Segundo Reinado – Política Externa
Sumário:
Segundo Reinado – Política Externa - Texto
01) Questão Christie:
A tensão entre Brasil e Inglaterra no século XIX, relacionada à questão do tráfico de escravos, foi um capítulo significativo nas relações internacionais da época. Pressionado pela Inglaterra, que buscava o fim do tráfico negreiro, o Brasil enfrentou conflitos com fazendeiros e traficantes que alegavam que tais pressões afetavam a soberania nacional.
Em 1842, a situação se agravou quando a Rainha Vitória recusou a Grã Cruz do Cruzeiro do Sul, sinalizando o descontentamento britânico com o país. A situação se intensificou com a implantação da Tarifa Alves Branco, que encerrou os privilégios alfandegários britânicos. A Inglaterra criou a Bill Aberdeen, em 1845, para reprimir o tráfico de escravos, pondo fim ao tráfico de escravos entre a África e a América, ao norte da linha do Equador.
A pressão inglesa culminou com a promulgação da Lei Eusébio de Queirós, em 1850, que restringiu o tráfico negreiro no Brasil. Entretanto, os incidentes continuaram a abalar as relações entre os dois países. Em 1861, o naufrágio do navio Príncipe de Gales no Rio Grande do Sul gerou acusações de saque por parte dos brasileiros, o que levou a um protesto do representante inglês, Douglas Christie.
O desentendimento se agravou em 1862, quando três oficiais da armada britânica foram presos por embriaguez no Rio de Janeiro. Christie exigiu punição aos responsáveis pela prisão e um pedido de desculpas. Diante do impasse, a marinha brasileira passou a interceptar navios no porto do Rio de Janeiro, aumentando as tensões.
Para resolver o conflito, a arbitragem de Leopoldo I, da Bélgica, favoreceu o Brasil no caso dos marinheiros presos. Porém, a Inglaterra não aceitou a exigência de indenização pelas interceptações dos navios. Esse impasse levou ao rompimento das relações diplomáticas entre os dois países entre 1863 e 1865.
As tensões entre Brasil e Inglaterra nesse período representaram um desafio para a diplomacia e a soberania do Brasil, destacando a importância das questões relacionadas à escravidão e ao tráfico de escravos no contexto internacional. Esse conflito diplomático teve impactos significativos nas relações bilaterais e refletiu as disputas e contradições políticas da época.
02) Campanhas do Prata:
A questão da intervenção brasileira na região do Prata durante o século XIX foi marcada por uma série de problemas e disputas políticas que envolviam não apenas o Brasil, mas também as repúblicas platinas. Os principais problemas que motivaram essa intervenção foram a defesa das fronteiras brasileiras e a busca pela liberdade de navegação e comércio na região.
Por um lado, a economia agrária e pastoril do interior do Brasil entrava em conflito com o controle fiscal alfandegário e comercial do litoral, o que gerava lutas internas nas repúblicas platinas. Essas disputas se intensificaram no Uruguai, onde ocorriam conflitos entre os partidos Blanco e Colorado. O líder argentino Juan Manuel Rosas aliou-se a Oribe, bloqueando a cidade de Montevidéu.
Diante desse cenário, o Brasil decidiu intervir, buscando derrotar Rosas e Oribe para impor um tratado de Neutralidade, livre comércio e navegação na região. A intervenção brasileira teve sucesso nessa missão e impôs o tratado desejado.
Entretanto, novos conflitos surgiram com a ascensão de Aguirre, líder do partido Blanco, à presidência do Uruguai. Venâncio Flores, líder do partido Colorado, tentou tomar o poder pela via armada com apoio do Brasil. Em 1864, estancieiros uruguaios saquearam propriedades gaúchas, levando o Brasil a exigir indenização. Aguirre recusou-se a pagar, o que levou o Brasil a intervir diretamente na região, forçando sua renúncia.
Essa intervenção do Brasil em questões internas das repúblicas platinas gerou tensões e conflitos, culminando na aliança de Aguirre com Solano López, presidente do Paraguai, o que deu origem a um novo conflito regional.
Essa intervenção na região do Prata foi um importante episódio da política externa brasileira no século XIX, refletindo as disputas por influência e poder na América do Sul e suas complexidades políticas e econômicas. As consequências desses conflitos tiveram impactos duradouros nas relações diplomáticas da região, moldando o cenário político e social do continente.
03) A Guerra do Paraguai:
A Guerra do Paraguai, ocorrida entre 1864 e 1870, foi um conflito de grandes proporções na América do Sul, com impactos significativos na geopolítica da região. O contexto em que a guerra se desenrolou estava intrinsecamente relacionado ao imperialismo inglês e à ascensão do Paraguai como um país desenvolvido, o que ameaçava os interesses britânicos na área.
O início do conflito se deu com a intervenção do Brasil no Uruguai, o que levou o Paraguai a apreender o navio brasileiro Marques de Olinda. Essa ação desencadeou uma série de hostilidades, culminando com a invasão do Mato Grosso pelo Paraguai, passando pelo território argentino, para invadir o sul do Brasil foi considerou uma violação ao território argentino.
