tempo vai florindo...e eu, sorrindo,não voo mais de mimque achei o Paraíso.
Cidade de Aveiro
Deixei o meu olhar pela cidade
Num barco moliceiro, que sulcando,
Sua peculiar identidade
Me foi nos seus canais apresentando
Canal Central, mais largo e bem mais cheio
De barcos com pinturas multicores
A colorir também nosso passeio
Repleto bem de sonhos e de flores
O homem do comando faz um toque:
Na proa uma ajudante se empoleira
Pra ver se vem um barco do São Roque (*)
Ou se podemos ir logo à primeira
Um prédio nos sorri em pequenez
Um outro mostra âncoras-janelas;
Há armazéns de sal que o tempo fez
Dormir em suas formas tão singelas...
E a minimizar do mar o dano,
Prédios com azulejos - proteção.
Que é forte a maresia... e o oceano
Invade-a e faz mossa ao coração
Porém, com seus canais em lindos versos
Faz-lhe também poesia. (O canal Cojo
Beijando-a no Palácio dos Congressos
Adentra-a... namorando-a, com arrojo!)
Três prédios ovalados formam barcos,
Um Fórum mais abaixo nos convida...
Há flores no canal sobre um dos arcos
Ali onde a cidade tem mais vida
Floresce-a inda mais a avenida,
No meio, como sendo a sua espinha;
Ao cimo há a Estação, tão bem vestida,
Que mostra com orgulho a velha linha
Jardins aqui, além, fazem encanto
A todo o que a visita, na certeza
Que vai amá-la sempre! Sempre e tanto
Pois sabe que ela é sua Veneza!
Deixei o meu olhar pela cidade
Na esp'rança de voltar talvez em breve...
O coração, a ir, me persuade.
A alma sempre lá me fica leve.
(*) canal São Roque, ao qual se acede
por uma pequena entrada
(editado em SOL E NUVENS NO POENTE)