É importante enfatizar que a expropriação e a violência foram e são estendidas a todos aqueles e aquelas que não são considerados abençoados e merecedores, àqueles, para quem, às custas de manter privilégios, são expropriados de seus direitos, ou seja, todo aquele e aquela, diversos dos padrões de uma cultura patriarcal.

 

Mas a memória destes feitos está marcada nos corpos e objetos. Está presente, às vezes mal disfarçado, às vezes muito explícitos, nas nossas narrativas, nas nossas práticas institucionais e nas relações de trabalho, pois a ideologia que cria uma sociedade una, quando na verdade está dividida, coloniza a nós todos e atravessa todas as nossas relações e instituições. E, assim, o tempo presente tem convocado os museus a reverem suas histórias e narrativas, a lançar outro olhar sobre suas coleções e iniciar um processo sincero de escuta, revisão e reparação.

 

Portanto, a memória é um elemento vital para a construção da democracia e para a promoção da igualdade e da justiça social. Por um lado, preservar as memórias das pessoas LGBT+, indígenas e quilombolas é fundamental para que suas lutas, realizações e identidades sejam valorizadas e respeitadas na sociedade contemporânea e os museus têm essa responsabilidade.

 

A democracia verdadeira deve garantir a inclusão dessas vozes historicamente marginalizadas, permitindo que sejam protagonistas de seu próprio destino e da construção de um futuro mais justo e igualitário. Está na hora dos acervos LGBT+ saírem dos armários, do conhecimento ancestral de indígenas e quilombolas serem reconhecidos, de suas lutas serem valorizadas.

 

Nesse sentido, nesta 17a Primavera dos Museus, o Instituto Brasileiro de Museus sugere e convoca todas as instituições culturais a contribuírem na tarefa árdua, mas recompensadora, de tomar parte na construção de um país mais justo e igualitário; de um país cuja população sempre buscou resistir com criatividade, resiliência e astúcia aos violentos processos de exclusão, pacificação e aviltamento.


IDENTIDADE VISUAL

A identidade visual desenvolvida pelo IBRAM para a 17ª Primavera dos Museus, teve como referência para os planos de fundo a pluralidade e as similaridades de traços e grafismos desenvolvidos na etno arte indígena e afro-brasileira.

 

As cores utilizadas em toda a campanha foram inspiradas na bandeira LGBT+ (vermelho, laranja, amarelo, verde, azul e roxo), nas tradicionais cores da luta antirracista (vermelho, amarelo, verde, azul e preto) e nas plantas comumente utilizadas como tintura por diversas etnias indígenas (vermelho/urucum, amarelo/açafrão, azul/jenipapo e bege/tabotinga).

 

A tipologia destaque utilizada para o logotipo é a fonte Alfarn, que captura o espírito impactante das fontes de posters da Bauhaus.

 

A campanha foi construída de tal forma que possibilite os museus participantes se apropriarem e adaptarem as artes para suas realidades e necessidades, fortalecendo assim a integração visual.