Diante da escalada de tensões e conflitos, formou-se a Tríplice Aliança, composta por Argentina, Brasil e Uruguai, com o objetivo de enfrentar o Paraguai. O contingente brasileiro, porém, era reduzido, e para fortalecer o exército, a Guarda Nacional foi incorporada, contando com voluntários, incluindo negros forros.
A Tríplice Aliança obteve várias vitórias importantes, como nas batalhas de Riachuelo, Humaitá e Lomas Valentinas. Sob o comando de Duque de Caxias, o Brasil liderou a invasão a Assunção, enquanto o líder paraguaio Solano López fugia e o Conde D'Eu assumia o comando até a morte de López.
As consequências da Guerra do Paraguai foram devastadoras. Parte significativa da população paraguaia foi destruída, e o país sofreu um atraso material severo. Por outro lado, o conflito estimulou o sentimento abolicionista na região, impulsionando a luta contra a escravidão.
No Brasil, a guerra teve efeitos transformadores no exército, que se tornou mais organizado, moderno, positivista e republicano. A experiência do conflito impulsionou mudanças políticas e sociais no país, deixando um legado complexo na história da América do Sul. A Guerra do Paraguai se consolidou como um evento marcante e trágico, cujas consequências se estenderam por muitos anos após o seu término.
Segundo Reinado – Política Externa - Resumo
01) Questão Christie:
a. Vinculada a pressão Inglesa pelo fim do tráfico de Escravos;
b. Fazendeiros e traficantes alegavam pressões que lesavam a soberania nacional;
c. 1842 – Rainha Vitória recusou-se a aceitar a Grã Cruz do Cruzeiro do Sul;
d. Tarifa Alves Branco – fim dos privilégios Britânicos alfandegários;
e. 1845 – Criação da Bill Aberdeen;
f. 1850 – Lei Eusébio de Queiroz – Amenizou as hostilidades;
g. Incidentes:
i. 1861 – Naufrágio no RS o Navio Príncipe de Gales;
ii. Segundo ingleses, foi saqueado pelos brasileiros;
iii. Douglas Christie – exige do governo brasileiro indenização;
iv. 1862 – prisão de 3 oficiais da armada britânica, presos por embriagues – Christie protestou, pede a punição aos responsáveis pela prisão e um pedido de desculpas;
v. Marinha passa a interceptar navios no porto do Rio de Janeiro;
h. Arbitragem:
i. Leopoldo I, da Bélgica, deu ganho de causa para o Brasil no caso dos marinheiros;
ii. Diplomacia exigiu indenização pelas interceptações dos navios, Inglaterra não aceitou;
iii. Brasil e Inglaterra rompe relações entre 1863 até 1865;
02) Campanhas do Prata:
a. Problemas:
i. Defesa brasileira das fronteiras e liberdade de navegação e comércio na Região do Prata;
ii. Antagonismo entre a economia agrária e pastoril do interior e controle fiscal alfandegário e comercial do litoral, gerando lutas internas nas república platinas;
b. Intervenção contra Oribe e Rosas:
i. Disputas no Uruguai entre Blancos e Colorados;
ii. O líder Argentino Juan Manuel Rosas, alia-se a Oribe e bloqueou Montevidéu;
iii. Brasil intervém, derrota Rosas e Oribe;
iv. Impõem um tratado de Neutralidade, livre comércio e navegação na região;
c. Intervenção contra Aguirre:
i. Ascenção de Aguirre (Blanco) a presidência;
ii. Venâncio Flores (Colorado) tentou tomar o poder pela via armada com apoio do Brasil;
iii. 1864 – estancieiros Uruguaios saquearam propriedades gaúchas, o Brasil exige indenização;
iv. Aguirre recusa paga-las;
v. O Brasil passa a intervir diretamente na região, forçando a renuncia, isso levou Aguirre a aliar-se a Solano López, gerando um novo conflito;
03) A Guerra do Paraguai:
a. Contexto:
i. Dentro do quadro do imperialismo inglês;
ii. Paraguai, um dos países mais desenvolvidos da América do Sul, ameaçando os interesses ingleses na região;
b. Início:
i. Intervenção do Brasil no Uruguai;
ii. Paraguai apreende o navio brasileiro, Marques de Olinda;
iii. Paraguai, invade o Mato Grosso, para tal passou pelo território argentino, que considerou uma violação;
c. Tríplice Aliança:
i. Contexto:
1. Argentina, Brasil e Uruguai contra o Paraguai;
ii. Características:
1. Contingente brasileiro era pequeno;
2. A guarda Nacional foi incorporada ao exercito – formado por voluntários, negros forros;
3. Várias batalhas vencidas: Riachuelo, Humaitá, Lomas Valentinas
4. Brasil sob o comando de Duque de Caxias, invasão a Assunção;
5. Solano López, foge e o Conde D’Eu assume o comando até a morte de López;
iii. Consequências:
1. Destruição de parte da população;
2. Atraso material paraguaio;
3. Aumento do sentimento abolicionista;
4. Brasil: Exército mais organizado, moderno, positivista e republicano.