Historia de Lisboa

As origens de Lisboa perdem-se na noite dos séculos. Nela teriam vivido Lígures, Celtas, Iberos e tribos lusitanas. Foi ocupada por Romanos, Visigodos e Mouros, até que D. Afonso Henriques, com o auxílio de cruzados estrangeiros, a conquistou em 1147, depois de uma tentativa falhada em 1142. Mas só em 1179 a cidade recebeu a primeira carta de foral. Foi elevada a capital do reino em 1255, por D. Afonso III.


Outrora dizia-se estar Lisboa edificada sobre sete colinas - Castelo, Graça, Monte, Santa Catarina, Penha de França, S. Pedro de Alcântara e Estrela -, mas, com o surto expansionista, sobretudo a partir de 1940, a cidade alastrou muito para além desses limites.


O topónimo Lisboa provém de Olisipo, nome que a povoação já possuía antes da ocupação romana, em 205 a. C., e cujo significado não está de todo esclarecido. Os Romanos chamaram à cidade Felicitas Julia.


O seu porto era frequentado por muitos povos de navegadores e comerciantes, até que, no século V, começou a sofrer invasões dos Bárbaros. Assim, em 419 foi saqueada pelos Godos, em 453 encontrava-se nas mãos dos Suevos, sendo sucessivamente ocupada por Visigodos, Suevos, Godos, novamente Visigodos, até à chegada dos Mouros em 714. A influência árabe deixou profundas marcas na cidade, já então chamada Olissibona, mas que os mouros denominavam Archbouna.


Situada em zona de intensa atividade sísmica, Lisboa sofreu violentos terramotos ao longo dos séculos, mas o mais desastroso foi o de 1 de novembro de 1755, data em que um sismo catastrófico, seguido de maremoto e incêndio, destruiu totalmente a zona ribeirinha da cidade. A Lisboa pombalina, tal como a conhecemos atualmente, nasceu das ruínas desse cataclismo e ficou a dever-se à visão e capacidade de decisão do Marquês de Pombal, que mandou reedificar a cidade, chamando para o efeito os melhores arquitetos e engenheiros de então: Eugénio dos Santos, Carlos Mardel e Manuel da Maia.


Quase todos os testemunhos arqueológicos da Lisboa antiga surgiram após o terramoto de 1755, limitando-se, no entanto, praticamente a peças pré-romanas de diversa índole, ao teatro e termas romanas sob a "baixa pombalina" e a alguns elementos arquitetónicos da época visigótica. Alguns bairros antigos, de que Alfama é o ex-libris, refletem ainda o modelo de urbanismo que remonta ao tempo da ocupação árabe. A Sé, romano-gótica, que sofreu acrescentos e remodelações ao longo dos séculos, terá sido construída a partir de uma mesquita, que entretanto ocupara o lugar de uma igreja visigótica. Góticos eram os primitivos conventos de S. Domingos e S. Francisco, com igrejas anexas, posteriormente remodeladas. Também gótico era o Convento do Carmo, em ruínas desde o terramoto de 1755.


Além destes monumentos, localizam-se em Lisboa mais algumas das mais preciosas joias da nossa arquitetura: o Mosteiro dos Jerónimos, a Torre de Belém e a fachada da igreja da Conceição Velha, em estilo manuelino, tendo os dois primeiros sido classificados pela UNESCO como Património Mundial; as igrejas de S. Roque e de S. Vicente de Fora, pertencentes à renascença jesuítica; do estilo barroco é a Igreja de Santa Engrácia, bem como a igreja e o convento da Graça; a Basílica da Estrela, por sua vez, é um exemplar do estilo barroco e neoclássico.


Além da "baixa pombalina", onde se inclui a majestosa Praça do Comércio, também são dignos de admiração o Castelo de S. Jorge (de origem anterior à fundação da nacionalidade), o monumental Aqueduto das Águas Livres, o Teatro de S. Carlos, o Teatro Nacional de D. Maria II, os Paços do Concelho e alguns palácios, como os de S. Bento, Belém, Necessidades e Ajuda.


Construções exemplares da evolução arquitetónica e urbanística do século XX são a Praça do Império, a Praça do Areeiro, a gare marítima de Alcântara, o Hospital de Santa Maria, a ponte sobre o Tejo, o edifício da Fundação Calouste Gulbenkian, o Palácio da Justiça, o conjunto das Amoreiras e o Centro Cultural de Belém.


Nos seus arquivos, bibliotecas e museus, Lisboa conserva tesouros artísticos e documentais de valor incalculável. Os principais arquivos são o Arquivo Nacional (Torre do Tombo), o Histórico Ultramarino, o Histórico-Militar e o da Marinha. As bibliotecas mais importantes são a Nacional, a da Ajuda, a Popular, a da Academia das Ciências e as das Universidades. Entre os seus muitos museus, salientamos o de Arte Antiga, o da Fundação Calouste Gulbenkian, o do Azulejo, o dos Coches, o Arqueológico, o de Arte Contemporânea, o de Artes Decorativas, o de Arte Popular, o de Arte Sacra, o do Trajo, o do Ultramar, o Etnológico, o da Marinha, o Militar e o dos Serviços Geológicos.


São muitos os monumentos que se encontram nos vários concelhos, dos quais se podem destacar, como exemplo, o Convento de Mafra, o Palácio Nacional de Sintra, o Palácio da Pena, o Palácio de Seteais, o Palácio do Ramalhão e o Castelo dos Mouros - estes três últimos também em Sintra -, a Cidadela e o Palácio dos Duques de Cascais, o Palácio Nacional de Queluz, a antiga Igreja Matriz da Lourinhã, entre muitos outros. Lisboa foi designada Capital Europeia da Cultura para o ano de 1994.