Quaresma

O Tempo da Quaresma

Normas Universais do Ano Litúrgico e Calendário Romano Geral

27. O Tempo da Quaresma visa preparar a celebração da Páscoa; a Liturgia quaresmal, com efeito, dispõe para a celebração do mistério pascal tanto os catecúmenos, pelos diversos graus de iniciação cristã, como os fiéis, pela comemoração do Batismo e pela penitência (SC, n. 109[1]).

28. O Tempo da Quaresma vai de Quarta-feira de Cinzas até a Missa na Ceia do Senhor exclusive. Do início da Quaresma até a Vigília Pascal não se diz o Aleluia.

29. Na quarta-feira de abertura da Quaresma, que é por toda a parte dia de jejum, faz-se a imposição das cinzas.

30. Os domingos deste tempo são chamados 1º, 2º, 3º, 4º e 5º domingos da Quaresma. O 6º domingo, com o qual se inicia a Semana Santa, é chamado “Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor”.

31. A Semana Santa visa recordar a Paixão de Cristo, desde sua entrada messiânica em Jerusalém. Pela manhã da Quinta-feira da Semana Santa, o Bispo, concelebrando a Missa com os seus presbíteros, benze os santos óleos e consagra o crisma.


[1] Coloquem-se em maior realce, tanto na Liturgia como na catequese litúrgica, os dois aspectos característicos do tempo quaresmal, que pretende, sobretudo através da recordação do Batismo ou sua preparação e por meio da penitência, preparar os fiéis para a celebração do Mistério Pascal, ouvindo com mais frequência a Palavra de Deus e entregando-se à oração com mais insistência. Por isso:

a) Utilizem-se com mais abundância os elementos batismais próprios da Liturgia quaresmal; e, para isso, retomem-se elementos da tradição anterior, se parecer oportuno;

b) O mesmo se diga dos elementos penitenciais. Quanto à catequese, inculque-se no espírito dos fiéis, juntamente com as consequências sociais do pecado, a natureza própria da penitência, que detesta o pecado como ofensa feita a Deus; e na ação penitencial não se esqueça a parte da Igreja, nem se deixe de recomendar a oração pelos pecadores.


Introdução ao Lecionário da Missa

a) Domingos

97. As leituras do Evangelho são distribuídas da seguinte maneira:

No primeiro e segundo domingos conservam-se as narrações das tentações e da transfiguração do Senhor, mas lidas segundo os três sinóticos.

Nos três domingos seguintes foram recuperados, para o ano A, os Evangelhos da samaritana, do cego de nascença e da ressurreição de Lázaro; estes, por serem de grande importância em relação à iniciação cristã, podem ser lidos também nos anos B e C, sobretudo quando há catecúmenos.

Todavia, nos anos B e C há também outros textos, a saber: no ano B, alguns textos de São João sobre a futura glorificação de Cristo por sua cruz e ressurreição; no ano C, alguns textos de São Lucas sobre a conversão.

No domingo de Ramos da Paixão do Senhor, foram escolhidos para a procissão os textos que se referem à solene entrada do Senhor em Jerusalém, tirados dos três Evangelhos sinóticos; na Missa lê-se o relato da Paixão do Senhor.

As leituras do Antigo Testamento referem-se à história da salvação que é um dos temas próprios da catequese quaresmal. Cada ano há uma série de textos que apresentam os principais elementos desta história, desde o princípio até a promessa da nova aliança.

As leituras do Apóstolo foram escolhidas de tal forma que tenham relação com as leituras do Evangelho e do Antigo Testamento e haja, na medida do possível, uma adequada conexão entre as mesmas.

b) Dias da semana

98. As leituras do Evangelho e do Antigo Testamento foram escolhidas de modo que tivessem uma relação mútua e tratam de diversos temas próprios da catequese quaresmal, em consonância com o significado espiritual deste tempo. Desde a segunda-feira da quarta semana, oferece-se uma leitura semicontínua do Evangelho de São João, na qual se incluem aqueles textos deste Evangelho que melhor correspondem às características da Quaresma.

Como as leituras da samaritana, do cego de nascença e da ressurreição de Lázaro agora se leem aos domingos, mas somente no ano A (e nos outros anos de maneira opcional), previu-se que possam ser lidas, também nos dias de semana; por isso, no começo da terceira, quarta e quinta semanas, acrescentaram-se algumas “missas opcionais” que contêm estes textos; estas missas podem ser empregadas em qualquer dia da semana correspondente, em lugar das leituras do dia.

Nos primeiros dias da Semana Santa, as leituras consideram o mistério da paixão. Na Missa do Crisma, as leituras sublinham a função messiânica de Cristo e sua continuação na Igreja, por meio dos sacramentos.

Rasgai o vosso coração e não as vestes.

Misericórdia, ó Senhor, pois pecamos.

Reconciliai-vos com Deus. É agora o momento favorável.

E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa.

Hoje te proponho bênção e maldição.

É feliz quem a Deus se confia.

Quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará.

Acaso é este o jejum que aprecio?

Ó Senhor, não desprezeis um coração arrependido!

Dias virão em que o esposo lhes será tirado, e então jejuarão.

Se acolheres de coração aberto o indigente, nascerá das trevas a tua luz.

Ensinai-me os vossos caminhos e na vossa verdade andarei.

Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores para a conversão.